A autonomia do professor é um assunto que extrapola os fazeres didáticos-pedagógicos dentro da sala de aula para as interfaces da instituição.
Os benefícios do desenvolvimento da autonomia do professor para a qualidade do ensino podem ser vistos por alguns, enquanto pontos como o avanço da tecnologia e diretrizes e processos internos podem ser vistos como limitadores.
Em um mundo mais digital e com o perfil de alunos e ensino se transformando, será mesmo que a tecnologia é a vilã da autonomia dos professores? Como garantir a autonomia do professor em um mundo cada vez mais tecnológico e dinâmico à mudanças?
Neste artigo vamos falar sobre como as plataformas e as conhecidas TICs – Tecnologias da Informação e Comunicação – podem ser benéficas para a autonomia do professor, e como preservá-las para dentro e fora da sala de aula considerando o alinhamento com a instituição.
Os dois lados da autonomia
Quais obstáculos os professores têm enfrentado para o exercício mais autônomo de sua profissão e como os professores interpretam uma ação autônoma em seu trabalho docente são questões que, para serem respondidas, é preciso considerar diversos fatores.
Por um lado, o excesso de autonomia docente pode ser interpretado como lacuna de normas institucionais. A autonomia, se não bem alinhada aos critérios de avaliação, pode fazer o docente não ter insumos suficientes para direcionar suas ações, de acordo com o objetivo da instituição.
Por outro lado, a existência de processos limitantes e diretrizes distanciadas da realidade, principalmente dentro da prática da sala de aula, ou qualquer imposição não acordada entre instituição e docente, pode ser interpretada como falta de autonomia.
Entendendo-se a autonomia como a liberada para desempenhar funções e papéis de formas personalizadas, únicas e diferenciadas, as tecnologias podem ser grandes aliados na jornada rumo à garantia da autonomia.
Como garantir autonomia com as novas tecnologias
As plataformas digitais e tecnologias de informação e comunicação (TICs) então adentrando o contexto das instituições e da sala de aula com o propósito de não só otimizar processos como alinhar a atuação docente para uma nova geração de alunos.
Muitas instituições buscam inovar e acompanhar a tendência tecnológica do mercado através da aquisição de plataformas digitais.
Existem plataformas como os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), ambientes que simulam uma sala de aula, e existem também plataformas e ferramentas com finalidades específicas, como bibliotecas digitais, plataformas de aplicação de simulados e diagnóstico e banco de questões.
É preciso entender como essas plataformas preservam a autonomia do docente e podem ser muito benéficas para sua atuação, além de como podem reforçar a autonomia do professor como fundamental para a inovação educacional.
Além de ser mais uma ferramenta para uso, a utilização de novas tecnologias permite ampliar o acesso a recursos mais diversificados e de maior qualidade, além de permitir trabalhar com conceitos de Learning Analytics (dados da aprendizagem) e gamificação, que colaboram para que os docentes passem a adotar novos métodos de ensino e inovem no processo de ensino-aprendizagem.
Desse modo, para garantir a autonomia do professor frente às novas ferramentas, deve-se priorizar tecnologias que não se sobreponham à atuação do docente, mas sim que sirvam como uma nova ferramenta de valor no qual eles enxergarão benefícios e facilidade de uso.
Em tecnologias que preservem a autonomia do professor, a aquisição se constitui como uma base, em que o professor pode reduzir sua carga de elaboração de conteúdos, aproveitando os conteúdos e ferramentas fornecidos, mas ainda assim a possibilidade de complementar com seus próprios conteúdos ou tirar insumos e benefícios claros para sua atuação fora da plataforma.
Relatórios e medições advindos da tecnologia podem ser entendidos como insumos para a atuação do docente para além da tecnologia.
Conclusão
Garantir a autonomia docente frente às novas tecnologias passa pelo entendimento e exploração das tecnologias como um suporte à autonomia docente e como facilitadoras do cumprimento de tarefas rotineiras, abrindo espaço para ações mais estratégicas dentro da instituição.
Para fora da sala de aula, os professores podem dividir suas experiências com a utilização de tecnologias, dividir conquistas e dificuldades.
A tecnologia pode ser aliada à autonomia do professor, mas só se consegue uma participação positiva com a existência de processos claros de comunicação dos benefícios e limites mútuos para a existência da autonomia.
Essas e demais decisões dependem de um bom processo de comunicação e da descentralização da tomada de decisão, para privilegiar a autonomia dos trabalhos dos professores.