Você sabe qual é a importância da avaliação diagnóstica inicial?
Bem, a avaliação é um método utilizado no dia a dia pelas instituições de educação superior (IES), a fim de identificar como os conteúdos vêm sendo assimilados pelos alunos. Trata-se, inclusive, de uma maneira de orientar o trabalho dos educadores.
Contudo, o processo avaliativo deve ser contínuo e não pode se limitar à aplicação de provas, seguido da aprovação ou reprovação de estudantes.
Ao contrário, ele precisa ser útil para analisar como se dá o progresso dos alunos, apoiando-os no processo de construção do conhecimento.
Deste modo, a avaliação diagnóstica está muito mais ligada à promoção efetiva da aprendizagem do que à certificação realizada ao final de um determinado período.
Além disso, a familiarização com este tipo de exame pode auxiliar a conseguir melhores resultados em provas oficiais, a exemplo do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, o Enade.
Neste artigo, você irá entender em detalhes o que é avaliação diagnóstica, para que serve, em que momento aplicar e qual a importância para a sua IES.
Tenha uma boa leitura!
O que é avaliação diagnóstica?
A avaliação diagnóstica é uma espécie de avaliação que procura levantar informações sobre a situação pedagógica de alunos e turmas. Em outras palavras, seu objetivo é descobrir quais conteúdos os alunos dominam ou não, além de identificar quais são as suas dificuldades.
As instituições de ensino utilizam, tradicionalmente, um processo avaliativo baseado em pontuação por notas.
Via de regra, os alunos “correm atrás” da média necessária para passar de ano. Contudo, não é possível avaliar o seu aprendizado, de fato, observando apenas as notas conquistadas.
Um olhar focado em identificar as principais dificuldades e lacunas de conhecimento dos estudantes é imprescindível — e é justamente aí que entra a avaliação diagnóstica.
Este método propõe uma adequação entre o programa de ensino e as necessidades reais de conhecimentos dos alunos.
Para tanto, traz informações sobre o quanto os estudantes da sua IES dominam determinados temas, a fim de levantar um panorama geral sobre os seus principais pontos de melhoria ou possíveis gargalos. Assim, fica muito mais fácil criar estratégias pedagógicas que atendam ao desenvolvimento dos alunos.
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Para que é utilizada a avaliação diagnóstica?
Podemos identificar três objetivos principais da avaliação diagnóstica:
- Identificar as proficiências e as necessidades de cada aluno, de modo a se avaliar, inclusive, a necessidade de um trabalho mais personalizado para a recuperação de eventuais lacunas de aprendizado;
- Avaliar o quanto a turma, enquanto grupo, domina conteúdos específicos, de forma que os professores consigam traçar estratégias que contemplem o maior número possível de alunos;
- Analisar as causas de dificuldades e definir ações para remediá-las.
É comum que a avaliação diagnóstica seja aplicada pelas instituições de ensino no início do ano letivo — nesse caso, falamos em avaliação diagnóstica inicial. Este momento é o mais propício para que os educadores façam correções de rota em seu planejamento educacional.
Tal planejamento precisa estar sempre flexível a revisões e ajustes posteriores, após a análise das evidências de aprendizagem obtidas a partir da avaliação.
Por que realizar a avaliação diagnóstica?
Mais do que uma nota ou um número, este tipo de avaliação permite a extração de análises diversas.
A partir dela, pode-se inferir, por exemplo, os pontos fortes e de melhoria de uma turma em termos de habilidades e aprendizados. No entanto, isso exige que se saiba exatamente o objetivo de cada item da avaliação.
Além disso, existem diferentes formas de aplicá-la em sua instituição de ensino.
É importante ter em mente que, quanto mais as estratégias utilizadas forem diversificadas, mais completas serão as informações coletadas no diagnóstico do corpo discente.
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O que diz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação?
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) apresenta as seguintes determinações, em seus artigos 1º e 24 (inciso V):
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
- 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.
- 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
(…)
V – a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
- a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
- b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
- c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado;
- d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
- e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos.
O que podemos extrair da Lei de Diretrizes e Bases da Educação?
Apesar dos direcionamentos para a educação básica, os sistemas de avaliação prescritos na LDB apresentam um princípio estratégico capaz de nortear as instituições de educação, inclusive no ensino superior.
A avaliação diagnóstica propõe a avaliação dos aprendizados prévios e do desempenho dos estudantes no presente. Vai, portanto, ao encontro das prescrições da LDB.
Realizar a mensuração de conhecimento e habilidades dos alunos é fundamental, não só no início do ano letivo, mas também na preparação para avaliações como o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, o Enade.
A partir dos resultados coletados no diagnóstico, os educadores podem entender o que precisa ser ensinado ou reforçado e, como falamos, planejar aulas e estratégias de ensino-aprendizagem — daí mais um aspecto sobre a importância da avaliação diagnóstica inicial.
Quando aplicar a avaliação diagnóstica?
No livro Avaliação do processo ensino-aprendizagem, a autora Regina Célia Cazaux Haydt diz o seguinte sobre a avaliação diagnóstica:
“[…] é aquela realizada no início de um curso, período letivo ou unidade de ensino, com a intenção de constatar se os alunos apresentam ou não o domínio dos pré-requisitos necessários, isto é, se possuem os conhecimentos e habilidades imprescindíveis para as novas aprendizagens. É também utilizada para caracterizar eventuais problemas de aprendizagem e identificar suas possíveis causas, numa tentativa de saná-los.”
Deste modo, podemos interpretar a avaliação diagnóstica como uma espécie de mapeamento da aprendizagem do aluno.
Como você viu até aqui, o início do ano letivo é um momento oportuno para aplicá-la. Mas, ela também pode ser útil para o preparo dos estudantes antes de um exame importante, como o Enade, ou até mesmo de algum tipo de teste de proficiência.
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Como aplicar a avaliação diagnóstica?
Você já deve ter percebido que a avaliação diagnóstica não só é essencial para o sucesso na aprendizagem dos alunos da sua IES, mas também ajuda a instituição a manter um padrão elevado de ensino e boa reputação no mercado.
Bem, mas como, de fato, aplicar a avaliação diagnóstica na sua instituição?
Existem diversas formas de colocar em prática este tipo de avaliação na IES. O importante é ter como parâmetro o diálogo e o exercício da reflexão.
Tenha em mente que, quanto mais diversificadas forem as estratégias utilizadas, mais precisas e completas serão as informações levantadas no diagnóstico dos alunos.
Falando nos estudantes, é fundamental conscientizá-los sobre o objetivo da iniciativa, buscando desconstruir a ideia de que avaliação implica necessariamente em prova e nota.
A partir daí, o diagnóstico pode ser realizado de diferentes maneiras, inclusive, de forma integrada. Veja a seguir!
1. Entrevistas com o aluno
O aluno certamente é o ponto focal da avaliação diagnóstica e, como dissemos, esta é uma forma de avaliar as necessidades dos estudantes também de forma individual.
Sendo assim, realizar uma entrevista com cada um dos alunos, questionando as suas dificuldades e pontos de melhoria, a partir de uma autoavaliação, é sempre uma boa ideia.
A prática pode ajudar o corpo discente a refletir sobre a forma como aprende e o seu próprio planejamento de estudos.
A instituição, por sua vez, poderá entender o cenário de cada um — incluindo a disponibilidade e/ou limitações dos estudantes para estudarem fora da sala de aula.
Além da entrevista, um questionário de autoavaliação é outro método que pode ser empregado neste sentido.
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2. Debates
Outro método de avaliação diagnóstica bastante interessante são os debates. A partir deles, os alunos conseguem desenvolver argumentações acessando os seus conhecimentos, experiências e vivências prévias.
O educador, por sua vez, pode observar o desempenho de cada um com cuidado, percebendo os níveis de desenvolvimento de cada aluno e tirando conclusões e ideias para o planejamento de aulas por meio destas análises.
3. Leitura e interpretação de textos
Em qualquer nível de ensino, inclusive na educação superior, a leitura e a interpretação de textos e cenários complexos ajudam o estudante a criar conexões entre diferentes assuntos e se expressar melhor sobre eles.
Por isso, propor este tipo de exercício em avaliações diagnósticas da sua instituição de ensino é uma ótima ideia. Através dele, é possível conhecer as habilidades e eventuais gargalos do corpo discente nestes aspectos.
4. Jogos e desafios complexos
A gamificação na educação veio para ficar. Então, por que não utilizá-la na sua avaliação diagnóstica?
Bem, antes vamos dar um passo para trás e relembrar o que é gamificação!
Trata-se do emprego de técnicas e dinâmicas comuns em games em situações não relacionadas a jogos, como no ambiente educacional.
Uma característica encontrada em jogos é adaptada a este contexto, para motivar as pessoas (os alunos, neste caso) e tornar o cumprimento de uma tarefa mais prazerosa.
Pensando em avaliações diagnósticas, uma possibilidade seria utilizar quizzes e práticas típicas do ensino interativo para testar os conhecimentos dos estudantes, tornando este um momento divertido e de aprendizado.
5. Provas objetivas
Também entram aqui também as provas mais tradicionais, com possibilidade de múltipla escolha ou respostas abertas.
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A importância da avaliação diagnóstica inicial
Como falamos ao longo deste artigo, a avaliação diagnóstica se apoia na identificação das causas de dificuldades relacionadas à assimilação do conhecimento pelos estudantes.
A cada semestre, os educadores se deparam com novas turmas. São novos rostos e diferentes vivências, que precisam ser avaliados em sua individualidade, de modo que o processo de aprendizagem seja otimizado.
A partir da avaliação diagnóstica, o professor consegue entender qual o nível de conhecimento de cada aluno e, assim, ter um norte para correções de rota no planejamento das aulas.
Ou seja, este tipo de avaliação ajuda o educador a definir prioridades e assegurar a qualidade na educação superior. Isso porque possibilita a promoção de ações efetivas, que dão conta das dificuldades e dúvidas dos estudantes.
Quando o professor compreende os gargalos e consegue planejar ações para mitigar os seus impactos aos alunos, ele é capaz de estabelecer um ambiente de maior empatia e motivação, que favorece o aprendizado.
Quais são os outros tipos de avaliação?
Além da avaliação diagnóstica, há outras duas modalidades de avaliação mais importantes: a formativa e a somativa. Continue a leitura para entender mais sobre cada uma delas!
1. Avaliação formativa
Este tipo de avaliação é realizado durante todo o período do ano letivo, contemplando o decorrer do processo de ensino-aprendizagem.
A partir dele, a IES pode classificar o desempenho do estudante e trabalhar para aumentar a eficiência no aprendizado.
Tanto o aluno quanto os educadores conseguem ter feedbacks úteis com a avaliação formativa, de modo que ambos entendam o que precisa ser trabalhado para desenvolver as competências e habilidades pedagógicas que ainda faltam aos estudantes.
2. Avaliação somativa
Por sua vez, a avaliação somativa é realizada ao final de um curso, período letivo ou unidade de ensino. Sua função é realizar a classificação dos alunos, tendo como parâmetro os resultados da aprendizagem.
Sendo assim, faz um balanço somatório considerando os níveis de aproveitamento esperados durante o planejamento das aulas.
Esta avaliação indica, portanto, quais foram as habilidades e competências adquiridas pelo aluno ao final de um processo educacional.
Conclusão
Ao longo deste artigo, mostramos o que é avaliação diagnóstica e qual a sua importância para o preciso de ensino-aprendizagem na sua IES.
Você viu que esta avaliação ajuda a identificar as proficiências e dificuldades de cada aluno e, deste modo, melhorar o planejamento das aulas.
Também apresentamos formas de os professores da sua instituição de ensino aplicarem a avaliação diagnóstica, como a partir de entrevistas com os alunos, debates e desafios complexos.
Esperamos que este conteúdo tenha lhe mostrado a importância da avaliação diagnóstica inicial. Aproveite para conferir também este outro conteúdo e conheça 8 passos para saber como preparar os alunos para o Enade!