Quando pensamos em gestão estratégica, é natural que nos venham à mente técnicas e ferramentas de que uma empresa pode lançar mão para adquirir vantagem competitiva na organização de seus projetos.
Neste sentido, não é difícil chegarmos aos benefícios da gestão estratégica, que passam por aumento de eficiência operacional, direcionamento e competitividade.
Aliás, você sabia que dados de empresas norte-americanas que levantam e analisam estatísticas de atividades de negócios naquela economia concluem que a má administração é responsável por 90% dos fracassos nos negócios?
É o que revela Nelson Ludovico, no livro Gestão Estratégica de Negócios. O autor explica que quase metade desses fracassos é atribuída à tomada inadequada de decisões, e a outra metade se deve a diferentes fatores, como:
- Desconhecimento do mercado;
- Desconhecimento do produto e/ou serviço;
- Problemas com qualidade;
- Localização inadequada;
- Problemas na relação com os fornecedores;
- Tecnologias de produção obsoletas;
- Imobilização excessiva do capital;
- Política equivocada de crédito;
- Falta de controle de custos e de gestão financeira;
- Falta de sistema de planejamento e informações gerenciais.
O motivo de elencarmos aqui esses pontos indicados pelo autor é ajudar você a enxergar que eles também podem estar em sua instituição de educação superior (IES).
É isso mesmo! Os benefícios da gestão estratégica podem ser observados em diferentes tipos de negócios, inclusive, nos educacionais.Então, continue a leitura e descubra como aplicá-la em sua instituição!
Como surgiu o conceito de gestão estratégica?
No livro Gestão Estratégica – Uma Introdução, o autor Torben Juul Andersen explica que o conceito de gestão estratégica surgiu no final dos anos 1970, a partir da iniciativa de dois reconhecidos estudiosos de política empresarial, Dan Schendel e Charles Hofer.
Eles argumentaram que a área precisava de um novo paradigma para provocar um avanço nas pesquisas e nas práticas, diante de um ambiente de negócios cada vez mais dinâmico.
De acordo com Torben Juul Andersen, os especialistas defendiam que “a boa estratégia é aquela que garante a formação, a renovação e a sobrevivência da empresa como um todo”. (destaques nossos)
Para desenvolver o tema, eles organizaram uma conferência com os principais estudiosos de política empresarial da época, a fim de traçarem os contornos deste novo campo que chamaram de gestão estratégica.
“O paradigma proposto definia gestão estratégica como ‘um processo que trata do trabalho empreendedor da organização com renovação e crescimento organizacional e, mais particularmente, com o desenvolvimento e a utilização da estratégia que deve orientar as atividades da organização’.
Esse paradigma criou uma estrutura sequencial de tarefas no processo de gestão estratégica: formação de metas, análise ambiental, formulação, avaliação e implementação de estratégias e, por fim, controle estratégico”, explica o autor. (destaques nossos)
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Qual a importância da gestão estratégica?
A gestão estratégica é formada por um conjunto de práticas capaz de otimizar e aumentar a eficácia da gestão de uma organização. Em outras palavras, trata-se de ações pensadas para gerenciar da melhor forma os recursos e processos necessários para que o negócio alcance os seus objetivos e metas.
Neste sentido, a gestão estratégica demanda processos estruturados, que devem ser dominados pelos tomadores de decisão da empresa ou instituição.
“É durante a elaboração de um plano estratégico – ou plano de negócios (como chamaremos daqui em diante) – que os tomadores de decisão, alertas para forças que geram mudanças no mercado em que atuam e com olhar voltado para a crescente complexidade do ambiente de negócios, devem trazer temas sensíveis para discussão.
Esses temas podem estar associados ao sucesso ou ao fracasso de determinada organização, mas sempre devem fazer parte da agenda executiva para os anos futuros”, explica Nelson Ludovico no livro Gestão Estratégica de Negócios. (destaques nossos)
Isso significa que a organização deve analisar as suas forças e fraquezas competitivas, a partir de ferramentas como a matriz SWOT (utilizada no plano de desenvolvimento institucional), entender o seu posicionamento no mercado e, claro, estar sempre atenta aos concorrentes.
Quais os 4 tipos de gestão estratégica?
Uma empresa – e aqui se enquadra também uma instituição de educação superior – pode estar situada em diferentes cenários. Logo, a implementação de uma gestão estratégica passa por tomar decisões mais adequadas à conjuntura atual da organização, considerando aonde ela quer chegar.
Apesar de as possibilidades de cenários serem vastas, é possível sintetizá-las para efeitos práticos, delimitando as estratégias mais oportunas para cada uma dessas fases por que as empresas costumam passar.
Confira:
- Estratégia de sobrevivência;
- Estratégia de manutenção;
- Estratégia de crescimento;
- Estratégia de desenvolvimento.
1. Estratégia de sobrevivência
Para além de focar na expansão de um negócio, visando ao aumento da sua competitividade no mercado, os benefícios da gestão estratégica de empresas podem ser aplicados na hora de traçar o seu plano de manutenção.
Falhas relacionadas ao planejamento, mudanças de mercado e outros elementos imprevistos são capazes de impactar a estabilidade do negócio. Neste caso, pode ser o momento de reduzir custos e manter uma operação enxuta, que mantenha a empresa rodando enquanto ganha fôlego para se recuperar.
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2. Estratégia de manutenção
Diferente do estágio indicado anteriormente, de luta pela sobrevivência, aqui, a empresa já tem uma fatia de mercado conquistada e precisa trabalhar para mantê-la e lidar com a ameaça representada pelos concorrentes.
É hora de concentrar esforços em melhorias nos produtos ou serviços oferecidos, assim como na atuação sobre pontos de ajuste e fraquezas que poderiam ser usadas pelos competidores. Os pontos fortes também podem ser otimizados, para estabelecer ainda mais o posicionamento da organização no mercado.
3. Estratégia de crescimento
Vamos agora ao momento de conquistar novos clientes e expandir a operação. No caso de uma IES, podemos pensar na abertura de um novo campus, na ampliação das ofertas de cursos (incluindo cursos livres) ou na adoção do ensino híbrido no ensino superior, por exemplo.
Os caminhos para este crescimento podem ser diversos, como investimento em novas tecnologias e recursos didáticos, expansão do corpo docente, formação de parcerias com empresas para a divulgação de programas de estágio aos alunos da sua instituição, entre outros.
4. Estratégia de desenvolvimento
Por fim, a estratégia de desenvolvimento é concentrada no ganho de eficiência dos processos produtivos e no crescimento do negócio a partir da busca pelo fortalecimento da empresa. Ou seja, na mitigação de pontos fracos e no aperfeiçoamento de pontos fortes.
Chega o momento de sustentar os avanços e estabelecer os alicerces para a expansão ainda mais estruturada do negócio. No livro Gestão Estratégica de Negócios, o autor Nelson Ludovico explica:
“Em situações de hipercompetição, afirmações como ‘estabilidade do mercado’ devem ser substituídas por noções de forças que afetam continuamente os negócios e provocam mudanças.
Esses são os ingredientes para se escalar a concorrência para reposicionamento no preço – qualidade, criação de novo know-how, vantagem do primeiro movimento e concorrência para proteger ou invadir mercado estabelecido de produto”. (destaques nossos)
Elementos da gestão estratégica
Ainda segundo Nelson Ludovico, o sucesso das organizações pode ser entendido em termos de quatro disciplinas de valor, que seriam as seguintes:
- Excelência operacional: significa desenvolver produtos e/ou serviços com qualidade reconhecida e preço competitivo;
- Reconhecimento da marca: trata-se de criar percepção de excelência nos clientes, de forma que eles paguem um preço premium;
- Lideranças em produtos e serviços: como o próprio nome sugere, envolve criar produtos e/ou serviços que se tornem padrões em sua categoria;
- Conhecimento do cliente: aponta para a necessidade de entender as necessidades individuais dos clientes para criar soluções ideais.
Análise SWOT
É difícil falarmos sobre os benefícios da gestão estratégica sem trazermos para o debate o análise SWOT, capaz de identificar e analisar cenários para a tomada de decisões considerando quatro fatores.
São eles, em inglês: Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats. Em português: Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças. Com a tradução dos termos para o português, a análise SWOT ficou conhecida também como matriz FOFA.
Segundo o autor Nelson Ludovico, uma oportunidade é uma condição no ambiente geral que, se explorada, ajuda a organização a garantir maior competitividade estratégica. Já uma ameaça é uma condição no ambiente geral que pode frear esforços organizacionais a fim de atingir competitividade estratégica.
Diante disso, o autor defende que, para levantar oportunidades e ameaças, os planejadores devem suportar a organização:
- No entendimento dos principais drivers da indústria, antevendo o futuro dos negócios. O inter-relacionamento dos drivers surge da análise sistêmica e do mapeamento e seleção de fatores fundamentais característicos da indústria e que afetam as organizações que nela atuam;
- Na avaliação, o potencial de ruptura referente aos negócios;
- Análise de cenários possíveis com base na análise de tendências dos principais segmentos do ambiente geral;
- Criação de visão completa para a mudança estratégica, respondendo às seguintes perguntas:
- Qual a real necessidade de mudanças (olhe para o passado e o presente) da organização?
- Qual é a ideia que nos compele a mudar?
- Que valores serão importantes? Quais valores de hoje precisam ser mudados? Ou mantidos?
- O que isto irá significar para as pessoas? Como isto mudará a vida desses que eu deverei convencer?
- O que vai significar para mim? Quais interesses pessoais estarão em jogo?
(destaques nossos)
Benefícios da gestão estratégica
Como deu para ver até aqui, os benefícios da gestão estratégica se estendem a empresas de diferentes segmentos de mercado, alcançando o educacional, naturalmente.
Grandes e pequenos negócios podem igualmente se valer das práticas envolvidas neste processo para otimizarem os seus resultados também. Posto isso, e entendendo também a importância de um diagnóstico do negócio para que a gestão estratégica seja bem-sucedida, confira as suas principais vantagens:
- Todos sabem onde o negócio quer chegar;
- A empresa pode antecipar cenários;
- Aumento da eficiência operacional.
1. Todos sabem onde o negócio quer chegar
Ter um planejamento estratégico ajuda os líderes do seu negócio a terem um senso de direção e desdobrá-lo aos demais colaboradores. Isso significa que todos ficam alinhados quanto às metas e objetivos da organização, entendendo o seu papel neste atingimento.
Ou seja, as pessoas compreendem por que elas trabalham todos os dias, entendendo claramente a missão e a visão da organização.
Deste modo, a empresa encontra meios sólidos para crescer e se desenvolver e, a partir disso, pode tomar decisões com mais precisão. Desde ajustes de rotas e bonificação de colaboradores que apresentarem bons desempenhos.
2. A empresa pode antecipar cenários
Um dos principais benefícios da gestão estratégica é que a empresa (ou a sua instituição de educação superior) tem a possibilidade de se tornar mais proativa e preparada para situações diversas.
Por meio de um conhecimento aprofundado de seu mercado de atuação e do acompanhamento de tendências do segmento, o negócio consegue estar sempre à frente, antecipando-se às ações da concorrência.
3. Aumento da eficiência operacional
A gestão estratégica está, necessariamente, relacionada também ao aumento da eficiência e da eficácia organizacional. Diante disso, é necessário deixar claro o que se espera de cada colaborador e como tal atividade impacta nos objetivos do negócio.
Deste modo, cria-se, inclusive, um senso de pertencimento maior entre o time. Mais do que executoras, as pessoas passam a se enxergar como agentes de transformação. Trata-se de um aspecto-chave para aumentar a motivação e, consequentemente, diminuir o índice de evasão da empresa.
Como a gestão estratégica pode ser aplicada em uma IES?
Todos os direcionamentos e dicas apresentados ao longo deste artigo podem (e devem!) ser aplicados à sua instituição de educação superior. Um bom planejamento estratégico é imprescindível para guiar os gestores educacionais a alcançarem os objetivos e metas das IES.
Este plano, traçado a partir de uma gestão estratégica, funcionará como um norte para a tomada de decisões adequadas, o acompanhamento de tendências e a busca por oportunidades de desenvolvimento. Estamos falando sobre um meio de transformar as aspirações da instituição em metas alcançáveis, por meio de ferramentas sólidas.
Ou seja, a sua instituição deve ser capaz de analisar o ambiente e preparar todos os gestores e colaboradores para seguirem um objetivo coletivo rumo a resultados consistentes para o negócio.
Por isso, avalie com calma todas as dicas e direcionamentos apresentados ao longo deste conteúdo, identificando a melhor maneira de incorporá-los à realidade da sua IES. Esperamos que este artigo sobre os benefícios da gestão estratégica tenha sido útil para você. Continue em nosso blog e confira também o guia que produzimos sobre o plano de aula com metodologia ativa!