A bibliografia básica e complementar faz parte de todos os planos de cursos de graduação existentes no país.
Sendo assim, para que consiga ter um bom aproveitamento em uma determinada disciplina, o estudante deve ler as obras indicadas na bibliografia, de acordo com a orientação dos docentes.
A maior demanda por conteúdo disponibilizado online, principalmente frente à necessidade de isolamento social gerada pela pandemia de covid-19, fez com que a presença de um rico acervo de biblioteca digital se tornasse essencial para as instituições de educação superior (IES).
Neste artigo, você poderá entender melhor sobre a diferença entre bibliografia básica e complementar, o que diz a legislação sobre o tema, além de conferir dicas para escolher a bibliografia na hora de montar um plano de curso. Acompanhe!
Qual é a diferença entre bibliografia básica e complementar?
A bibliografia básica apresenta livros que são indispensáveis para a formação de um aluno em um determinado curso de graduação. Já a bibliografia complementar é a leitura que agrega.
Isso significa que a principal diferença entre bibliografia básica e complementar está na obrigatoriedade de leitura da primeira e no caráter auxiliar da segunda. A indicação de títulos para ambas deve ser realizada pelos professores considerando a relevância dos materiais para a formação dos estudantes.
Qual é o papel do acervo digital na bibliografia básica e complementar?
Segundo a Portaria Normativa n° 11, de 20 de junho de 2017, do MEC, os polos EaD (educação a distância) têm a possibilidade de optar entre o acervo digital ou totalmente físico, tanto para a bibliografia básica quanto para a complementar.
Deste modo, as instituições de educação podem escolher o modelo que julgarem mais adequado. Mas vale lembrar que, ao disponibilizar os títulos importantes em versão online e facilitar o seu acesso, a universidade tem chance de aumentar a sua nota na avaliação do MEC.
No entanto, não são apenas as instituições que oferecem educação a distância que podem adotar o acervo digital. Em cursos presenciais, a biblioteca online é também uma possibilidade para complementar a biblioteca física.
Regras para bibliografia básica
Quando falamos em bibliografia básica, para que uma instituição que conte apenas com acervo físico alcance o Conceito 3 na avaliação do Ministério da Educação (MEC), ela precisa assegurar um exemplar de cada livro para cada 10 a 15 alunos.
Todavia, se a mesma instituição oferece um acervo digital complementar, ela precisa garantir apenas um exemplar para cada 13 a 19 estudantes. Ou seja, ao adotar o acervo digital, o número de obras físicas que a sua instituição de educação superior precisará manter será menor.
A relação alunos/exemplares para IES com biblioteca online é a seguinte:
- Para obter Conceito 3, entre 13 a 19;
- Para obter Conceito 4, entre 6 a 13;
- Para obter Conceito 5, abaixo de 6.
Regras para bibliografia complementar
No caso da bibliografia complementar, para que uma instituição consiga chegar ao Conceito 5 na avaliação do Ministério da Educação, ela precisa oferecer ao menos cinco títulos complementares por unidade curricular do curso, seja no formato físico ou virtual.
Isso significa que, neste cenário, o acervo pode ser totalmente online. Mas, caso a IES opte pelo acervo físico, é preciso garantir ao menos dois exemplares de cada título.
Leia também: Digitalização do acervo acadêmico: o que é e como fazer?
Qual o papel do bibliotecário com o acervo digital?
A atuação dos bibliotecários não se restringe às unidades físicas de bibliotecas. Eles também tem uma função-chave no trato do acervo digital, que é apresentar aos professores e coordenadores de curso os novos títulos disponíveis.
Como têm contato com todas as novidades, tais profissionais podem também levar referências capazes de ajudar os docentes na estruturação do conteúdo programático das aulas. Isso, naturalmente, contribui para a criação da bibliografia básica e complementar das disciplinas.
As recomendações feitas pelos bibliotecários podem ajudar a tornar ambas as bibliografias mais ricas, melhorando o aproveitamento em classe.
Também cabe a este profissional orientar os estudantes na consulta ao acervo digital, que apresenta formatos e mídias diferentes quando comparado às bibliotecas físicas.
Ou seja, o bibliotecário tem um importante papel de suporte, apresentando fontes de pesquisa e fornecendo informações aos usuários. Assim, ele facilita e estimula a atividade de pesquisa, contribuindo para tornar mais eficiente as rotinas de professores e alunos.
Como escolher a bibliografia básica e complementar? Confira 8 dicas!
A indicação bibliográfica é um ponto de atenção durante o desenvolvimento de um plano de curso de graduação. As obras escolhidas são determinantes para o envolvimento e aproveitamento de uma determinada disciplina por parte dos estudantes.
A escolha da bibliografia, portanto, direciona a linha pedagógica e influencia a relação dos alunos com as aulas.
Não se trata apenas de optar por um ou outro título, mas também de aspectos como a carga de leitura – maior ou menor dependendo do curso ou disciplina -, vertentes escolhidas, autores selecionados, entre outros pontos.
Os coordenadores de curso e gestores da sua IES devem servir como ponto de apoio para os docentes neste processo de decisão acerca da bibliografia básica e complementar de uma disciplina.
Como você viu até aqui, esta bibliografia deve contar com obras obrigatórias, mas não se restringir a elas. Também precisam entrar na seleção livros e conteúdos que ampliem o debate.
Falamos em “conteúdos”, porque a bibliografia de um curso não precisa se limitar a obras renomadas de grandes autores. Pode incluir também revistas científicas, artigos de especialistas, assim como produções audiovisuais.
Diante da transformação digital na educação que vivemos, é estratégico incluir materiais em formato multimídia e hipermídia entre as indicações bibliográficas de uma disciplina.
É fundamental que se tenha em mente o quanto uma bibliografia bem estruturada pode impactar positivamente a formação dos alunos, proporcionando-lhes uma carga de conhecimento consistente e diversa.
Estimular os discentes a estudarem determinados títulos antes de uma aula é ainda uma forma de ajudá-los a tomar frente no próprio processo de aprendizagem, de forma ativa.
A seguir, apresentamos 8 dicas-chave para apoiar docentes e gestores da sua instituição de educação superior na escolha da bibliografia básica e complementar. Acompanhe!
1. Escolha uma bibliografia alinhada ao projeto pedagógico
Como você sabe, um projeto pedagógico, ou Projeto Político Pedagógico (PPP), consistem em um documento voltado à estruturação da proposta de uma instituição no campo educacional.
Deste modo, ele apresenta diretrizes que deverão servir como norte para todas as ações de ensino engendradas naquele espaço.
Mas, além deste documento mais amplo, há também o Projeto Pedagógico de Curso (PPC), que informa número de alunos, turnos, programa de um curso e os demais elementos acadêmicos pertinentes.
Este documento é fundamental para indicar as diretrizes, forma de operação, estrutura curricular e outros fatores elementares em um curso de graduação. O PPC é parte das avaliações do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (SINAES), órgão do MEC que visa garantir a pluralidade e a qualidade do ensino neste segmento.
Segundo a lei 10.861, “o SINAES tem por finalidades a melhoria da qualidade da educação superior, a orientação da expansão da sua oferta, o aumento permanente da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e social e, especialmente, a promoção do aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições de educação superior, por meio da valorização de sua missão pública, da promoção dos valores democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da autonomia e da identidade institucional”.
Sabe o que isso significa? Que desenvolver um bom Projeto Pedagógico de Curso é imprescindível para que um determinado curso seja aprovado e mantido pelo MEC.
Este documento, portanto, deve ser um guia para os docentes durante a estruturação da bibliografia básica e complementar. As indicações bibliográficas devem ser norteadas pela estratégia pedagógica de cada curso de graduação.
Um curso cujo caráter altamente teórico está reforçado no PPC, por exemplo, pode ser focado em leituras densas e realizadas previamente pelos estudantes. Por outro lado, uma graduação com proposta mais prática tem a ganhar com leituras que ajudam os alunos a aprimorar e refinar este tipo de atuação.
2. Busque diversidade entre os autores
O entendimento de que é importante abraçar a diversidade na educação nunca foi tão contundente. Diante disso, se ater a apenas um tipo de autor na hora de criar a bibliografia básica e complementar de uma disciplina pode limitar a experiência de aprendizado dos alunos na sua instituição de educação.
É importante incluir nas indicações obras de autoras mulheres, de pessoas marginalizadas, de escritores pertencentes à comunidade LGBTQIA+, daqueles que se criaram fora de grandes centros urbanos.
Em suma, de pensadores que talvez tenham sido excluídos do circuito acadêmico por pertencerem a grupos socialmente discriminados, mas cuja obra pode e deve ser estudada.
3. Não esqueça de priorizar a qualidade do conteúdo
Refletir sobre as competências que se espera que os alunos desenvolvam ao longo do curso é outro ponto importante para construir uma bibliografia de qualidade, com informações atualizadas e aderentes aos desafios que serão enfrentados pelos futuros profissionais.
Aliás, a própria biblioteca da sua IES deve buscar sempre manter a qualidade das informações, a atualização dos dados e o comprometimento com o embasamento científico na escolha e manutenção das obras.
Portanto, é necessário que os conteúdos cujo consumo é estimulado aos alunos sejam altamente qualificados, atuais e verificados. Deve-se revisar constantemente as indicações de leitura das disciplinas dos cursos de graduação que a sua instituição oferece, de modo a garantir que tenham temas relevantes e o acervo atualizado e condizente com o contexto atual.
4. Conheça o mercado
Considerar o que busca o mercado de trabalho também é importante durante a elaboração da bibliografia básica e complementar de uma disciplina.
Os estudantes, que estão se preparando para a sua carreira profissional, devem conseguir sintetizar uma série de conhecimentos, aplicando-os futuramente a situações práticas, que colocarão à prova a sua capacidade de resolução de problemas.
A partir de boas leituras e acesso a autores relevantes em sua área de atuação, eles terão ferramentas que os ajudarão a trilhar este caminho de forma bem-sucedida.
5. Verifique o acervo da biblioteca da sua IES
É fundamental que o docente que está atualizando a bibliografia básica e complementar da disciplina que leciona, ou estruturando as indicações bibliográficas para uma nova disciplina, consulte o acervo da biblioteca da IES, a fim de verificar as obras catalogadas em sua área.
Assim, pode ver os principais autores disponíveis, além da quantidade de títulos para empréstimo, em caso de acervo físico.
6. Consulte o catálogo de editoras e livrarias
Indicar livros esgotados, altamente custosos ou que não estejam disponíveis em volumes suficientes pode prejudicar – e muito – a experiência dos estudantes que desejam adquirir as obras. Por isso, é uma boa ideia consultar os catálogos de editoras e livros para se certificar de que o título não está esgotado no fornecedor.
7. Apresente a referência completa
Na bibliografia básica e complementar apresentada aos alunos ao início de uma disciplina, é importante indicar o nome completo do autor (sem abreviações), título completo da obra, local de publicação, editora e ano.
Tratam-se de elementos essenciais para que o exemplar seja corretamente localizado pelo estudante, seja na biblioteca da sua instituição de educação superior ou em uma livraria, caso ele tenha interesse em realizar a compra do livro.
Sendo assim, a falta de qualquer uma das informações indicadas pode implicar em dificuldade para o acesso à obra.
8. Tenha um acervo digital
Aqui vale reforçar a importância de digitalizar a sua biblioteca. Esta é uma forma de facilitar o acesso às obras disponibilizadas, tanto aos estudantes quanto aos professores.
A partir de uma biblioteca digital, é possível democratizar o acesso aos conteúdos. A bibliografia básica e complementar fica disponível de forma totalmente online, o que evita questões como falta de espaço, tempo de espera para o empréstimo ou mesmo necessidade de os alunos carregarem exemplares pesados na mochila para realizarem leituras no trajeto até a instituição, por exemplo.
E, claro, há ainda um grande ganho em termos de praticidade, que é permitir que os estudantes acessem a biblioteca da IES independentemente de onde estiverem.
Outra vantagem de uma biblioteca digital é que a catalogação dos exemplares fica muito mais objetiva, além de atualizações serem realizadas no acervo constantemente.
Os estudantes ainda conseguem, por conta própria, encontrar o que precisam rapidamente, a partir da ferramenta de busca disponível na página inicial da plataforma.
Neste artigo, você pôde entender um pouco mais sobre a importância de criar uma bibliografia básica e complementar de qualidade em cursos de graduação, além de conferir dicas para estruturá-la em sua IES. Agora, conheça 7 passos sobre como criar biblioteca digital!