Quando a equipe pedagógica começa a estabelecer as matrizes curriculares e a identidade de um curso no ensino superior, os objetos de aprendizagem são um passo importante. O termo foi cunhado no Learning Technology Standards Committee (Comitê de Padronização de Tecnologias Educativas, do Instituto de Engenharia Elétrica e Eletrônica, nos EUA), em um documento publicado em 1994.
A partir desse documento, estabelece-se uma necessidade de utilizar os conteúdos digitais para valorizar a experiência do aluno. Esses recursos são uma coleção de conteúdos multimídia e que percorrem a jornada de aprendizado em torno de uma meta de aprendizagem.
Esses objetos de aprendizagem devem ser criados com foco na reutilização. Ou seja, de acordo com os padrões do Comitê, a ideia é que possam ser organizados de forma a abordar todas as facetas de um conteúdo e conter desde as primeiras exposições até avaliações finais.
Ao planejar a criação de um objeto de aprendizagem, o educador deve levar em conta o meio de ensino — pode ser digital, offline ou híbrido — os recursos que serão utilizados, qual a melhor forma de testá-lo e o que deve incluir.
Para isso, é importante considerar o que a instituição de educação superior (IES) precisa prever no objeto de aprendizagem e quais são suas características fundamentais, de acordo com os padrões internacionais.
Preparamos, portanto, o presente artigo para lhe ajudar nesta tarefa! Vamos abordar:
- Os componentes técnicos de um objeto de aprendizagem;
- Os metadados de um objeto de aprendizagem;
- Exemplos de objetos de aprendizagem;
- Como promover sua interatividade;
- Uma solução de mais de 6.000 objetos de aprendizagem prontos!
Vamos lá?
Quais são os componentes técnicos de um objeto de aprendizagem?
Para que um objeto de aprendizagem atenda ao padrão educacional ao redor do mundo, ele deve conter algumas características que o tornem um conjunto fácil de utilizar, reproduzir e editar.
1. Descritivo
Aqui, deve-se conter as metas de aprendizagem que estão envolvidas naquele conjunto de informações educacionais.
Ou seja, imagine que a equipe educacional está planejando um workshop ou um curso de extensão. Qual é o objetivo que deve ser atingido ao final da atividade?
2. Histórico
Para que os objetos de aprendizagem sejam facilmente reproduzíveis, eles devem contar com a informação sobre versões e históricos de alteração.
Por exemplo, durante a elaboração de uma etapa de disciplina, insira a data em que ela foi concebida. Se uma nova edição ocorrer no ano seguinte, o responsável deve alterar o objeto para que conste qualquer mudança feita.
Por exemplo, se o curso foi atualizado e as matérias contam com bibliografias mais recentes, isso deve fazer parte do documento relacionado ao objeto de aprendizagem.
3. Segmento
Em linhas gerais, é a explicação do nível educacional ao qual aquele objeto de aprendizagem pertence. Dentro da IES, os gestores e educadores podem organizar por disciplina, ano do curso, seção de conhecimento, áreas gerais, etc.
Por exemplo: se uma disciplina introdutória de ética apresenta diferentes teorias, cada uma delas pode ser um objeto de aprendizagem diferente. Todas elas serão atribuídas a um semestre em específico, para que sejam facilmente encontradas.
4. Conteúdo instrucional
Para inserir a temática a ser estudada, o educador deve incluir todo o material necessário. Aulas, bibliografia, recursos extra, tudo o que estiver relacionado àquela meta. É interessante pensar em conteúdos multimídia e multifacetados, principalmente para cursos de ensino superior a distância ou híbridos.
Assim, o aluno encontra diferentes pontos de partida e ângulos para atingir o objetivo daquela etapa.
5. Avaliações
Para concluir um objeto de aprendizagem, o docente precisa entender qual foi o aproveitamento do aluno e quais informações não foram totalmente absorvidas. Com isso, ele poderá rever as estratégias daquela seção e editá-las, se necessário.
Além disso, como a divisão por objetos de aprendizagem prioriza a segmentação de conteúdos, o aluno poderá entender o que ainda precisa revisar antes de começar novas atividades.
Nesse sentido, ele poderá também ter um acompanhamento mais próximo e dinâmico do conteúdo. Para alunos do ensino a distância, com perfil mais autônomo e menos tempo livre para dedicar aos estudos, essa ferramenta é muito útil, já que a divisão de processos promove a revisão constante.
Leia também: Como elaborar uma avaliação online de forma prática para o ensino remoto e EaD
6. Glossário
Para a usabilidade dos objetos de aprendizagem no futuro, é importante incluir glossários e referências. Assim, quando outra pessoa for utilizar as informações, ela terá um acesso facilitado a tudo que precisa.
7. Informações legais
Também é importante incluir as informações legais. Como um objeto de aprendizagem pode conter recursos e conteúdos de diferentes mídias e autores, é importante ter conhecimento sobre os direitos de uso e reprodução.
8. Relação com outros objetos de aprendizagem
Dentro da comunidade acadêmica de uma IES, a colaboração e a interdisciplinaridade trazem um grande valor para a experiência do aluno.
Isso significa que a relação entre diferentes cursos se beneficia de aulas em comum, cursos extracurriculares, projetos de extensão, entre outras atividades que extrapolam barreiras curriculares.
Para isso, os docentes podem — e devem — fazer uso da biblioteca de objetos de aprendizagem da IES, já que ela mantém o arquivo de conteúdos organizados de acordo com cada objeto.
Objetos de aprendizagem e seus metadados
O registro e a organização de objetos de aprendizagem é uma parte muito importante de sua aplicabilidade. Quando eles existem em um diretório dentro da IES, podem ser utilizados por docentes de várias áreas e fornecidos para os alunos presenciais, remotos ou híbridos.
Também podem sofrer atualizações e ser reutilizados em anos seguintes, o que facilita a organização acadêmica.
De acordo com o documento do Comitê de Padronização de Tecnologias Educativas, os metadados para utilizar na classificação dos objetos de aprendizagem são (tradução livre):
- Objetivo: o objetivo de aprendizagem do conteúdo;
- Pré-requisitos: a lista de conhecimentos que o estudante deve ter antes de começar esse objeto;
- Tópico: quais são os temas do objeto (geralmente representados por uma taxonomia de classificação por área e assunto);
- Interatividade: o tipo de interação envolvido (por exemplo: assistir conteúdo, preencher quizzes, participar de discussões, etc)
- Requisitos tecnológicos: os recursos que serão necessários para realizar o objeto de aprendizagem.
Exemplos de objetos de aprendizagem
Existem diferentes formatos e tipos de objetos de aprendizagem, que podem ser utilizados em caráter singular, para dar início a discussão sobre determinados temas, ou como parte de um módulo de aprendizagem, seja ele um curso, uma disciplina ou um workshop.
Sua utilização é uma ótima forma de viabilizar as metodologias ativas e iniciativas como a sala de aula invertida.
Na IES, o docente pode fazer uso de repositórios e bibliotecas digitais de objetos de aprendizagem com o objetivo de promover a compreensão completa do conhecimento e a acessibilidade do conteúdo.
Para que sejam benéficos ao curso em questão, porém, devem ser usados não como alternativa, mas como ferramentas sistemáticas de ensino que estejam alinhadas à proposta do curso.
Alguns exemplos que o docente pode utilizar são:
O uso de imagens no ensino é uma prática comum que pode se beneficiar amplamente de recursos digitais. Apresentar um conteúdo com o apoio delas o torna mais tangível, o que possibilita uma melhor absorção do conteúdo.
Os recursos audiovisuais são excelentes para ampliar a bibliografia de cursos no ensino superior. De podcasts educacionais a documentários, eles são formas mais acessíveis e próximas dos alunos, que auxiliam a entender e contextualizar a temática.
A ideia nas simulações é oferecer um ambiente controlado para que os alunos ponham em prática os conhecimentos adquiridos. Podem ser offline (como debates, workshops e eventos) ou online, seguindo a lógica da aprendizagem baseada em projetos.
Pensando nas interfaces digitais, é importante contextualizar e relacionar os assuntos abordados. Um objeto de aprendizagem que conta com essa capacidade é o hipertexto. No hipertexto, o conteúdo está diretamente interligado a outros conteúdos relevantes.
Pode ser criado pelo docente na forma de artigos com links internos ou páginas web, para que o leitor não esteja preso a uma linearidade, mas sim tenha a possibilidade de escolher caminhos diferentes pelo conteúdo.
Também é possível utilizar aplicativos e programas como objetos de aprendizagem. Neles, o aluno pode completar tarefas, concluir projetos e automatizar processos enquanto aprende sobre o conteúdo visto em sala.
Objetos de aprendizagem e interatividade: como promover?
Na hora de elaborar o objeto de aprendizagem, o professor deve levar em conta como os alunos vão interagir com ele e quais benefícios tem como facilitador do processo de aprendizagem.
Para criar o seu, existem alguns passos importantes:
1. Identifique o conteúdo abordado
Qual curso se beneficia desse objeto de aprendizagem (OA)? Em que disciplina ou área se aplica melhor? Qual é o plano de ensino relacionado a ele? Pensando nessas perguntas, o docente encontra uma área que pode ter um OA como facilitador.
Por exemplo, imagine que uma disciplina de Ética visa a apresentar diferentes teóricos e visões para os estudantes. Cada uma dessas teorias pode se beneficiar de um objeto de aprendizagem.
2. Escolha que tipo(s) de recurso(s) usar: textos, áudio, vídeo, multimídia?
Aqui, a pergunta está relacionada a quais são os melhores métodos de abordagem para esse tema. Alguns conteúdos se beneficiam melhor de recursos textuais, como publicações e relatórios. Já outros são melhor vistos e contextualizados em forma de imagens e filmes.
Pensando no mesmo exemplo da disciplina de Ética: como explicar as teorias aos estudantes de forma que eles absorvam totalmente o conteúdo? Um OA aqui pode ser um artigo publicado em revista científica, mas a aproximação do tema também pode vir de filmes e até de conteúdos jornalísticos.
3. Encontre a plataforma em que os alunos vão interagir com o OA
Os alunos presenciais e EaD interagem com os conteúdos educacionais de formas diferentes, mas a digitalização de bibliotecas e salas de aula traz benefícios a todos. Nesse caso, um objeto de aprendizagem pode ser visto no moodle da IES, em grupos de discussão eoutros espaços.
No exemplo, os alunos poderiam encontrar artigos jornalísticos sobre questões éticas em portais de fact checking ou agências de reportagem. Poderiam ler artigos científicos em revistas publicadas online, mas também podem acessar dissertações na biblioteca digital da IES.
4. Estabeleça metas de aprendizagem e formas de avaliar rendimento
Como saber se os alunos estão se beneficiando daquele conteúdo? Um objeto de aprendizagem poderá ser reutilizado se tiver sucesso em atender e facilitar o entendimento dos alunos.
Para testar a absorção do conhecimento dos alunos, o docente pode fazer uso de provas teste, resumos, relatórios e outros recursos online e offline.
No caso do objeto de aprendizagem em Ética, um exemplo poderia ser a análise de um evento noticiado por meio de teorias vistas em aula. Ou, para uma atividade baseada em equipes, debates e simulações de júri são uma ideia interessante.
5. Torne o conteúdo replicável
Uma das principais características dos objetos de aprendizagem é que eles são replicáveis. Por isso, devem levar em consideração não só assuntos contemporâneos ou relacionados a turmas específicas, mas sim tornar o conhecimento e a abordagem dele um processo que pode ser replicado.
No caso da atividade sobre Ética, por exemplo, o professor não deve se prender a eventos atuais, mas sim fazer com que os alunos relacionem algo tangível (como esses eventos) às teorias introdutórias das aulas. Dessa forma, alunos de outros períodos também poderão realizar a atividade.
Com esses cuidados, você terá um objeto de aprendizagem seguindo os moldes internacionais, que poderá ser replicado durante o curso e por outros membros da comunidade acadêmica.
Leia também: Entenda a importância e os benefícios do ensino interativo
DONS: a solução de aprendizagem para sua IES
Para auxiliar docentes e gestores na aplicação de objetos de aprendizagem, a Saraiva Educação conta com a DONS (Disciplinas Online Saraiva).
As DONS são um repositório de objetos de aprendizagem focado no curso de Direito, produzido pela Saraiva Educação. Trata-se de uma forma de complementar a carga horária do curso e aplicar um ensino digital dinâmico, pautado pela inovação
Com as DONS, o professor tem acesso a mais de 6.000 objetos de aprendizagem no banco de dados, composto por:
- Textos introdutórios: indicam o tema que será estudado em uma determinada unidade, além de apresentarem uma bibliografia de referência;
- Mapas mentais: diagramas que representam a estrutura das informações da unidade, de modo a relacioná-las e facilitar o processo de assimilação dos conteúdos. Há exemplares estáticos, em PDF, e também mapas mentais animados, com imagens e narração;
- Vídeos de apoio: com duração de cerca de dez minutos, apresentam objetivamente o conteúdo. Seguem os princípios do microlearning (1.558 objetos de aprendizagem);
- Vídeo entrevista: explanam o conteúdo a partir de uma conversa entre especialistas;
- Textos de apoio: sintetizam os pontos mais importantes e a sua relação com o assunto principal da unidade;
- Quizzes: tratam-se de testes aplicados para verificar a retenção dos conteúdos estudados até o momento pelos alunos;
- Questões de exames oficiais: entram aqui questões de concursos, de provas como Enade, e outros exames oficiais. Há comentários corrigindo cada alternativa;
- Questões discursivas: ajudam os estudantes a exercitarem competências de redação, argumentação e pesquisa. Envolvem, por exemplo, dissertações sobre determinados posicionamentos do Supremo Tribunal Federal (STF) ou estudos de caso. Elas possuem correção automática, a partir de palavras-chave. Deste modo, os alunos têm um feedback automático das respostas;
- Revisão OAB: permite que os estudantes pratiquem a resolução de questões do Exame OAB, que tem se tornado cada vez mais competitivo;
Com esses recursos, os docentes de Direito podem auxiliar os alunos – presenciais e remotos – a entrar em contato com os temas vistos em sala de aula.
Nesse sentido, também é um enorme benefício para educadores e gestores: com os planos de curso e diretrizes educacionais em mãos, eles podem facilmente encontrar no banco de dados os recursos que se alinham às demandas das aulas.
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