Novos cenários exigem novos posicionamentos das organizações.
Em 2020 o mundo foi sacudido, chacoalhado, revirado, torcido e continua inteiro como sempre, com seus altos e baixos, com suas dificuldades e oportunidades, com seus problemas e soluções.
Essa realidade não foi diferente para as instituições de ensino, que passaram a funcionar a distância em todos os níveis, do infantil ao adulto. Um desafio e tanto que as escolas mais bem preparadas puderam aproveitar a seu favor e as demais lutaram para sobreviver.
Este foi um grande aprendizado tirado de uma lição muito antiga: as organizações que procuram se alinhar à realidade e planejam o futuro que desejam, alcançam melhores resultados.
O ensino a distância mostrou, também, que não é o meio como as aulas são ministradas que determina o grau de proximidade entre a escola, seus professores e seus alunos.
Algumas instituições com tradição no ensino presencial perceberam que não haviam construído um relacionamento forte o suficiente com seus alunos para que eles continuassem a se relacionar a distância com o envolvimento necessário.
Outras migraram para o ensino a distância e seus alunos permaneceram conectados, participativos, atuantes e comprometidos com os princípios e valores da instituição. Qual o segredo? Onde está a chave desse mistério?
Sem mistério
A verdade é que não há mistério algum. Apenas bom senso e o emprego das melhores práticas de comunicação empresarial e marketing institucional.
Ao se matricular, o aluno não está apenas deixando sobre o balcão um histórico de quem é, o que já estudou e quais os seus antecedentes. É muito mais do que isso: o estudante está entregando vários anos da sua vida que passarão a ser vividos diariamente dentro do ambiente da instituição.
Vista dessa forma dá para perceber que a expectativa é enorme, especialmente para que todos esses anos estejam entre os melhores da vida de cada um.
Não se trata apenas da obtenção de um diploma, mas de ter atendidas suas expectativas de um futuro melhor, com mais oportunidades, com maior remuneração e com desenvolvimento profissional.
É claro que a instituição de ensino não pode garantir com certeza o atendimento dessas expectativas, mas pode oferecer um ambiente que crie o imaginário de total acolhimento, oferecendo ao estudante a sensação de que não está sozinho nesta jornada, mas bem acompanhado por uma organização que verdadeiramente se importa com ele, além do carnê pago em dia.
Ambiente e imagem
O ambiente criado na instituição impacta diretamente na imagem que ela é capaz de construir dentro e fora dos seus portões.
Neste caso, a definição de ambiente vai muito além das paredes, do mobiliário e dos espaços de convivência (que também são importantes). Mas estamos falando aqui de um conjunto de ações e atividades que geram um “clima” propício ao estudo e às interações entre os estudantes e deles com a escola.
A atração dos alunos para se matricularem é um dos passos que a instituição deve seguir para preencher suas vagas, mas está longe de ser o único. Depois de conquistar interessados em estudar, chega a hora de mantê-los conectados com a imagem da escola para que eles atraiam novos interessados e não elevem o número de abandonos que representam cerca de 20% no Brasil.
Ora, se o mais difícil que é atrair alunos foi conseguido, por que não se dedicar ao engajamento deles e garantir a permanência até o final do curso em todos os níveis oferecidos? Muito provavelmente a resposta está na falta de um planejamento integrado de comunicação empresarial e marketing, capaz de otimizar todos os recursos e alcançar os melhores resultados.
Como se destacar
Para conquistar os estudantes e, com isso, solidificar a imagem da escola no mercado e atrair novos candidatos entre os amigos e parentes dos atuais alunos, é preciso desenvolver ações que contribuam para criar um espírito de pertencimento.
Todos querem e precisam pertencer a um grupo. Em equipe nos sentimos mais fortes, acolhidos, respeitados. Dificilmente alguém abandona a “tribo” à qual pertence.
Mas, ao contrário, quando o sentimento de não pertencer se faz presente, abandonar o grupo que não lhe acolhe torna-se a melhor escolha e a mais provável.
Assim, as escolas devem se dedicar a promover ações que construam e reforcem o espírito de equipe e a união em torno do nome da instituição.
Seguem sete alternativas que podem ser implementadas para começar a partir de agora a fomentar o espírito de união e o orgulho de pertencer.
1. Disputas
Desenvolva disputas em equipes que podem ser das mais variadas formas: torneios, gincanas, campeonatos etc. Podem ser torneios intercalasses ou entre cursos, semestral ou anual, apenas interno ou preparatório para disputas regionais, estaduais e nacionais. Não esqueça de fomentar a organização das torcidas.
2. Reconhecimento
Promova maneiras de reconhecer os estudantes que mais se destacarem individualmente e nas atividades educacionais em equipe. Podem ser atribuídas medalhas, diplomas, certificados, matérias em veículos de comunicação interna etc. Devem ser consideradas as melhores notas e as maiores frequências, tanto individualmente em cada disciplina, quanto em relação ao curso inteiro.
3. Participação
Estimule a participação dos alunos nas decisões que serão tomadas dentro da escola e que gerem impactos diretos sobre eles. Por exemplo, forme comissões organizadoras para promover eventos, planejar formaturas, estruturar viagens e passeios, reformar espaços, substituir mobiliários etc.
4. Promoção
Promova eventos extracurriculares que forneçam certificados para a melhoria dos currículos. Para isso, convide ex-alunos que se tornaram profissionais destacados em suas áreas, ex-professores, representantes da comunidade local entre outros formadores de opinião que podem ser convencidos a participarem pela divulgação de seus nomes junto a todos os públicos da instituição de ensino. Podem ser apenas palestras ou encontros organizados com vários participantes, segmentados por temas e cursos.
5. Oportunidades
Mantenha um banco de oportunidade de estágio e trabalho à disposição de todos os alunos em idade de se aventurarem pelo mundo do trabalho. Esse banco pode ser montado inicialmente com acordos formalizados com empresas da região e negócios onde trabalhem os pais dos alunos. Em paralelo, os estudantes devem disponibilizar seus currículos acompanhados de pareceres dos professores que podem destacar quais as principais características competitivas de cada um.
6. Associação
Crie uma associação que reúna os ex-alunos para manter vivo o espírito de grupo e pertencimento. Promova encontros periódicos e resgate permanentemente a história da instituição, criando storytellings corporativos que poderão ser utilizados inclusive para a publicidade da escola. Essa associação deve, ainda, acompanhar a vida pregressa dos estudantes no mercado de trabalho, gerando dados para serem aproveitados pela assessoria de imprensa.
7. Vantagens
Ofereça um pacote de vantagens para a continuidade dos estudos do próprio estudante ou de seus familiares. Podem ser descontos, bolsas parciais ou ainda uma espécie de programa de fidelização, transformando em bônus educativos todos os anos que o aluno passar dentro da instituição. Os bônus poderão ser utilizados por ele mesmo em novos cursos que vier a fazer ou por seus parentes que forem apresentados.
Claro que há muitas alternativas adicionais que podem ajudar a construir o orgulho de pertencer, mas perceba que essas sete iniciativas são de fácil implementação, não exigem investimentos significativos e podem ser consumadas com o auxílio dos próprios estudantes.
Caso não consiga atuar em todas as frentes de uma única vez, comece pelas mais simples e vá incorporando as demais ao longo do tempo. O importante é manter o estudante conectado com a imagem da instituição e engajado com os valores e os propósitos dela.