Um dos maiores desafios educacionais no Brasil é a capacitação profissional de alunos e a democratização do ensino superior. Com dificuldades financeiras, geográficas e socioeconômicas, ainda há fatores que impedem a maior parte da população de acessar as instituições e especializar seus estudos.
Segundo o Censo da Educação Superior 2019, contabilizam-se 16.425.302 de vagas ofertadas nas instituições de educação superior (IES) brasileiras. Nesse número estão inclusas modalidades presenciais, a distância, bacharelados, licenciaturas e tecnólogos.
No entanto, a pesquisa também reflete a falta de acesso de grande parte da população a essa fase de estudos: quando comparado a outros países, o Brasil tem baixas taxas de conclusão do ensino superior.
Entre a população de 25 a 34 anos, a estatística é de 21,3%. Em adultos de 55 a 64 anos, ela fica em 14,3%. Em ambos os casos, está abaixo da média da OCDE, em que essas faixas etárias têm, respectivamente, 45% e 27% de formação superior.
A questão da acessibilidade e democratização vai além: estatisticamente, há pouca diversidade econômica, social, racial e geográfica no acesso ao ensino brasileiro. Dessa forma, é possível notar que o acesso ao conteúdo ainda enfrenta barreiras e precisa ser parte da missão educacional.
O que os dados nos mostram sobre o ensino superior
O Censo mostra que há diferentes facetas da dificuldade no acesso ao ensino superior. Das 2.608 IESs, 11,6% são públicas e 88,4% são privadas. Nas públicas, o acesso pode ser limitado pela alta concorrência em vestibulares. Nas privadas, além dos vestibulares, há também a questão financeira.
De acordo com a estatística obtida pelo Inep, os 25% mais ricos têm média de 13,4 anos de estudo. No caso de alunos de baixa renda, é de apenas 9,9 anos.
Em média, alunos brancos têm um ano de estudo a mais que alunos negros, enquanto a população urbana chega a ter 1,8 anos a mais que a rural. Essa mesma diferença se repete na comparação de alunos da região Sudeste em relação aos estudantes da região Nordeste.
Antes do Ensino Superior
Parte disso é explicada pela dificuldade do acesso e permanência no ensino médio. No Brasil, ainda que as taxas tenham aumentado nos últimos anos, elas ainda são preocupantes: 20,7% dos brasileiros entre 18 e 24 anos não frequentam e não concluíram o ensino básico.
A democratização do ensino como forma de inclusão socioeconômica
Uma das principais tarefas do processo educacional é ampliar os horizontes dos alunos e criar novas oportunidades de difusão de conhecimento. No ensino superior, essa prioridade se manifesta na pesquisa e na formação profissional do aluno.
Uma das metas do Plano Nacional de Educação é que, em 2024, 33% dos jovens de 18 a 24 anos estejam matriculados no ensino superior. No entanto, até agora, a taxa é de 21,4%.
Muitos procuram a graduação por motivos financeiros: é estimado que um diploma de graduação ofereça aumento salarial. Além disso, a oportunidade de adquirir conhecimento e se desenvolver em uma profissão especializada é o sonho de muitos jovens brasileiros.
Dessa forma, abrir as portas para um ensino mais democrático é um investimento na inclusão social: com acesso à educação, esses jovens têm uma ampla gama de possibilidades pessoais e profissionais. A sociedade tem uma perspectiva mais justa e o aluno pode retornar seu conhecimento a ela.
Em benefício às instituições, um corpo discente mais diverso e de vivências múltiplas enriquece o currículo, cria conexões significativas e melhora o ensino para todos.
Os processos institucionais para a democratização do ensino
As principais barreiras que os alunos enfrentam no ensino superior são a falta de oportunidade de vagas e questões financeiras. Para as instituições públicas, os vestibulares ainda restringem as vagas aos alunos que tiveram mais oportunidades na educação básica.
Já nas IES privadas, o alto custo de mensalidades e manutenção do custo de vida nos grandes centros urbanos impede que muitas pessoas entrem ou permaneçam na universidade.
Existem diferentes estratégias para melhorar este quadro. O primeiro, claro, é tornar o ensino mais próximo das necessidades do aluno. Com a ascensão da busca por qualificação profissional contemporânea, é importante que os planos de aula envolvam metodologias ativas, que centram o processo na atividade do aluno, como aprendizagem baseada em projetos, laboratórios e sala de aula invertida.
Dessa forma, isso faz com que a dinâmica da grade curricular contemple alunos de diferentes habilidades e contribui para um ecossistema mais diverso no ensino, além de aumentar a motivação dos estudantes.
Para as instituições privadas, a oferta de bolsas de estudo para alunos com alto desempenho acadêmico garante que eles permaneçam durante todo o curso. Isso possibilita também a realização de estágios e outros programas complementares, já que o aluno não tem a preocupação financeira em primeiro plano.
Cotas e bolsas para alunos em situação de vulnerabilidade social também auxiliam: são estudantes que normalmente não se enquadram no corpo discente da IES, mas que apresentam enormes ganhos acadêmicos e profissionais após a conclusão do curso.
As possibilidades da EaD como ferramenta de acesso
A Educação a Distância (EaD), muito presente no cenário educacional em 2020, vem crescendo no Brasil. 43,8% dos ingressantes no ensino superior de 2019 optaram por essa modalidade.
Um dos ganhos da educação a distância é a acessibilidade: em geral, o investimento para o aluno é menor e a inserção dos estudos não o impede de continuar atividades profissionais. O que significa, por exemplo, que horários de aula não serão um fator impeditivo.
Da mesma forma, alunos que vivem longe de grandes centros urbanos também se beneficiam: não existe o custo de vida alto da proximidade aos campi, é possível estudar de onde estiver.
PCDs, pessoas em situação de vulnerabilidade e outros fatores
Outro ponto ao qual as IESs devem se atentar é que nem todos os potenciais alunos podem estar fisicamente na sala de aula, o que é outra vantagem da EaD. Alunos deficientes, por exemplo, enfrentam maiores barreiras de deslocamento e acessibilidade, sendo comum a evasão universitária nesse setor.
Para contexto, o Inep contabiliza o dobro de matrículas entre 2009 e 2019 de alunos com deficiências ou transtornos globais de desenvolvimento, mas as taxas ainda são irrisórias: apenas 0,56% do total de alunos. A população com deficiências no Brasil é de 24% das pessoas, em algum grau.
Outros grupos em que isso ocorre são pessoas com problemas de saúde crônicos, pessoas imunossuprimidas, cuidadores de familiares idosos, mães e pais de crianças pequenas, etc. Com o advento e a ascensão da modalidade EaD, há pessoas que podem acessar estudos para além de barreiras físicas, temporais e estruturais.
Agora que você sabe da importância da EaD para a democratização do ensino, leia mais sobre a captação de alunos no ensino superior a distância!