Desde o início, a humanidade se preocupa em registrar todo o conhecimento produzido. Por isso, a figura do bibliotecário é tão importante para a preservação das bibliotecas e conservação dos documentos.
As bibliotecas têm origem no segundo milênio a.C. Nesses ambientes, já constava a organização de documentos, como também a sua proteção, com tábuas de argilas cobertas.
Com o avanço da tecnologia, a profissão do bibliotecário ganhou novos espaços. Assim, cada vez mais os profissionais conquistam importantes cargos na carreira digital, com a gestão de bibliotecas digitais, por exemplo.
Neste artigo, vamos falar sobre o dia do bibliotecário e apresentar a história que está por trás desse significativo ofício. Vamos lá?
O dia do bibliotecário
O dia do bibliotecário é comemorado em 12 de março, data que foi instituída pelo Decreto nº 84.631, de 1980, com efeitos em todo o território nacional.
Ela é uma homenagem ao dia do nascimento do pernambucano Manuel Bastos Tigre (1882 – 1957), escritor, poeta, publicitário, jornalista, humorista e também considerado o primeiro bibliotecário concursado do Brasil.
Tigre trabalhou durante muitos anos na antiga Biblioteca Central da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, assumindo sua direção, mesmo após se aposentar.
O bibliotecário é o profissional formado em Biblioteconomia e que trabalha para o progresso cultural do país. Ele faz o gerenciamento das bibliotecas, que compreende uma série de tarefas, dentre as quais a catalogação e indexação de obras, manutenção de sistemas informatizados etc.
História da Biblioteconomia
A história da Biblioteconomia data desde o surgimento da Biblioteca de Alexandria, em 288 a.C., com a finalidade de reunir e classificar todos os conhecimentos registrados em forma documental.
As bibliotecas da Idade Média também são extremamente importantes para a história da profissão. Elas eram inseridas nos conventos e nos mosteiros, denominadas bibliotecas monásticas, em que o acesso era restrito apenas ao clero e à nobreza, que detinham toda a fonte de conhecimento e poder.
Já no Renascimento, há um novo tipo de biblioteca, conhecida como particular. Elas passam a ser consideradas as precursoras das modernas bibliotecas, com maior acessibilidade às obras pelo público.
No século XVI, Johannes Gutenberg cria a Imprensa, permitindo a disseminação da informação e do conhecimento. Com isso, surgem as bibliotecas nacionais no século XVII, além da publicação do primeiro livro destinado à apoiar a organização das bibliotecas: Avis pour dresser une bibliothéque (Conselhos para a criação de uma biblioteca), do francês Gabriel Naudé, em 1627.
A Revolução Francesa em 1789 também passa a permitir o surgimento de bibliotecas públicas no país.
A criação dos primeiros cursos da área de Biblioteconomia foram o da École Nationale des Chartes, na França, em 1821, e o da Columbia University, em 1887, nos Estados Unidos. Este último foi criado por Melvil Dewey, bibliotecário que se tornou um dos pensadores mais importantes da área, tendo participado da criação da American Library Association, um grupo que promove as bibliotecas e a educação literária; a publicação do primeiro periódico especializado, o Library Journal; e a criação da Classificação Decimal de Dewey (CDD), que é uma classificação documentária.
Em 1888, na Clerkenwell Public Library, o bibliotecário britânico James Duff Brown cria o único sistema de classificação da Inglaterra, o livre acesso às estantes.
Já no Brasil, a história da Biblioteconomia se faz desde a criação das bibliotecas beneditinas, franciscanas e jesuítas, mas principalmente com a criação da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
Porém, o Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), só considera que a área passou a existir no país em 1911, com a criação do primeiro curso de Biblioteconomia, também o primeiro da América Latina e o terceiro no mundo. O curso era baseado na Ècole Nationale des Chartes. Mais adiante, o Colégio Mackenzie cria, em 1930, um curso inspirado na Columbia University.
Em São Paulo, o bibliotecário Rubens Borba de Moraes funda o Curso de Biblioteconomia em 1936. Posteriormente, ele é incorporado à Escola de Sociologia e Política e à Escola de Biblioteconomia e Documentação de São Carlos (atual UFSCar).
Todos esses cursos possibilitaram a criação de diversas organizações que apoiam a Biblioteconomia como profissão e a inclusão do curso nas diversas IES atuais.
Contribuições de grandes bibliotecários para a Biblioteconomia
O bibliotecário é um profissional de nível superior que tem uma visão ampla e objetiva e está habilitado a:
- executar o planejamento de serviços bibliotecários;
- planejar o arquivo de bibliotecas e centros de documentação e informação;
- organizar acervos (bibliográficos ou não);
- realizar serviços técnicos e administrativos ligados à documentação, avaliação, assessoria, consultoria, ensino, fiscalização técnica, normalização de documentos, análise de trabalhos técnicos e científicos;
- organizar bases de dados virtuais e intranets;
- documentar processos de certificação de qualidade;
- atuar no atendimento aos leitores, apoiando na busca pela informação, entre outras.
Para concluir homenageando o dia do bibliotecário, separamos seis personalidades importantes que fizeram história nessa profissão:
1. Adelpha de Figueiredo (1894 – 1966)
Foi uma das primeiras bibliotecárias brasileiras. Formou-se pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque, sendo a primeira diretora da Biblioteca Pública Municipal Mário de Andrade, em 1926.
2. Edson Nery da Fonseca (1921 – 2014)
Foi bibliotecário e professor universitário brasileiro. Fundou cursos de Biblioteconomia para graduação e pós-graduação. Também participou da fundação da Universidade de Brasília (UnB), sendo responsável pela implantação da Biblioteca Central e do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD).
3. Manuel Bastos Tigre (1882 – 1957)
Foi o primeiro bibliotecário concursado no Brasil, exercendo a profissão por 40 anos. O dia 12 de março marca o dia do seu nascimento e também uma homenagem ao dia do bibliotecário no país.
4. Shiyali Ramamrita Ranganathan (1892 – 1972)
Foi um matemático e bibliotecário indiano, considerado o pai da Biblioteconomia. Autor do livro The Five Laws of Library Science, de (1931), que as cinco leis fundamentais para o exercício da profissão. São elas:
- os livros são para usar;
- a cada leitor seu livro;
- a cada livro seu leitor;
- poupe o tempo do leitor;
- a biblioteca é um organismo em crescimento.
5. Laura Russo (1915 – 2001)
Desenhou a primeira versão do Código de Ética Profissional do Bibliotecário. Também foi a primeira presidente da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (FEBAB) e do Conselho Federal de Biblioteconomia. Recebeu títulos honoríficos nos Estados Unidos e Alemanha pelos seus trabalhos na Biblioteconomia brasileira.
6. Zila Mamede (1928 – 1985)
Foi uma importante bibliotecária brasileira responsável por reestruturar as duas maiores Bibliotecas de Natal (RN): a Biblioteca Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a Biblioteca Pública Estadual Câmara Cascudo. Também participou do Conselho Federal de Biblioteconomia.
No dia do bibliotecário, agradecemos e parabenizamos você, que desempenha um papel tão essencial na gestão da informação e conhecimento dentro das instituições de educação superior! Quer se aprofundar mais no assunto? Aproveite para ler nosso próximo artigo para saber tudo sobre biblioteca digital!