O mundo mediatizado é uma realidade. O desenvolvimento de novas tecnologias foi, nas últimas décadas, maior do que aquele que pudemos registrar em séculos. E esses recursos fazem parte do nosso dia a dia, através do uso de dispositivos como celulares, computadores, entre outros.
O uso de dados também tem sido parte da nossa realidade, com o embasamento de vários negócios e ocupações, que surgem com a possibilidade de usar essas informações. O distanciamento social, imposto pela pandemia de Covid-19, fez com que vários setores incorporassem esse tipo de recurso.
Esse é o caso da educação, que além de utilizar a tecnologia em sua rotina, e ver a ampliação desse uso ano a ano, ainda precisa compreender qual a melhor dinâmica de ensino para uma geração de alunos que está conectada durante a maior parte do dia.
Quer saber como desenvolver seus estudantes neste contexto? Continue essa leitura e entenda o conceito de Educação 5.0.
O que é educação 5.0?
A Educação 5.0 é uma forma de aliar o uso das tecnologias na educação, tão necessárias no nosso dia a dia, ao desenvolvimento de habilidades necessárias para que essa utilização possa ser feita de maneira crítica.
Em busca de uma formação mais humana, a Educação 5.0 prevê que os estudantes possam desenvolver-se no campo socioemocional, para que saibam operacionalizar essas ferramentas, tornando seu uso um instrumento de transformação social.
Isso promove uma formação integral, que contempla aspectos técnicos, ou seja, as hard skills, e aspectos sutis, as soft skills.
Assim, essa formação impacta diretamente na qualidade dos profissionais que serão formados e na ampliação da sua capacidade de vencer os obstáculos, propondo soluções inteligentes e que possam melhorar nossa atuação na sociedade.
Quando surgiu a educação 5.0?
O conceito de educação 5.0 está alinhado a um outro, que é o de sociedade 5.0. Esse termo surgiu no Japão, em 2016, e diz respeito à busca por uma sociedade melhor, a partir do uso da tecnologia para que a qualidade de vida seja ampliada.
Com isso, recursos como acesso ampliado à internet, robótica e inteligência artificial podem estar a serviço da busca por uma vida mais feliz e humana.
Outro ponto crucial é que esse processo, de utilização da tecnologia, precisa proporcionar uma interação mais harmônica com o meio ambiente. A mitigação de danos à natureza também é um dos elementos necessários para que o dia a dia das pessoas seja mais saudável.
Já na educação, esse movimento visa a construção de soluções a partir da formação de sujeitos críticos e engajados que colaboram para uma sociedade mais justa e tranquila, como prevê o conceito chave de sociedade 5.0.
Qual a diferença entre educação 4.0 e 5.0?
A Educação 4.0, antecessora da 5.0, trouxe para a pauta das escolas e instituições de educação superior (IES) a necessidade de promover uma formação mais pautada pelo uso de tecnologias. O uso desses instrumentos e processos em sala de aula torna-se parte da rotina educacional, principalmente com o ensino superior a distância ou remoto, uso da internet, bibliotecas digitais, etc.
Afinal de contas, é necessário que as formações contemplem recursos que são utilizados na rotina dos futuros profissionais que ocuparão postos no mercado de trabalho cada vez mais mediatizados. A grande questão é: como fazer com que esse uso seja consciente?
Esse é o papel da sucessora da educação 4.0! A educação 5.0 prevê que haja um processo de continuidade e, consequentemente, de melhoria do uso de recursos tecnológicos. Isso ocorre a partir do aprendizado complementar das chamadas habilidades socioemocionais.
São elas que podem garantir que os alunos, e futuros profissionais, não estejam em local de disputa com a tecnologia no mercado de trabalho. Eles serão necessários para que essas ferramentas sejam implementadas nos ambientes em que são primordiais.
Entre as soft skills necessárias está a habilidade de cooperar, não só com os pares do trabalho, mas com a sociedade, de forma geral. Além disso, o profissional formado em um contexto de educação 5.0 também deve ser um criador de soluções, que construa pontes entre problemas a serem resolvidos e as respostas necessárias para construir um mundo melhor.
Para compreender melhor como a educação 4.0 e 5.0 se complementa, foi a partir da primeira que foi possível ampliar o acesso às metodologias ativas, aulas de programação e robótica, além dos laboratórios de cultura maker.
A relação entre esses recursos com a educação 5.0 é a possibilidade de amplificar o protagonismo do aluno, desenvolvendo habilidades sutis, como a autonomia, capacidade de autogestão da rotina, colaboratividade, entre outras.
Quais os benefícios da educação 5.0?
Os benefícios da tecnologia no contexto educacional são inegáveis! Afinal, elas permitem que os futuros profissionais desenvolvam as habilidades técnicas necessárias para o progresso de suas carreiras.
Apesar disso, o uso pouco consciente desses recursos implica em uma perda de potencial destes. A geração de novos alunos precisará ir além, para dar passos rumo a uma visão estratégica e atuação com intenção.
Dessa forma, as propostas pedagógicas devem ir além, contemplando não só a matriz curricular, mas todas as habilidades necessárias para a construção de um perfil mais complexo. Quer saber mais sobre os benefícios de todo esse trabalho? Confira:
1. Evolução nas relações
Alguns acreditam que a tecnologia é capaz de afastar as pessoas. Isso se dá pelo uso excessivo, e pela pouca exploração de seu potencial integrador. Tente pensar em uma sala de aula cheia de alunos com seus respectivos smartphones, o que você imagina pode não ser necessariamente uma situação ideal para uma sala de aula.
Isso porque o uso não direcionado e irrestrito pode realmente oferecer esse risco colateral. O desenvolvimento da autonomia e da capacidade de autogestão faz com que o potencial dessas ferramentas seja aproveitado, sem necessariamente criar abismos entre pessoas e seus dispositivos.
2. Promoção da criatividade
A tecnologia, e todos os seus softwares e dispositivos, são fruto de processos criativos. Sua criação parte de pessoas extremamente criativas, que foram capazes de imaginar e congregar outras ferramentas para possibilitar o processo de suas ideias se tornarem descobertas. E o incentivo das instituições de educação é a força motora necessária para iniciar esse processo.
Dentro da sua IES todos eles têm potencial de criação de novos recursos. A educação 5.0 oferece subsídio para que os estudantes desenvolvam as habilidades necessárias para congregar energia criativa, ampliando o uso da tecnologia de forma consciente e crítica. É um convite para o processo de melhoria contínua, que começa na IES e continua nos postos de trabalho.
3. Mediação de situações difíceis
Seja na IES ou no mercado de trabalho, nem só de bons momentos viverão os alunos que estão em contato com a tecnologia. Em muitos momentos o fator humano será decisivo para que problemas sejam resolvidos, e para que novos projetos possam surgir.
As competências socioemocionais, aliadas ao uso das tecnologias, auxiliam esses indivíduos a lidar melhor com as adversidades, promovendo soluções que tenham menor impacto nos colegas e na sociedade, alinhadas a um compromisso de busca pelos melhores resultados. Com o tempo, essa habilidade torna-se ainda mais natural e integrada à rotina dos futuros profissionais.
Leia também: Como se tornar o profissional do futuro?
4. Desenvolvimento da colaboratividade
A realização de trabalhos em grupo é, em muitos momentos, algo extremamente desafiador. Aqueles que curtem utilizar recursos tecnológicos, por vezes, relatam preferir lidar com as máquinas do que com os colegas, e isso é um péssimo sinal, já que o uso desses elementos não devem, jamais, substituir as relações entre pessoas.
A educação 5.0 auxilia os futuros profissionais a contar com os colegas, através da construção de uma cultura de colaboratividade, que contempla a diversidade de perfis como um grande ganho em equipes complexas, como uma empresa, ou uma sala de aula. É uma forma de somar as principais vantagens das ferramentas técnicas e das habilidades sutis.
5. Abertura para o novo
O uso de tecnologias não necessariamente vem acompanhado da abertura para que novos processos sejam incorporados. Isso fica claro nas empresas do setor de tecnologia que, por vezes, estão cheias de pessoas resistentes a mudanças, mesmo que os recursos tecnológicos utilizados sejam os mais recentes e eficazes.
Entender qual impacto positivo pode ser gerado a partir de um trabalho é uma forma de educar os alunos, e futuros profissionais, para uma virada de chave, com atuação mais significativa, voltada para a criação de ambientes de trabalho e de socialização mais saudáveis e conectados com as necessidades das pessoas.
Como aplicar a educação 5.0 no ensino superior?
Já deu para perceber que a educação 5.0 é um marco na busca por um processo de formação que consiga auxiliar na formação de pessoas mais conscientes, capazes de construir uma sociedade mais colaborativa e voltada para a criação de um estado de bem-estar geral.
E isso ocorre a partir do entendimento de que não é possível mudar a forma como ensinamos e aprendemos sem antes olharmos para a sociedade, que é o local onde esses indivíduos vão se desenvolver, técnica e emocionalmente.
A grande questão que fica é: como aplicar essa nova forma de promover a educação no ensino superior em minha IES? Não existe uma fórmula pronta para isso, mas algumas dicas podem te ajudar nessa caminhada. Continue a leitura e confira!
1. Busque metodologias completas
Um dos grandes passos na construção da educação 5.0 no ensino superior é o olhar atento para as metodologias empregadas. Elas irão determinar o modo como seus alunos captam os conhecimentos técnicos e como lidam com as pessoas nesse percurso.
Metodologias ativas que fortaleçam a noção de protagonismo, a autonomia e a criatividade do aluno são essenciais nessa jornada. Assim, a prática do dia a dia já estará permeada pelas habilidades socioemocionais necessárias para o crescimento do estudante.
2. Promova formação significativa
É inegável que as habilidades técnicas precisam de uma aprendizagem significativa para serem melhor fixadas. Entretanto, no caso das socioemocionais, é impossível repassar aos alunos sem que haja conexão, ou seja, sem que faça sentido para eles.
Isso pode ser construído através da busca do educador pela compreensão do contexto dos estudantes, suas dores, habilidades, dúvidas, experiências, ou seja, da boa relação e interação que deve ser estabelecida entre ambas as partes.
3. Capacite sua equipe
Um dos gargalos que pode ser encontrado na aplicação da educação 5.0 é a capacitação da equipe. Se na educação 4.0 esses profissionais tiveram que aprender a operacionalizar recursos tecnológicos no dia a dia das salas de aula, agora é necessário oferecer treinamento para melhor atender a dinâmica de fortalecimento das habilidades sociais necessárias para utilizá-los.
Mesmo que essa seja uma tarefa aparentemente fácil, é preciso entender qual a didática necessária para que os alunos percebam a importância do uso crítico e consciente desses recursos que já estão incorporados em sua rotina.
A formação de professores para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais é uma forma de melhorar outros processos da IES, já que esse aprendizado modifica as relações de trabalho e as interações com os alunos, que terão aulas com profissionais mais preparados e humanos.
Agora você já tem uma ideia de como a educação 5.0 pode auxiliar na formação dos alunos da sua IES e consegue compreender quão necessária é nos dias de hoje. Para se aprofundar nas demandas ligadas à tecnologia, confira como realizar o acompanhamento da aprendizagem dos alunos através de dados!