Em um mundo cada vez mais acelerado, em que as inovações fazem parte do dia a dia das pessoas, os ambientes educacionais e seus alunos precisam acompanhar as mudanças do setor.
Os estudos educacionais buscam apresentar aos gestores e professores novas formas de ensinar a partir de metodologias estruturadas, que possuam embasamento teórico e benefícios comprovados.
Ainda que muitas instituições sejam resistentes aos novos modos de ensinar e aprender, seja pela falta de uma cultura de inovação ou da criação de uma estrutura que suporte essas mudanças, os alunos do futuro demandam um alinhamento com essas novidades.
Por isso, as instituições que estão alinhadas com metodologias ativas são mais bem vistas no mercado, possuem programas educacionais mais atrativos e, consequentemente, tornam-se mais competitivas em relação às demais.
A educação criativa entra nesse cenário como uma metodologia que engloba a vontade de inovar e as possibilidades de cada IES.
Se pararmos para pensar, um ensino baseado em criatividade não necessariamente precisa ter um recurso específico. É possível propor novos caminhos! E nós, seres humanos, somos naturalmente criativos!
Em vários momentos da história nós nos saímos super bem diante de alguma dificuldade. Criar nos ajudou a sobreviver até então, e agora nos auxilia a buscar melhorias para tudo que fazemos.
Podemos chamar a educação criativa de uma metodologia de ensino-aprendizagem. Ela é contextual, ou seja é conectada com a realidade, e seu foco é desenvolver habilidades dentro de um cenário mais amplo, a partir de recursos não convencionais.
Como a criatividade é um fator que agrega grande subjetividade ao processo de aprendizagem, a educação criativa estimula a autonomia, as formas particulares de pensar, além do engajamento, o envolvimento com o projeto de ensino.
E até mesmo em disciplinas em que parece não ser viável ministrar uma aula mais lúdica, é possível incorporar conceitos dessa metodologia. Para “pensar fora da caixa” basta estimular a criatividade, a resolução de problemas e o envolvimento em projetos.
O responsável pela metodologia é o professor e pesquisador Mitchel Resnick. Ela foi desenvolvida em parceria com o MIT Media Lab, mas a inspiração veio de um outro educador, Seymour Papert.
Para Papert o melhor jeito de aprender é fazendo! Ele era um professor de matemática e cientista computacional, e suas inspirações de uma educação fora da curva vêm de outras influências, como Piaget.
Piaget, por sua vez, revolucionou a educação com conceitos que utilizamos até hoje, como a ideia de que o aprendizado é uma troca e de que os alunos não são receptores de conhecimento, mas também o produzem.
Qual a chave para desenvolver uma educação criativa?
Como toda metodologia, a educação criativa se propõe a estabelecer um caminho para os educadores. Essa é uma forma de estruturar o que é esperado do método e, para isso, Mitchel Resnick dividiu a metodologia em quatro tópicos, são eles:
- Projetos: para que os estudantes possam se envolver a fundo com o conteúdo a ser trabalhado, a metodologia propõe que sejam desenvolvidos projetos. Além de terem potencial de contextualizar a matéria ao mundo dos estudantes, um projeto faz com que outras habilidades sejam acionadas para que seja possível alcançar os objetivos propostos.
- Paixão: esqueça o distanciamento do objeto de estudo. Este pilar da educação criativa nos estimula a criar envolvimento profundo com o que estamos nos propondo a criar/ estudar. Essa aproximação nos conecta a uma dimensão de prazer ao realizar determinada tarefa.
- Pares: a busca pelo aprendizado a partir dos pares é enriquecedora! Esse pilar estimula os alunos a trocar aprendizados entre si e com os educadores. Com isso, é possível criar uma rede de saberes, já que as experiências de vida dos estudantes são muito particulares e, mesmo que tenham um padrão de vida parecido, jamais terão as mesmas vivências.
- Play: é a partir da experiência lúdica que o aprendizado e a troca são possíveis. Brincar também é uma forma de aprender, e esse hábito é construído a partir da prática. Nos adultos, essa habilidade pode ficar um pouco adormecida, mas não ache que isso é natural. A maioria de nós não resiste a um ambiente de descontração.
Ensino superior combina com educação criativa?
Você pode se perguntar se é possível aplicar uma metodologia tão inovadora no ensino de jovens e adultos, como é o caso das instituições de educação superior (IES). Vamos elencar alguns pontos para mostrar a você que uma educação mais criativa é tudo o que os adultos precisam no seu dia a dia.
1. Necessidade dos alunos
Após uma rotina intensa de trabalho, o processo de aprendizado de alunos muito cansados pode ser completamente diferente, seja em modalidade presencial ou no ensino a distância. A educação criativa é uma forma de associar o momento de estudo à descontração dos estudantes.
2. Adaptação para o contexto da IES
O estímulo à criatividade não precisa ser caro ou envolver materiais totalmente fora de mão. A premissa da criatividade é o aproveitamento dos recursos disponíveis.
Uma equipe criativa consegue desenvolver bons momentos de aprendizagem a partir do que a IES consegue disponibilizar.
3. Aprendizado de habilidade requerida
Uma formação profissional atual precisa ser criativa, pois essa é uma habilidade que pode garantir a empregabilidade dos seus alunos. Ao contrário do que muitos pensam, a criatividade não é nata.
É possível estimular a prática criativa nas atividades escolares, que irão inspirar soluções lá na frente, quando os alunos estiverem diante de problemas no trabalho. Criar é um caminho sem volta!
4. Desenvolvimento de ferramentas de grupo
Uma educação criativa também é uma forma de aprender a compartilhar o processo inventivo com os colegas. É nas trocas que o potencial criativo se amplifica, o que também tensiona a capacidade de negociar e respeitar opiniões de outras pessoas sobre um projeto, por exemplo.
Essas habilidades são centrais e muito testadas em processos seletivos. Muitas vezes, o simples compartilhamento de um trabalho não é capaz de fortalecer laços como é possível a partir do compartilhamento de algo muito caro aos estudantes, como um projeto.
5. Estímulo à curiosidade
Uma criança curiosa é uma criança que aprende mais sobre o mundo ao seu redor. E porque seria diferente com um adulto? Encorajar o aprendizado a partir da criatividade faz romper as barreiras da atuação profissional, por exemplo.
A coragem de se aventurar de hoje pode ser a capacidade futura de se adaptar, e de propor mudanças no caminho profissional.
6. Alinhamento aos tempos atuais
Se sua IES opta por incorporar uma metodologia voltada para a valorização da criatividade, com certeza também está alinhada ao desenvolvimento de equipamentos e outras técnicas inovadoras.
A capacidade de absorver as novidades e transformá-las em aprendizado potencial para seus estudantes faz com que sua instituição saia na frente.
7. Capacidade de criar conexões
Cruzar informações e dados, entender contextos complexos, essas são algumas das habilidades desenvolvidas a partir da educação criativa.
Criar conexões entre o que se vive e se aprende ou até mesmo entre os conteúdos vistos em sala de aula é uma necessidade para os alunos que desejam despontar no mercado de trabalho.
8. Aumento da autoconfiança
Ver um projeto se concretizar, dar uma ideia capaz de solucionar um grande desafio ou ser elogiado pela capacidade de ouvir e unir opiniões diversas faz com que o aluno se sinta valorizado. A construção da autoconfiança, muitas vezes abalada em processos educacionais duros, pode transformar a vida e o futuro de um estudante.
Um estudante que confia em si, nas suas opiniões e conhecimentos, é capaz de ir além, não só na dimensão profissional, mas na rotina e na vida pessoal. Quem cria entende que o erro é parte do processo, e é apenas mais um detalhe na construção de algo maior.
Como estimular a criatividade na educação superior?
Mas como fazer isso na prática? Alguns professores irão optar por jogos, desafios, produções artísticas. Na verdade, quando falamos de criatividade no processo educacional, o céu é o limite.
Para utilizarmos os quatro pilares propostos por Mitchel Resnick, é possível criar projetos que envolvam os estudantes. Para que eles sintam-se mais envolvidos, permita que eles busquem temas de interesse.
O trabalho coletivo nem sempre precisa ser realizado em grupo. A aprendizagem a partir dos pares pode se dar a partir da interação entre projetos, por exemplo. Uma sessão de trocas entre as iniciativas pode ser um bom ponto de partida.
Se o educador sente que a turma não seria capaz de se engajar com brincadeiras, por exemplo, é possível propor desafios, criação de jogos, busca por games e atividades já existentes que trabalhem questões referentes à formação.
Uma outra possibilidade é propor análises de casos, em que os estudantes indicam novos caminhos e soluções a partir da criação de ligações entre os conhecimentos e o mundo em que vivem.
Na educação criativa, o contexto dos estudantes é o ingrediente imprescindível para que haja engajamento. O interesse pelo conteúdo pode ser estimulado a partir da ancoragem de alguns pontos em relação à realidade de cada um.
Para encher os olhos dos jovens e adultos, que tal investir em elementos para enriquecer seus projetos? Pode ser com computadores cheios de softwares, impressoras 3D, máquinas fotográficas, drones ou demais equipamentos tecnológicos. Sua IES pode oferecer muito mais aos estudantes.
A modernização da instituição pode ir além dos equipamentos e chegar à estrutura física da IES, com salas interativas, laboratórios, acervos, etc. Capacite sua equipe para que a tecnologia não seja concorrente, mas parte do processo de crescimento dos estudantes.
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Como o professor atua na educação criativa?
Assim como nas metodologias ativas, o professor que aplica a educação criativa se torna um mediador na sala de aula. Com o incentivo à autonomia e às trocas entre os envolvidos, o professor não só ensina, como também aprende.
E essa capacidade de se colocar em uma relação horizontal com os alunos é uma habilidade fundamental para o professor das IES que desejam inovar em suas metodologias.
Mas não se engane diante de tanta autonomia, o professor é fundamental nesse processo! Isso porque é preciso que alguém conduza os processos criativos, auxiliando os alunos a canalizar suas inspirações, tornando-as palpáveis e aplicáveis à realidade.
Para que isso se torne possível, é preciso realizar um planejamento educacional adequado para a disciplina, como um todo, e para as aulas a serem desenvolvidas. A descrição dos métodos podem guiar melhor esse momento.
Como aplicar isso aos métodos utilizados em sua IES?
Não desanime diante da possibilidade de mudar um método de ensino. A vantagem de metodologias como a educação criativa é a possibilidade de adaptá-la ao cenário em que está inserido, sem deixar de oferecer qualidade nesse processo.
Nunca deixe de considerar para quem você aplica o método. Conhecer sua comunidade acadêmica e a realidade dos seus alunos pode alinhar o que você vê em outras IES à expectativa deles. Não há receita de bolo para implementar melhorias. Se permita criar e testar possibilidades.
Crie formas de receber feedbacks das mudanças implementadas, tenha canais de escuta capazes de captar o impacto das transformações que sua IES deseja efetivar. Inspire os funcionários a serem pontos de escuta sobre a qualidade do seu serviço.
Invista na capacitação da equipe em metodologias ativas, estimule-os a assimilar as vantagens desses métodos. Faça com que sua instituição seja multiplicadora de boas práticas, mas lembre-se de estar aberto para acolher as dificuldades que possam aparecer no caminho.
Se ainda não consegue seguir 100% uma metodologia, adapte seus modos de fazer. Ninguém precisa seguir nada à risca, busque inspirações nesses métodos, implemente aos poucos, se sentir necessidade. Busque o que for melhor para a sua instituição.
Com esses conceitos e dicas você será capaz de propor o uso de metodologias cada vez mais inspiradoras na sua IES. Com certeza isso será um fator de destaque da sua instituição em relação à concorrência.
Além de uma maior captação, é possível alcançar uma menor evasão a partir do uso de metodologias inovadoras. Criar um ambiente ideal para o crescimento pessoal e profissional dos seus alunos jamais será um investimento perdido.
Se você gostou deste artigo sobre educação criativa não deixe de conferir nosso guia completo para a aplicação de metodologias ativas no ensino superior e revolucione a forma de ensinar e aprender na sua instituição de educação superior.