O ensino técnico ganhou uma maior visibilidade depois que a reforma do ensino médio foi aprovada. Um dos itinerários formativos que as escolas básicas podem oferecer é, justamente, o ensino técnico e profissionalizante.
Por isso, muitas Instituições Privadas de Ensino Superior (IPES) têm demonstrado interesse pela área.
Porém, como este ainda é um processo novo, é normal ter dúvidas sobre ele. Pensar se vale mesmo a pena investir e oferecer cursos técnicos é uma das principais questões que permeiam a cabeça de coordenadores.
E foi com o objetivo de apresentar a você melhor esse assunto e te mostrar por que vale a pena oferecer ensino técnico que fizemos este artigo. Para conferi-lo, basta seguir na leitura! Vamos lá?
A história do ensino técnico no Brasil
Os primórdios do ensino técnico no Brasil surgem em um contexto ainda colonial. Segundo historiadores, em 1693, a descoberta do ouro em Minas Gerais motivou a expansão da educação profissional no Brasil.
Nos tempos mais remotos da colonização, os primeiros aprendizes de ofícios foram os povos indígenas e os escravos. Foi com a criação de Casas de Fundição e de Moeda que surgiu a necessidade de um ensino mais especializado, destinado aos filhos de homens brancos.
Em 1800 foram registradas diversas experiências relativas à educação profissional no Brasil. Com a adoção do modelo de aprendizagem dos ofícios manufatureiros, crianças e jovens passaram a aprender, juntamente com a instrução primária, ofícios de tipografia, alfaiataria, sapataria, carpintaria, entre outros.
Com o fim do Brasil Império e com a abolição legal do trabalho escravo, em 1889, a economia brasileira passou a concentrar-se no setor de agro exportação. Nesse período, há uma predominância de relações de trabalho rurais pré-capitalistas.
Em 1906, ocorre a consolidação do ensino técnico-industrial no Brasil. Marcada pela criação e multiplicação de institutos de ensino técnico e profissional como parte de um projeto de valor estratégico para o desenvolvimento nacional.
Panorama sobre o Ensino técnico no Brasil
E de fato, desde o seu surgimento, o ensino técnico vem impulsionando o desenvolvimento no Brasil. Com uma breve revisão histórica, é possível observar que a maior disponibilidade de profissionais qualificados acelera a economia e equilibra a oferta de empregos.
Hoje, o ensino técnico assume protagonismo na profissionalização de jovens brasileiros. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostra que, se comparado ao ensino médio completo ou o ensino superior incompleto, é o ensino técnico que proporciona ao estudante mais oportunidades no mercado de trabalho.
Isso quer dizer que, quem passa pelo ensino técnico tem como vantagem adquirir um conhecimento capaz de garantir, mais rapidamente, uma posição melhor no mercado de trabalho.
No entanto, ainda existem muitos desafios no que tange a expansão do ensino técnico no Brasil. Atualmente, a taxa de estudantes brasileiros matriculados na educação profissional e técnica é de somente 8%, índice que sobe para 46% na União Europeia.
Para impulsionar a educação técnica no Brasil, desde outubro de 2019, o Ministério da Educação (MEC) vem implementando uma série de ações para ampliar o número de vagas para a qualificação profissional de jovens e adultos. Dentre elas, o marco regulatório para a oferta de cursos da rede privada de Ensino Superior com novas regras e segurança jurídica.
Qual a diferença entre curso técnico e ensino técnico?
Apesar dos nomes similares e de serem regularizados pelo MEC, o curso técnico e o ensino técnico são bastante diferentes entre si. E, ao decidir oferecer o ensino técnico na sua IPES, é importante estar preparado para esclarecer essas diferenças para possíveis alunos.
O curso técnico oferece uma formação profissional rápida — em geral, a duração é de até 3 anos. Além disso, ele tem foco profissionalizante, sendo uma importante opção para quem deseja ingressar no mercado de trabalho com mais rapidez. No entanto, o curso técnico é voltado para estudantes do Ensino Médio.
Já o ensino técnico, também chamado de tecnólogo, é uma graduação de curta duração. O tempo também costuma ser de até 3 anos, mas o aluno se forma com um diploma de Ensino Superior e, portanto, está apto para ingressar em uma pós-graduação, por exemplo, ou para prestar concursos públicos de nível superior.
A graduação técnica, ao contrário da graduação tradicional, tem um foco mais prático. Assim, é mais comum que os alunos passem muito tempo em laboratórios e desenvolvam projetos menos teóricos, e mais técnicos. Desse modo, conseguem se especializar mais em uma área, o que ajuda a ingressar no mercado de trabalho.
Por que oferecer ensino técnico em sua IES?
Quando lançamos um olhar crítico e analítico ao mercado de trabalho, percebemos que estudantes que fizeram um curso técnico antes de iniciarem sua graduação são, na maioria das vezes, empregados com maior facilidade.
O ensino técnico tem funcionado como uma porta de entrada para o mercado de trabalho já há algum tempo, mas ele voltou à tona, definitivamente, após a reforma do ensino médio, que prevê como um dos seus itinerários formativos para as escolas o ensino técnico e profissionalizante.
Além do ensino técnico ser um degrau importante na trajetória profissional daqueles que querem ser rapidamente alocados no mercado de trabalho, geralmente, o próximo passo de quem faz um curso técnico é se especializar ainda mais no assunto, por meio de um curso de graduação na área em que trabalha.
E é esse o ponto central de se oferecer ensino técnico em sua IES. Afinal, se um estudante se forma tecnicamente em sua instituição e sabe que lá também pode dar andamento à sua vida acadêmica e profissional com excelência, por que escolheria uma outra instituição?
Um aluno formado no curso técnico em Edificações, por exemplo, tem mais conhecimento, maturidade e familiaridade com o que irá estudar no curso de graduação de Engenharia Civil, facilitando seu desenvolvimento e rendimento na graduação. E se esse aluno encontra ambos os cursos: técnico e, posteriormente, graduação em um mesmo ambiente, não tem motivos para mudar de IES.
Além de todos esses benefícios aos estudantes, a abertura de uma escola de cursos profissionalizantes também beneficia empresários da região, que aproveitam os profissionais formados na escola para atuar em suas empresas.
E é por isso que a Instituição de Ensino Superior que oferece um ensino técnico de qualidade trabalha no desenvolvimento de um estudante que estará mais apto para cursar a graduação. Isso também contribui para a diminuição da evasão no Ensino Superior, já que o aluno estará mais preparado para essa etapa de sua vida.
Percebemos, então, que a IES que oferece ensino técnico ganha notoriedade, sendo considerada uma das primeiras opções para a matrícula no curso de Ensino Superior, contanto que ofereça, é claro, uma educação técnica de qualidade.
A seguir vamos te mostrar quais os requisitos você deve levar em consideração se quer oferecer um ensino técnico de qualidade e, assim, angariar novas matrículas e se tornar destaque em sua região.
Como oferecer um curso técnico de qualidade?
Se você ficou convencido de que oferecer ensino técnico fará de sua instituição destaque em sua região e quer saber o que precisa fazer para oferecer um ensino de qualidade, continue na leitura e confira algumas dicas que não pode deixar de seguir:
- Saiba quem são seus concorrentes;
- Tenha conhecimento do mercado de trabalho local;
- Leve em consideração o local em que sua Instituição de Ensino está localizada;
- Tenha uma mensalidade competitiva.
Seguir essas dicas é importante para conseguir oferecer um ensino técnico de qualidade e fidelizar o estudante.
No próximo tópico você verá o que precisa fazer se quer se credenciar e oferecer cursos técnicos. Acompanhe!
Como credenciar minha IES e oferecer ensino técnico?
Se você viu vantagem e quer saber como se credenciar e oferecer ensino técnico, deve seguir algumas diretrizes e se atentar para não perder o prazo.
Para credenciar um curso técnico, é preciso levar em consideração alguns fatores importantes como, por exemplo, o local da instituição e os cursos que serão oferecidos.
Cada estado brasileiro tem algumas especificidades em relação ao processo de credenciamento de escolas e cursos que podem ser presenciais ou a distância (EAD). Portanto, ainda que você já tenha uma IES é importante verificar a legislação local para o ensino técnico, ok?
Então, fique atento às exigências da região à qual sua IES faz parte para evitar qualquer retrabalho em relação à documentação.
Com o objetivo de te ajudar, trouxemos informações pertinentes para que você consiga credenciar a sua instituição e oferecer um ensino técnico de qualidade. Confira!
1. Acompanhe as mudanças na educação brasileira
Acompanhar as mudanças na educação brasileira é o primeiro passo que você deve seguir. Isso porque, em razão da Reforma do Ensino Médio, a educação técnica no Brasil tem passado por grandes mudanças.
O novo modelo começa a ser implementado de forma gradual a partir desse ano (2022) e a previsão é de que até 2024 esteja em todas as turmas do país. Sendo, justamente, a formação técnica profissionalizante um dos cinco itinerários formativos ofertados aos alunos.
De modo geral, a previsão é que aconteça um um crescimento de 25% das matrículas da educação técnica profissional e é justamente por isso que você não pode se descuidar e perder as oportunidades que estão por vir.
Os passos para o credenciamento são:
- Registro de locais de oferta como unidade de ensino
- Registro do pedido de autorização para cursos
- Solicitação e autorização de vagas para cursos técnicos
- Envios dos documentos obrigatórios. São eles: código e-MEC do curso superior correlato, termo de responsabilidade e veracidade dos documentos encaminhados e informações prestadas e Plano de Curso (PC)
É importante ficar atento às regras específicas da modalidade de ensino dos cursos, pois os processos de registro do pedido de autorização, solicitação de vagas e elaboração do plano de curso, são realizados de maneiras distintas se o curso for presencial ou EaD.
As etapas restantes do processo de credenciamento correspondem aos períodos de registro do pedido e de análise; processo de avaliação das solicitações de autorização de oferta de curso, e por fim, as fases recursais, em caso de indeferimento da solicitação de autorização de oferta de curso.
Veja o cronograma e fique atento aos prazos:
2. Conheça e acompanhe a legislação
Portanto, o segundo e último passo para se credenciar é conhecer e acompanhar a legislação atual. Tenha sempre em mãos a legislação atualizada e se atente para as especificidades do ensino técnico referentes a modalidade modalidade presencial e a distância.
Mesmo que você não pretenda trabalhar com EAD no início, fique de olho na legislação, pois existem muitas oportunidades para aumentar o número de alunos (uma vez que você pode atender pessoas de todo o país).
Os pedidos de autorização para oferta de cursos técnicos devem ser feitos, já com a inclusão do Plano de Curso, por meio do SISTEC.
O Plano de Curso deverá demonstrar coerência com o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da IPES, devendo ainda atender o disposto nas diretrizes curriculares nacionais para a educação profissional técnica de nível médio definidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).
O que diz a nova portaria?
A regularização da oferta de cursos técnicos por instituições de educação superior está passando por atualizações. Em maio de 2022 o MEC publicou uma nova portaria que estabelece normas para a habilitação e autorização de Instituições Privadas de Ensino Superior (IPES) que tenham interesse em oferecer cursos técnicos de nível médio.
A nova portaria também flexibiliza a oferta de ensino técnico pelas universidades privadas. Para garantir mais agilidade no processo de habilitação, as instituições não precisarão mais de autorização dos conselhos estaduais de educação, cabendo ao próprio MEC emitir a autorização de oferta de curso técnico.
Quanto à habilitação e autorização, os critérios publicados na portaria de 2019 continuam valendo. Para estar apta a solicitar o credenciamento de cursos técnicos, a instituição de ensino deve cumprir as seguintes exigências:
- Índice Geral de Cursos (IGC) ou Conceito Institucional (CI), o que for mais recente, igual ou superior a 3 (três);
- Atuação em curso de graduação em área de conhecimento correlata à do curso técnico a ser ofertado previsto no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT) organizado pelo Ministério da Educação (MEC) (ver tabela da portaria);
- Excelência na oferta educativa comprovada por meio dos seguintes indicadores:
- Conceito Preliminar de Curso (CPC) ou Conceito de Curso (CC), igual ou superior a 4 (quatro) no curso de graduação, da área de conhecimento correlata ao curso técnico a ser ofertado;
- Inexistência de supervisão institucional
- Inexistência de penalidade institucional, nos dois anos anteriores à oferta, nos cursos de graduação correlatos aos cursos técnicos a serem ofertados.
É imprescindível que a sua IES esteja com seus dados atualizados no e-MEC para que seja possível a análise do pedido de habilitação.
5 dicas para ofertar o Ensino Técnico em sua IPES
Agora que você já sabe como oferecer um curso técnico de qualidade e como funciona o credenciamento de IPES, está na hora de conhecer 5 dicas que vão garantir que essa oferta seja feita de maneira adequada e bem estruturada.
Vale lembrar que a possibilidade de Ensino Técnico em IPES é um grande incentivador para que mais jovens procurem esse tipo de formação e ingressem no mercado de trabalho de maneira especializada e rápida.
Por isso, quanto melhor a infraestrutura educacional oferecida pela sua IPES, maior a chance de ela se destacar no mercado.
1. Ofereça ensino técnico nos mesmos eixos tecnológicos dos cursos tradicionais
2. Prepare o currículo e o perfil profissional de cada curso
3. Invista em educação continuada
4. Considere a demanda dos estudantes locais
5. Usar conteúdos prontos para o Ensino Técnico
Confira: Como funciona a disciplina online e quais são seus benefícios para a IES e para os estudantes
1. Ofereça ensino técnico nos mesmos eixos tecnológicos dos cursos tradicionais
É muito provável que a sua instituição de educação superior não esteja começando a oferecer cursos de graduação com o Ensino Técnico. Por isso, a primeira dica para ofertá-lo de maneira mais fácil é seguir os eixos tecnológicos dos cursos já implementados e que já possuem alunos.
Dessa maneira, você consegue otimizar a estrutura existente na sua IPES, aproveitando laboratórios e salas de aula voltadas para atividades práticas, o que reduz os custos. Essa decisão também faz com que a integração de estudantes dos cursos tradicionais e do ensino técnico seja mais fácil.
É preciso ter em mente, porém, que será preciso elaborar um plano de curso técnico, que atenda às demandas específicas desse tipo de ensino.
2. Prepare o currículo e o perfil profissional de cada curso
Por ser voltado para o mercado de trabalho, o Ensino Técnico deve ser pensado de maneira um pouco diferente do ensino superior tradicional. Por isso, para preparar o currículo de cada curso e o perfil profissional de conclusão dos alunos, é essencial contar com uma equipe de profissionais especializados.
Dessa maneira, você consegue definir quais temas serão abordados ao longo da formação do aluno, e como eles podem se destacar no mercado de trabalho.
Essa equipe especializada pode, inclusive, focar em necessidades regionais da sua IPES, formando alunos prontos para supri-las e que, portanto, conseguirão ingressar em um emprego com mais facilidade.
3. Invista em educação continuada
Como explicamos, o Ensino Técnico equivale a uma graduação tradicional. Ou seja: os alunos graduados recebem um diploma de ensino superior, ainda que sua formação seja voltada para atividades práticas e para o mercado de trabalho.
Um diferencial na oferta do Ensino Técnico na sua IPES pode ser, justamente, o investimento em uma educação continuada qualificada, que mantenha os alunos dentro do ambiente de ensino sem prejudicar o seu futuro profissional.
Ou seja: é possível incluir cursos especializantes, pós-graduação latu sensu, cursos livres e outras atividades que ajudem esses estudantes a continuar se aprimorando enquanto, ao mesmo tempo, atuam em suas profissões.
Para isso, a sua IPES pode contar com o ensino a distância e com técnicas de aprendizagem ativa que mantenham os alunos motivados.
4. Considere a demanda dos estudantes locais
Já dissemos que uma maneira muito eficaz de ofertar o Ensino Técnico é através do aproveitamento da estrutura já usada na IPES. Para aumentar ainda mais o catálogo de cursos oferecidos, porém, outra dica é entender a demanda dos estudantes da região da IPES.
Isso faz com que a sua instituição de ensino se torne uma opção mais viável para as pessoas da região. Ao ofertar cursos que são frequentemente buscados pelos alunos em provas de vestibulares, por exemplo, você garante que haverá uma alta procura e, consequentemente, maior probabilidade de matrícula.
Em seguida, basta investir em opções atrativas para esses estudantes. Alguns exemplos são: a matrícula online, as formas de inserção no mercado de trabalho disponíveis e as estruturas que a sua IPES oferece.
5. Usar conteúdos prontos para o Ensino Técnico
Não é difícil encontrar, no mercado, empresas que oferecem cursos e matérias complementares que podem ser usadas no Ensino Técnico. Apostar nesses conteúdos é uma forma de estruturar um curso com mais facilidade e contando com conhecimento especializado.
É importante ter em mente, porém, quais instituições são responsáveis pela elaboração dessas disciplinas e aulas, e se as ferramentas oferecidas atendem às suas necessidades. Algumas delas oferecem, inclusive, acompanhamento lado a lado dos alunos, relatórios de performance e conteúdos exclusivos.
Agora você já sabe tudo o que precisa para ofertar o Ensino Técnico na sua instituição privada de ensino superior. O próximo passo é aproveitar e conhecer as soFlução Disciplinas Online Saraiva, para começar atuando ao lado de uma especialista em educação superior!