O estudo de usuários em bibliotecas universitárias consiste em uma ferramenta que ajuda na gestão das bibliotecas. Isso porque permite que a sua instituição de educação superior (IES) conheça as demandas informacionais dos usuários, ou seja, dos alunos que frequentam a sua universidade.
Deste modo, é possível verificar de maneira prática qual o perfil desses estudantes, se eles têm as suas necessidades atendidas – tanto na utilização do espaço físico quanto em relação aos serviços oferecidos pela biblioteca – e muito mais.
Lembrando que as bibliotecas universitárias são fundamentais para a disseminação da informação e do conhecimento, fomentando o desenvolvimento pessoal e profissional dos discentes.
Neste artigo, você vai entender como funciona o estudo de usuários em bibliotecas universitárias, por que ele é importante e como fazer na sua IES.
Vem com a gente!
O que é estudo de usuários?
Como falamos, o estudo de usuários em bibliotecas universitárias consiste em um método que ajuda a mensurar o grau de satisfação dos usuários das bibliotecas, além de identificar e compreender o seu perfil e as suas necessidades.
A partir dessa análise, pode-se verificar como é o uso da biblioteca pelos alunos dos diferentes cursos oferecidos por sua instituição de ensino.
Considere que o ‘boom’ das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) gerou um número ilimitado de fontes de informação.
Embora haja vários pontos positivos nessa pluralidade, acabamos nos deparando com um problema: a falta de habilidade dos usuários em lidarem com todas essas informações.
Com isso, o papel dos bibliotecários ganhou novos contornos. Passa a ser sua função conduzir e educar os visitantes das bibliotecas na busca por informações, tanto nos meios físicos (livros) quanto nos digitais (Internet).
A forma como tratam a informação, a partir de catalogação, classificação, infometria e estudos de uso são essenciais para construir um ambiente informacional adequado para os usuários.
Esse profissional se torna um agente social que contribui para o processo de tomada de decisão dos indivíduos, de forma a ajudá-los a lidar com as informações de maneira efetiva e consciente.
Neste contexto, o bibliotecário deve ficar atento ao ciclo informacional, representado por Gloria Ponjúan Dante (1998).
Esse ciclo passa pelas seguintes fases: Geração -> Seleção -> Representação -> Armazenamento -> Recuperação -> Distribuição -> Uso.
Trata-se de um modelo processual, cujas etapas se retroalimentam.
No decorrer das etapas, as técnicas estabelecidas indicam os modelos de produção, seleção, representação, armazenamento, recuperação e uso do conhecimento.
Ou seja, o bibliotecário passa a utilizar a sua competência profissional para educar os usuários e ajudá-los a reconhecer, localizar, avaliar e utilizar de forma positiva e ética as informações de que precisam.
Para que serve o estudo de usuários em bibliotecas universitárias?
Os primeiros estudos de usuários foram realizados para conhecer o perfil dos usuários de uma biblioteca e identificar as suas necessidades de informação. Apresentados em 1948, na conferência da Royal Society, eles foram evoluindo desde então.
Por meio desses estudos, os bibliotecários precisam ser capazes de compreender o modo como os usuários acessam e avaliam a informação, seja no ambiente tradicional ou na Internet. Essa é uma maneira de esses profissionais conseguirem ajudar de forma mais precisa os alunos em suas atividades profissionais e acadêmicas.
Contudo, mais do que ajudar o usuário na busca por informação, como explicamos, o bibliotecário deve ensiná-lo a interagir de maneira satisfatória com esse conhecimento. Isso quer dizer que o seu papel é também de educador.
Vale destacar que os estudos de usuários são interdisciplinares, podendo abranger disciplinas como psicologia, administração, estatística, informática, entre outras.
Da psicologia, podem ser considerados nos estudos de usuários aspectos de pesquisas ligadas ao comportamento do indivíduo e à representação dos conhecimentos, por exemplo.
Na administração, análises que investigam padrões de consumo podem ser úteis se a informação for abordada como produto, resguardando as suas especificidades, claro. De qualquer modo, técnicas de análise do comportamento do consumidor podem ser utilizadas também em estudos de usuários em bibliotecas universitárias.
Por sua vez, a informática ajuda a analisar uma grande quantidade de dados nas pesquisas de usuários. Contribui, dessa forma, para o emprego mais efetivo dos métodos estatísticos usados nesses estudos.
Importância da biblioteca universitária
Você sabe bem como a biblioteca universitária é fundamental para promover a educação superior dos estudantes, não é mesmo?
Esse centro de informação auxilia nos estudos, na formação e na capacitação dos discentes.
Exatamente por isso, deve ser tratado como uma organização de cunho social, cujo objetivo precisa passar por atender da melhor forma possível a comunidade acadêmica.
Portanto, a biblioteca universitária deve reavaliar periodicamente as suas atividades, para que cumpra o seu papel de auxiliar os usuários a suprir suas demandas informacionais.
Precisa fomentar a construção e troca de saberes, adaptando-se e integrando-se constantemente ao meio em que está inserida.
Com a transformação digital nos últimos anos, muitos desses centros de informação contam com um amplo acervo híbrido.
Eles devem funcionar como uma extensão da sala de aula e, alinhados aos novos tempos, oferecer tanto acervo físico quanto digital.
Por que o estudo de usuários em bibliotecas universitárias é importante?
A comunidade universitária compreende os mais diferentes perfis de usuários a serem atendidos. Sendo assim, as instituições de educação superior são espaços propícios para que os bibliotecários desenvolvam produtos e serviços que fomentem a educação dos usuários.
A educação de usuários é capaz de ensinar os estudantes da sua instituição a serem mais reflexivos, produtivos e capazes de explorar de forma satisfatória os recursos informacionais a que eles têm acesso.
Com os estudos de usuários, é possível gerar insights que ajudem nesse processo.
Pode-se investigar, por exemplo:
- A escolha de livros por um usuário na biblioteca universitária;
- Que tipo de buscas online são realizadas;
- Quais as principais demandas aos bibliotecários;
- Que tipo de necessidade de informações têm os usuários.
Desse modo, a sua IES passa a conhecer os interesses, demandas e hábitos de uso da informação.
Entender como e para que fim a informação é utilizada, além dos fatores envolvidos nesse processo, certamente ajudará a instituição a agilizar e aperfeiçoar os produtos e serviços oferecidos pelas bibliotecas.
Mais do que isso, esse tipo de estudo ajuda a adotar medidas que garantam o aumento da vida útil dos acervos.
Isso porque os próprios usuários devem ser conscientizados como agentes ativos no processo de conservação, de modo a garantir maior durabilidade dos materiais.
Ter um feedback dos estudantes é importante ainda para ajudar a biblioteca a se modernizar e informatizar, além de investir na aquisição de acervo e equipamentos que contribuam para a comodidade e satisfação dos usuários.
Sendo assim, os estudos de usuários em bibliotecas universitárias podem ser realizados tanto quando a biblioteca precisa de diretrizes para a sua atuação e conhecimento do público-alvo (ou seja, em uma fase mais inicial da instalação) quanto quando necessita analisar sua situação atual e a satisfação dos usuários (caso mais recorrente).
Como funcionam os estudos de usuários?
Entre os anos de 1948 e 1965, os estudos de usuários eram realizados a partir de técnicas que envolviam questionários e entrevistas.
Contudo, a partir de 1965, o uso de métodos sociológicos passou a ser empregado para que fosse possível entender de maneira mais precisa como a informação é obtida e utilizada.
Ainda assim, a preocupação maior era com a capacidade técnica dos sistemas, em detrimento das necessidades dos usuários.
A partir de 1970, esses estudos passaram finalmente a ser influenciados pela necessidade de ajustar os sistemas aos usuários. Para isso, começaram a levar em consideração questões como o modo de uso e a finalidade dos indivíduos ao acessarem a informação.
Até que, após 1980, os estudos de usuários passaram a ser norteados por um novo paradigma, concentrado nos usuários.
Segundo Nice Menezes de Figueiredo, esses passaram a ser reconhecidos como “pessoas com necessidades cognitivas, afetivas e psicológicas, atuando em um ambiente com influências sociológicas, culturais, políticas e econômicas”.
Para entender como as pessoas interagem com a informação e a utilizam em diferentes situações, a abordagem dos estudos de usuários centrados nos indivíduos envolve:
- Enxergar o usuário como um ser ativo e construtivo;
- Considerar o indivíduo de acordo com o seu contexto situacional;
- Focar nos aspectos cognitivos envolvidos no processo;
- Ter maior orientação qualitativa;
- Analisar a individualidade das pessoas.
Sendo assim, a atitude passiva que era adotada em relação aos usuários, que deveriam saber por si só como acessar e usar a informação disponível, torna-se mais ativa.
Serviços de bibliografias, índices e resumos foram reformulados segundo as necessidades que os usuários expressaram.
Além disso, serviços novos foram criados com base no perfil dos usuários. Desse modo, os estudos de usuários são a maneira mais objetiva de atender às necessidades individuais de cada um deles.
Existem várias maneiras de esse tipo de estudo ser caracterizado. Mas, é conveniente dividi-lo em dois tipos:
- Estudos voltados ao uso de uma biblioteca ou centro de informação individual;
- Estudos orientados ao usuário. Ou seja, uma análise sobre um grupo particular de usuários, avaliando como esse grupo obtém a informação necessária para o seu trabalho.
Os estudos de bibliotecas individuais são, principalmente, realizados em bibliotecas públicas e acadêmicas.
Seu objetivo é cobrir todos os serviços prestados pela biblioteca, mas também pode se restringir a um serviço específico ou a instrumentos disponíveis para os usuários (como catálogos, resumos etc.).
Por outro lado, os estudos orientados ao usuário não se limitam a uma instituição. Eles investigam o comportamento de toda uma comunidade na obtenção de informação, ou information gathering habits, na terminologia americana.
Mais amplos, avaliam como cientistas, médicos, psicólogos, engenheiros, entre outros profissionais obtêm informação.
Técnicas para estudo de usuários
Uma maneira prática de realizar o estudo de usuários em bibliotecas universitárias é a partir de um questionário eletrônico, contendo questões abertas e de múltipla escolha.
As primeiras são importantes para a realização de uma análise qualitativa, com espaço para sugestão de melhorias aos serviços prestados.
Falando em análise qualitativa, há ainda a possibilidade da realização de grupos focais.
Trata-se de um método que reúne participantes em uma entrevista conjunta, para que exponham opiniões sobre produtos e/ou serviços
Os participantes de cada grupo podem ser segmentados por curso, frequência com que vão à biblioteca, interesses de busca… O céu é o limite!
Para pesquisas quantitativas, ferramentas gratuitas como o Google Forms podem ser usadas para a elaboração do questionário. Este pode ser enviado por e-mail à comunidade acadêmica, para a coleta das respostas.
Com os estudos de usuários em bibliotecas universitárias, os usuários são estimulados a apresentar as suas necessidades e a contribuir para que sejam atendidas pelas bibliotecas.
Desse modo, abre-se um canal de comunicação entre este centro de informação e a comunidade atendida.
Eles também ajudam a biblioteca a prever demandas de produtos e/ou serviços, alocando os recursos necessários para atendê-las.
Neste artigo, você pôde entender melhor como um estudo de usuários em bibliotecas universitárias é realizado e qual a sua importância para as instituições de ensino. Esperamos que este artigo tenha sido útil para você! Aproveite também para conferir o conteúdo que produzimos sobre como manter o seu acervo atualizado.