O Direito foi o segundo curso superior oferecido no Brasil, ainda em 1827, pouco antes da independência do país. Atualmente, essa é a graduação mais procurada no Brasil.
Só em 2018, o país contava com mais de um milhão de alunos matriculados nos cursos de Direito espalhados por todo o território brasileiro. Eram exatos 1.154.751 estudantes que optaram e se matricularam nesse curso no ano em questão.
Já no ano de 2019, o Brasil contava com mais de mil e seiscentos (1602) cursos de Direito abertos e em funcionamento no país. Esse número coloca o país no patamar da nação com o maior número de graduações nessa área no mundo.
E a título de curiosidade, a popularidade dessa graduação por aqui é tão grande que o país tem mais cursos de Direito do que todas as outras nações do mundo juntas.
Mesmo sendo tão popular, o Direito é tido como um curso extremamente tradicional. Isso se deve principalmente por sua longa história, prestígio e pelo papel social dos bacharéis, advogados e outros profissionais da área. Entretanto, estar envolto por essa aura de tradicionalismo não quer dizer que a área do Direito não esteja passando por transformações.
O futuro do Direito é um tema que intriga legisladores, advogados e, claro, toda a comunidade discente e docente que atua na área. E, para as instituições de educação superior (IES), esse é um assunto ainda mais delicado. Afinal, são elas que devem preparar os profissionais para o futuro.
Neste texto, falamos mais sobre o futuro do Direito, as principais tendências do campo, como a IES pode manter seu curso atualizado e mais. Confira agora!
Qual o futuro do Direito?
Quando falamos do futuro de qualquer trabalho, as questões de tecnologia e inovação estão sempre presentes. E não é por menos, afinal, se as novas tecnologias de informação e comunicação já transformaram nossas vidas, obviamente elas também estão transformando as formas como nosso trabalho funciona.
Se há poucos anos os profissionais de Direito falavam com seus clientes pelo telefone fixo, hoje muitas conversas são feitas por serviços como o WhatsApp ou Telegram, que permitem trocas de mensagens de texto, áudio, vídeos, entre outras funções.
A comunicação mediada dessa forma já era uma prática cotidiana. Mas, desde 2020, com a pandemia de coronavírus e as medidas de contenção da COVID-19, o uso da tecnologia para mediar as ações e relações do Direito foi ainda mais extremo.
Em 2020, os profissionais do Direito se viram obrigados a migrar dos escritórios, fóruns e tribunais para as salas de vídeo do Zoom e outros serviços de chamada de vídeo.
Essa já era uma tendência prevista há algum tempo, que foi catalisada e praticamente forçada pela pandemia. E, se você acha que quando voltarmos para a normalidade o exercício do Direito vai voltar ao que era antes, você está muito enganado!
Algumas tendências atuais vieram para ficar e a área está passando por profundas transformações. O futuro do Direito já está acontecendo! E abaixo você confere as novas tendências para guiar o futuro, também, do curso de Direito da sua IES.
1. Digitalização dos processos
Atualmente, boa parte dos brasileiros já pode contar com a presença dos documentos digitais oficiais. Carteira de Trabalho, Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e até mesmo o Título de Eleitor já estão disponíveis no formato de aplicativo. E o Cadastro de Pessoa Física (CPF) já não está mais disponível na versão impressa como cartão há alguns anos.
Existe um movimento crescente de digitalização de documentos em todo mundo. E na área jurídica brasileira isso não é diferente. Com a modernização de cartórios, fóruns e outras instituições, muitos documentos estão sendo emitidos de forma digital completamente válida e legítima. E mesmo documentos antigos já estão sendo armazenados também de forma online.
Esse processo é seguro, prático, rápido e econômico e pode facilitar e muito a vida dos profissionais no futuro do Direito.
2. Uso de inteligência artificial no Direito
Se você está por dentro das tendências da educação superior, ou está antenado com as notícias de tecnologia, certamente já ouviu falar sobre a inteligência artificial (IA).
Essa tecnologia está sendo utilizada principalmente por empresas Legaltechs, também conhecidas como Lawtechs, que unem direito e tecnologia rumo ao futuro.
As ferramentas com IA são capazes de auxiliar com rapidez e eficiência a organização de documentos, providenciar análises, entre outras funções. Algumas plataformas recentes conseguem, inclusive, gerar documentos, como petições iniciais, contestações e recursos, tudo de forma automatizada.
3. Mediação de conflitos online
Os processos não judiciais de resolução de conflito são uma forma prática, mais econômica e menos burocrática de resolver questões entre clientes.
Atualmente, a solução de conflitos pode ser feita online. A tendência se tornou ainda mais potente durante a pandemia e tem tudo para perdurar no futuro do Direito.
4. Direito Digital
Diferente do que muitos pensam, o Direito Digital não é um novo ramo do Direito. Trata-se de um campo interdisciplinar que aborda a influência da tecnologia na área.
Ou seja, ele nada mais é do que a área que aborda e regula o impacto da internet e das novas tecnologias na prática do Direito.
Em breve, o Direito Digital não será mais uma simples novidade, mas uma necessidade básica para todos os estudantes de graduação. Apenas conhecendo as normas do meio digital é que eles estarão prontos para enfrentar o trabalho no futuro do Direito.
5. Legal Design Thinking
O Design Thinking é um tipo de metodologia ativa que tem como objetivo básico a resolução de problemas, com criatividade e empatia.
No futuro do Direito, as práticas de Design Thinking podem e devem ser aplicadas no dia a dia dos advogados e outros profissionais da área. E nesse contexto, a metodologia recebe o nome de Legal Design Thinking.
O Legal Design Thinking visa a resolução de problemas jurídicos. Ele pode ser aplicado em escritórios de advocacia para buscar soluções para seus clientes de forma empática, criativa e inovadora.
Essa ferramenta também é capaz de criar vínculos importantes entre advogados e clientes, o que certamente conta como um diferencial importante para o escritório.
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Quais as características do advogado do futuro?
As novas tendências e possibilidades do Direito exigem dos profissionais novas habilidades técnicas e competências, além de novos comportamentos.
Os coordenadores e professores dos cursos de Direito devem se atentar a essas novas exigências. Isso porque, para formar profissionais atualizados e capacitados, é necessário que o curso esteja em dia com as novas imposições do mercado.
Abaixo, listamos as principais características dos advogados, considerando as tendências do futuro do Direito:
1. Inteligência emocional e comportamental
A imagem de um profissional frio e distante ainda é comum quando falamos de advogados. Entretanto, no futuro, é importante que o advogado seja capaz de ter uma integração harmoniosa com colegas e clientes.
O contato humano é uma das poucas coisas que não podem ser substituídas com o avanço das tecnologias. Por isso, é importante que os advogados do futuro tenham domínio sobre suas habilidades comportamentais, as também chamadas soft skills.
Esse é um grupo de habilidades e capacidades comportamentais e cognitivas como, por exemplo:
- Comunicação
- Negociação
- Resiliência
- Liderança
- Inteligência emocional
- Motivação
- Resolução de conflito, entre outras.
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2. Habilidades tecnológicas
Desde a graduação, advogados e outros profissionais do Direito já estão acostumados ao ritmo de estudos contínuo. E agora, é importante que eles incluam em suas atualizações o domínio das tecnologias.
As novas tecnologias já fazem parte do dia a dia do Direito nos dias de hoje. E elas vão continuar sendo ferramentas essenciais no futuro do Direito.
Por isso, é muito importante que os advogados acompanhem os lançamentos de ferramentas e processos tecnológicos que influenciam seus trabalhos. E isso inclui diferentes ferramentas, como:
- As de comunicação já conhecidas atualmente, como WhatsApp e Zoom.
- Plataformas oficiais do governo e órgãos oficiais.
- Soluções, serviços e plataformas de Lawtechs, por exemplo.
3. Experiência dos clientes
Anteriormente no texto, falamos um pouco sobre Legal Design Thinking, que tem como objetivo encontrar soluções para problemas de clientes jurídicos de forma inovadora.
O Legal Design Thinking é um exemplo de ferramenta que pode contribuir e muito para uma boa experiência dos clientes de um advogado. E, tanto hoje quanto no futuro, o oferecimento de uma experiência positiva para seus clientes deve ser considerado uma prioridade para os advogados.
Afinal, no Direito e em diversas áreas, a experiência do cliente é o que determina a reputação de um negócio, bem como a fidelidade do cliente, se ele irá ou não recomendar o serviço para outras pessoas, etc.
Por isso, é importante que o advogado mantenha uma postura comunicativa, aberta, ética e empática com seus clientes. Isso garante que eles tenham um atendimento de qualidade durante todo o processo.
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4. Personalização dos serviços
Quando um profissional tem um bom domínio sobre suas habilidades comportamentais e se preocupa com a experiência de seus clientes, a personalização dos serviços aparece como uma evolução natural.
Cada cliente é único. Assim, o atendimento de cada um também tem que ser. Por isso, o advogado do futuro deve estar atento para corresponder às expectativas e às necessidades de cada cliente jurídico, garantindo uma experiência muito positiva para cada um.
Isso envolve fatores como comunicação, orçamento, tipos de serviços, orientações, prazos, entre outras questões.
Prestar serviços personalizados é cada vez mais necessário. E além de estratégico, a personalização dos serviços mostra que o profissional é dotado de empatia e uma boa comunicação.
5. Pensamento empreendedor no Direito
O empreendedorismo está em alta em diversas áreas, e isso não é diferente no Direito. Pensar na carreira com seriedade e de forma estratégica é cada vez mais necessário para que os advogados possam garantir seu sucesso.
Nesse contexto, um pensamento e uma postura empreendedora são aspectos que farão parte da vida e do trabalho dos advogados que atuarão no futuro do Direito.
Além de se ocupar com o domínio dos conhecimentos teóricos e práticos do Direito e com o atendimento de seus clientes, o advogado do futuro também deve se preocupar com sua rede de contatos, seu branding ou marca pessoal, entre outros temas.
Tudo isso para garantir que sua imagem e sua autoridade sejam mantidas na área. Isso também colabora para a conquista de novos clientes, respeito dos colegas e manutenção dos clientes já existentes.
Como a IES pode manter seu curso de Direito atualizado?
Como vimos, muito está mudando na área do Direito. E para que seus alunos se formem capacitados para o futuro do Direito, é importante que a IES tome algumas medidas.
Atualmente, o curso de Direito a distância ainda não é autorizado. Entretanto, tudo indica que isso pode mudar em breve.
Ministrar disciplinas online certamente é um divisor de águas para o futuro do Direito. E da sua IES também! Por isso, é importante se preparar para oferecer aulas nesse formato, que já tem permissão para ocupar até 40% da carga horária total do curso.
Oferecer treinamentos e disciplinas, mesmo que optativas, que envolvam o uso de tecnologias aplicadas ao Direito também é uma prática muito importante para manter seu curso atualizado! E não se esqueça de ministrar também aulas sobre o Direito Digital.
Com essas atividades, os alunos aprendem mais sobre a prática atual e futura do profissional da área!
O uso de metodologias ativas no ensino superior, criação de trilhas de aprendizado e o uso de plataformas especializadas também podem fazer toda a diferença!
Esperamos que esse texto tenha esclarecido suas questões sobre o futuro do Direito. E se você deseja se aprofundar no tema, confira nosso webinário sobre o futuro do profissional do Direito associado às novas tecnologias e inovações!