A geração Alpha tem contato com o mundo digital desde o momento em que deixa o ventre materno. O termo foi cunhado pelo sociólogo australiano Mark McCrindle para se referir às crianças nascidas a partir de 2010 (e às que ainda vão nascer até 2025).
A característica mais marcante da geração Alpha é que ela vem crescendo e se desenvolvendo em um meio totalmente digital, em que conhecimentos e informações dos mais diversos assuntos são apresentados instantaneamente, na velocidade de um clique.
Qual é a geração Alpha?
A geração Alpha sucede a geração Z, composta por pessoas nascidas entre 1997 e 2009, e é, em sua maior parte, filha dos millennials (1981-1996).
A estimativa é de que, em 2025, haja cerca de 2,5 bilhões de pessoas da geração Alpha no mundo. Isso fará com que ela seja a maior geração da história da humanidade.
É coerente a interpretação de que as pessoas pertencentes a esta geração foram as primeiras a nascer em um mundo totalmente digital. Isso porque boa parte dos jovens da geração Z não teve contato com smartphones nos primeiros anos da infância, enquanto os da Alpha já nasceram sendo registrados por esses aparelhos.
Os alphas transcorrem tão naturalmente entre o real e o digital que uma pesquisa de 2019, realizada com três mil crianças ao redor do mundo, já detectou que a profissão mais desejada por eles ao crescer era a de YouTuber.
Aliás, a pesquisa Panorama, do Mobile Time e Opinion Box, sobre o uso de smartphones por crianças, demonstrou um aumento significativo na posse de celular próprio entre os pequenos, em 2021.
Em famílias cujos pais possuem smartphones, 49% das crianças de zero a 12 anos também têm um aparelho próprio. O aumento foi maior em crianças da faixa etária entre sete e nove anos, em que a proporção cresceu de 52% para 59% no intervalo de um ano, seguido do grupo de 10 a 12 anos, que aumentou de 76% para 79%.
Outro ponto notável sobre os alphas é que eles são mais propensos a crescer em configurações familiares menos tradicionais, como famílias inter-raciais, homoafetivas ou com mães e pais solos.
Diferenças entre gerações
A divisão dos seres humanos em diferentes “safras” ganhou força após o nascimento de milhões de crianças nos Estados Unidos na prosperidade advinda no pós-guerra, entre 1946 e 1964. Estas crianças receberam a alcunha de baby boomers.
Na sequência, vieram outras denominações – geração X, Y, Z e Alpha. A utilidade deste tipo de divisão aparece principalmente na análise de tendências sociais de longo prazo.
Confira, a seguir, um pequeno panorama sobre as diferentes gerações.
Baby boomers (1946 – 1964)
Como você viu acima, os boomers receberam este nome por conta da explosão populacional que ocorreu logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, depois de os combatentes norte-americanos finalmente retornarem ao lar e constituírem as suas famílias.
Quem pertence a esta geração tem atualmente entre 58 e 76 anos de idade.
Na juventude, os baby boomers valorizavam bastante o trabalho e tinham a preocupação de estabelecer uma carreira profissional estável e construir o próprio patrimônio. Portanto, tinham a tendência de permanecer no mesmo emprego por décadas, até que tivessem a oportunidade de se aposentar.
Apesar deste comportamento ter surgido nos Estados Unidos, ele se espalhou por diversos países ao redor do mundo.
Não se pode deixar de considerar que a valorização maior do tempo de experiência naquela época, em detrimento de soft skills priorizadas hoje no mercado, por exemplo, era decorrente de um modelo de mercado de trabalho muito menos competitivo e de uma variedade menor de profissões existentes.
Geração X (1965 – 1980)
A geração X foi a primeira a acompanhar alguns dos avanços tecnológicos que nos trouxeram onde estamos hoje. As pessoas desta geração têm atualmente entre 42 e 57 anos de idade.
Elas também buscam ascender profissionalmente em uma mesma empresa e tendem a permanecer na mesma organização por bastante tempo.
Como o seu perfil é geralmente mais conservador, costuma receber a confiança das companhias para assumir cargos de maior responsabilidade.
Geração Y (1981 – 1996)
Aqui estamos falando dos millennials, primeira geração a conviver desde cedo com computadores pessoais, smartphones, internet e todo o fluxo de informações que passou a circular, então, globalmente.
Os millennials, cuja idade varia entre 26 e 41 anos, levam mais tempo para sair da casa dos pais e para atingir marcos lidos como tradicionais da vida adulta, como adquirir um imóvel ou carro próprio.
Mas há que se considerar que essa geração precisou lidar com grandes recessões, como a crise financeira que o mundo enfrentou de 2008 a 2009 e suas consequências, o período de contração econômico que teve início no Brasil em 2014, além do agravo da situação econômica no país diante do cenário pandêmico mais recente.
Uma pesquisa de 2019, realizada pelo banco Itaú BBA, sobre hábitos dos millennials, apontou que essa geração já compunha a maior parcela (34% do total) da população brasileira, além de cerca de 50% da força de trabalho.
Os millennials são identificados como um grupo mais diversificado e socialmente liberal do que os nascidos em gerações anteriores.
Outra característica que chama a atenção nesta geração é que ela prefere gastar dinheiro com experiências a adquirir ótimos bens de consumo. Por isso, as empresas que oferecem experiências marcantes e um excelente atendimento costumam se destacar entre a geração Y.
Geração Z (1997 – 2009)
Essa geração, definitivamente, já nasceu conectada. Está acostumada a ter sempre um smartphone em seu campo de visão e cresce com dificuldades em discernir os mundos real e virtual.
Para se expressar, usa a internet e as redes sociais. Interage com o mundo a partir de todos os meios tecnológicos que tem à sua disposição.
Esse grupo, que hoje têm entre 13 e 25 anos, entende a realidade como simultânea. Isso significa que acredita ser possível realizar uma série de atividades ao mesmo tempo, participando de diversos grupos.
Entre as características dos nativos digitais, estão: ser realistas, práticos, tolerantes, ativistas, avessos a rótulos, adeptos da acessibilidade e da simplicidade, além de desejosos de construir um mundo melhor.
Além disso, os jovens da geração Z têm uma veia empreendedora e não desejam um trabalho longevo, mas a rápida realização pessoal.
O seu individualismo é vivenciado, sobretudo, na desconstrução de rótulos e na experimentação. Essa geração não permite que seja definida por classe social, gênero ou idade.
Geração Alpha (2010 – 2025)
Voltando à geração Alpha, de que trata este artigo, algumas de suas características de destaque são: independência, curiosidade, agilidade, empatia e dificuldade de concentração.
Características da geração Alpha
Vamos entender um pouco mais sobre as características que formam a geração Alpha a seguir. Confira!
Independência
Acostumada a interagir com smartphones e tablets desde a infância, a geração Alpha desenvolve um senso de independência maior. As crianças dessa geração sabem fazer o download de um jogo para celular em poucos cliques, ou recorrer ao Google para esclarecer as suas dúvidas escolares.
Nada de ir até bibliotecas consultar obras clássicas para obter respostas. Tudo está na palma da sua mão.
Curiosidade
As crianças dessa geração também se destacam por explorar os dispositivos tecnológicos que têm à sua disposição e descobrir, por conta própria, como funcionam.
Isso é benéfico para o seu desenvolvimento cognitivo. Elas aprendem rápido!
Leia também: Como aproveitar o celular na sala de aula no ensino superior?
Agilidade
Falando em rapidez, a geração Alpha consegue facilmente encontrar as informações de que necessita. Lida com equipamentos eletrônicos de forma intuitiva e é comum que ensine aos próprios pais como resolver determinados problemas em dispositivos móveis e aparatos tecnológicos.
Empatia
Essa geração está ainda mais aberta a abraçar o que foge do tradicional ou senso comum. Como tem fácil acesso às informações do mundo a partir da internet e está imersa em um contexto de maior inclusão social, desenvolve mais facilmente o sentimento de empatia.
Dificuldade de concentração
O processo de aprendizagem dessas crianças pode, contudo, ser comprometido por um leque de concentração. Isso acontece porque elas tendem a ser menos pacientes e preparadas para lidar com a frustração. Assim, podem ser mais ansiosas (comprometendo a saúde mental dos estudantes) e menos resilientes em alguns momentos.
Como funciona o processo de ensino-aprendizagem para a geração Alpha?
Como você viu até aqui, as crianças da geração Alpha são mais independentes no sentido de sanar as próprias dúvidas e curiosidades.
Deste modo, precisam ser instigadas em sala de aula, a partir de metodologias ativas de aprendizagem, que priorizem o seu protagonismo na busca do próprio conhecimento.
Considere que, em muitas situações, elas já podem chegar na classe tendo entrado antes em contato (a partir de mídias sociais como o YouTube, por exemplo) com o tema que será apresentado pelo professor. Por isso, este deve buscar uma abordagem mais dinâmica e fora do convencional.
O ensino híbrido, a abordagem de aprendizado individualizada, a metodologia STEAM – baseada em projetos -, além da própria gamificação, são excelentes recursos para serem colocados em prática neste sentido.
Como preparar a IES para receber essa geração?
Confira, a seguir, algumas dicas práticas para preparar a sua instituição de educação superior (IES) para receber a geração Alpha!
1. Aposte sempre em tecnologia
Como temos pontuado até aqui, a geração Alpha é ultraconectada e não conhece o mundo “pré-internet”. A tecnologia é uma constante em seu dia a dia. Portanto, não pode ficar de fora da sala de aula.
Os recursos digitais são fundamentais para ajudar a captar a atenção desses alunos e fazer com que participem mais ativamente das atividades em classe.
Jogos envolvendo raciocínio lógico, memória e concentração podem estar entre as estratégias de ensino empregadas.
Além disso, os próprios canais do YouTube têm um grande potencial de ajudar no estudo de disciplinas mais intrincadas, como física e matemática, ao apresentarem uma linguagem mais leve e lúdica.
2. Personalize o ensino
Um acompanhamento pedagógico adequado é importante para que a instituição de ensino identifique as principais demandas e dificuldades dos estudantes. Desta forma, a IES pode traçar estratégias para ajudá-los a obter resultados melhores em termos de aprendizado.
A partir da personalização do ensino, os conteúdos podem ser adaptados mais facilmente para atender de maneira específica às necessidades de cada aluno.
Compreender a individualidade desses estudantes, portanto, é chave para que a instituição consiga apoiá-los para que alcancem as próprias potencialidades ao máximo.
3. Foque no desenvolvimento de habilidades socioemocionais
As habilidades comportamentais, ou soft skills, são cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho. Capacidade de resolver problemas complexos, pensamento crítico, criatividade e capacidade analítica estão entre elas.
Apesar de ser super antenada no manuseio de aparatos tecnológicos, a geração Alpha precisa de apoio – dos pais, da comunidade e das instituições de ensino – para se desenvolver emocionalmente e encarar melhor os próprios sentimentos.
4. Tenha um currículo escolar adaptativo
O currículo escolar deve nortear a atuação do corpo docente, certo? Seja quando falamos de educação básica ou quando o assunto é ensino superior, é imprescindível que este currículo seja flexível para atender às particularidades de cada turma.
Lembre-se de que o currículo deve servir de suporte para as atividades desenvolvidas ao longo do curso, e não limitar as possibilidades de abordagem em sala de aula.
Por isso, ele deve ser dinâmico, alterável, além de passível de ampliação ou adequação, se necessário.
A sua função é favorecer e facilitar o acesso ao conhecimento, de modo a promover um processo educativo rico, inclusivo e atento às demandas individuais dos estudantes, contribuindo para um aprendizado significativo.
Neste artigo, você pôde conhecer melhor as principais características da geração Alpha, que nasceu em um mundo totalmente digital e está super atenta ao que acontece à sua volta. Afinal, está sempre conectada!
Você também viu a importância de preparar as instituições de ensino para atender às demandas das crianças e jovens dessa geração.
Esperamos que este conteúdo tenha solucionado suas dúvidas acerca da geração Alpha. Aproveite para conferir o artigo com 12 dicas de melhoria da experiência do aluno