A infraestrutura educacional da sua instituição de educação superior (IES) acolhe efetivamente os alunos e funcionários?
Quando analisamos as instalações de universidades de referência no mundo, é comum encontrarmos prédios modernos, tecnológicos e espaços verdes. Mas sua infraestrutura vai muito além disso, especialmente no atual contexto informatizado.
Na verdade, ela compreende aspectos mais amplos, desde o fornecimento de água potável e energia elétrica até o ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Se a instituição investe recursos de forma inteligente e aprimora esses aspectos, é muito provável que seu funcionamento seja aperfeiçoado no todo.
O aluno devidamente acolhido pela infraestrutura educacional tem mais chances, por exemplo, de permanecer na instituição e concluir sua graduação. Esse é um fator de atenção quando levamos em conta as atuais taxas de evasão:
No intuito de te ajudar a combater essas taxas de evasão, aumentar a captação de alunos e manter a sustentabilidade de sua IES, preparamos o presente texto. Ele irá apresentar e descrever o conceito de infraestrutura educacional, além de situá-lo no contexto da educação a distância (EaD) e apontar estratégias de investimento.
O que é infraestrutura educacional?
A infraestrutura educacional é o conjunto de recursos necessários ao bom desenvolvimento de uma instituição de educação. Ela compreende uma série de recursos físicos, materiais, humanos e tecnológicos, como biblioteca, espaço de convivência, salas de aula e ambiente virtual de aprendizagem.
O aspecto tecnológico da infraestrutura educacional ganhou destaque nos últimos tempos, em função do desenvolvimento acelerado nessa área. Um exemplo disso é a popularidade crescente de bibliotecas digitais, mais acessíveis e práticas do que seu equivalente físico.
Um dos fatores relacionados a essa transformação é a demanda volumosa por cursos a distância. Na verdade, os espaços virtuais ganham proeminência também no ensino presencial, uma vez que o uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs) na educação aumenta em todas as modalidades.
Índice de Infraestrutura Escolar (IIE)
Existe um indicador mais técnico para avaliar a infraestrutura educacional, denominado Índice de Infraestrutura Escolar (IIE).
O modelo que apresentaremos a seguir foi proposto por pesquisadores do Centro de Microeconomia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (C-Micro/FGV) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e seu desenvolvimento pode ser consultado através deste documento disponível no portal do Inep.
Nos seus termos, a infraestrutura educacional seria composta pelas seguintes variáveis:
- Água
- Água filtrada
- Esgoto
- Prédio escolar
- Coleta de lixo
- Energia Elétrica
- Quadra
- Biblioteca ou sala de leitura
- Sanitário
- Sanitário PNE
- Dependências PNE
- Sala de atendimento especial
- Televisão
- Copiadora
- Impressora
- Cozinha
- Sala da diretoria
- Sala dos professores
- Laboratório de Informática
- Laboratório de Ciências
- Razão de alunos por professor
- Razão de alunos por funcionários
- Razão alunos por salas
Apesar de ter sido desenvolvido no contexto de análise da educação presencial básica e fundamental, as variáveis do IIE podem ser utilizadas como parâmetro para que as IES avaliem a própria infraestrutura.
No contexto do ensino a distância, as instalações físicas da instituição ficam em segundo plano. Vamos abordá-lo também ao longo deste texto.
Leia também: Tudo o que você precisa saber sobre inovação na educação superior
Como a infraestrutura educacional influencia no aprendizado?
A infraestrutura educacional é um fator diretamente relacionado ao desempenho dos estudantes. Para que eles alcancem sucesso acadêmico, é necessário voltar nossa atenção para aspectos que vão além das aulas e atividades curriculares.
Existem diversas referências acadêmicas que corroboram com essa afirmação. Uma delas é o artigo “Infraestrutura escolar e investimentos públicos em Educação no Brasil: a importância para o desempenho educacional”.
Foi analisada a relação entre esses dois fatores no contexto da educação básica nos municípios brasileiros, que depende de investimentos governamentais para ter um funcionamento saudável.
Concluiu-se existir uma relação íntima entre infraestrutura escolar e desempenho escolar. Em outras palavras, o desempenho do aluno não depende apenas de seu próprio esforço, mas da existência de insumos para exercer as atividades acadêmicas. Se existe um ambiente favorável à aprendizagem, as desigualdades no ensino são reduzidas e a atuação dos alunos melhora como um todo.
Neste outro artigo científico, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) buscaram identificar os principais aspectos da infraestrutura educacional, do ponto de vista dos estudantes. Dessa forma, procurou-se compreender melhor as expectativas dos alunos.
Por meio da aplicação de questionários e tratamento de dados, o estudo concluiu que os aspectos mais importantes obedecem à seguinte ordem:
- Restaurante universitário;
- Salas de aula;
- Biblioteca;
- Informatização;
- Serviços de reprografia (xerox);
- Ambiente acolhedor.
A iniciativa desta IES viabiliza um melhor direcionamento de recursos, para investir nos pontos de real demanda dos estudantes. Conferindo o estudo, você consegue levantar essas informações no contexto de sua instituição!
O aluno que conta com um aparato estrutural desenhado para lhe proporcionar a melhor experiência de aprendizado se mantém engajado, e possui altas chances de alcançar melhores resultados acadêmicos.
Por isso, melhora também o desempenho da instituição, em indicadores relacionados à avaliação do MEC, como o Enade.
Como deve ser a infraestrutura de uma IES inclusiva?
Diversidade é um termo importante quando falamos em educação nos tempos atuais. Os alunos que integram as instituições de educação superior vêm das mais variadas realidades de vida.
Dentre esses alunos, não se pode deixar de lado as pessoas com deficiência (PCD). Durante muito tempo, elas não receberam a devida atenção do Estado brasileiro, que agora se adapta ao novo paradigma de inclusão e toma providências para concretizar a igualdade material no país.
Exemplo disso é o Estatuto da Pessoa com Deficiência, também conhecido como Lei 13.146, de 6 de julho de 2015. Foi instituído para assegurar e promover o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais dessas pessoas, visando à sua inclusão social e cidadania.
Confira o que dispõe o art. 27 desta lei:
“Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.” (grifo nosso)
Como você pode ver, investir na infraestrutura educacional para PCD é uma obrigação legal. Para entender melhor como fazer isso, é importante primeiro entender melhor a realidade desse grupo no contexto da educação superior.
O Censo da Educação Superior dá algumas informações sobre isso, como podemos observar no gráfico abaixo:
A grande maioria das pessoas com deficiência nas IES é constituída por indivíduos com deficiência física e problemas de visão, além de deficiência auditiva e intelectual. Por isso, as instituições devem se preocupar, prioritariamente, com a adaptação voltada para esses alunos específicos.
Isso envolve, por exemplo, instalação de rampas de acesso em IES que oferecem cursos presenciais ou híbridos. Em todas as modalidades, deve haver materiais de estudo desenvolvidos especialmente para cegos e surdos.
Leia também: Como promover a inclusão de estudantes com deficiência no ensino superior?
E na Educação a Distância, como deve ser trabalhada a infraestrutura educacional?
Na Educação a Distância, o conceito de infraestrutura educacional precisa ser repensado. As instalações físicas da instituição, evidentemente, ficam em segundo plano no caso das IES que ofertam apenas cursos EaD.
Nesse quadro, a infraestrutura digital ganha proeminência. É necessário que os ambientes virtuais da IES acolham o aluno, com usabilidade e interface desenhados para lhe conferir a melhor experiência de aprendizado.
Mas como se constitui, em mais detalhes, a infraestrutura educacional da EaD?
Podemos citar, em resposta, este estudo intitulado “EaD aplicada ao ensino superior: análise da infraestrutura relacionada à qualidade”. Seu objetivo é contribuir para a definição de infraestrutura, diretrizes e critérios que sirvam de referenciais para as instituições que oferecem cursos nessa modalidade de ensino.
Na opinião dos pesquisadores, a infraestrutura educacional neste contexto seria composta pelos recursos pedagógicos, humanos e sistemas operacionais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.
O artigo ainda chama atenção para a necessidade de que as instituições alterem a própria concepção de conceitos como educação, suas políticas e procedimentos para alcançar a excelência do ensino na nova conjuntura tecnológica. Torna-se, então, imprescindível investir em:
- Capacitação permanente de professores-tutores e outros agentes pedagógicos;
- Apoio e acompanhamento constante ao alunato;
- Estudos de interatividade e design instrucional;
- Usabilidade das ferramentas virtuais.
É interessante, nessa linha, deslocar recursos para aprimorar o ambiente virtual de aprendizagem (AVA), os conteúdos virtuais disponibilizados ao aluno e a biblioteca digital da instituição, dentre outros.
Por fim, um último ponto relacionado a este tópico merece destaque: a qualidade dos equipamentos utilizados pelo alunato.
É certo que os estudantes realizam o estudo, na maioria dos casos, através dos próprios dispositivos tecnológicos. Entretanto, é preciso levar em conta que alguns desses estudantes não possuem condições financeiras para comprar um bom computador, tablet ou serviço de internet, por exemplo.
Por isso, é interessante pensar em estratégias de empréstimos desses dispositivos, pela IES, ou em investir em laboratórios de informática, para onde os alunos possam se deslocar e realizar seus estudos.
Como investir na melhoria da infraestrutura educacional?
Neste tópico, vamos apresentar sugestões mais práticas para aprimorar a infraestrutura educacional em sua instituição de ensino e, assim, desfrutar dos benefícios dessa iniciativa. Trouxemos 3 passos principais para desenvolver uma estratégia nesse sentido
Passo 1: Conheça as demandas da sua instituição
Antes de mais nada, é preciso investigar melhor sobre as reais demandas que a IES possui em termos de infraestrutura, tomando como foco o corpo estudantil. Contudo, é importante contemplar também as necessidades de seus funcionários.
Como fazer isso? Uma solução prática e eficiente é a distribuição de questionários, que pode ocorrer inclusive por meio do e-mail institucional. Você pode confeccioná-los por meio do Google Forms.
Inclua questionamentos sobre os vários aspectos que abordamos neste post, conforme a realidade de sua instituição de ensino.
Uma sugestão é fazer perguntas objetivas, que atribuam nota a cada indicador. Por exemplo:
“Qual é a sua avaliação do funcionamento de nossa biblioteca?
- Nota 1: Muito ruim
- Nota 2: Ruim
- Nota 3: Mediana
- Nota 4: Boa
- Nota 5: Muito boa”
Podem ser acompanhadas também por campos de resposta aberta, para que o entrevistado desenvolva melhor a justificativa de cada nota.
A importância da aplicação de questionários vem da necessidade de se tomar decisões orçamentárias com base em dados objetivos, ao invés de meras suposições.
Passo 2: Pesquise casos reais e busque inspiração
Após levantar dados sobre as demandas de infraestrutura, que tal pesquisar sobre IES de referência nesse assunto? Dessa forma, você consegue se deparar com soluções criativas para resolver problemas semelhantes à realidade de sua instituição.
É certo que muitas iniciativas que encontrar não serão exequíveis num primeiro momento. Construir um prédio moderno, como aquele da foto na introdução deste texto, está fora da realidade orçamentária de muitas IES.
Por outro lado, é possível investir em espaços verdes, como aquele em que o prédio da foto está situado. Essa é uma iniciativa que também contribui para o bem-estar dos alunos.
Da mesma forma, se não for possível alocar os alunos em auditórios modernos, você pode reorganizar a configuração das carteiras da sala de aula, substituí-las por modelos mais confortáveis ou investir em equipamentos multimídia, como projetores.
A boa notícia é que, no caso dos equipamentos de educação a distância, os investimentos são mais rentáveis. Você dificilmente irá gastar a mesma quantia de construção e manutenção de espaços físicos, e irá obter bons retornos.
Passo 3: Defina prioridades e monte um planejamento
Depois de entender a demanda e pesquisar suas opções, é hora de definir um planejamento.
É uma boa ideia montar estratégias de infraestrutura educacional a curto, médio e longo prazo. Para fazer isso, defina quais investimentos são prioritários e a viabilidade de cada um no tempo.
Tal planejamento deve conciliar as demandas com a política de sua instituição de ensino. A título de exemplo, você pode observar que existe uma demanda baixa para investir em rampas de acesso. Apesar disso, esse é um investimento prioritário, uma vez que alunos com deficiência física terão seu acesso à educação obstruído pela falta de acessibilidade.
Gostou deste conteúdo sobre infraestrutura educacional? Aproveite para conferir também nosso conteúdo sobre como otimizar a gestão de polos EaD!