A ideia de que ter um diploma universitário é garantia de sucesso profissional já foi superada. Atualmente, qualquer área exige que os profissionais estejam atualizados e abertos para as constantes e futuras mudanças. Além disso, com a crescente evolução tecnológica, tais mudanças estão cada vez mais frequentes no nosso dia a dia.
Para ser um profissional diferenciado é preciso estar disposto a aprender sempre. Esse é o conceito denominado lifelong learning, um modelo de aprendizagem contínua com foco nos objetivos de vida e de carreira.
Qualquer pessoa pode ser adepta a esse modelo, basta investir constantemente na formação pessoal e profissional. Entre as vantagens dessa prática estão o aumento do conhecimento e sua aplicabilidade no cotidiano, maior trabalhabilidade e empregabilidade, além da satisfação pessoal.
Neste artigo, vamos apresentar o conceito de lifelong learning e como as instituições de educação superior (IES) podem trabalhá-lo para melhorar a qualidade da educação dos estudantes e docentes. Confira!
O que é lifelong learning?
Traduzido livremente para o português, o termo Lifelong learning significa “aprendizagem contínua”. Para Gerhard Fischer, autor de “Lifelong learning: More Than Training”, a aprendizagem ao longo da vida é um desafio essencial.
A prática surgiu na Europa na década de 1970 e começou a ganhar força a partir de 1990. Na prática, o conceito pressupõe que sempre é possível aprender algo novo e que toda a atividade de aprendizagem, vista ao longo da vida, seja ela formal ou informal, pode ser realizada em diferentes tempos e lugares.
Trata-se de um processo dinâmico de ensino-aprendizagem que vai além do ensino tradicional. Esse processo deve ocorrer sempre de maneira ativa e permanente, para que um lifelong learner – termo usado para definir aqueles que mergulham nessa perspectiva – seja capaz de compreender e explorar novas dimensões da aprendizagem, que pode ser autodirigida, sob demanda, colaborativa, etc.
A educação ao longo da vida é a chave do século XXI e distingue a educação formal inicial do aprendizado permanente. Diante disso, a busca pelo conhecimento precisa ser encarada como um processo sem fim. Ou seja, nenhum diploma, por mais requisitado que seja, encerra a jornada de desenvolvimento de um indivíduo.
Ter essa postura traz inúmeras vantagens. Uma delas é a aquisição de novos aspectos técnicos, que torna o indivíduo mais especializado em seu ramo de atividade, o que ajuda a IES a garantir a empregabilidade dos estudantes.
Afinal, em um mundo tão competitivo, já não basta o domínio de determinada função. É preciso realizar uma formação contínua, para desenvolver um conjunto de habilidades pessoais e profissionais, e saber lidar com os desafios do ambiente corporativo.
Contudo, para que esse processo ocorra de modo eficiente, é preciso considerar o estilo de aprendizagem de cada um. Isso porque existem diferenças no momento de absorver determinados assuntos, sendo necessário ajustar a forma com que eles são apresentados.
Ou seja, para que uma instituição de educação superior (IES) invista no conceito de lifelong learning, é preciso encontrar estratégias para saber estimular de maneira voluntária, proativa e permanente o desenvolvimento dos seus alunos, nas mais diversas experiências de aprendizagem.
Para tanto, é necessário conhecer os quatro pilares desse conceito. Explicaremos cada um deles a seguir.
4 pilares fundamentais do lifelong learning
Essa nova forma de pensar e agir sobre o processo de aprendizagem se baseia em 4 pilares fundamentais. São eles:
1. Aprender a conhecer
Para que um aluno retenha o conhecimento adquirido, é fundamental que ele sinta prazer pelo assunto. É esse interesse que possibilita o exercício da memória e da atenção, fazendo com que o saber seja multiplicado.
Essa estratégia pode ser feita combinando o aprendizado de algo geral com estudos mais aprofundados e pontuais, de forma a abrir espaço para novos conhecimentos.
2. Aprender a fazer
Toda teoria é a base para o processo de aprendizagem, mas é por meio da prática que cada aluno vai exercitar o que aprendeu, até que este novo conhecimento se torne um hábito.
Sendo assim, o professor precisa inserir em suas atividades tarefas que desenvolvam as habilidades necessárias para a sua realização.
3. Aprender a conviver
Professores e estudantes têm muito a aprender uns com os outros e, por esse motivo, saber se relacionar é fundamental.
É preciso lidar com as adversidades, entender a percepção do outro e resolver conflitos para que a troca de aprendizado aconteça.
4. Aprender a ser
O desenvolvimento humano também é um importante pilar para elevar conhecimentos.
Sendo assim, possibilitar ao aluno maior autonomia para estudar faz com que ele tenha mais responsabilidade pessoal.
Qual é a importância do lifelong learning para os estudantes?
A educação continuada é importante para os estudantes, pois por ela é possível recuperar lacunas de aprendizagem que possam ter ocorrido em determinadas fases do ensino.
Assim, o lifelong learning auxilia a retomada de conteúdos mal aproveitados e qualifica o seu aprendizado, tanto para uma formação no âmbito social, quanto para o seu desempenho intelectual e profissional.
Isso quer dizer que o hábito de estudar precisa se estender para além da grade obrigatória da instituição e ser uma iniciativa do próprio estudante. Ou seja, criar a cultura do estudo como algo enriquecedor e de longo prazo.
Assim, todo assunto pelo qual o aluno se interessar pode ser aprendido em minicursos, oficinas, aulas profissionalizantes e demais formações. Essa bagagem adicional de conhecimentos coloca o indivíduo em posição de vantagem, uma vez que ele descobre que quanto mais aprende, mais tem a aprender, além de expandir suas capacidades e seu autoconhecimento.
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Além disso, com a prática da educação continuada, o estudante pode desenvolver inteligências múltiplas. O que melhora a criatividade, o raciocínio lógico, as habilidades socioemocionais e as funções motoras e executivas.
Por consequência, com esses aspectos aperfeiçoados, o futuro profissional terá muito mais chances de se destacar e alcançar estabilidade.
Como trabalhar o conceito de lifelong learning na IES?
O modelo tradicional de ensino já não é suficiente quando se trata de um aprendizado contínuo, pois a assimilação do conhecimento, conforme o conceito do lifelong learning, não se restringe somente à sala de aula.
Nesse sentido, desenvolver habilidades socioemocionais também é importante. Elas preparam os estudantes para os desafios que enfrentarão no trabalho, nas relações com outras pessoas e até mesmo com as próprias emoções.
As instituições devem, portanto, romper com as antigas convenções e compreender que a aprendizagem deve ser vista como um projeto de longo prazo, sem data para terminar.
O conhecimento que deve ser buscado pelos alunos não está restrito somente aos cursos de graduação, pós-graduação ou atualização profissional. A IES deve oferecer diferentes formatos de assimilação de novas habilidades e o ensino por competências.
Por isso, convém às instituições agregarem algumas estratégias eficientes para viabilizar o aprendizado incessante dos seus alunos.
A seguir, separamos algumas dicas de como IES pode trabalhar esse conceito:
1. Possibilite a formação continuada do corpo docente
O melhor exemplo a ser dado para iniciar a prática do lifelong learning é possibilitar aos professores e gestores a realização de cursos de atualização, o que ajuda a fornecer aos alunos uma educação avançada e com metodologias de ensino inovadoras.
Logo, é dever da instituição ter a preocupação em capacitar e investir na formação continuada também dos seus profissionais.
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2. Desenvolva o ensino aplicado à realidade
Os estudantes de hoje são pessoas totalmente conectadas e podem procurar qualquer conteúdo online.
Nesse sentido, o papel da IES é fazer com que o aluno consiga criar conexões entre o que ele aprende e a realidade em que ele se insere.
Para tornar esse conhecimento tangível e integrado, é possível trabalhar as metodologias ativas, visando que o conteúdo seja estudado previamente. Assim, ao chegar o momento da aula, os estudantes estarão melhor preparados.
De preferência, os trabalhos podem ser feitos em grupo, tornando a experiência do aprendizado muito mais próxima do que o aluno vai encontrar no mercado de trabalho.
3. Crie um programa de pós-graduação
Conforme a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), na última década, a pós-graduação stricto sensu cresceu 48,6% no Brasil, passando de 3.128 programas em 2011 para 4.650 em 2020. Anualmente, são formados no país cerca de 60 mil mestres e 22 mil doutores.
Se consideradas as modalidades lato sensu, como MBA e especialização, o número de pós-graduados brasileiros torna-se ainda maior, e revela a importância do lifelong learning na qualificação profissional.
Isso quer dizer que ir além da graduação proporciona diversos ganhos. O primeiro é o avanço do conhecimento acerca de temas essenciais ao desenvolvimento da carreira. O outro é a valorização conferida pelo mercado de trabalho aos profissionais com sólida formação.
E essa tendência vem se consolidando ao longo dos últimos anos. É o que mostra a pesquisa realizada pela Catho Educação em 2018, mostrando que cursos de pós-graduação impactam diretamente no salário de um profissional.
4. Atente-se às tendências do mercado
O mercado educacional exige que a IES se mantenha sempre atualizada. As tendências no ensino, por exemplo, funcionam como diretrizes estratégicas para as instituições se tornarem mais competitivas.
Assim como cada nova tecnologia tem seu potencial de otimização explorado e sua eventual viabilidade de implantação, com relação ao lifelong learning é natural que essa inovação também faça parte de um plano de aperfeiçoamento e mudanças.
5. Invista em cursos livres
Os cursos livres são cursos de carga horária reduzida pouco explorados pelas IES e, como o nome sugere, são independentes da avaliação do MEC. Eles se tornam excelentes ferramentas para o crescimento dos estudantes, já que a graduação possui conceitos mais amplos.
Outras maneiras de fomentar o lifelong learning incluem promover palestras, oficinas e cursos de extensão ou aprimoramento.
Ainda, é possível estimular o desenvolvimento de atividades práticas e dinâmicas em grupos, sempre utilizando técnicas e métodos inovadores como, a gamificação, trilhas de aprendizagem, etc.
É a partir dessas atividades que o aluno aprofunda seus conhecimentos e ganha novas experiências, se preparando para posições que exigem mais responsabilidade. A segurança do aprendizado também permite que ele tome decisões mais coesas, acertadas e produtivas.
6. Foque no ensino de soft skills
Quando se fala sobre formar o aluno em determinada carreira, é inegável a importância do desenvolvimento das hard skills, conhecidas como competências técnicas.
Porém, para o futuro, o foco deve estar equilibrado com o ensino das soft skills ou competências pessoais. São elas: a criatividade, capacidade de adaptação, trabalho em conjunto, solução de problemas, críticas construtivas e a boa comunicação.
Esse equilíbrio, aliado à multidisciplinaridade, precisa estar presente na IES. Afinal, a soma dessas duas habilidades, faz com que os alunos adquiram novas dimensões além dos conhecimentos tradicionais.
Assim surge a necessidade de se criar ambientes mais estimulantes e que permitam maior evolução educacional. A eficiência da aprendizagem e do ensino ocorrem de maneira bem mais natural, pois a motivação para os alunos é trabalhada, o que os torna aptos a ouvir, acrescentar e produzir ideias originais.
7. Ofereça opções de cursos online
Além dos cursos livres e dos programas de pós-graduação, também é possível investir em ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação (TICs) para ofertar a modalidade de ensino online.
Seu funcionamento se dá por meio das plataformas que suportam a criação de cursos no ambiente digital. Assim, o aluno também acessa os conteúdos necessários para agregar conhecimento.
Além disso, os estudos poderão ser feitos no ritmo do aluno, sem atrapalhar sua rotina. Também é possível participar de fóruns de discussão, chat em aulas, ter acesso a materiais auxiliares e se comunicar com outros alunos e tutores.
Todas essas funcionalidades possibilitam focar nos assuntos que sejam mais necessários e interessantes para cada aluno, proporcionando uma experiência agradável e potencializando ainda mais o aprendizado.
Esperamos que este conteúdo tenha sido útil para a compreensão do lifelong learning e como ele pode ser aplicado nas instituições de ensino. Aproveite para ler o próximo artigo e descubra 8 dicas para garantir a qualidade na educação superior em sua IES