Muitos professores se deparam com um problema, especialmente se estão ensinando há pouco tempo: a dificuldade de garantir que seus estudantes tirem das aulas o que realmente é necessário para que a aprendizagem do tópico trabalhado se consolide.
Principalmente em cursos de nível superior, a extensão e a complexidade dos temas estudados podem ser um desafio na hora de preparar experiências de aprendizagem eficazes. Afinal, como resolver o problema?
Uma solução inovadora que vem sendo aplicada em escolas da educação básica é o uso de mapas de aprendizagem. Trata-se de uma metodologia que ajuda não só a contextualizar mais o percurso das aulas, como também serve como guia de estudo e, de quebra, facilita o trabalho tanto do professor quanto do aluno.
Ficou interessado em conhecer melhor o que é o mapa de aprendizagem e como levá-lo para o ensino superior? Continue lendo este artigo para entender seu funcionamento e quais são os passos para criar um do zero!
O que é o mapa de aprendizagem?
De acordo com Jim Knight, pesquisador associado da Universidade do Kansas e um dos maiores estudiosos do tema no mundo, o mapa de aprendizagem é “um organizador visual que destaca os conhecimentos, as habilidades e as ideias principais que os alunos devem obter de uma aula ou curso”.
O mapa mostra as informações mais importantes que devem ser aprendidas e como elas se conectam entre si. Podemos entender melhor considerando a organização do mapa. O mapa é uma ilustração gráfica que deve ou pode conter:
- A ideia principal trabalhada;
- Se necessário, uma breve descrição da ideia principal;
- Tópicos essenciais relacionados à ideia principal, normalmente colocados dentro de retângulos, quadrados ou balões;
- Subtópicos extra que detalham o que for relevante sobre os tópicos;
- Linhas que mostram a relação entre tópicos e subtópicos.
Trata-se de uma ferramenta que é importante tanto no começo de uma aula ou conjunto de aulas sobre o mesmo tema quanto no final, como forma de sintetizar e relacionar tudo que foi aprendido até então.
No momento inicial, a sugestão é que o mapa de aprendizagem seja mais enxuto e simples. Ao longo das aulas, o mapa pode ser construído coletivamente, entre professor e alunos, de modo a acomodar as novas informações aprendidas e a conectá-las com os tópicos trazidos anteriormente.
Quais são os benefícios de criar mapas de aprendizagem?
O mapa de aprendizagem é um método que ajuda a dar visibilidade para as relações e hierarquias existentes dentro de um assunto ou tema estudado.
Mas não apenas isso: quando utilizado com essa finalidade, ele ainda serve como parâmetro para verificar o progresso do estudante ao longo da disciplina ou do semestre letivo.
Continue lendo para entender de que maneira esses benefícios se apresentam no dia a dia da IES!
1. Auxiliam a tornar a aprendizagem visível
O mapa de aprendizagem é, por definição, um recurso visual que mostra as conexões e relações existentes entre diferentes tópicos de aprendizagem. Apenas isso já é suficiente para mostrar sua relevância: a visualização dessas relações, e não apenas o entendimento puramente teórico e abstrato, é fundamental para fixar novas informações e para fazer com que elas façam sentido real para o estudante.
Não se trata de uma novidade, em termos de neurociência da aprendizagem, que recursos visuais são ferramentas extremamente eficazes no processo de estudo. De maneira simples, quanto mais recursos visuais contiver o estudo, maiores são as chances de que aquele tópico seja lembrado e reconhecido com mais precisão ao longo da vida acadêmica e profissional.
2. Ajudam a tornar a dar contexto à aprendizagem
O fato de todo o conteúdo do curso estar disposto e resumido em uma única página, na forma de um mapa de aprendizagem, é um grande apoio para professores e para estudantes.
Para os primeiros, o mapa de aprendizagem ajuda o professor a se localizar dentro de cada tópico, o que ajuda a planejar as aulas de forma muito mais eficiente. Ele consegue entender por onde deve começar, qual a sequência correta do planejamento de aulas que pode garantir que os estudantes o acompanhem e, em caso de problemas (como de turmas que estão tendo rendimento inferior ao esperado), ele pode retomar o mapa para entender a quais tópicos ou subtópicos ele deve retornar para sanar esse gargalo.
Os alunos, por sua vez, quando veem todo o conteúdo disposto em uma página, têm uma visibilidade muito mais clara dos contextos em que todos os temas trabalhados estão inseridos e podem verificar o que foi aprendido e o que falta ser aprendido. Isso ajuda, por exemplo, estudantes a planejarem melhor seu tempo de estudo, verificando com mais clareza por que determinado assunto deve ser estudado antes de outro, etc.
3. Mantêm estudantes e professores no caminho certo
No dia a dia da sala de aula, o mapa de aprendizagem bem utilizado se torna um recurso de referência, que ajuda a orientar todos os participantes daquele espaço e, também, a verificar os avanços obtidos pela turma.
Entre os benefícios oferecidos pelo mapa, os professores podem atestar que este é um recurso que ajuda a turma a se manter no caminho certo. Ter o mapa sempre à mão se torna praticamente um lembrete diário do percurso que está sendo seguido pela turma e o que é necessário para garantir que os alunos continuem no caminho certo.
Os alunos também podem ter essa sensação de verificar o mapa de aprendizagem como uma espécie de “bússola” uma vez que conseguem, aula após aula, entender de forma visual o que exatamente será trabalhado e o que é esperado deles em cada encontro de aprendizagem.
4. Servem como referência para as avaliações finais de curso
Este é um benefício que oferece apoio não apenas a professores e alunos, mas também às coordenações e a todo o sistema avaliativo da IES.
Um mapa de aprendizagem bem estruturado serve como referência para as avaliações finais tanto de disciplinas quanto do curso como um todo. Em outras palavras, uma vez que ele deixa bem explícito quais são os tópicos de aprendizado, como eles se conectam entre si e quais são as relações estabelecidas entre todos considerando um plano geral e contextualizado, fica muito mais fácil verificar o desempenho dos estudantes a partir das avaliações.
Coordenações e docentes podem, a partir do mapa, estabelecer rubricas avaliativas que considerem justamente se o estudante conseguiu demonstrar domínio dos tópicos e das relações entre eles, bem como de suas relações com outros elementos necessários à prática profissional, por exemplo.
Nesse sentido, o mapa de aprendizagem novamente se mostra como ferramenta útil para estudantes: sabendo que é esperado que eles demonstrem proficiência em determinados assuntos e habilidades, fica mais fácil direcionar os esforços no estudo individual.
Como construir mapas de aprendizagem?
Embora o mapa de aprendizagem seja um recurso que pode apoiar inúmeras frentes dentro da IES e, por isso, possa ser bastante detalhado, os passos para construí-lo não são complexos.
No geral, toda a organização de um mapa do tipo pode considerar 5 passos essenciais. Veja abaixo!
1. Liste todos os conceitos relacionados ao curso ou à disciplina
Essa é a hora de fazer uma espécie de brainstorming: liste todos os tópicos, conceitos, habilidades, ideias e contextos relacionados ao curso ou à disciplina para a qual está criando o mapa de aprendizagem.
A depender do tema, esse pode ser um trabalho que leva um tempo. Para facilitar o processo e as etapas seguintes, esses elementos podem ser escritos cada um em um post-it.
2. Organize todos os elementos em grupos
Uma vez que todos os tópicos tenham sido escritos, é hora de organizá-los em grupos temáticos. Agrupe os post-its de acordo com suas premissas gerais, pensando em todos que fazem sentido de serem ensinados no mesmo momento, tudo que está relacionado um ao outro de forma mais óbvia.
Esse momento ajuda a organizar melhor o brainstorming do passo 1 e a começar um agrupamento de ideias para que o mapa fique mais coeso.
3. Hierarquize os grupos criados
Com todos os grupos criados, é hora de hierarquizar. Verifique quais são os tópicos ou grupos mais fundamentais para o entendimento – isao é, aqueles que são mais trabalhados em sala -, qual é a ordem em que cada grupo de tópicos deve ser apresentada (ou seja, o que vem antes do que), entre outros. Considere sempre qual é o fluxo que facilita ao máximo a aprendizagem.
4. Conecte os elementos organizados
Após a organização e a hierarquização dos grupos, desenhe as linhas e as setas que tornarão visível a relação entre os tópicos e subtópicos. Nesse ponto, é mais do que possível usar a criatividade para adaptar essa instrução ao contexto em que está sendo utilizada.
5. Refine o mapa
É provável que, ao fim dessas etapas, o mapa esteja minimamente organizado, mas ainda não tenha se mostrado o ideal. Assim, após esse passo a passo, vale refinar a organização visual, verificar se todos os conceitos e tópicos estão corretos, torná-lo mais visualmente atraente, entre outros.
Agora que você conheceu mais sobre os benefícios do mapa de aprendizagem e pode aplicá-lo na IES, que tal entender mais sobre metodologias ativas? Leia nosso guia completo sobre aplicação de metodologias ativas no ensino superior!