Na implementação de uma estratégia de conteúdo, não importa a função, é necessário focar nos pontos que o conteúdo pretende alcançar. Nesse contexto, é importante criar uma matriz de conteúdo que elenca e categoriza as ações para atingir o interlocutor.
O que é matriz de conteúdo?
A matriz de conteúdo é utilizada no marketing como forma de organizar os conhecimentos e as emoções do cliente em relação à marca e despertar novos e futuros pontos de contato.
Assim como o funil de captação, a matriz de conteúdo é uma estratégia advinda do marketing que tem ampla aplicabilidade no setor educacional. Enquanto o funil organiza as ações por estado de engajamento (topo, meio e fundo do funil) e taxa de conversão, a matriz divide as ações em quadrantes.
Quais são as partes da matriz de conteúdo?
Em primeiro lugar, é preciso visualizar as escalas que fazem parte da matriz. Vamos observar a imagem abaixo.
- A primeira é a escala de consciência à compra (ela está representada pelo eixo horizontal na imagem acima). Ou seja, em que ponto o interlocutor está: acabou de conhecer o nome daquela marca ou já é um potencial cliente?
- O outro eixo que deve ser analisado é o racional x emocional (representado pel. Como a marca pode atingir o cliente tanto em relação a aprendizados quanto em envolvimento com a proposta?
Com base nesses critérios, a matriz de conteúdo categoriza as ações de marketing nos seguintes quadrantes:
- Entreter;
- Inspirar;
- Educar;
- Convencer.
Vamos falar mais sobre cada um deles.
1. Entreter
Nessa área, estão as ações que visam a fazer o cliente conhecer o conteúdo pelo lado emocional. Ou seja, ações como jogos e quizzes.
O uso de conteúdos baseados na gamificação na educação é uma opção interessante aqui.
2. Inspirar
Para inspirar o cliente, é preciso que ele já tenha consciência e realize ações emocionais em relação à marca. Por exemplo, avaliar produtos e processos no site e participar de fóruns de discussão.
3. Educar
A parte educativa da matriz de conteúdo é o conjunto de ações que visam conscientizar o público com viés educativo. Ebooks, palestras, guias informativos, entre outros, oferecem a oportunidade de aprender mais sobre aquilo que a marca está divulgando.
4. Convencer
Já para informar o público e convencê-lo a interagir com a marca, é importante que o conteúdo tenha um gancho de benefícios para as pessoas. É aqui que a audiência fica ciente dos custos e vantagens de cada opção.
Como a matriz de conteúdo afeta a educação?
Existem dois principais contextos em que a matriz de conteúdo é útil na atuação das instituições de educação superior (IES).
- Um é o marketing educacional, a captação de alunos e a construção da identidade da instituição.
- O outro é a criação de conteúdos para disciplinas e cursos que estejam alinhados com a proposta educacional em diferentes facetas.
1. Marketing e captação de alunos
Para uma IES garantir a viabilidade econômica, ela precisa da quantidade de alunos adequada. Essa quantidade não é a maior possível, mas sim o suficiente para promover a diversidade de ensino sem comprometer a infraestrutura educacional.
Também é importante selecionar os alunos que estejam interessados na proposta pedagógica e na metodologia da IES. Por exemplo, um curso de Direito, mesmo com o objetivo em comum, varia bastante entre uma IES e outra.
Alguns têm mais disciplinas teóricas, outros envolvem atividades ativas, há possibilidade de intercâmbios, aulas optativas e atividades de extensão universitária.
Para encontrar os potenciais estudantes que se encaixem com a metodologia da sua IES, é preciso exemplificá-las em estratégias de captação. É aqui que entra a matriz de conteúdo.
Desenvolvendo conteúdos para captar alunos
Se você busca divulgar um curso para potenciais alunos interessados, existe um processo que deve ser realizado: atingir pessoas com interesses próximos, mostrar as vantagens de sua IES e converter a pessoa em aluno. E a melhor forma de manter o contato com o público em potencial é oferecer atividades que o aproximem da marca.
Por exemplo, se você pretende divulgar uma graduação, o primeiro passo é buscar alunos que estejam se preparando para a educação superior e talvez não saibam qual curso escolher. Um quiz, atividade do quadrante “entretenimento” da matriz de conteúdo, pode ajudá-lo na escolha, com perguntas rápidas que apresentem as características de cada opção.
Depois que o aluno se informou e se aproximou do tema, é preciso inspirá-lo a se identificar com o curso. Atividades como palestras e depoimentos de ex-alunos de sucesso da IES, eventos como feiras de profissões nas escolas, posts no blog da instituição que contem um pouco mais sobre o cotidiano da área, etc.
O passo da educação exige conteúdos mais informativos. Nesse caso, mostrar aspectos mais específicos dos cursos pode ajudar a aproximar o aluno da decisão. É o caso, por exemplo, de aulas abertas, artigos científicos produzidos pelo corpo docente, workshops, guias sobre cada graduação, pesquisas de mercado sobre cursos com maior empregabilidade, etc.
2. Criação de disciplinas
Além de auxiliar a parte administrativa da IES na captação de alunos, o conceito de matriz de conteúdo pode ser um norteador na criação e revisão de disciplinas da educação superior.
Ao criar um curso de graduação, os responsáveis têm como guia o projeto pedagógico de curso. Esse projeto pedagógico envolve todas as diretrizes curriculares e metodológicas que serão parte desse curso durante sua execução.
É este documento que também auxilia a fazer as alterações necessárias com o tempo, preservando a linearidade e a atualização constante da grade curricular e das estratégias de ensino.
Portanto, quando os gestores de cursos e coordenadores estão criando novas matérias, eles devem levar em consideração aquilo que faz parte do projeto pedagógico, para disponibilizar a disciplina de uma forma que beneficie a formação completa dos estudantes e faça parte de uma grade curricular alinhada com as expectativas contemporâneas.
Dessa forma, isso contribui para um ensino mais voltado aos desafios atuais e de acordo com as demandas que os alunos terão em sua vida profissional após a conclusão do curso.
Para uma disciplina ter sucesso com o corpo docente, os alunos e a proposta pedagógica, é importante que ela tenha, desde sua criação e a primeira aplicação, estratégias que agreguem ao conteúdo estudado.
Além disso, é importante que ela engaje os alunos em participação, seja por meio de desempenho acadêmico, de interesse nas pesquisas, do uso da biblioteca, etc. Esse engajamento é parte de uma comunidade acadêmica saudável e permite que os alunos tenham discussões mais ricas sobre aquilo que aprendem.
Portanto, uma matéria que desperte interesse dos alunos é muito benéfica para a continuidade do aprendizado dentro e fora da sala de aula.
Interação com o conteúdo antes das aulas
Você conhece a sala de aula invertida?
Essa é uma metodologia ativa focada nas aulas com alunos que já tenham contato com a temática. Isso pode ser feito seguindo os conceitos da matriz de conteúdo: para despertar a emoção e aproximar o assunto dos estudantes, atividades que promovam a descoberta do tema são muito benéficas.
Esse primeiro contato é uma forma de familiarizar alunos com as nuances do que será abordado em sala. Isso pode ser feito por meio de leituras e filmes, por exemplo, que ajudam a contextualizar teorias presentes na matriz curricular.
Inserir inspiração e debate
Além disso, a matriz de conteúdo também é uma forma de encontrar atividades interativas. Pensando no quadrante de inspiração, que envolve realizar ações ligadas ao tema, o docente pode propor atividades e projetos que expandem a interação do aluno com o conteúdo.
Como forma de avaliação, é possível aplicar seminários, debates e até estudos de caso que aproximem a temática da sala de aula.
É importante também valorizar essas estratégias no ensino superior a distância: mesmo que os alunos não tenham interações pessoalmente, eles devem se engajar com o conteúdo. Fóruns de discussão e projetos em grupo são boas estratégias aqui.
Ampliar as nuances do conhecimento
Quando o aluno já está familiarizado com o conteúdo, é importante também reforçar o aprendizado por meio de diferentes estratégias. A aprendizagem baseada em projetos, por exemplo, é uma forma de exercitar o que foi aprendido e desenvolve raciocínio lógico e solução de problemas, duas habilidades bastante necessárias no mundo contemporâneo.
Participar de projetos de pesquisa, iniciação científica e produzir artigos são formas de trabalhar a teoria e a prática, entrando no quadrante “educar” da matriz de conteúdos.
Desenvolver a relação com o contexto
A proposta pedagógica da instituição de ensino é ligada aos objetivos que ela pretende que seus alunos alcancem durante os estudos. Dessa forma, a IES traça o perfil do egresso que gostaria de obter e as melhores formas de chegar a ele.
Durante a elaboração ou revisão de disciplinas, é importante atentar-se a isso e incluir conteúdos que façam os alunos participar diretamente do próprio processo de aprendizagem.
No quadrante “convencer”, a aplicação na educação não é tão óbvia, mas não deixa de ser importante. É aqui que entram atividades de extensão, por exemplo, que promovem a troca ativa de conhecimentos.
Quando o coordenador está criando uma disciplina, é importante escolher atividades em que os alunos tenham autonomia e espaço para abstrair seus conhecimentos e aplicá-los em diferentes contextos. A matriz de conteúdo é uma forma de olhar para a totalidade do conteúdo de uma disciplina, trazendo diferentes estratégias de ensino e avaliação para a IES.
Benefícios de utilizar a matriz de conteúdo na educação
Uma das prioridades para os coordenadores de curso é que todas as disciplinas estejam alinhadas ao mesmo objetivo educacional. Assim, formamos alunos com o perfil de egresso que desejamos.
Além de desenvolver conhecimentos acadêmicos, também é importante se atentar aos objetivos socioemocionais por trás dessas escolhas.
As disciplinas podem (e devem!) contribuir para desenvolver a autonomia do aluno nos estudos e seu pensamento crítico, duas habilidades fundamentais para a sua atuação profissional e desenvolvimento pessoal.
Nesse sentido, a criação de disciplinas leva em consideração quais os recursos mais importantes para desenvolver essas habilidades. Além de disciplinas teóricas que dão a base curricular de um curso de graduação, também é essencial inserir conteúdos práticos que ajudem o aluno a contextualizar e praticar o que é aprendido.
Por isso é muito importante que o conteúdo dentro da sala de aula esteja preparando os estudantes para enfrentar esses desafios contemporâneos. Dessa forma, o que é visto em sala de aula não será apenas estudado para o bom rendimento acadêmico, e sim será replicado na atuação profissional de cada um.
Esperamos que tenha gostado deste artigo sobre a matriz de conteúdo! Que tal aproveitar para conferir também nosso texto sobre o ensino interativo?