Se você já deu aulas e nunca pegou um de seus alunos dando algumas pescadas durante uma aula muito expositiva, pode se considerar uma pessoa de sorte! E, certamente, você é capaz de entender o sentimento dos estudantes, porque, na sua época como aluno, com certeza experienciou algo parecido.
Seja por um interesse menor em determinada disciplina, pela dificuldade do assunto, ou pela falta de uma proposta pedagógica mais centrada na experiência do estudante, não é difícil encontrar casos de discentes que tiveram mais dificuldade em algum conteúdo em sua formação.
Em outras ocasiões até temos a capacidade de ir bem nas avaliações e discutir o conteúdo em sala de aula. Porém, com o passar do tempo, esses conhecimentos vão ficando cada vez mais distantes, menos aplicáveis e, de certa forma, descartáveis para a memória.
Para aumentar o foco no aprendizado e na jornada do aluno, é preciso empregar metodologias que estejam alinhadas com modelos educacionais inovadores, como as metodologias ativas.
Algumas perguntas que podem restar diante dessa constatação são, por exemplo, “o que podemos fazer em relação a isso?” ou “como podemos estimular o aprendizado efetivo dos alunos?”.
Para responder a essas e outras perguntas escrevemos este artigo, em que passaremos pelos seguintes tópicos:
- Quem foi William Glasser?
- O que é a pirâmide de aprendizagem?
- Como é constituída a pirâmide de aprendizagem?
- Quais são os níveis de aprendizagem?
- Quais são os estilos de aprendizagem?
- Quais as vantagens de se aplicar a pirâmide de aprendizagem?
- Como aplicar os princípios da pirâmide de aprendizagem no ensino superior?
Tenha uma boa leitura!
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Quem foi William Glasser?
William Glasser possui uma trajetória profissional muito interessante! Ao contrário do que muitos pensam, sua formação inicial não foi focada nos estudos educacionais. O norte-americano estudou engenharia química na Case Western Reserve University em Cleveland.
Sua carreira como engenheiro não durou muito tempo e logo depois ele retornou à mesma instituição para estudar psicologia. No entanto, ainda no primeiro semestre, foi chamado para servir ao exército estadunidense. Sua volta à universidade, após esse período, foi marcada por grande dedicação à nova carreira.
Fez mestrado em psicologia clínica e se doutorou em psiquiatria. Sua carreira em hospitais não durou muito, por não ser adepto das perspectivas de Freud. Foi a partir daí que começou a interagir com o campo educacional, quando se tornou psiquiatra da Escola Ventura para Meninas Delinquentes.
Foi nessa instituição que ele desenvolveu a vertente de Terapia da Realidade. Atuou posteriormente como clínico particular em Los Angeles e foi grande defensor de mudanças no tratamento de doenças mentais.
Suas perspectivas contemplam a necessidade de melhorias educacionais, a importância da saúde mental e da saúde pública nesse cenário.
Teoria da Escolha
Em uma aplicação educacional de suas percepções como psiquiatra e pesquisador, Glasser desenvolveu a Teoria da Escolha, uma teoria complexa que auxilia na compreensão sobre a importância da autonomia no processo de aprendizado. Sua criação data de 1970, mas foi em 1996 que o pesquisador alterou a nomeação do conjunto teórico.
A Teoria da Escolha entende o ser humano como um aprendiz nato. E esse aprendizado deve se dar de dentro para fora, ou seja, o desejo deve fazer parte do processo de conhecer algo novo. Para isso, é preciso entender que reforços negativos, como punições, por exemplo, não são capazes de ensinar nada.
Como o próprio nome diz, a Teoria da Escolha parte do pressuposto de que é preciso escolher aprender e se tornar parte desse processo, de forma ativa. Para isso, é preciso que essa escolha seja motivada por cinco fatores: sobrevivência, pertencimento ao grupo, liberdade, poder e diversão.
Nesse sentido, o engajamento do discente é essencial! Não é possível aprender diante da ideia de que aquilo não te acrescenta, de que aquilo é impossível de ser aprendido ou de que é entediante.
Uma das principais críticas de Glasser é a ideia de aprender memorizando, a famosa “decoreba”, que vemos até os dias de hoje com as fórmulas e trechos de textos sendo citados ao pé da letra pelos alunos, sem necessariamente ter um entendimento sobre o tema.
Seu estudo deu origem à pirâmide de aprendizagem, ou “pirâmide de Glasser”, onde há níveis de capacidade de retenção de um conteúdo, baseado na forma de ensinar e aprender. Quanto mais ativa, interativa e aluno-centrada, melhor a capacidade de aprender.
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O que é a pirâmide da aprendizagem?
A pirâmide da aprendizagem, de William Glasser, vai ao encontro às ideias do pesquisador, que acreditava no potencial individual de cada aluno e na capacidade de aprendizado coletivo a partir de um posicionamento ativo por parte do discente, amparado pelas metodologias mais acertadas aplicadas por professores e instituições.
A pirâmide da aprendizagem é uma forma de hierarquizar as melhores formas de aprender e ensinar. Essas técnicas podem ser aplicadas ao dia a dia nas salas de aula e ajudam a orientar os profissionais da educação a direcionar seus esforços, para que haja maior retenção dos conteúdos.
E esse é um fator decisivo para efetivar o aprendizado. Reter informações, criar ligações e significados é, segundo Glasser, o que faz o cérebro registrar de forma completa as informações necessárias para que o conteúdo seja acessado com sucesso em outras ocasiões.
A prática é um ponto central para a teoria de Glasser. A pirâmide preconiza que metodologias mais práticas devem ser preferidas, em relação às mais expositivas e conteudistas.
Segundo a pirâmide de Glasser, nós assimilamos aproximadamente 10% do que lemos, 20% do que ouvimos e 30% do que observamos. Se estamos ouvindo e vendo, ao mesmo tempo, chegamos a uma retenção de 50%
Com isso, podemos perceber que essa metodologia não prega o fim das palestras, aulas convencionais ou a escuta de cases. É uma possibilidade, e um convite, a criar formas de ensino híbridas, para que a média de retenção possa ser maior.
O grande trunfo da pirâmide da aprendizagem de Glasser é aferir a capacidade ampliada de retenção de conteúdos quando eles atingem uma dimensão relacional. Aprendemos 70% do conteúdo quando debatemos e interagimos a partir deles e 80% quando aplicamos na prática.
Quem discute aprende sobre a realidade do outro, reflete sobre a sua própria e consegue desenvolver a capacidade crítica. Quem faz, vivencia e leva a experiência para a vida.
Dizem que quem ensina aprende duas vezes, e podemos dizer que essa expressão está muito alinhada à base da pirâmide, que prevê 95% de retenção e domínio do assunto quando ensinamos aos outros sobre o que aprendemos.
Como é constituída a pirâmide de aprendizagem?
A pirâmide de aprendizagem é dividida entre métodos de aprendizagem passiva e métodos de aprendizagem ativa. Assim, a teoria relaciona o método utilizado com o percentual de efetividade na retenção do conteúdo da seguinte maneira:
- 10% ao ler;
- 20% ao ouvir;
- 30% ao ver;
- 50% ao ver e ouvir;
- 70% ao debater com outras pessoas;
- 80% ao praticar; e
- 95% ao ensinar, a partir de resumos ou da estruturação do conhecimento.
Dentre os tipos de aprendizagem relacionados, são considerados aprendizados passivos: a leitura, a escuta e a visão e audição somados.
Por outro lado, são considerados aprendizados ativos: o debate, a prática e o ensino aos outros.
Quais são os níveis de aprendizagem?
Para a pirâmide de Glasser, são considerados níveis de aprendizagem a assimilação de conteúdo a partir das seguintes habilidades cognitivas:
- Ler;
- Ouvir;
- Ver;
- Ver e ouvir;
- Debater;
- Praticar;
- Ensinar.
Entenda mais sobre cada nível de aprendizagem:
1. Ler
Glasser explica que, quando alguém tem contato pela primeira vez com algum tema a partir da leitura, a capacidade de retenção do conteúdo é de 10%. Por isso, é comum a prática de ler e depois de revisar para que haja maior absorção daquele conteúdo estudado.
2. Ouvir
Na mesma linha, Glasser diz que quando ouvimos algum conteúdo, a capacidade de assimilação cerebral é de apenas 20% do que foi ouvido. Isso ocorre porque, muitas vezes, outros sons ambientes são escutados ao mesmo tempo em que você tem contato auditivo com o assunto.
3. Ver
De acordo com a pirâmide de aprendizagem, caso você tenha contato com o conteúdo estudado de maneira visual, como através de imagens, a capacidade de retenção será de 30% do que foi repassado.
Uma dica para auxiliar na absorção do conteúdo é combinar o estudo visual com a utilização de técnicas de memorização, como exemplos: mapas mentais, gráficos e figuras exemplificativas.
4. Ver e ouvir
Ao utilizar a visão somada à audição, o índice de fixação de determinado assunto estudado sobe para 50%.
Muitas vezes o estudante lê o conteúdo e não consegue assimilar bem, mas ao ouvir uma aula, associada à bagagem da leitura realizada, o grau de compreensão do conteúdo aumenta.
Outra prática recomendada é de que o estudante leia em voz alta, assim ele tem contato com o conteúdo a partir de dois estímulos: a leitura e a audição, o que facilita na fixação.
5. Debater
Segundo Glasser, sempre que debatemos determinado conteúdo com outras pessoas conseguimos reter 70% do que foi apresentado.
Vale destacar que os debates podem acontecer presencial ou virtualmente. A tecnologia pode ser uma grande aliada na organização de debates, pois proporciona que sejam realizados através de videochamadas, fóruns e chats.
6. Praticar
A prática é considerada uma forma ativa de aprendizagem e é responsável por 80% do aprendizado. Esse nível de aprendizagem capacita o estudante a aplicar de modo eficaz o conteúdo que foi aprendido.
Assim, a prática se dá através da aplicação do conteúdo no dia a dia, podendo ocorrer a partir da resolução de problemas, aulas em laboratório, estudos de casos, etc.
7. Ensinar
O ato de ensinar o conteúdo estudado confere uma taxa de 95% de assimilação do tema.
Quando falamos sobre dar aula a respeito de determinado tema, inúmeras são as possibilidades: você pode dar uma aula a si mesmo, pode explicar um conteúdo ao seu colega e pode gravar um vídeo explicando a matéria.
Esse estilo de aprendizagem se baseia na compreensão de que você só é capaz de passar um conteúdo de maneira qualitativa se você realmente o aprendeu.
Quais são os estilos de aprendizagem? Conheça 5 teorias
O processo de aprendizagem é individual e único. Saber aplicar o modelo correto de acordo com o objetivo esperado é fundamental para o sucesso de sua estratégia pedagógica.
Lembre-se que não é regra que os indivíduos possuam apenas um modo de aprender. Na realidade, as pessoas tendem a migrar de estilo de acordo com a sua necessidade.
Nesse sentido, ter um leque de opções de aprendizagem é muito importante para as IES, já que isso eleva o desempenho dos estudantes.
Veja a seguir as principais teorias sobre os estilos de aprendizagem. São elas:
- Teoria Vark;
- Teoria Kolb;
- Teoria Gregorc;
- Teoria de Felder e Silverman; e,
- Teoria de Dunn e Dunn.
Acompanhe a leitura!
Teoria Vark
Também conhecida como Modelo VARK, foi criada por dois pesquisadores: Neil Fleming e Charles Bonwell.
A teoria divide o aprendizado em 4 estilos. Sendo eles:
1. Visual
A aprendizagem visual está associada aos estímulos de imagem. Ver um gráfico, um mapa mental ou até mesmo um fluxograma é bastante efetivo para os que possuem esse perfil de aprendizagem.
2. Auditivo
Para aqueles que se encaixam nesse estilo de aprendizagem, ouvir um podcast ou músicas que se relacionem com o tema e aulas expositivas pode ser muito mais eficaz no aprendizado do que ler um artigo ou um livro.
3. Leitura e escrita
Muitas vezes essa categoria de estudo é confundida com o estilo visual, mas os dois métodos possuem diferenças. Observe:
A leitura e a escrita relacionam-se com a capacidade de elaborar e absorver conteúdos a partir de textos, enquanto o estilo visual está mais ligado à absorção a partir de imagens e gráficos.
4. Cinestésico
São aqueles que aprendem com mais facilidade a partir da prática. Ou seja, precisam de um estímulo prático, como uma demonstração ou outras ações que permitam o envolvimento na atividade, para a compreensão do conteúdo.
Na pirâmide da aprendizagem, Glasser apresenta a prática como o estilo mais eficiente.
Teoria de Kolb
Desenvolvida por David Kolb, essa teoria refere-se à maneira em que adultos aprendem, baseado em suas experiências prévias e percepções sobre os assuntos que serão apresentados.
A teoria de Kolb é dividida em 3 estágios:
1. Experiência concreta
O aprendizado se dá a partir dos sentimentos e vivências do estudante, que prefere praticar a teorizar. Esse tipo de estudante relaciona-se melhor com as trocas realizadas entre colegas do que entre o próprio estudante e o professor.
2. Observações reflexivas
O estudante absorve o conteúdo a partir da observação. Como por exemplo, a partir de uma aula assistida.
3. Experimentação ativa
A experimentação ativa relaciona-se aos estudantes extrovertidos, que possuem facilidade de apresentar trabalhos, realizar debates, e não necessariamente possuem a necessidade de assistir a aula para aprender.
Teoria de Gregorc
Anthony Gregorc foi um professor de administração educacional norte-americano. Sua teoria defendia que o estilo educacional tem a ver com a maneira como as pessoas se comportam e com a maneira que suas mentes funcionam, combinadas com suas habilidades socioemocionais.
A partir da análise dessas caraterísticas Gregorc criou um modelo com 4 estilos de aprendizagem. São eles:
1. Sequencial concreto
As pessoas desse estilo enxergam o aprendizado a partir de uma sequência coerente e organizada de fatos, com início, meio e fim do conteúdo a ser aprendido.
2. Sequencial abstrato
Já no estilo sequencial abstrato, o estudante possui o foco voltado à lógica. O indivíduo aqui precisa de confirmação das informações. Além disso, por possuir um processo de raciocínio lógico, prefere o método da leitura e o trabalho individual.
3. Aleatório concreto
Esse estilo de aprendizagem vincula-se àqueles que aprendem a partir da técnica de erro e acerto. Ou seja, pessoas que investigam e resolvem problemas com facilidade.
4. Aleatório abstrato
São estudantes criativos que têm facilidade de socializar e conseguem experimentar diversas formas de aprender. Possuem capacidade de assimilação abrangente.
Teoria de Felder e Silverman
A teoria de Felder e Silverman ganhou notoriedade no final da década de 80 e tem como base 4 categorias em que os estilos de aprendizagem dos estudantes se encaixam.
Assim, os estudantes são considerados:
1. Ativos ou reflexivos
Ativos quando preferem trabalhar em grupos e reflexivos quando preferem trabalhar sozinhos.
2. Sensitivos ou intuitivos
Sensitivos quando são mais práticos e intuitivos quando conceituam de modo teórico.
3. Visuais ou verbais
Visuais quando valorizam o contato com imagens ou verbais quando valorizam o contato com textos.
4. Sequenciais ou globais
Sequenciais quando o aprendizado segue uma linearidade e globais quando o aprendizado é abrangente e holístico.
Teoria de Dunn e Dunn
A teoria Dunn e Dunn leva em consideração diversos aspectos da vida do estudante para conceituar seus estilos de aprendizagem.
Para essa teoria, são fatores que afetam o processo de aprendizagem:
- Estímulos ambientais;
- Emoções;
- Aspectos físicos, sociais e psicológicos.
Vale ressaltar que, embora os estímulos emocionais e psicológicos possam ser vistos de maneiras semelhantes, os dois estímulos são bem diferentes.
O estímulo emocional refere-se à capacidade do estudante ter uma boa performance nos estudos, mesmo em situação adversa. Já o estímulo psicológico refere-se à preferência do estudante quanto à lógica ou quanto à abstração.
Quais as vantagens de se aplicar a pirâmide de Glasser?
Existem diversas vantagens na aplicação da pirâmide de aprendizagem. Os conceitos podem, e devem, ser aplicados na educação básica, superior e também no ambiente corporativo.
Desse modo, separamos 4 principais vantagens que serão percebidas pelas instituições. São elas:
- Desenvolve a autonomia do estudante;
- Estimula as habilidades socioemocionais;
- Promove a integração entre estudantes e colaboradores;
- Melhora o desempenho global das instituições.
Confira:
1. Desenvolve a autonomia do estudante
Por estimular formas de aprendizagem ativas, em que os estudantes interagem diretamente na construção do saber, a aplicação dos princípios da pirâmide da aprendizagem desenvolve a autonomia do aluno.
Assim, quando o aluno começa a debater, buscar informações e traçar estratégias para resolver problemas a partir do que foi estudado, a compreensão e fixação do conteúdo também aumenta. E tudo isso traz o protagonismo do estudante para a construção do conhecimento.
2. Estimula as habilidades socioemocionais
Saber lidar com as emoções é fundamental, tanto para os estudantes que precisam lidar com a dinâmica da vida acadêmica e pessoal, quanto para os professores que têm o dia a dia cercado de desafios.
Portanto, colocar os estudantes no centro do processo de aprendizagem desenvolve as competências socioemocionais e promove a capacidade de comunicação dos alunos, de autogestão, a inteligência emocional, etc. Tais habilidades são fundamentais para a aprendizagem e para se tornarem profissionais de sucesso.
3. Promove a integração entre estudantes e colaboradores
A inserção de metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem melhora a relação entre estudantes e colaboradores. Essa integração da comunidade acadêmica é proporcionada, por exemplo, pelos trabalhos em grupo, debates e estudos de caso, propostos pela pirâmide como melhores formas de absorção de conteúdo.
Além das vantagens pedagógicas dessas práticas, a convivência ampliada pelas metodologias ativas também desenvolve o sentimento de pertencimento e o senso de comunidade. Tudo isso promove o engajamento e reduz a evasão de alunos.
4. Melhora o desempenho global das instituições
Com a aplicação da pirâmide do conhecimento e das metodologias ativas o rendimento global de estudantes e colaboradores aumenta. Isso porque as metodologias ativas ajudam no processo de aprendizagem, promovendo a autonomia e o sentimento de pertencimento da comunidade acadêmica.
Nesse contexto, estudantes mais engajados tiram melhores notas, obtêm melhor aproveitamento no ENADE, em Exames da OAB, concursos públicos, etc. De igual forma, colaboradores mais engajados aumentam a produtividade dentro da instituição, o que auxilia no desempenho da empresa.
Dessa forma, a aplicação da pirâmide de aprendizagem desencadeia uma série de melhorias, que vão desde o indivíduo, até a IES e o ambiente corporativo como um todo.
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Como aplicar os princípios da pirâmide da aprendizagem no ensino superior?
Para que as teorias de Glasser possam ser aplicadas ao ensino superior é preciso considerar suas particularidades. Afinal de contas, há semelhanças, mas também há grandes diferenças entre o ensino básico e aquele voltado para a formação de profissionais aptos para o mercado de trabalho.
O que a pirâmide da aprendizagem nos convida a fazer é fortalecer o protagonismo do aluno, por meio de metodologias ativas, que contemplem a ação em detrimento de um posicionamento passivo. Nesse cenário, o aluno é parte essencial do seu processo de crescimento profissional.
Uma aprendizagem significativa é possível, e desejável, no ensino superior. É preciso que o conhecimento seja apresentado das mais diversas formas, seja por meio de debates, interpretação de cenários, aulas práticas, seminários, estudos de caso, etc.
A aplicação de metodologias ativas não significa, de forma nenhuma, a perda de rigor acadêmico em relação à formação dos discentes. É preciso aliar uma proposta pedagógica inovadora às grades curriculares previstas para cada formação profissional para que não haja prejuízos à educação dos estudantes.
A interação entre aluno e conteúdo só é possível a partir do uso de metodologias atrativas, que encorajem a reflexão crítica e contextual, que estimule a criatividade e curiosidade. É preciso que o aluno enxergue elementos da sua formação no dia a dia e permaneça num processo de aprendizado fora da IES.
Uma das ações da IES em relação à aplicação de metodologias ativas e da pirâmide de aprendizagem, é a adaptação e estruturação de seus espaços físicos para atender as demandas pedagógicas desses métodos. Esse é um ponto muito importante diante da digitalização do processo de ensino.
É preciso criar espaços que promovam conectividade e flexibilidade, e que tragam ferramentas para o processo de ensino-aprendizagem. Esses espaços promovem possibilidades de criar conteúdo, e não só “absorver”.
Exemplos disso são laboratórios, salas multimídia, e até mesmo novas configurações das mesas dos estudantes. Uma sala preparada para métodos ativos (Active Learning Classrooms), que seja apenas com a reconfiguração das mesas, permite maior interatividade entre alunos, e até mesmo a ressignificação do papel do professor na sala de aula.
Nesse cenário, o educador deixa de ser um ponto focal, um protagonista da sala de aula, para assumir um papel de facilitador, um guia no processo de aprendizagem. Além disso, é preciso que a configuração das salas de aula estimule as trocas, não só entre alunos, mas também o fortalecimento na relação aluno-professor.
E por falar no corpo docente, para aplicar metodologias inovadoras, é preciso que ele esteja alinhado em relação às propostas da instituição. Também é preciso capacitá-los para entender e conduzir um ambiente diferente, com mais interação, para que a proposta não saia do controle e fuja do projeto pedagógico.
O professor é uma peça central para incentivar o aluno, já que segundo a Teoria da Escolha somos aprendizes naturais e temos muita curiosidade. Evitar associações negativas, como o estudo pautado nas avaliações, ou perda de pontos por não cumprimento rígido de uma atividade podem ser ações repensadas na prática docente.
Aprender a aprender também faz parte desse processo, já que a maioria dos alunos vêm de escolas tradicionais, ainda muito pautadas em um modelo de educação bancária, como denomina o teórico Paulo Freire.
Não se sentir obrigado a aprender, mas desenvolver um prazer genuíno pela ideia de conhecer o mundo por meio de um novo olhar deve ser uma premissa do aluno, que pode contar com o apoio dos professores e da IES.
Para que as aulas se tornem cada vez mais atrativas, com grande poder de retenção do conteúdo, é preciso utilizar várias estratégias, que contenham uma mistura de métodos descritos na pirâmide da aprendizagem.
Um exemplo disso é uma aula que possui uma leitura básica a ser feita em casa, um momento expositivo, a exibição de vídeos e um momento posterior para discussões em grupo. A partir disso o aluno pôde ler, ouvir, ver e discutir.
Um seminário também é uma prática tradicional que está alinhada a algumas indicações da pirâmide da aprendizagem. A preparação da apresentação demanda leitura, observação, discussões internas do grupo, além de consultas a conhecimentos complementares, seja um podcast, ou pelo Youtube.
Aprender e ensinar são processos que devem fazer parte da formação profissional em qualquer área. Aprender a ser mais didático, mais empático e capaz de estabelecer boas relações entre as pessoas e o conhecimento pode ser um grande atrativo para o mercado profissional, que sempre está em busca de líderes natos, pessoas que tenham prazer em repassar o conhecimento.
Em suma, podemos entender as teorias de William Glasser como um compilado que reconhece a importância das relações no processo de ensino-aprendizagem, da postura ativa, da vontade de aprender e da importância de apresentar o conteúdo de várias formas, para aumentar a capacidade de retenção dos conceitos.
A interação nos faz evoluir como pessoas, mas o que Glasser propõe é que esse processo também nos coloca à frente em conhecimentos técnicos e críticos sobre a área em que atuamos.
Ensinar é uma forma muito eficaz de aprender, e é possível fazer com que os alunos possam colaborar, mutuamente, na evolução de suas turmas, tanto em aspectos sociais quanto profissionais.
A educação deve ser um processo emancipador, em que os estudantes possam construir sua autoconfiança na capacidade de transmitir tudo que aprenderam.
Caso você deseje auxiliar a sua IES no processo de se tornar mais estimulante para o aluno, utilizando a pirâmide da aprendizagem, não deixe de conferir este guia completo para a aplicação de metodologias ativas no ensino superior.