Para garantir o bom funcionamento da sua instituição de educação superior (IES) e dos cursos oferecidos, organização e estratégia são palavras-chave. E ambas se encaixam no planejamento educacional.
Um bom plano é capaz de trazer muitos benefícios para sua instituição, como entregar uma melhor qualidade de ensino para estudantes, reduzir custos e otimizar as dinâmicas de trabalho entre docentes e outros colaboradores.
Quer saber o que é o planejamento educacional, quais suas finalidades, tipos, dimensões e como montar o plano da sua IES? Continue a leitura e descubra!
O que é planejamento educacional?
O planejamento educacional é um plano que define atividades e ações futuras da IES. Ele é obrigatório para as instituições, uma exigência do MEC.
Entretanto, esse documento não deve ser encarado como uma obrigação burocrática. Mas sim, como o guia que orienta todas as ações e tomadas de decisão da IES.
Ele é responsável pela delimitação de ações que vão da gestão da IES ao dia a dia na sala de aula. Assim, o planejamento educacional envolve diferentes profissionais da IES.
Finalidades do planejamento educacional
O planejamento educacional não serve apenas como um documento a ser entregue ao MEC. Sua finalidade primária está relacionada ao quê precisa ser ensinado nos cursos de sua IES, como e porquê.
O planejamento auxilia as equipes a racionalizar o processo de construção pedagógica a partir de movimentos coordenados, o que permite uma maior contextualização dos conteúdos à realidade social, por exemplo.
O processo de pensar as diretrizes educacionais da IES faz com que haja um processo consciente de tomada de decisões, o que beneficia o aprendizado dos alunos e a experiência de trabalho dos professores.
Com o planejamento educacional é possível criar articulação entre o trabalho desses docentes e as diretrizes e cultura da IES, além das exigências legais, o perfil dos estudantes e as questões contextuais.
Além disso, é possível traçar um caminho pedagógico e atividades que envolvam processos de coordenação e organização, assim como facilitar uma possível alteração, para se adequar às mudanças necessárias com o passar do período acadêmico.
E por falar em alterações, a atualização de conteúdos deve ser feita sempre que necessário, para aperfeiçoar os métodos de ensino e acompanhar os progressos observados em sala de aula.
Pensar os recursos utilizados, continuamente, é uma forma de mostrar que sua IES está alinhada às necessidades e demandas dos alunos.
Com o planejamento educacional, tanto os professores quanto os alunos ficam resguardados de participarem ou ministrarem aulas improvisadas ou que estejam conectadas com um único material didático, o que pode se tornar cansativo.
A verdade é que uma aula mal planejada não é legal para ninguém, nem para quem assiste, nem para quem ministra. Um planejamento auxilia na preparação das aulas, com a seleção de material didático adequado, seguindo um cronograma pré-estabelecido.
A adequação sociocultural é um fator muito importante para gerar identificação e evitar dificuldades que podem levar a uma maior evasão acadêmica. O planejamento educacional possibilita adaptar os conteúdos ao perfil dos alunos, tornando-o personalizados, contextuais e cada vez mais interessantes.
Características imprescindíveis do planejamento educacional
A seguir, confira algumas características do planejamento educacional:
1. Ser sequencial e progressivo
Essas são características muito importantes para um planejamento educacional. Assim como o semestre ou ano letivo se desenrola de determinado modo, o plano precisa contemplar uma ordem lógica.
Essa continuidade garante que o conteúdo desenvolvido em uma aula ou unidade estejam conectados aos demais passos na caminhada acadêmica daquele período. É a arte de criar costuras entre os tópicos que possibilita um percurso melhor estruturado.
Entre as fases ligadas a esse processo estão a preparação e exposição das aulas, além da aplicação de tarefas e avaliações. Por isso, uma aula nunca deve ser preparada de forma isolada, assim como uma unidade letiva, ou um curso em si.
Alguns conhecimentos prévios são necessários para acessar outras ferramentas educacionais, que são imprescindíveis para a prática profissional. Por isso é preciso que a sequência escolhida contemple a construção gradual das habilidades.
Para realizar um acompanhamento adequado da jornada de conhecimento dos alunos, é interessante que o professor avalie a assimilação da turma a cada tópico, o que pode dar pistas sobre os melhores métodos a serem empregados no próximo conjunto de conteúdos.
2. Ser objetivo e coerente
A objetividade não está necessariamente ligada a uma ideia de rigidez na aplicação de um planejamento educacional. Esse conceito está ligado à capacidade de conectar o planejamento a uma dimensão operacional em relação à realidade.
Isso inclui o entendimento de quais os recursos, materiais e imateriais, estão atrelados à IES e a sua comunidade acadêmica. Conhecer o perfil do corpo discente, docente, empregados operacionais e administrativos é essencial nesse processo.
Para que isso seja possível, é preciso estabelecer os objetivos gerais e específicos que irão guiar a construção dos métodos e as costuras que precisam ser feitas entre os conteúdos, além de ajudar a estabelecer os melhores caminhos de avaliação.
3. Contemplar vários níveis
Para que um planejamento educacional seja bem preparado, é preciso que ele considere alguns níveis de organização: sistema nacional, escola, ensino e aula. O plano educacional do sistema diz respeito ao país, em uma dimensão coletiva dos objetivos educacionais.
O plano da escola é onde o projeto pedagógico mais amplo é expresso. Ou seja, no planejamento da escola é onde estarão demonstradas as relações da instituição com o projeto de ensino.
O plano de ensino, em si, é o documento que irá conter grande parte das informações que serão um guia para o ano ou semestre letivo.
Ele abrange os objetivos gerais e específicos, dispositivos metodológicos, as tarefas a serem realizadas, etc. Esse documento é sequencial, e contempla o conjunto de aulas, e portanto imprescindível para embasar o próximo nível do planejamento educacional.
O plano de aula é onde todo o planejamento educacional será colocado à prova, na vivência das salas de aula. O plano de ensino, neste caso, é esmiuçado, gerando o plano de cada aula. Nessa etapa deve ser feito o detalhamento de tópicos gerais, e como eles podem ser aplicados.
4. Prever flexibilidade
Como dissemos anteriormente, a estruturação adequada de um plano não pode estar relacionada a uma ideia de rigidez. Um bom planejamento educacional compreende a possibilidade de ampliar a visão, a partir da vivência.
É na prática que sua aplicabilidade vai ser colocada à prova. Um planejamento bem estruturado deve poder ser alterado, sem causar grandes prejuízos à sua ideia geral, quando ela ainda faz sentido.
É importante ressaltar que o planejamento a nível nacional não necessariamente sofrerá tantas transformações como o plano de aula. Mas nada impede que os feedbacks dos planejamentos em níveis mais baixos inspirem transformações em níveis mais altos.
5. Preconizar percurso metodológico
A descrição dos métodos é um passo muito importante do planejamento educacional. Para que a aplicação e replicação seja mais viável, ter a metodologia de uma forma mais elaborada é essencial.
Mas o que podemos entender por um desenho metodológico? A preparação dos assuntos a serem trabalhados na formação, seu desenvolvimento, as formas de estudo, como são aplicadas as tarefas de casa e das aulas.
Para que seja eficaz, essa parte do planejamento deve conter quais os métodos e procedimentos serão utilizados, além do material didático necessário. A delimitação de tempo das atividades deve prever a necessidade dos estudantes, mas essa parte pode ser modificada de acordo com a demanda.
A avaliação das turmas é parte da metodologia, mas para cada passo o educador pode fazer um balanço do que funcionou e do que é possível alterar.
Para facilitar o planejamento metodológico, é possível criar modelos de aula, como as expositivas, discursivas, de atividades, de estudos dirigidos, aulas práticas, etc. Isso cria um certo padrão de funcionamento, que pode orientar os docentes.
Quais as dimensões do planejamento educacional?
É importante ter em mente que o planejamento educacional se estende por diferentes dimensões dentro e fora das instituições.
As quatro principais dimensões do planejamento educacional são inter-relacionadas e englobam níveis que variam do micro ao macro, estão dentro e fora do controle da IES.
Vamos saber mais sobre cada uma dessas dimensões:
1. Planejamento do sistema educacional
Essa dimensão trata do nível mais macro de um planejamento educacional. Ela se refere ao plano de todo o sistema de educação do país.
Assim, no caso do Brasil, essa dimensão do planejamento educacional está relacionada ao Ministério da Educação (MEC) e suas Diretrizes Curriculares Nacionais, às Secretarias de Educação e às determinações a nível estadual e municipal.
De forma geral, esse planejamento tem o objetivo de melhorar a qualidade na educação superior do país, delimitando as ações que podem ou não ser tomadas a um nível micro pelas instituições.
Vale lembrar que para fazer seu plano educacional interno, a IES não pode fugir das determinações e planejamentos do MEC, bem como da legislação que rege a educação no país.
2. Planejamento escolar
Por falar nos planos internos, o planejamento escolar é a dimensão realizada no âmbito da IES. Ele é caracterizado pela organização das ações de ensino e aprendizagem da instituição e deve avaliar a atividade escolar de forma política, científica e técnica.
Para efetuar um bom planejamento escolar a IES deve considerar critérios como:
- Objetivos
- Valores
- Conteúdos
- Atitudes
- Modos de agir, entre outros.
Para determinar esses pontos e o plano escolar, a instituição deve contar com o apoio coletivo de diferentes profissionais internos. Ademais, é importante ter em mente que esse planejamento não é definitivo. Dessa forma, é preciso refletir a seu respeito com frequência para alinhá-lo às realidades da IES.
3. Planejamento curricular
Nesse nível, o planejamento educacional é focado na vida escolar dos alunos da instituição, seus percursos de ensino e nas orientações para guiar os estudantes durante seus cursos.
Assim, o planejamento curricular também considera as experiências de aprendizagem dos alunos e as oportunidades a serem oferecidas de diferentes formas, desde matérias obrigatórias, seguindo as diretrizes nacionais, até as atividades complementares e extracurriculares.
Podemos citar como elementos neste nível de planejamento o conhecimento da realidade escolar, os objetivos em relação ao aprendizado, os conteúdos a serem repassados e discutidos em sala, a metodologia de ensino, recursos e atividades a serem aplicadas, além das avaliações, que funcionam como parte das métricas do planejamento.
4. Planejamento do ensino
O plano do ensino é o nível mais micro do planejamento educacional. Ele trata especificamente das atividades realizadas em sala de aula, desenvolvidas pelos professores e alunos no dia a dia da IES, inclusive do plano de aula.
Para efetuar um bom plano de ensino, devemos considerar a realidade concreta dos contextos de ensino, respeitando as outras dimensões de planejamento.
Quais são os tipos de planejamento educacional?
Já apresentamos as dimensões do planejamento educacional e como elas se relacionam. E agora, que tal conhecermos as duas principais formas de efetuá-lo?
Os tipos de planejamento variam de acordo com o grau de participação dos integrantes da IES na tomada de decisões. Confira:
Planejamento participativo
Neste tipo de planejamento, todos os envolvidos nos processos da IES devem ser ouvidos. Isso é válido para membros do corpo docente, para os demais colaboradores, bem como para os estudantes e demais envolvidos na comunidade em que a IES está inserida.
O objetivo deste tipo de planejamento é sua construção coletiva e os diálogos decorrentes disso. A transformação da realidade a partir da ponderação dos envolvidos permite a análise de uma situação a partir de perspectivas diferentes, o que enriquece o processo.
Para que um planejamento participativo ocorra de forma adequada, ele deve contemplar três fases principais. São elas: preparação, acompanhamento e revisão. Quando essas fases se encerram, os aprendizados e percepções embasam o novo ciclo de planejamento.
Um bom jeito de começar é mapeando os problemas que farão parte do planejamento, setorizando as questões por ordem de importância e o público ideal para auxiliar na construção coletiva.
Planejamento estratégico
Neste processo, a quantidade de pessoas envolvidas é reduzida, pois, apesar de ouvir outras pessoas, apenas um indivíduo possui o controle da tomada de decisão.
Este é um tipo de planejamento que contempla vários níveis de gestão, como uma verdadeira ferramenta de negócios. Isso se torna muito importante nas IES em que a gestão financeira é parte do dia a dia, como nas instituições privadas.
Todo gestor de IES sabe que a qualidade do trabalho e ensino disponibilizados estão diretamente conectados à disponibilidade de recursos para destinar às atividades da instituição, logo, ter um planejamento escolar que contemple uma estratégia de negócios é essencial.
Mais organização, a nível financeiro e administrativo, reflete em um trabalho mais direcionado para os professores, além de mais segurança para os alunos que contratam os serviços da instituição de educação superior.
Quem deve fazer o planejamento educacional?
Como demonstrado, os indivíduos envolvidos no planejamento educacional da sua IES variam de acordo com o tipo de planejamento que você deseja adotar.
Entretanto, independente de uma abordagem participativa ou estratégica, é muito importante que a direção e o corpo docente sejam escutados durante o processo.
Colher a opinião e feedbacks dos alunos sobre suas experiências educacionais também pode gerar insights interessantes para seu planejamento.
Quais são os passos para montar um planejamento educacional?
Além de escolher a que tipo de planejamento educacional a IES irá aderir, é importante ter conhecimento sobre os principais passos para montar sua estratégia. Para te auxiliar nessa jornada, elencamos pontos principais. Veja quais são:
1. Reúna as equipes e partes envolvidas nos processos da educação oferecida pela sua IES
O planejamento educacional é um momento em que o dissenso pode ser utilizado para a construção de um planejamento mais realista e adequado para a sua instituição de educação superior.
Ao reunir partes interessadas no processo educacional da sua IES, é possível criar um ambiente de trocas e evitar a sensação de baixa representatividade em relação às diretrizes e ações da instituição.
Se não for possível reunir representantes de todas as partes interessadas, utilize feedbacks enviados anteriormente ou realize uma pesquisa de satisfação sobre a IES, seus docentes, métodos, etc.
2. Siga as diretrizes do MEC
A autonomia das IES em propor seu método e plano de trabalho é garantida, desde que sua proposta não viole as legislações que normatizam sua atuação. A escolha das disciplinas e suas bases curriculares, por exemplo, deve obedecer a um escopo de formação profissional daquela área.
E não é apenas as normas do Ministério da Educação que regem o trabalho em instituições de educação. Além disso, é preciso observar legislações estaduais e municipais que podem afetar não só questões relacionadas à gestão, mas também à estrutura física da IES.
A busca pelas melhorias que seu segmento precisa, aliada à observação de padrões normativos e legais, pode elevar a qualidade do planejamento educacional e, consequentemente, da qualidade do serviço prestado pela IES.
3. Recolha dados e informações sobre a realidade da IES e o contexto em que ela está envolvida
Compreender o cenário em que está envolvido é essencial para traçar quaisquer planos e metas, além de ser um princípio para o bom planejamento educacional. Se sua IES possuir uma pesquisa ou outros dados sobre a comunidade acadêmica, é preciso apresentá-los.
Além disso, é necessário compreender as implicações sociais, organizacionais e demais fatores de impacto no dia a dia da instituição. Isso delimita o poder de suas ações de forma mais precisa.
4. Defina questões importantes para o funcionamento da IES
Algumas informações são essenciais para o planejamento escolar, entre elas está a delimitação de um calendário que cumpra as obrigações legais da instituição.
Além do horário e datas de início e fim das atividades letivas, é preciso definir datas de entregas de resultados, aplicações de avaliação, etc. A duração das aulas também definirá o período regular para um estudante concluir sua formação.
5. Compare a realidade atual com os planejamentos anteriores
As experiências anteriores, de planejamento e aplicação na rotina da IES, pode ser um bom passo para evitar a reincidência de erros. Essa é uma oportunidade ímpar de aprendizados.
Para facilitar o processo de revisitar os planejamentos anteriores, é possível criar documentos específicos para anotações sobre as tentativas, erros e acertos. A cada período, guarde as informações que foram imprescindíveis para os bons resultados.
6. Defina metas e objetivos para o novo planejamento
Pode até parecer óbvio, mas o estabelecimento de metas e objetivos precisa ser claro e compartilhado pelos profissionais que irão aplicar o planejamento. Para que isso ocorra, também precisamos de uma dose de realidade.
Entender quais metas e objetivos são alcançáveis e quais não pode evitar que a equipe se sinta desestimulada. Para isso, invista no conhecimento profundo sobre as habilidades e potencialidades da sua comunidade acadêmica.
É importante lembrar que a criação de objetivos e metas precisa constar no planejamento com previsões de execução.
7. Durante a execução do novo planejamento, colha feedbacks constantes e promova revisões com regularidade
E por falar em acompanhamento de metas, esteja sempre atento à execução do seu planejamento. Estabeleça métricas, formas de mensurar o sucesso das ações de sua IES.
Pense em formas de mensurar sucesso que contemplem setores diferentes. Isso quer dizer que apenas as avaliações dos estudantes não são pistas suficientes. Colete informações de todo o corpo docente, discente, e da comunidade acadêmica como um todo.
Assim como é preciso estar atento para a revisão dos métodos, objetivos e metas, é preciso entender quando uma forma de medir resultados também não retorna frutos esperados. Esteja aberto e orientado para agir nesses casos.
Esses passos valem tanto para o plano de ensino, quanto para o plano curricular e escolar. E é importante lembrar que todos eles estão relacionados e devem estar de acordo com o planejamento do sistema de educação.
Esperamos que este conteúdo sobre planejamento educacional tenha sido útil para você e sua instituição. E não se esqueça: os planos da sua IES são considerados para a avaliação do Ministério da Educação. Que tal descobrir agora 8 dicas para garantir a qualidade na educação superior em sua IES?