Para estar à frente no que diz respeito à transformação digital na educação, os educadores do ensino superior também precisam resgatar a vontade dos alunos na busca pelo conhecimento.
Isso fica evidente em dados revelados na pesquisa Tendências de oferta, matrícula e evasão no ensino superior, mostrando que 66% dos estudantes estão insatisfeitos com as aulas assíncronas e 79% com as aulas síncronas.
Portanto, cada vez mais se faz necessário que o docente reinvente sua prática pedagógica, de modo que as instituições possam se comunicar de acordo com a realidade dos discentes.
Nesse sentido, o plano de aula ensino superior precisa fazer uma ponte entre as competências exigidas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e as necessidades dos alunos. Assim, o ensino oferecido pela Instituição de Ensino Superior (IES) passa a ter mais valor e retorno.
Quer saber como atrair mais a atenção dos alunos por meio de um plano de aula ensino superior eficiente? Neste artigo, vamos esclarecer o que ele é, qual a sua importância nas aulas e os passos para a sua elaboração. Acompanhe!
Saiba mais: Ferramentas síncronas e assíncronas
O que é o plano de aula ensino superior?
O plano de aula para ensino superior é um documento elaborado pelo professor para dar sequência ao plano de ensino do curso.
Nele, são feitos apontamentos de como será lecionada a disciplina de determinado curso naquele dia. Logo, sua estrutura constitui:
- O cronograma de ensino;
- O que será ensinado;
- Quais serão os métodos utilizados;
- Como será avaliada a aprendizagem dos alunos.
Todos esses itens servem como uma espécie de roteiro para o professor elaborar as suas aulas, com foco no que realmente é necessário para o aprendizado da turma.
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Quais são os objetivos do plano de aula no ensino superior?
O objetivo-chave de um plano de aula consiste em realizar a distribuição do conteúdo programático a ser trabalhado ao longo de uma disciplina. Neste plano, o docente pode detalhar o número de aulas necessárias para tratar sobre os temas pretendidos, por exemplo.
No entanto, mais do que isso, o plano de aula para ensino superior descreve com minúcia os elementos necessários para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
Entretanto, os professores não devem se restringir ao plano de aula. Muito pelo contrário, devem revisá-lo constantemente e se afastar do que foi planejado inicialmente caso seja necessário.
Isso quer dizer que, se o docente indicou que um número de horas “X” seria determinado ao estudo de um tema mas, ao longo do processo de ensino-aprendizagem, entendeu que precisaria se aprofundar mais no assunto, ele pode fazer isso sem se preocupar em seguir o plano “à risca”.
É importante que se tenha em mente que o plano de aula deve guiar e facilitar o trabalho dos docentes, e não restringi-lo.
Qual é a importância de um plano de aula?
Além de guiar o aprendizado dos estudantes, o plano de aula no ensino superior também pode servir de análise e reflexão quanto às aulas realizadas, consequentemente, encaminhando o docente às novas pesquisas.
Assim, o plano de aula no ensino superior pode ser uma ótima maneira de obter um diagnóstico de aprendizagem e avaliar os métodos de ensino, servindo de apoio para a busca de melhorias para o professor.
Afinal, se o objetivo das aulas não for alcançado, é possível entender o que de fato possa ter dado errado e reavaliar as metodologias utilizadas.
Qual a diferença entre plano de aula e plano de ensino?
Enquanto o plano de ensino abrange uma visão macro de uma determinada disciplina, o plano de aula consiste em uma espécie de roteiro de cada aula. Ou seja, olha com um microscópio para o plano de ensino e o fragmenta, gerando uma visão aproximada do que será trabalhado em sala de aula no dia a dia.
A partir do plano de aula, o professor poderá sistematizar o conteúdo a ser abordado em cada encontro com a turma, indicando os objetivos, metodologia e bibliografia utilizados nas respectivas aulas.
Qual a relação entre o currículo e o plano de aula?
O currículo também está relacionado ao planejamento de aula, dado que trata da organização metodológica dos conteúdos que serão tratados em classe. Ele ajuda a determinar o caminho que será percorrido pelos alunos durante um curso, funcionando como um guia.
Aliás, a palavra currículo vem do latim “currere”, que significa rota ou caminho. O conceito vai exatamente ao encontro da proposta do currículo escolar, que é organizar a trajetória de ensino, a fim de levar o estudante ao pleno desenvolvimento.
9 passos para elaborar um plano de aula para o ensino superior
Antes de começar a escrever o plano de aula do ensino superior, é importante que o professor reflita sobre algumas questões.
Primeiro, é necessário ter clareza de quem é o seu aluno e o que ele pretende aprender com as aulas. O professor deve pensar sobre quais são as habilidades e competências que o estudante precisa desenvolver e como a aula se propõe a auxiliá-lo. Isso ajudará a entender o seu público e a desenvolver os próximos passos do plano de aula.
Agora, confira como elaborar um plano de aula visualizando os 9 itens que não podem faltar na elaboração desse documento.
- Título da disciplina;
- Carga horária;
- Ementa;
- Objetivos;
- Justificativa;
- Metodologia;
- Conteúdo programático;
- Avaliação;
- Referências.
1. Título da disciplina
O plano de aula do ensino superior segue um formato específico. Sua construção começa com as informações básicas de identificação da matéria ofertada pelo professor.
Nesse caso, é preciso inserir as seguintes informações:
- Nome do curso;
- Nome ou título da disciplina;
- Seu respectivo código;
- Ano e semestre da turma;
- Período em que as aulas ocorrem;
- Nome do professor.
2. Carga horária
O próximo passo tem relação com as informações básicas que devem constar no plano. A carga horária apresenta, portanto:
- O número de créditos;
- O horário das aulas;
- A carga horária semanal e semestral da disciplina.
3. Ementa
A ementa traz os pontos essenciais sobre o conteúdo estabelecido no Projeto Político-Pedagógico do curso. Ou seja, ela deve seguir a linha pedagógica adotada pela IES, indicando o escopo e foco da matéria ofertada. Portanto, a ementa não pode ser alterada pelo professor sem antes passar pela aprovação da coordenação do curso de graduação.
Para formular uma boa ementa, busque utilizar frases curtas e objetivas. Ela deve conter em torno de um parágrafo, com quatro ou cinco linhas.
4. Objetivos
O objetivo geral e os específicos presentes no plano de aula do ensino superior têm a função de tornar possível a execução da ementa. O primeiro conta com um plano mais amplo ao longo da matéria, já os últimos são abordados e acompanhados nas aulas.
Para isso, são detalhados os conteúdos e competências que os alunos deverão conhecer, compreender, debater e analisar na disciplina.
Eles devem ser expostos em forma de tópicos e iniciados com verbos que exprimem ação.
5. Justificativa
Esse tópico visa responder o porquê serão trabalhados determinados conteúdos com os alunos. Ou seja, são buscadas respostas sobre o motivo de se desenvolver determinados assuntos naquela aula.
6. Metodologia
Nessa parte, é apresentado um conjunto de estratégias pedagógicas que serão utilizadas pelo professor para facilitar o processo de aprendizagem.
Os recursos e metodologias aplicados devem atender à explicação dos conteúdos, o tempo das aulas e às particularidades de cada turma.
Veja alguns exemplos de metodologias:
- Aulas expositivas, demonstrativas e práticas;
- Estudo de caso;
- Leituras;
- Debates e seminários;
- Trabalhos em grupo;
- Trabalhos em campo;
- Visita técnica;
- Jogos colaborativos e outros.
Leia também: Metodologias ativas no ensino superior: como funcionam e como desenvolver
7. Conteúdo programático
Outro item importante que o professor deve inserir no plano de aula do ensino superior diz respeito aos conteúdos apresentados na ementa. Isso pode ser feito com a organização e hierarquização dos assuntos, que podem ser trabalhados em módulos.
Assim, os temas devem ser divididos em pontos a serem abordados na disciplina.
É por meio da exposição e da exploração dos conteúdos que o professor conduz o aprendizado dos alunos.
8. Avaliação
As avaliações contempladas no plano de aula do ensino superior nada mais são que as formas de medir a aprendizagem dos estudantes na disciplina.
Nesse item do plano, os professores devem especificar e detalhar quais são os critérios e informações sobre as avaliações, como:
- Quais provas, trabalhos e exercícios serão realizados;
- As respectivas notas;
- As datas programadas.
9. Referências
Por fim e não menos importante, as referências de todos os materiais ou fontes de pesquisa, que servirão de base teórica para consulta e leitura dos estudantes, também devem constar no plano de aula ensino superior.
Elas podem ser divididas em:
- Básica: bibliografias obrigatórias que servem de base para o entendimento da disciplina;
- Complementar: trazem informações adicionais e têm o objetivo de enriquecer a bibliografia básica.
Leia também: 8 dicas para escolher bibliografia básica e complementar em sua IES
Como elaborar uma plano de aula no ensino superior para EAD?
O plano de aula pensando para o ambiente digital é útil não só para a organização dos docentes, mas também para o preparo prévio dos estudantes. Estes têm a possibilidade de se anteciparem às aulas e começarem os estudos por conta própria.
Ou seja, eles podem estudar com antecedência e, assim, otimizar a sua participação no momento da aula. Confira, a seguir, 4 passos importantes na hora de elaborar uma plano de aula no ensino superior a distância (EAD)!
- Conheça o público-alvo;
- Explore a tecnologia;
- Crie um cronograma e estabeleça prazos
- Aprofunde-se em diferentes métodos avaliativos
1. Conheça o público-alvo
Todo professor sabe que cada estudante é único. Pensando nisso, na hora de iniciar a elaboração do plano de aula, o docente deve refletir sobre os discentes que compõem o seu público-alvo.
É preciso considerar o contexto cultural e socioeconômico da turma, de modo que se garanta a abordagem mais apropriada para uma aula eficaz.
2. Explore a tecnologia
Nas aulas online, os alunos podem encontrar mais pontos de distrações, capazes de fazê-los perderem o foco no momento de aprendizado.
Por isso, cabe ao educador pensar em atividades práticas, dinâmicas e interativas – explorando o potencial dos recursos tecnológicos a seu dispor –, a fim de garantir a atenção e participação da turma.
Os professores devem compreender quais são as ferramentas disponibilizadas pela IES e como usá-las da melhor maneira durante as aulas. Também podem buscar por opções que julgarem convenientes, como plataformas que permitam a criação de conteúdos gamificados.
Confira: os benefícios da gamificação na educação
3. Crie um cronograma e estabeleça prazos
Assim como no plano de aula para ensino presencial, o planejamento focado na educação a distância também precisa contar com a estruturação de um cronograma.
Trata-se de uma ferramenta importante para determinar os prazos que os alunos terão para entregas as atividades propostas, assim como o período destinado para a abordagem de cada tema, de acordo com a sua complexidade.
Tal cronograma deve estar alinhado tanto ao calendário da própria IES quanto às necessidades específicas de cada turma.
4. Aprofunde-se em diferentes métodos avaliativos
A avaliação online ajuda a examinar o conhecimento do estudante a partir de testes e atividades realizados no ambiente virtual. Como são aplicadas por meio de tecnologias de informação e comunicação (TICs), elas apresentam um amplo espectro de possibilidades.
É possível que as IES invistam em métodos avaliativos diversificados, englobando todo o ciclo de aprendizagem. Alguns exemplos de métodos avaliativos que podem ser aplicados online são:
- Apresentações orais;
- Autoavaliação;
- Cumprimento de tarefas em plataformas digitais de aprendizagem;
- Desenvolvimento de projetos colaborativos online;
- Participação em fóruns;
- Provas discursivas;
- Testes gamificados, entre outros.
Há, inclusive, a possibilidade de se propor que os alunos realizem entregas em pequenas etapas, que os ajudem a cumprir todo o processo, como acontece com a aplicação de trilhas de aprendizagem, por exemplo.
Bem, neste último bloco, nos aprofundamos em alguns aspectos especialmente relevantes para o plano de aula EAD.
Contudo, assim como no plano de aula para ensino presencial, outros pontos – apresentados anteriormente – também devem ser observados, como as metodologias empregadas e as referências utilizadas pelo docente.
Esperamos que este conteúdo possa ajudar você na elaboração do seu plano de aula ensino superior. E para desenvolver, de fato, um ensino de qualidade em sua IES, não deixe de conferir o nosso artigo sobre a importância do plano de nivelamento de aprendizagem!