A crise financeira instalada a partir de 2014 também alcançou o âmbito universitário. Por isso, manter-se competitivo nesse cenário tão desafiador exige olhar estratégico para a avaliação de instituições de ensino superior como forma de embasamento para uma tomada de decisão eficaz.
Pensando nisso, vamos apresentar neste texto informações que justificam a avaliação de instituições do ensino superior como fator crucial para as estratégias de negócio das IES privadas. Além disso, vamos explicar como a gestão data-driven pode contribuir para melhores resultados nos negócios.
Mas, antes, é preciso entender os números. Vamos lá?
O cenário das IES privadas
Segundo o Censo da Educação Superior de 2016, das 2.407 IES brasileiras, 87,7% são privadas e detêm 75,3% das matrículas. Do total de IES, incluindo as públicas, apenas 8,2% são universidades — mas concentram 53,7% dos cursos de graduação.
Por outro lado, as faculdades correspondem a 83,3% do total de IES, mas contêm apenas 26,7% das matrículas. Centros universitários expressam 6,9% das instituições, com 17,6% dos alunos matriculados. Os últimos 1,7% são de IFs e Cefets, com 2% das matrículas na graduação.
O Censo 2016 ainda aponta que as IES oferecem em média 14 cursos de graduação e apenas 2,4% delas tem uma grade com mais de 100 cursos. Isso significa que instituições privadas de médio e pequeno porte prevalecem no cenário brasileiro.
Completando esse contexto altamente competitivo para as IES privadas, as matrículas na educação superior em geral têm apresentado desaceleração. Desde 2006, o número de matrículas em cursos de graduação e sequenciais vinha aumentando em média 5% ao ano. Mas essa porcentagem começou a cair a partir de 2014 e o ingresso de novos alunos atingiu inexpressivos 0,2% entre 2015 e 2016 — uma estagnação inédita.
Esses dados foram colhidos no momento no auge da crise. É possível que o próximo levantamento do INEP/MEC apresente números mais favoráveis, uma vez que o governo federal, ainda no primeiro semestre de 2017, já projetava retomada do crescimento econômico.
Mas, diante desses números, é preciso abandonar a intuição e abrir os olhos para o volume de dados produzidos na IES e transformá-los em informações pertinentes à tomada de decisão.
De olho nos indicadores do MEC
Com base no Exame Nacional do Desempenho dos Estudantes (Enade), o MEC criou indicadores que atestam a qualidade das IES e de seus cursos. Como é sabido, uma avaliação negativa pode levar o MEC a aplicar ações corretivas e, até mesmo, a abrir processos administrativos que culminem com o fechamento dos cursos mal avaliados.
Todavia, uma avaliação positiva traz inúmeros benefícios para as IES. Por exemplo:
- é critério para participação nos programas federais de concessão de bolsas de estudo e de fomento à pesquisa;
- estimula o engajamento da comunidade estudantil e o reconhecimento do corpo docente;
- eleva a reputação da IES, melhorando sua imagem perante seu público e a sociedade;
- possibilita melhor posição em rankings universitários, como o Ranking Universitário Folha (RUF);
- no marketing educacional, é um dado de valia para exploração publicitária e captação e novos alunos.
Enade pode ajudar na gestão da IES
O Enade é o indicador que tem o maior peso na avaliação de uma IES. Sozinho, corresponde a 55% do Conceito Preliminar de Curso (CPC).
Além de atestar a qualidade dos cursos, o Enade revela uma série de outros dados importantes sobre a universidade.
Por meio do questionário socioeconômico dos alunos ingressantes, por exemplo, é possível compreender algumas lacunas de aprendizagem e tomar as devidas providências para evitar a alta evasão escolar, que chegou a 49% em 2014, segundo o Ministério da Educação.
Além disso, os alunos concluintes que prestam o Enade expressam oficialmente a opinião deles a respeito da organização pedagógica de seu curso, da capacitação do corpo docente e da infraestrutura da instituição.
Assim, junto aos demais indicadores, o Conceito Enade representa importante ferramenta de feedback para a IES. E como os conceitos são públicos, as instituições podem se comparar, fazendo um cruzamento de cenários, o que possibilita ampla reflexão a respeito da gestão institucional e posicionamento de mercado.
A avaliação como ferramenta estratégica
Mangolin, Meyer e Pascucci (2012) afirmam que o ambiente universitário está em um processo de transformação e que novas abordagens de gestão, como o planejamento estratégico, estão ganhando cada vez mais espaço.
Para tanto, a avaliação de instituições de ensino superior deve ser encarada como mecanismo para um acompanhamento sistemático dos dados gerados pela instituição e seus públicos. O objetivo é ampliar a precisão do diagnóstico sobre a atuação da IES.
Esse monitoramento é importante, não apenas para a comunidade acadêmica, mas principalmente para compreender o real posicionamento da instituição em relação ao mercado e à opinião pública.
Com isso, essas informações devem servir de parâmetro para que as universidades possam responder aos desafios que lhes impõem um novo contexto econômico, social e tecnológico e se manterem atuantes num ambiente competitivo (Mangolin, Meyer e Pascucci, 2012).
Big Data e a gestão data-driven
Nos últimos anos, empresas dos mais diversos segmentos têm implantado formas de otimizar seus processos a fim de aumentar seu desempenho e evitar perdas financeiras. Entre elas está o Big Data, que pode ser usado por praticamente todas as áreas e atividades.
Segundo a revista norte-americana Forbes, esse termo pode ser definido como “uma coleção de dados de fontes tradicionais e digitais, de dentro e de fora da empresa, que representa uma fonte para descoberta e análise contínuas”.
Ao Big Data está associada a inteligência de dados. Com a implantação de sistemas de informação que possibilitam a integração de dados de todos os setores e processos da IES, é possível traçar ações para melhor experiência do aluno dentro da instituição e reconhecer de forma personalizada cada um dos estudantes.
Em ambientes virtuais de aprendizagem, por exemplo, é possível verificar a interação do aluno com seu curso, onde residem suas maiores dúvidas e quais tipos de conteúdo podem ser incrementados, a fim de garantir pleno engajamento do estudante.
Além disso, com base em interações online entre os alunos e a universidade, é possível até mesmo reestruturar o percurso do projeto pedagógico. E, inclusive, antever situações que levem à desistência do curso.
O mesmo vale para o marketing. Ao utilizar os meios digitais, como redes sociais, blogs, anúncios em aplicativos etc., o internauta deixa um rastro de informação que pode ser usado para traçar a jornada do aluno em potencial.
De posse dessas informações, as campanhas institucionais podem ser direcionadas a grupos específicos de vestibulandos. A partir disso, todo o processo de conversão dos aprovados em matrículas reais fica mais claro, pelo fato de o marketing saber para quem está falando.
Além disso, a gestão data-driven pode combinar os dados de Big Data com outras formas analógicas de avaliação institucional que contemplem com amplitude o complexo contexto das IES.
Alguns exemplos de formas de autoavaliação podem abrigar ações do tipo:
- utilização de canais de comunicação para ouvidoria;
- pesquisas de satisfação;
- observação do engajamento dos alunos nas atividades acadêmicas;
- produção científica do corpo docente;
- análise dos rankings universitários brasileiros e internacionais;
- foco na gestão democrática e participativa;
- análise da inadimplência;
- estudo da taxa de evasão;
- benchmarking educacional;
- além dos já citados indicadores do MEC.
As estratégias de avaliação de instituições de ensino superior são uma oportunidade para as entidades educacionais diagnosticarem pontos críticos de maneira efetiva. Com isso, é possível redefinir caminhos rumo à transformação de sua realidade e realinhar sua missão pedagógica com as tendências de mercado.
Assim, convidamos você, gestor, a conhecer a ferramenta online Resultado Enade, desenvolvida pela Saraiva Educação. Ela vai auxiliá-lo, de forma prática, a enxergar as informações relativas ao Conceito Enade e demais indicadores do MEC, além de permitir a comparação da sua IES com a concorrência. E melhor, gratuitamente! Experimente e inclua o Resultado Enade na sua gestão estratégica.