Na última década as formatações clássicas de ensino, também chamados “métodos tradicionais”, sofreram adaptações e mudanças na relação entre professor e aluno. Migramos da visão do docente como legítimo proprietário do conhecimento para a visão do direcionador/articulador do conhecimento.
Todavia, a tecnologia e a alta conectividade transformaram o acesso à informação e conhecimento, elevando-se para outro patamar. Os inúmeros repositórios textuais compartilhados digitalmente, sites especializados, bibliotecas digitais e produções audiovisuais disponíveis 24 horas, 7 dias por semana, são exemplos nítidos desta nova realidade.
Qual foi o impacto da alta conectividade de recursos digitais disponíveis para a educação? Certamente para profissionais da educação com foco empreendedor foi um marco a mudança e a busca de qualificação contínua para o engajamento dos alunos.
Em contrapartida, existe uma grande massa de educadores avaliando que nada mudou, com aulas aliadas à leitura de slides e textos prolixos. A didática em sala de aula baseada na retórica ativa do professor e passiva dos alunos ouvintes é um dogma (máxima), isto é, uma prática educacional que está longe de ser alterada.
A concorrência no ramo de serviços ou produtos educacionais nunca foi tão acirrada e a amplitude de recursos didáticos e objetos de aprendizagem digitais multiplicam-se a cada hora no mundo virtual. Neste cenário ouvimos alunos declarando as seguintes frases:
“Tudo está no Google professor!”; “Tem no Youtube a matéria bem explicada”.
Com certeza, tais frases devem ser levadas muito a sério, pois colocam em discussão a finalidade atual do profissional da educação, isto é, do professor que não se dedica o suficiente para superar a réplica de conteúdos científicos de fácil acesso na internet.
Desta forma, jogar contra ou subestimar o maior site de buscas/pesquisas do mundo e o maior repositório de vídeos de acesso livre e gratuito é uma ação perigosa por parte do docente. Omitir esse fenômeno também não resolverá o futuro da profissão de ser professor.
Mas, o que fazer agora? Existem práticas eficientes a fim de gerar resultados eficazes, dependendo da capacidade de adaptação às mudanças e aproveitamento dos benefícios tecnológicos para a educação.
Ao professor cabe desenvolver suas habilidades e competências assumindo a posição de legítimo autenticador/validador do conhecimento. A verdade e a falsidade científica no processo de aprendizagem dos alunos diante os inúmeros recursos didáticos disponíveis na internet devem ser dirigidas pelo professor em sua visão teórica e prática de ensino.
O nível de interatividade de conteúdos nas aulas ministradas pelo professor não está no Google e no Youtube, devendo estes recursos serem tratados como ferramentas efetivas de informação e não fonte exclusiva de conhecimento substituto do professor.
O docente com atitude empreendedora não lê ou descreve as matérias de forma elementar em sala ou nos encontros virtuais. Ele possui o talento de articular, dialogar e criar sentido dos conteúdos ministrados para a vida presente e futura dos alunos.
Os alunos cada dia mais digitalizados via smartphones e com acesso irrestrito à internet sabem que o conhecimento disponível nas buscas no Google e Youtube resolvem suas responsabilidades na aprendizagem, que exige apenas informação, sem articulação ou interatividade formatada pelo professor.
De outro lado, quando os alunos estão diante de situações-problema e articulações críticas para solução e argumentação dos conteúdos dirigidos pelo professor, a aplicação cognitiva faz todo sentido e cria o tão esperado engajamento, indo além da simples motivação ou responsabilidade de seguir o plano de aula conduzido pelo professor.
Ressalto novamente que o Google e o Youtube jamais devem ser subestimados, bem como as futuras tecnologias que emularão o mundo real no cenário virtual aliados à evolução da inteligência artificial. Será um desafio ainda maior para o professor em tempos de forte transformação no processo ensino-aprendizagem.
A inteligência educacional das instituições de ensino deve ser amplamente exigida para entender que mudanças exigem adaptações e a dinâmica prática das relações interpessoais é insubstituível se for aplicada de forma coesa e coerente pelo professor aos alunos.
Por fim, o relatório do Fórum Econômico Mundial em 2016 sobre as habilidades que todo profissional deveria ter até 2020 fazem sentido para todas as carreiras atualmente. Em especial ao professor no cultivo das habilidades “super-humanas” para a resolução de problemas complexos, criatividade, coordenação, inteligência emocional, tomada de decisões, gestão de pessoas, pensamento crítico, orientação para servir, negociação e flexibilidade cognitiva.
Certamente o desenvolvimento destas habilidades produz competências amplas para a interatividade dos conteúdos disponíveis no Google e Youtube no processo de ensino-aprendizagem.
Texto escrito por Givago Dias Mendonça, gestor EaD e docente