Estabelecer uma boa relação entre professor e aluno é fundamental para a construção do conhecimento de qualquer estudante, não importa a idade ou o nível de formação.
O processo de aprendizagem é uma dinâmica que exige o engajamento de todas as partes envolvidas, para compartilhamento de experiências e informações.
Mais do que nunca, é preciso criar uma relação de cooperação e respeito entre os docentes e os discentes, não de imposição.
O estudante deve ser tratado como protagonista na construção do seu conhecimento e estimulado a ter uma participação interativa em sala de aula.
Cabe ao educador mediar esse processo e, para isso, criar um ambiente saudável e instigante em classe.
Neste artigo, você vai ver como a relação entre professor e aluno impacta na educação e a importância de fortalecê-la em sua instituição de educação superior (IES).
A importância da relação entre professor e aluno para a aprendizagem
É provável que você tenha a referência de um professor que marcou a sua vida de alguma forma, seja no ensino básico ou no superior.
Quando uma relação de parceria e admiração é desenvolvida entre professores e alunos, o processo de ensino e aprendizagem se torna mais leve e prazeroso.
O educador, a partir de componentes motivacionais, relacionais e didáticos, deve estabelecer um ambiente propício para que o aluno aprenda com qualidade e leveza.
Sendo assim, estamos falando de uma relação que precisa ser pautada pela empatia e pela reciprocidade.
Isso significa que o professor é fundamental como a base desse relacionamento, que envolve o modo de falar, ouvir e compreender as necessidades dos alunos. De forma sensível, o educador pode mediar a construção do conhecimento e inspirar os estudantes.
Você já deve ter ouvido ou lido que a emoção interfere no processo de retenção de informação. As pessoas precisam de motivação para adquirir conhecimento, já que a atenção é imprescindível para a construção do saber. E mais: quando uma nova informação é associada a um conhecimento prévio, a formação de memória se torna mais efetiva.
É o que mostram investigações neurológicas recentes que tratam sobre o funcionamento cerebral.
Elas reforçam teorias como a do psicólogo Jean Piaget (1896-1980). Para ele, a afetividade – termo que prefere em relação à emoção – influencia os processos de aprendizagem, seja positiva ou negativamente. Ou seja, acelera ou atrasa o desenvolvimento intelectual.
Professor como observador
Para você ter uma ideia, durante um experimento realizado pela área de neurociência social da Universidade da Califórnia, o cérebro era examinado a partir de um aparelho de ressonância magnética enquanto voluntários jogavam um jogo eletrônico.
Na metade do jogo, uma dessas pessoas era excluída da brincadeira. Diante da descoberta sobre a eliminação, ela expressava um sentimento de raiva porque foi julgada e excluída.
O fato interessante aqui é que o estudo mostrou que a parte do cérebro responsável pelo sentimento de exclusão é a mesma que causa a dor. Desse modo, a rejeição provoca no cérebro o mesmo tipo de reação da dor física.
A situação é a mesma no âmbito educacional. Por isso, ao observar as emoções dos alunos, o professor pode entender como eles são afetados pelo meio ao seu redor. Se estão se sentindo instigados, apáticos ou negligenciados, por exemplo.
Trata-se de um modo de tentar construir uma relação mais produtiva com os estudantes, que favoreça a aprendizagem.
Está aí a importância de o processo de ensino ser interativo, inclusivo e baseado na empatia.
A importância da motivação
Para o psicólogo Lev Vygotsky (1896-1934), a cognição tem origem na motivação. Diante disso, mais do que transmitir conteúdos, a instituição de ensino – encabeçada especialmente pelo papel dos docentes, neste caso – deve motivar os estudantes.
Para tanto, o professor precisa realizar a proposição de atividades que instiguem a curiosidade e a criatividade dos alunos e os faça enfrentar desafios na busca por respostas.
Vale frisar que, ao desenvolverem a sua própria motivação, os educadores terão condições mais favoráveis de estimular a motivação dos estudantes. Segundo um estudo, essa pode ser definida como uma força interior que estimula, dirige e mobiliza a pessoa para uma ação com entusiasmo.
Desse modo, a ausência de motivação culmina em baixa qualidade na aprendizagem.
Os pontos fundamentais na relação entre professor e aluno
A seguir, apresentamos alguns pontos-chave da relação entre professor e aluno que contribuem para um ambiente motivante para o processo de aprendizagem.
1. Diálogo
O conceito de pirâmide da aprendizagem criado pelo psiquiatra americano William Glasser (1925-2013) indica que os alunos aprendem cerca de:
- 10% lendo;
- 20% escrevendo;
- 50% observando a escutando;
- 70% discutindo com outras pessoas;
- 80% praticando;
- 95% ensinando.
O diálogo, portanto, é determinante no processo de construção do conhecimento, uma vez que 70% do aprendizado está relacionado à interação com outras pessoas e 95% ao ato de ensinar.
Saiba mais sobre o conceito de educação dialógica!
É a partir do diálogo que o aluno analisa as situações e consegue chegar a conclusões.
Para o professor, uma possibilidade neste sentido é dar início a um novo conteúdo a partir de uma pergunta. Essa prática pode estimular os estudantes a desenvolverem uma linha de pensamento que resulte em sua resposta.
Manter os discentes motivados envolve fornecer as ferramentas necessárias para que pensem por conta própria e proponham soluções.
Para isso, haverá a troca de informações e conhecimentos com o professor e os demais alunos. A comunicação ajudará a fortalecer laços de confiança e a estima com o educador.
2. Pertencimento
Como você viu até aqui, é notável que alguns alunos são mais motivados e obtêm resultados melhores na escola. A teoria da Pirâmide de Maslow, baseada em estudos do psicólogo americano Abraham Harold Maslow (1908-1970) também ajuda a explicar isso.
Essa teoria estabelece uma série de necessidades comuns a todas as pessoas, que devem ser supridas em ordem de prioridade. Elas são as seguintes:
- Necessidades fisiológicas: prioridade do ser humano, como respirar, se alimentar e dormir.
- Necessidades de segurança: envolve estabilidade, como segurança física e financeira.
- Necessidades sociais: engloba os laços afetivos que despertam o sentimento de pertencimento, como amizades, aceitação social, suporte da família e amor.
- Necessidades de estima: aqui entram autoestima, confiança e respeito dos outros.
- Necessidades de autorrealização: neste caso, entra a busca por crescimento, autocontrole, independência e desafios.
Diante disso, antes de tratar sobre motivação e realização pessoal, é preciso observar se o estudante é atendido em necessidades anteriores.
Naturalmente, as necessidades da base e do meio da pirâmide (das fisiológicas às de estima) são contempladas principalmente pelos primeiros anos escolares. É na escola, por exemplo, que uma criança começa a desenvolver laços de amizade e se sentir parte de um grupo.
Já as necessidades de autorrealização, do topo da pirâmide, são bastante fomentadas durante a formação superior. Na universidade, o aluno entra em contato com novos desafios que o ajudarão a se preparar para conquistar a sua independência e satisfação pessoal.
Mas, para tanto, a relação entre professor e aluno e entre os próprios estudantes precisa ser de confiança.
3. Confiança
O professor muitas vezes encabeça uma postura de “detentor do conhecimento” diante dos estudantes, independentemente do nível de ensino. Costuma ser encarado como uma figura distante, cuja sabedoria o distancia de quem está na sala de aula apenas para aprender.
Esse distanciamento pode ser bastante prejudicial para a construção de uma boa relação entre professor e aluno. Isso porque o estudante deve enxergar no educador uma pessoa em quem pode confiar e se apoiar.
Desse modo, os alunos terão mais disposição para aprender e os docentes, para tornarem cada vez melhor o seu processo didático.
Criar momentos de escuta para que os estudantes se sintam vistos e acolhidos pode ajudar a estreitar os laços estabelecidos entre eles e os professores. Como falamos, a empatia é fundamental nessa relação.
Do lado da instituição de ensino, uma boa ideia é estimular os educadores a desenvolverem competências socioemocionais, já que elas estão ligadas à criação de conexão com o outro.
Ao trabalharem em seu próprio autoconhecimento, os professores saberão como ajudar os alunos a fazerem o mesmo.
Leia também: Guia completo para a aplicação de metodologias ativas no ensino superior
4. Ambiente agradável
Um ambiente agradável em sala de aula contribui também para uma boa relação entre professor e aluno.
Para criá-lo, a instituição de ensino e o professor podem incentivar a socialização entre os estudantes e explorar o uso de recursos tecnológicos para promover um ensino mais interativo e instigante.
No primeiro caso, há a possibilidade de promover rodas de conversa, desenvolvimento de projetos em grupos, além de um espaço agradável para descanso durante os intervalos. Tudo isso pode estimular a convivência entre os alunos, mesmo diante de rotinas atribuladas.
Em relação ao uso de tecnologia, o céu é o limite. Hoje, as instituições e os educadores podem explorar recursos como redes sociais, realidade virtual e aumentada, gamificação e muitos outros para tornarem as aulas mais interessantes.
Uma ideia é propor aos estudantes o desenvolvimento de projetos que explorem esse tipo de recurso.
Por exemplo, em um trabalho de uma disciplina de engenharia, pode-se estimular a criação de soluções gamificadas para a resolução de um problema ou necessidade.
5. Gestão de conflitos
Quando o assunto é a relação entre professor e aluno, não podemos deixar de mencionar também o papel dos educadores na gestão de conflitos em sala de aula.
É comum que a pluralidade de opiniões ou mesmo aptidões leve os estudantes a um patamar competitivo em determinados momentos, e não há problema algum nisso.
Contudo, há o risco de a competição resvalar para o atrito e culminar em situações conflituosas.
Sendo assim, o professor deve ficar atento à iminência desse tipo de cenário, tomando medidas para evitá-lo.
Há também os conflitos de cunho pessoal, cuja gestão deve ser baseada no diálogo e na escuta dos lados envolvidos.
Vale lembrar que, além do educador, esse tipo de mediação pode demandar o envolvimento de outros profissionais da instituição de ensino, como orientadores, coordenadores pedagógicos e psicólogos, por exemplo.
Envolver os estudantes na gestão de conflitos também é uma possibilidade que pode ser explorada. Como? A partir da criação de espaços para se debater temas como qualidade das relações e solução de problemas de convivência.
Desse modo, os educadores, junto à instituição de ensino, podem propor soluções não violentas para a resolução de conflitos, em uma abordagem preventiva.
Levar esse tipo de conscientização para todos na IES ajuda, inclusive, a identificar situações de violência e trabalhar em ações para mitigá-las.
É importante não tratar os conflitos de forma pontual, mas ter um plano de ação para diagnosticar e tratar essas situações.
Neste artigo, você viu que a relação entre professor e aluno deve ser mais igualitária, empática e baseada no diálogo, para favorecer a construção do conhecimento.
O professor não deve se portar como uma figura que detém todo o conhecimento, mas sim como aquele que orienta os estudantes no caminho da pesquisa e na descoberta desse conhecimento.
Cabe ao educador assumir sua responsabilidade enquanto mediador em sala de aula e, ao mesmo tempo, reconhecer os saberes e as capacidades individuais dos alunos. Para isso, é necessário que a relação construída com eles seja horizontal e pautada por respeito e confiança.
A escuta do aluno é fundamental nesse processo. É dever do educador e da instituição de ensino ouvir suas experiências e expectativas.
Falamos ainda sobre a importância da motivação no processo de aprendizado. Como você pôde ver, ao desenvolver a sua própria motivação, os professores estarão mais aptos a estimular a motivação dos alunos.
Neste caso, a IES pode ajudar (e muito!), oferecendo aos docentes um ambiente de trabalho satisfatório e sadio, onde sintam prazer em trabalhar.
Mostramos também, ao longo do artigo, pontos fundamentais na relação entre professor e aluno: diálogo, pertencimento, confiança, ambiente agradável e gestão de conflitos.
Esperamos que este artigo sobre relação entre professor e aluno tenha sido útil para você. Continue acompanhando o nosso blog para ter acesso a mais conteúdos como este! Você já pode, inclusive, aproveitar para conferir o artigo que preparamos sobre a importância e as características do professor EaD. Boa leitura e até a próxima!