Se tem uma coisa que o ser humano faz, independente de idade, gênero, raça e classe social, é contar histórias. A comunicação é uma das principais características da humanidade, assim como de qualquer animal que vive em coletividade.
Para além de apenas estabelecer diálogo com os seus semelhantes, o ser humano também desenvolveu o hábito de contar histórias, sejam elas reais ou não, sejam elas por meio da fala ou não. Tal costume, apesar de ser simples e rotineiro, passou a ser aplicado em diversas áreas com funções bem específicas e delimitadas.
O storytelling entrou assim na educação, como uma metodologia com diversos benefícios para professores e alunos. Sobre esse importante tema preparamos este artigo. Aqui você verá sobre sua definição, dicas para aplicar, exemplos e muito mais.
O que é storytelling?
Storytelling é um termo que vem do inglês e, em tradução simples, significa contação de história. A tradução do nome já deixa bem definido sobre o que se trata, que, de forma direta, é a prática de utilizar histórias para transmitir algum conhecimento, podendo ser sobre algo geral ou em situações específicas.
O hábito de contar histórias é algo extremamente antigo, mais do que geralmente imaginamos. Essa prática trabalhava com linguagens que surgiram antes da invenção da escrita, com comunicação por meio de desenhos.
Para se ter uma ideia, algumas pesquisas indicam que existe uma pintura rupestre feita há mais de 60.000 anos. Essas imagens são tão antigas que mostram que o não apenas o homo sapiens as faziam, mas também os neandertais.
O que é o storytelling na educação?
Como já dito, o storytelling, devido aos seus bons resultados, é uma prática que foi inserida em diversos segmentos da sociedade. A educação, principalmente a infantil, sempre a utilizou em diversas ocasiões, mesmo antes de ser entendida como uma metodologia complexa.
O hábito de inventar e contar histórias se mostra favorável em todas as fases da educação. Afinal, com esta didática, o ensino se torna mais atrativo e humanizado. Ao escutar narrativas concretas, nós temos uma maior capacidade de nos relacionarmos com elas e assimilarmos mais de seu conteúdo.
Aliás, a aplicação dessa estratégia se revela como forma de trabalhar a aprendizagem significativa.
Apesar de rapidamente pensarmos nessa prática no ensino fundamental, ela também tem sido utilizada nas graduações, mesmo que de forma despercebida e com pouca reflexão sobre. É comum professores que inventem casos concretos para explicar termos de suas disciplinas, inclusive envolvendo alunos como personagens.
Leia também: Confira 12 dicas sobre como fazer aulas interativas no ensino superior
Como podemos aplicar o storytelling na educação?
Existem múltiplas formas de inserir o storytelling nas aulas, algumas mais simples e comuns do que as outras. Dependendo da disciplina e da finalidade, cada tipo de história contada pode enriquecer bastante a formação do estudante.
Uma base para essa abordagem é a criatividade. Entretanto, é preciso conhecer a realidade do curso, dos alunos e da Instituição de Educação Superior (IES). As principais forma de introduzir o storytelling na graduação são:
-
Utilizar materiais didáticos com personagens
Mesmo no ensino superior, é comum ver livros didáticos que criam personagens para estabelecer uma relação mais próxima com os estudantes. Apesar de não estar contando uma história de fato, essas figuras deixam o conteúdo mais simplificado, como se tivessem de fato se comunicando com o aluno.
-
Aplicar em abordagens históricas
Ao trabalhar com disciplinas que precisam de uma conceituação histórica, criar narrativas deixa a aula mais fácil. As histórias ajudarão o estudante a compreender melhor os detalhes de determinada época, assim como a realidade e as motivações das pessoas que foram determinantes em cada acontecimento político, científico, artístico, etc.
-
Trazer exemplos práticos e reais
Se um relato distante já tem o poder de prender a atenção do ouvinte, imagina se você trabalhar com histórias cotidianas para os alunos. Usando exemplos que sejam práticos e tangíveis, o aluno vai ficar ainda mais engajado com o storytelling, principalmente se conseguir se colocar dentro da narrativa.
-
Incentivar os alunos a usar em apresentações de trabalhos
Apesar de ser a primeira concepção que temos, o storytelling não deve ser utilizado apenas pelos professores. Ao inserir histórias em suas apresentações, o corpo discente conseguirá uma atenção maior de seu público, assim como terá mais domínio da matéria estudada.
-
Inserir o storytelling no marketing da IES
Mesmo não sendo um exemplo propriamente de aprendizagem, as histórias também rendem bons resultados no marketing educacional. Os vídeos falando sobre a IES sempre despertam a atenção do público, bem como as histórias de sucesso atraem o interesse de potenciais futuros alunos.
6 benefícios do storytelling na educação
Você já deve ter percebido que o storytelling é uma metodologia extremamente útil. Agora, vamos explicitar quais são as 6 principais vantagens de aplicar essa didática em sua IES:
1. Engajar os estudantes
Com a contação de histórias, os alunos com certeza participarão mais das aulas, tendo um maior engajamento. Além de as narrativas serem uma forma mais interessante de repassar um conteúdo, os professores poderão trabalhar com mecanismos para que os estudantes interajam durante a aplicação da metodologia.
2. Humanizar o conhecimento
Ao inserir um exemplo concreto nas aulas, fica cada vez mais fácil que os ouvintes se relacionem com aquilo que está sendo visto. As histórias têm um poder de efetivar a educação humanizada, trazendo maior conexão, compreensão e empatia por parte dos estudantes.
3. Melhorar a memorização do conteúdo
Ao criar um contexto para os conteúdos da disciplina através das histórias, os professores estão trazendo informações que serão melhor gravadas pelos alunos. O storytelling é uma das melhores formas de trabalhar com a memória, uma vez que o detalhamento das narrativas costumam ficar na mente de quem o ouve.
4. Prender a atenção nas aulas
Como chamar atenção dos alunos? A curiosidade é, provavelmente, a principal reação que todos nós temos ao ouvir uma história interessante. Deste modo, quanto mais rico for o roteiro planejado para o storytelling, maior será a concentração dos estudantes durante as aulas, fortalecendo ainda mais os benefícios anteriores.
5. Usar recursos multimídia
Com a utilização de recursos multimídia e hipermídia na educação, as histórias poderão ser ainda mais caprichadas e envolventes. Com a tecnologia, seja em forma de vídeos, fotos, gráficos, áudios e outros artifícios, o ato de inserir narrações deixarão o curso ainda mais potente.
6. Melhorar a leitura e a escrita
Acompanhar uma história nos deixa melhor em compreender a língua portuguesa, desenvolvendo assim a escrita e a leitura. Como o storytelling pode se dar de diversas formas, escrever e ler pode inclusive se tornar uma atividade dentro da didática proposta.
Leia também: Por que promover a leitura é fundamental para a sua IES? Confira 8 dicas práticas sobre como incentivar a leitura
Dicas para construir um bom storytelling na educação!
Apesar de ser uma ótima estratégia para melhorar as explicações nas aulas, além de também ser comumente aplicada em diversos momentos e espaços de nossas vidas, contar histórias precisa de alguns cuidados. Para te ajudar nessa tarefa, trazemos agora 6 dicas para construir um storytelling de sucesso:
Para o uso de qualquer metodologia, inclusive o storytelling, é preciso conhecer os alunos do curso. Apostar em uma didática sem considerar o perfil do estudante para quem ela será aplicada tem muitas chances de dar errado. Por isso, avalie qual tipo de história vai pegar com as turmas.
-
Conheça bem a matéria lecionada
Não basta conhecer apenas os estudantes. Para que o storytelling tenha bons resultados é fundamental considerar a disciplina em que ele será inserido. Algumas aulas funcionarão melhor com alguns modelos específicos e outras precisarão de narrativas diferentes.
Assim como no teatro, no cinema e na televisão, no meio educacional uma história interessante também precisa de um roteiro bem elaborado. Para ter certeza de que os pontos principais da disciplina estão sendo abordados, é necessário se planejar e montar o storytelling na educação com antecedência.
-
Utilize recursos audiovisuais
A tecnologia está cada vez mais presente nas aulas, e esse é mais um momento para utilizá-la. As histórias são mais ricas com o auxílio de alguns recursos, trazendo mais detalhes e aprendizagem para os estudantes.
Ao colocar o aluno dentro dos contos, a chance de absorção do conteúdo se multiplica. É interessante trabalhar, sempre que possível, com storytellings interativos, que contem com a participação da turma.
-
Não tenha medo de fazer mudanças
Mesmo colocando esforço numa tarefa, ela ainda pode dar errado. Apesar de o storytelling na educação ser uma metodologia de sucesso, ao ver que algo não está saindo como o esperado, mudanças podem e devem ser feitas.
4 exemplos de storytelling na educação
Se você ainda tem dificuldade de visualizar a aplicação prática do storytelling, esse é o seu momento. Iremos agora dar 4 exemplos de como essa didática pode ser inserida dentro das aulas da graduação:
1. Na área da saúde:
Para abordar uma determinada doença, por exemplo, pode ser criada uma história que siga um ciclo completo. Acompanhando um personagem, o professor pode trabalhar com temas que exponham toda a complexidade de um tema, passando por alguns pontos como:
- Formas de contágio;
- Sintomas;
- Diagnóstico;
- Tratamento.
Essa atividade pode ser enriquecida com tabelas, entrevistas, idas ao laboratório, etc.
Com eventos históricos:
Seja no curso de História ou nos demais, diversas disciplinas precisarão passar por eventos que foram determinantes. Aqui, é interessante criar personagens para que o conteúdo se torne mais relacionável.
Se o conteúdo em questão for a guerra fria, por exemplo, podem ser criados personagens para melhor relatar a época. Deste modo, o aluno conseguirá absorver mais das aulas.
No Direito:
No curso de Direito, é comum que os docentes criem exemplos para que os alunos possam entender melhor os conteúdos. Com o storytelling, essa prática pode ser aperfeiçoada.
Se a disciplina for Direito Civil, o professor poderá abordar diversos fatos da vida de alguns personagens para ilustrar suas explicações. Neste exemplo, a história pode durar pelo curso inteiro, abordando:
- Nascimento;
- Maioridade;
- Casamento;
- Bens;
- Condomínio;
- Divórcio;
- Guarda dos filhos;
- Morte;
- Sucessão, etc;
Na engenharia:
Aqui podem ser vistas todas as etapas do trabalho de um engenheiro. Alguns conceitos podem abordados, como por exemplo:
- Propriedade dos materiais;
- Qualidade do solo;
- Gestão de pessoal;
- Prazos;
- Comunicação com clientes.
O storytelling pode ser aplicado na educação a distância?
Essa pergunta tem uma resposta simples: o storytelling pode e deve ser aplicado no ensino superior a distância! Na verdade, o ensino virtual conta com características específicas que deixam o ato de contar histórias ainda mais interessante em seu modelo.
Apesar de a educação a distância (EaD) ser bem diferente do ensino presencial, as histórias se darão basicamente do mesmo jeito. Entretanto, as particularidades devem ser respeitadas, observando alguns detalhes:
- É mais fácil usar recursos midiáticos: a plataforma digital de aprendizagem costuma ter conectividade com diversos recursos que enriquecem as histórias.
- Tem possibilidade de acesso a vários sites: por já estar na internet, os professores e alunos podem entrar em sites que oferecem novas possibilidades em termos de storytelling.
- Combate a falta de atenção nas aulas online: como assistir às aulas por um computador pode trazer maior dificuldade de concentração dos estudantes, essa didática é uma ótima solução.
- As histórias podem ser previamente gravadas: se a ideia é criar uma história de qualidade, nada melhor que pensar em seu roteiro e já deixar tudo pronto para as aulas.
Como ligar o storytelling na educação com as metodologias ativas?
As metodologias ativas são aquelas que colocam o estudante no centro da educação, que o entende como grande protagonista do ensino. Sendo assim, e com todo o exposto, o storytelling na educação terá uma inserção bem mais acertada se for combinado com o uso de alguma metodologia ativa.
Agora, citaremos três metodologias que trarão resultados primorosos para a IES:
1. Storytelling Digital
Aqui não há segredo: é a aplicação da metodologia com o auxílio de tecnologias digitais. Com o uso de vídeos e outros recursos da internet, essa didática se torna ainda mais interessante, trazendo inclusive a possibilidade de os próprios alunos criarem histórias para explicar as matérias.
2. Gamificação
A gamificação na educação é o uso de jogos com um propósito educativo. Em geral, quanto maior a complexidade da história em volta do jogo, maior será o engajamento e a absorção do conhecimento pelos estudantes.
3. Aprendizagem Baseada em Problemas
Nesta aprendizagem baseada em problemas, o professor estabelece uma situação que a classe deve solucionar no decorrer das aulas. Assim como na gamificação, com uma história mais bem elaborada, os resultados dessa proposta se tornarão mais satisfatórios, requerendo o máximo da turma.
Esperamos que o texto tenha sido esclarecedor. Agora que você já sabe mais sobre o storytelling na educação, que tal conhecer o passo a passo para elaborar um plano de aula com metodologia ativa?