Com o avanço da tecnologia e das pesquisas no campo educacional, ficou mais fácil perceber que o processo de ensino-aprendizagem não é igual para todos os estudantes, tampouco se dá de maneira linear. Por isso, é necessário buscar ferramentas e estratégias que permitam uma educação mais estruturada e clara e que otimizem o trabalho de alunos e professores.
Uma dessas estratégias é a Taxonomia de Bloom. Embora tenha sido pensada para uma aplicação nos ensinos fundamental e médio, ela apresenta uma organização que pode auxiliar também o ensino superior e servir como base para metodologias ativas. Neste artigo, falaremos mais sobre essa estratégia e te ensinaremos a aplicá-la na sua IES.
O que é a Taxonomia de Bloom?
A Taxonomia de Bloom, também conhecida como taxonomia dos objetivos educacionais, é uma estratégia educacional definida por uma hierarquia de objetivos para o ensino e o aprendizado. Foi desenvolvida nos anos 1950 pelo psicólogo e educador Benjamin Bloom, com auxílio de pesquisadores de múltiplas universidades norte-americanas.
A hierarquia previa a divisão dos objetivos de aprendizado em três domínios: cognitivo, afetivo e psicomotor, sendo o cognitivo o principal e mais trabalhado deles. Em cada um desses domínios, os objetivos educacionais eram classificados por uma pirâmide que previa diferentes níveis de aprendizado.
Dessa forma, o princípio norteador era que o aluno percorresse as diferentes fases dessas pirâmides, completando ciclos de aprendizado. Para passar para o nível seguinte, portanto, o estudante deveria dominar o nível em que se encontrava, e assim sucessivamente, garantindo uma educação mais consistente.
Em 2001, em decorrência das mudanças em relação às metodologias de ensino na educação, a Taxonomia dos Objetivos Educacionais foi modificada pela primeira vez. Essa revisão deixou a taxonomia mais prática ao substituir substantivos por verbos no domínio cognitivo, e mais completa ao incluir a dimensão do conhecimento. Esses assuntos serão desenvolvidos em mais detalhes no decorrer do texto.
Já em 2009, a Taxonomia de Bloom recebeu novas mudanças para ser aplicada de forma digital. Foi percebida aqui a importância e o aumento do ensino a distância, além de aproveitar de suas tecnologias para aprimorar ainda mais o processo de construção do conhecimento.
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Para que serve a Taxonomia de Bloom?
O principal objetivo da Taxonomia de Bloom é o desenvolvimento de uma formação mais completa para os alunos, em que eles possuem um papel ativo no próprio aprendizado. Por meio da valorização de outras esferas do conhecimento, além da acadêmica, a divisão em domínios propicia diferentes oportunidades educacionais.
Nesse contexto, os educadores adquirem uma visão mais completa de seus estudantes, baseada na psicologia e na individualidade desses indivíduos. Idealmente, segundo a teoria de Bloom, os alunos se tornariam capazes não só de compreender conceitos, mas também interpretá-los e solucionar problemas.
Com o avanço do diálogo sobre metodologias ativas no ensino superior, coordenadores e educadores buscam incluir em suas propostas pedagógicas estratégias que visam humanizar e ampliar o acesso dos alunos a diferentes formas de conhecimento, seja ele acadêmico, social ou pessoal. A Taxonomia de Bloom contribui para esse objetivo, fornecendo as ferramentas necessárias ao corpo docente.
A Taxonomia de Bloom, quando aplicada com base em necessidades contemporâneas na educação, é uma forma de priorizar estratégias educacionais cientificamente comprovadas para que os alunos tenham contato mais profundo com o conteúdo.
Também é um fator determinante na construção de planos de aula. Espera-se que, antes de trazer novos conteúdos, o aluno saiba reconhecer, analisar, aplicar e avaliar a informação anterior.
Quando usar Taxonomia de Bloom?
É importante frisar que a Taxonomia de Bloom é uma estratégia educacional voltada para a compreensão mais profunda da matriz curricular. Isto é, não é apenas uma ferramenta em si, mas uma metodologia em que coordenadores e docentes se baseiam para criar novos caminhos de aprendizado.
Confira algumas situações que as instituições de educação superior vivenciam que podem ser solucionadas com essa metodologia:
Falta de engajamento dos alunos
Um dos problemas mais recorrentes que os educadores enfrentam é manter a atenção do aluno. Com as demandas de tempo e atenção que o mundo contemporâneo traz, pode ser difícil oferecer a eles um conteúdo que dialogue com as turmas.
Ainda assim, manter o foco e estreitar os diálogos é uma parte fundamental do aprendizado – é com os momentos de troca que os docentes podem explorar a amplitude das temáticas e entender o que os alunos de fato compreenderam.
Além disso, a desconexão com as disciplinas pode levar a uma desconexão com o curso de graduação, se transformando em desinteresse pelas atividades e até evasão no ensino superior. Como consequência, isso leva a uma comunidade enfraquecida e menor diversidade de alunos em sua IES.
Considerando que os alunos de nível superior, em sua maioria, precisam dividir a atenção entre compromissos profissionais, pessoais e acadêmicos, o espaço de aprendizado – seja ele online ou offline – deve ser um estímulo a despertar novos interesses e ganhar conhecimentos.
Se os alunos não encontram esses espaços, utilizar a Taxonomia de Bloom para repensar planos de aula e avaliação pode trazer mudanças positivas.
Dificuldade em contemplar formas de aprendizado
Outra questão que afeta o rendimento dos alunos do ensino superior é a falta de recursos para formas de aprendizagem diferentes. Alguns alunos aprendem melhor captando o conhecimento de forma visual enquanto outros se beneficiam de estratégias multimídia ou colocando a mão na massa.
De forma geral, no entanto, é importante que os alunos tenham contato com diferentes formas de ensino e avaliação, o que permite que eles tenham pontos de vista diferentes sobre os disciplinas e possam abstrair os conceitos curriculares de forma a incorporá-los em seu repertório científico-cultural.
Falta de correlação com desafios do mercado de trabalho
Os alunos no ensino superior buscam a qualificação profissional. Para que isso seja feito de forma completa e ofereça aos alunos os conhecimentos importantes para se destacar no mercado, a matriz curricular deve estar alinhada às demandas atuais.
Pensando nesse desafio, os educadores devem elaborar planos de aula que visem contextualizar os conhecimentos vistos de forma a aplicar e refletir sobre a atuação profissional
A taxonomia de Bloom é uma aliada nesse processo, já que estimula o aluno a entrar em contato com a temática, abstrair seu conceito, entender as implicações e elaborar a usabilidade prática.
Estratégias como debates e estudos de caso, por exemplo, permitem que o aluno exerça o topo da pirâmide de Bloom. Além de saber dados e recordar informações, ele pode classificar, elencar e questionar as informações recebidas.
Nesse sentido, então, as mudanças nessas atividades feitas em sala de aula também trazem benefícios para a identidade da instituição de educação superior.
Ao incorporar atividades que sintetizem o mercado de trabalho e os desafios que os alunos enfrentam fora da sala, os docentes adicionam um fator de aplicabilidade para o plano de aulas.
Isso, por sua vez, atrai alunos interessados em exercitar os conhecimentos de formas variadas (tanto teóricas quanto práticas) e incorporá-los por completo. Além de melhorar o rendimento dos alunos de forma geral, isso também reflete em uma imagem positiva da IES para o mercado de trabalho e para a produção científica nas áreas relacionadas.
Conexão com questões contemporâneas
Pensar na complexidade das informações obtidas é uma ferramenta fundamental para a formação socioemocional dos alunos.
Isso é, ao entrar em contato com diferentes dados, é necessário que eles saibam não somente reconhecê-los e analisá-los, mas também questioná-los e realizar hipóteses sobre a aplicação de cada conhecimento.
Esse tipo de habilidade é fundamental, não importa o curso ou a futura atuação profissional. Tendo em mente a necessidade de explorar os diferentes ângulos que uma informação permite, o aluno também aprende a capacidade de qualificar e julgar as informações recebidas.
Isso exercita a habilidade de pensamento crítico e empatia, traços que são muito importantes no mundo contemporâneo.
Essa demanda vai além dos cursos escolhidos: um aluno de Direito que saiba filtrar dados é tão relevante quanto um aluno de sistemas da informação que saiba aplicar conceitos de ciências sociais para a difusão de recursos tecnológicos.
Desequilíbrio entre teoria e prática
O surgimento de novas demandas e desafios para cursos de graduação trouxe cada vez mais matrizes curriculares envolvendo diferentes disciplinas e vivências necessárias para os alunos.
Isso se reflete na necessidade de otimizar todas elas para oferecer às turmas a melhor educação possível em nível superior.
Dessa forma, é necessário dosar a teoria e a prática, visando não apenas tornar os alunos qualificados no papel mas também oferecer a eles oportunidades o suficiente para que eles entrem em contato com as questões que cada temática apresenta.
Estratégias que envolvam a teoria de Bloom são fortes aliadas nesse processo, já que elas permitem a criação de planos de aula voltados para essas atividades práticas.
Por exemplo, para exercitar a capacidade de criar, último estágio do domínio cognitivo na taxonomia de Bloom, o docente pode propor aos alunos a difusão de novas ideias. Essas atividades podem ser a criação de protótipos, seminários, simulações, etc.
Durante as aulas, os docentes podem apresentar ideias aos alunos, permitir que eles desenvolvam experimentos e utilizem a teoria compreendida para trazer novas ideias à tona.
Baixo uso de tecnologias e recursos digitais
Apesar do crescimento da tecnologia educacional, as instituições de ensino nem sempre conseguem oferecer a melhor incorporação do digital na sala de aula. Com o crescimento de modelos híbridos e de ambientes de trabalho digitais, utilizar esses recursos se tornou ainda mais importante.
Ao propor atividades baseadas na taxonomia de Bloom, os educadores podem, e devem, usar a tecnologia a seu favor. Ao explorar a difusão de informações por meios digitais, é possível entender os mecanismos socioeconômicos e oferecer estratégias claras para usar a tecnologia a favor do desenvolvimento.
Além disso, as disciplinas online possibilitam explorar a compreensão em diferentes cenários: ao entrar em contato com as plataformas, os alunos exploram os desafios da produção científica em escala digital.
Qual é a estrutura da Taxonomia de Bloom?
O conceito desenvolvido por especialistas para a estrutura da Taxonomia de Bloom é baseado na ideia de uma pirâmide, ou seja, em cada domínio de conhecimento há diferentes níveis de compreensão e interação com o conteúdo educacional.
Para avançar para o próximo nível, é necessário que o estudante tenha desenvolvido de maneira satisfatória as habilidades e competências exigidas no nível anterior. Desse modo, garante-se uma aprendizagem mais uniforme entre os alunos, de modo que o processo de ensino-aprendizagem seja igual para todos.
Originalmente, a pirâmide era constituída por seis categorias, que, em 2001, foram revisadas por uma equipe de pesquisadores, como veremos adiante. A mudança, porém, se ateve aos verbos utilizados na pirâmide, mantendo a sua estrutura original.
Quais são os três grandes domínios da Taxonomia de Bloom?
Originalmente, a taxonomia de Bloom compreendeu três domínios diferentes: domínio cognitivo, domínio afetivo e domínio psicomotor. Eles se completam em relação a uma formação mais dinâmica, mas as estratégias de compreensão de cada um são diferentes.
Abaixo, explicaremos em mais detalhes cada um desses grandes domínios. Confira!
1. Domínio cognitivo
No domínio cognitivo, estão as etapas de aprendizado de conteúdo do aluno. Isso significa que ele envolve as etapas de aquisição do conhecimento, desenvolvimento intelectual, e construção de novas competências e habilidades.
O domínio cognitivo visa a organizar os objetivos educacionais e é dividido em seis níveis diferentes, que seguem uma hierarquia de complexidade e dependência. Para ir para a próxima “categoria”, é necessário ter adquirido as capacidades exigidas no nível anterior.
Da base para o topo, essas categorias são representadas da seguinte maneira:
- Conhecimento: o aluno pode reconhecer ou lembrar de conteúdos previamente discutidos, tais como dados, fatos, regras, critérios e classificações. Nesse nível, ele não precisa entender o que esses conteúdos significam.
- Compreensão: diz respeito à habilidade de interpretar, relacionar, comparar e organizar fatos e pensamentos trabalhados em sala de aula.
- Aplicação: nesse nível, o aluno coloca em prática o conhecimento adquirido, como na resolução de problemas e na utilização dessas informações em outros contextos.
- Análise: faz referência à habilidade de processar e examinar informações em partes, criando relações entre elas. Além disso, esse nível foca em saber interpretar evidências, motivos e causas, criando uma base que justifique afirmações genéricas.
- Síntese: é o momento em que o estudante pode categorizar, modificar e relacionar informações diversas em torno de um mesmo conhecimento. É nesse nível que ele aprende a juntar partes para formar um todo.
- Avaliação: capacidade de exprimir julgamento, ter opiniões, questionar, ter critérios para analisar as informações recebidas.
2. Domínio afetivo
Já o domínio afetivo está relacionado aos sentimentos e às posturas. Assim, envolve tudo aquilo que se liga ao desenvolvimento emocional, o que pode incluir comportamentos, valores, emoções etc.
O objetivo educacional do domínio afetivo é conferir ao estudante habilidades socioemocionais necessárias para sua formação. É aqui que ele aprende a interagir, em um nível individual, com a informação recebida. Os seus estágios são:
- Recepção: em primeiro lugar, o aluno adquire consciência de suas emoções e ações.
- Resposta: então, o aluno passa a ter papel ativo na aprendizagem, respondendo aos estímulos feitos pelo professor ou por colegas.
- Avaliação: neste estágio, o aluno tem a habilidade de atribuir valor às informações e acontecimentos. Este nível representa um comportamento mais consciente e internalizado.
- Organização: com todos os níveis anteriores completos, esta é a fase da pirâmide em que o aluno pode comparar e relacionar as informações, priorizando aquelas que considera mais importantes.
- Caracterização: por fim, o aluno se torna consciente de que o aprendizado de determinada informação faz parte de quem ele é. Aqui, suas características pessoais passam a ser mais nítidas. Além disso, são construídas crenças que influenciam o seu comportamento.
3. Domínio Psicomotor
O terceiro domínio é o psicomotor, que abrange a parte física e sensorial do aprendizado. Não foi Bloom o responsável pela definição da taxonomia deste domínio, mas outros pesquisadores conseguiram defini-la.
O domínio psicomotor se constituiu como uma peça relevante para educadores e alunos por compreender as mudanças de comportamento frente ao conteúdo. É dividido em cinco estágios:
- Percepção: em primeiro lugar, o aluno utiliza os sentidos para perceber o mundo exterior.
- Predisposição: depois, ele desenvolve a habilidade de se preparar física, mental e emocionalmente para absorver a informação, demonstrando que está pronto para fazer o que foi proposto.
- Resposta guiada: aqui, o aluno é instruído pelos educadores a completar tarefas e absorver as informações. Suas respostas a perguntas são, portanto, guiadas.
- Resposta mecânica: agora, as instruções não são mais necessárias e o aluno consegue formular respostas automáticas ao estímulo.
- Resposta completa e clara: no topo da pirâmide está a habilidade de realizar as ações completa e individualmente. Conseguem, desse modo, dar respostas claras sem nenhum tipo de ajuda.
Como a Taxonomia de Bloom foi adaptada para o séc. XXI?
Em 2001, algumas diretrizes da proposta original, feita em 1956, foram revisadas por psicólogos cognitivos e especialistas em educação. Eles trabalharam em um modelo mais contemporâneo da estratégia. Nessa versão, a Taxonomia se torna menos estática.
Além disso, o domínio cognitivo é totalmente reformulado. No lugar de substantivos, entram os verbos, que sinalizam cada estágio de aprendizado. Assim, a lista oficial (novamente, da base para o topo) desse domínio passa a ser a seguinte:
- Lembrar: em um primeiro momento, o aluno pode memorizar e repetir conceitos.
- Entender: em seguida, é possível explicar e comparar ideias.
- Aplicar: aqui, entra a aplicação de conceitos na resolução de problemas.
- Analisar: depois, o aluno pode conectar ideias, levantar hipóteses e conduzir experimentos.
- Sintetizar: com o conhecimento adquirido, o aluno tem habilidade de justificar e avaliar pontos de vista relacionados.
- Criar: por fim, o estudante adquire a habilidade de formular e trazer novas ideias para a discussão.
Entretanto, essas não foram as únicas mudanças observadas na Taxonomia de Bloom original. A sua estrutura também se transformou: antes, ela era formada por apenas uma dimensão, chamada de “dimensão do conhecimento”. Essa dimensão dizia respeito ao tipo de conhecimento a ser aprendido pelo aluno e é dividida em quatro níveis:
- Conhecimento factual: diz respeito ao conhecimento de terminologias e detalhes específicos de um determinado conteúdo.
- Conhecimento conceitual: faz referência ao conhecimento de classificação, princípios e generalizações, além de teorias e modelos gerais de um conteúdo.
- Conhecimento procedural: que se relaciona ao conhecimento de habilidades específicas de uma disciplina, além de suas técnicas e modos.
- Conhecimento metacognitivo: que se refere a um conhecimento estratégico acerca de um conteúdo, além do autoconhecimento.
Com as alterações feitas em 2001, no entanto, surge uma segunda dimensão, que identifica o processo cognitivo, isto é, o modo como os alunos aprendem. Assim, os professores visam responder três perguntas principais: “o que aprender?” (dimensão do conhecimento) e “como e para quê aprender?” (dimensão cognitiva).
O que é a tabela bidimensional da Taxonomia de Bloom?
Com as revisões propostas na Taxonomia de Bloom, a dimensão do conhecimento e de processos cognitivos sofreu alterações que a diferenciavam de forma mais clara das demais. Isso originou um outro modelo: a tabela bidimensional da Taxonomia de Bloom.
A principal função desta tabela é estruturar de forma mais assertiva os objetivos educacionais. Ao mesmo tempo, ela visa a auxiliar os educadores na elaboração de um plano de aula e na escolha das estratégias e metodologias adequadas, além de quais tecnologias são mais indicadas para a sala de aula e suas propostas.
Na nova organização, a dimensão do conhecimento fica disposta na coluna vertical, enquanto o processo cognitivo dos alunos é estruturado nas linhas horizontais. Cada célula representa um objetivo, já que é também a interseção das duas dimensões.
Um único objetivo pode aparecer em mais de uma célula, e elas não precisam ser preenchidas de forma consecutiva. No entanto, um dos desafios desse modelo é a dificuldade enfrentada pelos educadores para se adequar à tabela. Vale pontuar, nesse caso, que o seu preenchimento deve partir da definição dos objetivos específicos de uma disciplina ou curso.
Por que usar a tabela bidimensional da taxonomia de Bloom?
Pesquisas apontam que a tabela de processos cognitivos da Taxonomia de Bloom facilita o processo de classificação de objetivos. Além disso, ela direciona de maneira mais clara as atividades e estratégias escolhidas, além dos tipos de avaliação que serão utilizados.
A visualização de objetivos se torna mais simples e, diante da presença de muitos espaços em branco, os educadores podem reavaliá-los. Apesar de eles não precisarem seguir uma ordem específica, ainda é necessário organizá-los respeitando a ordem da dimensão do conhecimento, de modo que a presença de colunas em branco não é incentivada.
De maneira geral, no entanto, o uso da tabela bidimensional da taxonomia de Bloom facilita a preparação de um plano de ensino mais robusto e bem estruturado, o que, por sua vez, permite a criação de planos de aula mais completos.
O que é a Taxonomia Digital de Bloom?
A educação segue sempre em constantes mudanças. Novas metodologias estão surgindo, e, com a internet, isso tem ficado cada vez mais comum. Logo, a Taxonomia de Bloom também se reinventou.
O Ensino Superior a Distância (EaD) já se tornou, em 2019, a modalidade de ensino com o maior número de estudantes nas universidades. Para além disso, a Portaria nº 2.117, de 6 de dezembro de 2019, permitiu que as instituições de educação superior (IES) ofertassem até 40% da carga horária de seus cursos presenciais na modalidade EaD, fortalecendo, assim, o ensino híbrido nas graduações.
Com todas essas modificações no ensino ocorrendo de forma tão rápida, o educador Andrew Churches, propôs, em 2009, a Taxonomia Digital de Bloom. Esse novo formato se utiliza dos avanços feitos pela revisão da Taxonomia de Bloom em 2001 e soma a eles o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na educação, que já vinham sendo aplicadas para aprimorar a sua forma online.
As melhores formas de integrar tecnologia à Taxonomia de Bloom
Para que os educadores e alunos tenham os melhores benefícios da teoria de Bloom, é importante levar em consideração os estágios de compreensão e quais os recursos que interferem nesse aprendizado.
Por exemplo, ao pensar em aulas que auxiliem o domínio afetivo do aprendizado, é importante entender quais recursos tecnológicos podem impactar a forma com que o aluno recebe a informação.
Principalmente no caso do ensino à distância ou híbrido, entender as barreiras e os benefícios que a digitalização apresenta são peças-chave no desenvolvimento curricular.
Então, pensando na ordem desenvolvida pela teoria, o primeiro estágio é aquele em que o aluno tem ciência de sua perspectiva. É o momento em que ele entra em contato com a informação e entende quanto seu viés e seu repertório afetam esse recebimento.
Com a tecnologia, os docentes podem trazer informações diversas nesse estágio e ampliar os horizontes educacionais. Na prática, isso pode ser feito com conteúdos disponíveis online, advindos de diferentes contextos socioculturais: filmes, artigos científicos, podcasts, perfis nas redes sociais, notícias, etc.
Da mesma forma, as etapas seguintes do aprendizado afetivo podem se desenrolar com recursos digitais. Ao entrar em contato com os estímulos, qual é a resposta do aluno?
Como a discussão com professores e colegas impacta a perspectiva? Como ele atribui valor às informações recebidas e quais passam a fazer parte de seu repertório? Entender essa dinâmica no contexto digital é muito benéfico tanto para a graduação quanto para a noção de letramento digital e confiabilidade de informações.
Com a inserção da internet na Taxonomia de Bloom, outros verbos precisaram ser adicionados para retratar essa nova realidade. Termos como twittar, upar, blogar e etc foram introduzidos para que cada nível do aprendizado pudesse ser expandido com o uso das inovações tecnológicas.
Vamos ver, agora, como essas inovações podem se inserir em cada nível do domínio cognitivo:
1º Nível — Lembrar
Nesse primeiro aspecto, o estudante deve se recordar de conhecimentos básicos e fundamentais e, aqui, a internet pode ter uma grande inserção.
A utilização de vídeos, jogos, animações e aplicativos que podem, por exemplo, trazer cards de conteúdo e jogos da memória, são ferramentas muito potentes para esse nível de aprendizagem. Aqui, termos como googlar, favoritar, marcar (bookmark, ou seja, grifar texto online), participar de redes sociais e pesquisar trazem muito sentido para a Taxonomia de Bloom.
2º Nível – Compreender
Neste momento, o aluno deve entender o conteúdo que foi visto. Para isso, o uso de recursos visuais são bastante recomendados no processo de afixar o conhecimento.
Podem ser usados aqui, por exemplo, gráficos, tabelas e demais imagens com fins educativos, além de questionários e avaliações online. Palavras como taguear (etiquetar), blogar e comentar são neste momento inseridas.
3º Nível – Aplicar
Neste ponto, o estudante, com o auxílio do professor, deve conseguir pôr em prática o que aprendeu. Jogos virtuais (gamificação), simulações e testes online são bons exemplos de recursos que ajudam o aluno a colocar o conhecimento adquirido em prática.
No terceiro nível, o estudante tem mais interação prática com a matéria, devendo ser instigado ao máximo a solucionar problemas reais com o que aprendeu nas aulas. Aqui trazemos verbos como jogar, compartilhar, desenhar, operar, roteirizar, editar, exibir, integrar, etc.
4º Nível – Analisar
Aqui, o aluno já possui um amplo domínio do conteúdo estudado. É o momento de interagir com outros estudantes e também com os professores para que se possa relacionar o que foi aprendido e formular um conhecimento mais aprofundado.
Os recursos chave aqui são aqueles que nos trazem interação, como, por exemplo, os próprios Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), os chats e os fóruns de discussão. Linkar, mapear, recombinar, embedar (utilizar embed, que significa incorporar conteúdo) e ilustrar são as novidades do nível da análise no meio digital.
5º Nível – Avaliar
Após ter adquirido conhecimento suficiente das etapas anteriores, chega a hora em que o aluno é capaz de avaliar o seu desempenho e o de seus colegas.
De forma ainda mais colaborativa, aqui os estudantes devem fazer bastante uso de chats e fóruns de discussão, buscando sempre construir um conhecimento coletivo e a protagonizarem cada vez mais o ensino. Articular, revisar, comentar em blog, revisar e moderar são as novas ações praticadas no penúltimo nível.
6º Nível – Criar
Com a junção de tudo que foi aprendido nos níveis anteriores, chegou o momento em que o aluno deve formular coisas novas. A criação de projetos deve ser feita aqui, aproveitando o conhecimento previamente adquirido e o uso das tecnologias no meio digital.
Editores de imagem, podcasts, editores e aplicativos de hospedagem de vídeos e etc são ótimas ferramentas que contribuem para que o conhecimento e a criatividade do estudante sejam postos em prática. Palavras como blogar, gravar, twittar, mixar, programar, upar, animar e filmar se inserem aqui, como possibilidades para o processo de criação do aluno.
Domínio cognitivo e recursos tecnológicos
Além de entender sua relação com o conteúdo, os alunos podem ter na tecnologia aliados para a construção de conhecimento. Por exemplo, em sala de aula, é possível demonstrar conceitos e analisá-los, atingindo os estágios lembrar e entender da taxonomia de Bloom.
Depois disso, é importante aplicar, levantando hipóteses e conduzindo experimentos, além de conectar ideias, sintetizar resultados e formular diferentes conceitos. É isso que contempla os estágios de aplicar, analisar, sintetizar e criar de Bloom.
A tecnologia pode ser usada para oferecer ambientes em que essa aplicação e criação são mais possíveis. É por meio de softwares de prototipagem, jogos educativos, bibliotecas digitais e outros recursos digitais de aprendizagem que o aluno pode colocar em prática os conceitos vistos em aula.
Quais são as vantagens da Taxonomia de Bloom?
Agora que você já conhece essa estratégia de ensino mais profundamente, é hora de entender quais são as suas vantagens e por que você deve aplicá-la na sua IES. Por isso, separamos alguns dos pontos positivos:
1. Promove um aprendizado mais completo
A Taxonomia de Bloom, quando aplicada com base em necessidades contemporâneas na educação, é uma forma de priorizar essas estratégias educacionais cientificamente comprovadas para que os alunos tenham contato mais profundo com o conteúdo.
Afinal, ao hierarquizá-lo, ela aumenta as chances de garantir que o processo de ensino-aprendizagem está se dando de maneira mais eficaz, já que os estudantes só chegam ao nível seguinte quando dominam aquele em que se encontram.
2. Ajuda a planejar e definir objetivos de aprendizagem
Essa estratégia também é um fator determinante na construção de planos de aula. Essa é uma parte fundamental da organização docente, e a Taxonomia permite que os professores a realize de forma mais otimizada.
Uma vez que a Taxonomia de Bloom ajuda a definir as etapas pelas quais o aluno precisa passar, os educadores podem elaborar suas aulas de modo mais claro e objetivo. Assim, criam planos mais bem direcionados, otimizam o tempo de aula e conseguem aplicar todo o conteúdo.
3. Auxilia na escolha de ferramentas e estratégias pedagógicas
Com um plano de aula mais claro, é mais fácil para os professores determinar quais ferramentas e estratégias serão usadas em suas aulas. Essa escolha mais assertiva permite alcançar um objetivo educacional com mais facilidade, ter maior engajamento dos alunos e construir salas de aulas mais dinâmicas e funcionais.
4. Permite avaliar o aprendizado de forma contínua
Na Taxonomia de Bloom, espera-se que, antes de aprender novos conteúdos, o aluno saiba reconhecer, analisar, aplicar e avaliar a informação anterior. Diante dessa continuidade educacional, é possível identificar, a longo prazo, a evolução individual dos alunos.
Com isso, os professores e coordenadores podem avaliar melhor como se deu o processo de ensino-aprendizagem, como ele pode melhorar e como os alunos estão respondendo a ele.
5. Estimula o desenvolvimento de diversas habilidades
Uma vez que é dinâmica, a Taxonomia de Bloom incentiva que os alunos desenvolvam uma série de habilidades. Estas serão úteis não apenas nos contextos acadêmicos, mas também fora da sala de aula, quando os estudantes estiverem lidando com o mundo real. Como exemplo, podemos citar o pensamento crítico, a resolução de problemas e a autonomia.
Qual a importância de uma taxonomia das dificuldades de aprendizagem?
O termo “taxonomia” é usado para definir a ciência de classificação e organização de um sistema. Nesse sentido, uma taxonomia das dificuldades de aprendizagem visa a estruturar, de maneira mais clara, eventuais problemas enfrentados pelos alunos ao longo do seu processo de ensino.
A definição de um sistema claro das dificuldades de aprendizagem oferece, aos educadores e coordenadores de instituições de educação superior, uma série de benefícios. O primeiro e mais claro deles é a possibilidade de construir teorias institucionais que auxiliem na solução desses problemas.
No entanto, a criação dessa taxonomia também possibilita o melhor embasamento do desenvolvimento de um instrumento de avaliação, que acompanhe e estimule o desempenho dos alunos em diferentes níveis. Isso representa um olhar mais abrangente não apenas sobre as suas dificuldades, mas sobre as maneiras possíveis de saná-las.
Além disso, tal taxonomia incentiva educadores a auxiliarem os alunos de maneira estruturada e consciente a adquirirem competências específicas. Assim, não só é possível atacar problemas bem estabelecidos, mas também encontrar caminhos para fazê-lo de modo eficaz e que mantenha a motivação estudantil.
Como desenvolver a Taxonomia de Bloom na prática?
Como mostramos ao longo deste artigo, essa estratégia educacional apresenta grande valor para a proposta pedagógica no ensino superior.
Considerando as demandas por uma formação multidisciplinar, os planos de aula nas IES devem contemplar não só o conteúdo de cada disciplina, mas a forma como ele é difundido. Desse modo, apresentaremos, a seguir, três formas de desenvolver a Taxonomia de Bloom no ensino superior:
1. Hierarquizando conteúdos para aprofundar a compreensão
O educador pode usar as divisões hierárquicas para determinar o nível de compreensão dos alunos, as dificuldades apresentadas e unir conhecimentos. Essas atividades podem ser feitas por meio de perguntas que incentivem os alunos a pesquisar e relacionar conceitos, trabalhos em grupo etc.
Em uma aula laboratorial, por exemplo, os alunos podem, primeiro, memorizar um conceito para, em seguida, levantar hipóteses, ter embasamento e emitir opiniões. Da mesma forma, aulas expositivas podem levar a seminários de alunos, após análise e síntese do tema.
2. Associando a Taxonomia de Bloom às metodologias ativas
A Taxonomia de Bloom permite a aplicação de metodologias ativas específicas, como o Método PBL (que é composto pela Aprendizagem Baseada em Problemas e pela Aprendizagem Baseada em Projetos) e a Gamificação.
O primeiro é focado na resolução de problemas, de modo que professor e alunos podem dividir um projeto em partes, compreendendo-as uma a uma, até que se chegue a uma noção geral.
Já a gamificação também é estruturada de maneira hierárquica. Por isso, o professor pode construir um conteúdo de maneira direcionada, começando com fases mais simples e tornando-as mais difíceis conforme a disciplina se desenvolve e aprofunda.
3. Avaliando de maneira mais detalhada
Outro ponto central para o uso da Taxonomia de Bloom nas IES é o processo de avaliação: o educador pode, com base nela, compreender quais lacunas acontecem durante o percurso da pirâmide e, então, analisar os fatores afetivos e psicomotores que as causam.
Por exemplo: um plano de aula teórico pode não contemplar as necessidades psicomotoras de todos os alunos. Da mesma forma, uma aula puramente prática pode interferir no domínio cognitivo de alguns estudantes.
É importante ressaltar que o processo de avaliação não deve ser entendido com um fim em si. Ou seja, ele não deve ser aplicado apenas no final do semestre para aferir a quantidade da matéria que foi aprendida pelo aluno.
As atividades avaliativas são um meio de compreender o que o estudante está retendo do conteúdo ensinado, quais didáticas e ferramentas funcionam melhor para cada nível do aprendizado e, também, quais são os melhores métodos para analisar, de forma mais próxima da realidade, se o aluno está desenvolvendo o conhecimento da disciplina em questão, de forma quantitativa e qualitativa. Por isso, é importante que sejam realizadas durante todo o percurso de aprendizagem do estudante, e não apenas no final.
A partir desse tipo de diagnóstico, podem ser implementadas mudanças, tomando como base, por exemplo, estratégias de ensino inovadoras, que auxiliem nas diferentes formas de compreensão, contemplem alunos com diversas aproximações do conteúdo e tornem a experiência pedagógica mais rica e os alunos mais responsáveis pelo próprio aprendizado.
As avaliações realizadas com a Taxonomia de Bloom também podem ser aplicadas de forma digital, seja na EaD ou nas matérias online do ensino presencial.
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E como elaborar conteúdos a partir da Taxonomia de Bloom?
Os domínios cognitivo, afetivo e psicomotor devem ser observados e contemplados no planejamento de todas as atividades, e, também, do plano de aula como um todo, assim como os objetivos específicos de cada nível devem ser respeitados e desenvolvidos em ordem hierárquica. Ao trazer um novo conteúdo, os professores devem se atentar ao verbo que deve ser trabalhado naquele momento, para que a Taxonomia de Bloom seja utilizada de forma correta, trazendo assim um processo educacional completo.
O plano de aula deve ser pensado com antecedência, observando sempre qual o objetivo educacional de cada etapa, determinado pela taxonomia, que será alcançado. No decorrer das aulas, é de extrema importância que o corpo docente vá avaliando de forma contínua os avanços no aprendizado individual e coletivo da turma, para que possa perceber qual o melhor momento de usar cada ferramenta. Essas metodologias de aula devem ser preparadas com base em três perguntas, sendo elas:
1) “O quê?” – aborda aqui o conceito do que será desenvolvido na aula, delimitando o que o estudante deve saber nesse nível para chegar ao seguinte.
2) “Como?” – nesse ponto, o professor deve selecionar seu método, o processo que será utilizado para que o assunto seja passado para o aluno.
3) “Para quê?” – aqui é analisado o motivo pelo qual o estudante deve absorver o conhecimento em questão, sendo sempre importante relacionar o que é aprendido com outros assuntos e com o mundo real.
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Como aplicar a Taxonomia de Bloom na avaliação?
A avaliação do aluno é parte inseparável do processo de aprendizagem, e também pode ser submetida à Taxonomia de Bloom. Desse modo, torna-se mais claro quais habilidades o aluno ainda precisa desenvolver, o que auxilia o educador a construir planos de aula mais assertivos.
Veja, abaixo, duas dicas para realizar essa aplicação na avaliação dos alunos.
1. Defina as habilidades exigidas
Para aplicar a Taxonomia de Bloom em processos de avaliação estudantil, é fundamental definir quais habilidades precisam ser desenvolvidas naquele momento. Em seguida, deve-se usar os verbos corretos para guiar os alunos até aquele objetivo.
Uma questão que exige uma “explicação” é diferente de uma questão que demanda a “apresentação” de determinados fatos. Do mesmo modo, solicitar que o aluno “comprove”, “demonstre” ou “exemplifique” também faz com que ele acesse conhecimentos diversos, trabalhados ao longo do curso.
Por isso, tenha em mente qual capacidade você deseja exigir da turma, e como ela pode ser solicitada de modo claro e transparente, estimulando-a a pensar na sua trajetória educacional.
2. Não tenha medo de distratores
Outra dica para aplicar a Taxonomia de Bloom nas avaliações é usar distratores ao longo das questões, tornando-as mais complexas. Mais do que “pegadinhas”, eles podem ser usados de maneira estratégica para exigir que o aluno ative o conhecimento necessário para que a questão possa ser desenvolvida.
Pense, por exemplo, em uma prova em que é preciso explicar um acontecimento histórico. Para isso, é necessário que o estudante domine não apenas o acontecimento em si, mas também os demais fatores que levaram até ele.
Distratores também são uma maneira de estimular a atenção do aluno no momento da prova, fazendo com que se concentre no enunciado e no que é exigido. Assim, pode trabalhar o seu foco, inclusive, no momento da avaliação.
6 Dicas para aplicar a Taxonomia de Bloom
Agora que já sabemos mais sobre a Taxonomia de Bloom, veremos dicas centrais para que sua aplicação seja certeira!
1. Focar no aluno
É de extrema importância sempre lembrar que a parte central da educação é o aluno. Na Taxonomia de Bloom, grande parte de seus métodos levam em consideração a individualização do estudante, afinal, o ensino depende do ritmo de aprendizagem dele.
Também se deve respeitar a autonomia e o protagonismo do estudante. Um ensino descentralizado da figura do professor é o modelo que mais vem crescendo em termos de metodologia do ensino, e, na EaD, sua aplicação tem se tornado indispensável.
2. Utilizar recursos online
A internet, e seus incontáveis recursos, são aliados importantíssimos da educação no século 21. Um bom uso das plataformas de aprendizagem facilita o processo de implementação da Taxonomia de Bloom nas aulas.
Ferramentas como fóruns de discussão, vídeos, testes online e gráficos, por exemplo, servem para melhorar a qualidade do ensino, assim como para realizar avaliações mais precisas do avanço dos estudantes.
3. Ser realista
É indispensável que o tempo do estudante seja respeitado, sem que o processo de aprendizagem seja atropelado pelo plano de ensino. Lembre-se que o estudante está no centro da aula, e que o seu desenvolvimento deve ser incentivado, e não forçado.
É importante, também, observar as atividades propostas para cada etapa da Taxonomia de Bloom. Recursos muito complexos – aplicados em atividades simples – podem dificultar, mais do que ajudar, no processo de aprendizagem.
4. Avaliar constantemente o processo educacional
As tecnologias aplicadas no ensino não servem apenas para avaliar os alunos, como também para avaliar os procedimentos usados durante as aulas. Compreender quais são as metodologias que funcionam em cada etapa e para cada um dos estudantes é uma tarefa contínua e central para que o ensino seja realmente de sucesso.
5. Manter objetivos claros
Se o aluno é o protagonista do ensino, é importante que ele entenda como e porquê sua educação se dará daquela forma. Deixar claro os objetivos de cada etapa para o aluno facilita com que eles sejam alcançados de forma satisfatória.
6. Respeitar a hierarquia da Taxonomia de Bloom
Lembre-se que a Taxonomia de Bloom é uma metodologia de ensino de eficácia comprovada, fruto do desenvolvimento de muitas pesquisas na área da educação. Entender e respeitar a ordem hierárquica dos níveis é necessário para que o modelo funcione.
Em diversos momentos, os próprios estudantes, de forma inconsciente, poderão alterar a ordem de cada objetivo no seu aprendizado. É indispensável que o professor esteja atento aos seis níveis do domínio cognitivo para trazer o aluno para o ponto correto sempre que alguma etapa do caminho seja pulada.
Taxonomia de Bloom para a educação superior: estratégias de adaptação
Ainda que a taxonomia de Bloom possa ser aplicada em todos os segmentos educacionais, ela ganhou mais espaço e notoriedade na educação básica.
Por ser voltada para o desenvolvimento socioemocional e psicomotor, além do repertório de conteúdos, ela tem grande aplicabilidade na formação infanto juvenil.
Ainda assim, as estratégias trazem benefícios também para os cursos de graduação. Além de estreitar o diálogo entre o corpo docente e discente, a taxonomia permite o planejamento das metas de aprendizagem de acordo com as etapas de contato com o conhecimento.
Dessa forma, o professor e/ou coordenador estabelece quais os objetivos da disciplina, o que ela visa atingir em termos de conhecimento teórico e prático e quais serão as métricas de avaliação.
Com isso em mente, é importante atentar para a captação e interação dos alunos com o conteúdo das aulas, de forma a minimizar o surgimento de lacunas e promover a interdisciplinaridade na formação.
Pensando nesse desafio, trouxemos ideias de como a taxonomia de Bloom pode trazer melhorias para a Educação Superior:
Adapte para cada curso
Em primeiro lugar, é importante entender as demandas dos alunos do segmento. A aplicação da taxonomia de Bloom no ensino básico requer um ensino voltado para a multiplicidade e o repertório científico e cultural que esse segmento exige.
Porém, no caso da educação superior, é importante analisar quais são os setores que mais carecem dessas estratégias e como aplicá-las a ponto de entender as especificidades de cada curso.
Ou seja, é importante escutar os alunos e suas questões para desenvolver as estratégias que beneficiem o curso. É nessa hora que é importante oferecer a eles o espaço para dialogar com a coordenação do curso e avaliar as estratégias que estão sendo usadas.
Por exemplo, ao realizar uma avaliação anônima, os coordenadores podem notar que os alunos de cursos mais tradicionais, como o direito e administração, sentem falta da aplicação de seus conhecimentos para o mercado contemporâneo.
Que tal então explorar as possibilidades da gaming law e analisar com base em projetos práticos quais as mudanças necessárias nesse segmento? Ou usar os conhecimentos em gestão para projetos de criação de startups?
Avalie os recursos dos docentes
É claro que também é necessário ter um olhar atento para a situação dos docentes. Muitos professores não estão capacitados para utilizar os melhores recursos e beneficiar seus alunos.
Isso porque profissionais da educação estão sobrecarregados e não encontram o incentivo para a capacitação e formação continuada. Portanto, é importante que a coordenação do curso ofereça espaço para que o corpo docente também entenda e aprecie as novas tecnologias e as utilize para propor novas estratégias de ensino e avaliação a seus alunos.
Use como ponto de partida
Outra estratégia interessante é utilizar a solução de problemas como ponto de partida para a absorção de conhecimento.
Se o docente envolve em seu plano de aula um estudo de caso, por exemplo, ele pode avaliar os estágios de aprendizagem de acordo com a taxonomia de Bloom.
Partindo do princípio que os alunos primeiro entram em contato com a informação e devem registrar o que viram, o plano de aula pode levá-los por cada uma das etapas, passando pela análise das informações recebidas, a classificação dos dados, a justificativa de posicionamentos e, claro, a criação de novas soluções.
Ao utilizar situações contemporâneas e possibilidades práticas da atuação profissional como ponto de partida, a instituição de ensino pode tornar esses momentos mais concretos para seus alunos e trazer grandes benefícios para a matriz curricular.
Exemplo prático de aplicação da Taxonomia de Bloom
Para finalizar o artigo, vamos agora exemplificar o uso da Taxonomia de Bloom. Para isso, utilizaremos a Segunda Guerra Mundial como assunto para ser aplicado em atividades em cada etapa do aprendizado:
- Lembrar: Neste primeiro nível, o aluno deve memorizar conceitos. Como atividade, pode ser proposto que ele identifique as datas de início e término da guerra e enumere os principais países que compunham as alianças militares (Aliados e Eixo).
- Entender: Aqui, ele deve explicar algo do conteúdo, podendo, por exemplo, ter que descrever as motivações de cada aliança na guerra.
- Aplicar: Agora, é importante que o aluno possa aplicar o que viu em casos práticos. Uma boa ideia seria desenvolver um texto sobre como seria o mundo se os países do Eixo tivessem vencido a guerra.
- Analisar: Com o domínio de conceitos menores dentro da disciplina, o professor pode pedir que o estudante explique qual a influência do fascismo nos dias de hoje por meio de recursos audiovisuais.
- Sintetizar: Ao desenvolver a capacidade de ligar pontos da disciplina que se conectam, uma boa atividade seria pedir para o aluno construir uma relação do fim da Segunda Guerra Mundial com a transformação dos EUA e da URSS em superpotências e, também, com o início da Guerra Fria.
- Criar: No último momento, o estudante deve propor coisas novas. Ele pode, aqui, ter que produzir simulações de reuniões da Organização das Nações Unidas (ONU) com seus colegas, com a finalidade de impedir o acontecimento de novas guerras, utilizando os conhecimentos adquiridos anteriormente sobre as motivações e as sanções impostas às nações.
Esperamos que você tenha gostado de nosso conteúdo sobre a Taxonomia de Bloom! Se você quer aplicá-la em sua instituição de educação superior, aproveite para entender melhor sobre como as ferramentas digitais facilitam a implementação de metodologias ativas em sala de aula!