Trabalhabilidade e empregabilidade são assuntos muito discutidos atualmente, mas também incompreendidos por boa parte das pessoas.
Primeiramente, é preciso entender a diferença existente entre emprego e trabalho. No emprego existe uma etapa delimitada, que geralmente se encerra com a aposentadoria. Já o trabalho se refere a um maior prolongamento e pode acompanhar a trajetória de um indivíduo ao longo de sua vida.
Para entender melhor sobre esses termos, preparamos este artigo apresentando os devidos conceitos de trabalhabilidade e empregabilidade, como eles acontecem no mercado, e por fim, vamos mostrar como as Instituições de Ensino Superior (IES) devem preparar seus estudantes para essa nova tendência. Acompanhe!
O que é trabalhabilidade e empregabilidade?
Começaremos explicando o termo mais utilizado: a empregabilidade. Ela corresponde à soma de todas as capacidades necessárias que uma pessoa necessita ter para conseguir um emprego. Isso foi muito visto com a globalização e o surgimento das novas tecnologias, em que o profissional precisou se adaptar às exigências do mercado para se tornar empregável.
Em poucas palavras, a empregabilidade é como uma proteção para o profissional, garantindo que ele continue em seu cargo de trabalho.
Dessa forma, quando um currículo é bastante diferenciado, com qualificações e excelentes experiências, por exemplo, ele acaba se destacando no mercado. Consequentemente, a empregabilidade desse suposto candidato é bastante alta.
Em tempo, a palavra trabalhabilidade é menos compreendida. Diferente da primeira, esse novo conceito vem da própria capacidade de trabalhar e não de simplesmente conseguir um trabalho.
A trabalhabilidade amplia o conceito de empregabilidade para outras fontes de renda e também possibilidades de trabalho, já que o emprego apresenta diversas limitações e não deve ser encarado como única opção.
Sendo assim, um profissional que atua no mercado pelo conceito de trabalhabilidade possui as seguintes características:
- busca sempre aprender;
- é resiliente;
- faz diferença na sociedade;
- procura funções alinhadas aos seus valores pessoais;
- resolve problemas complexos;
- tem pensamento crítico;
- tem qualificação técnica;
- trabalha colaborativamente;
- transforma hobbies em fontes de receita;
- usa a criatividade.
Portanto, conhecer os conceitos de trabalhabilidade e empregabilidade é importante para o profissional do futuro, pois é preciso estar atento às novas exigências e entender como transformar as competências pessoais em soluções que interessam às empresas.
Logo, buscar conhecimento, novas habilidades, ter flexibilidade, inteligência emocional, entre outros, são alguns dos elementos que compõem o conjunto de competências necessárias para se manter no mercado de trabalho.
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Quais são os pilares da trabalhabilidade e da empregabilidade?
Como explicamos, o mercado de trabalho vem sofrendo mudanças cada vez mais visíveis e profundas. Assim, os profissionais devem se adaptar a novas maneiras de se destacar nesse cenário.
A trabalhabilidade amplia alguns conceitos, que ganham notoriedade quando falamos do novo mercado de trabalho. Eles estão relacionados, principalmente, a uma rotina mais maleável e à valorização de competências individuais. Assim, baseiam-se em 3 pilares fundamentais:
1. A valorização do indivíduo
Com as novas tecnologias e a existência de campos de trabalho cada vez mais multidisciplinares, é possível observar uma mudança no mercado: hoje, as pessoas querem ser valorizadas pelo que fazem de melhor, e querem usar essas habilidades para propor soluções que se adequem às suas funções.
Isso significa que as competências socioemocionais ganham uma dimensão mais importante. Uma vez que são elas as responsáveis por determinar quais características pessoais e profissionais mais se destacam em cada indivíduo, e como elas podem ser usadas para atribuir mais valor a serviços prestados.
2. A tendência ao empreendedorismo
Outra importante mudança que pode ser observada quando falamos de trabalhabilidade é o desejo de atuar em áreas que despertam o interesse pessoal das pessoas. Isso se relaciona, é claro, à valorização do indivíduo e das suas capacidades, mas também é uma nova maneira de enxergar o mercado.
A noção de que o trabalho está desassociado dos interesses pessoais já não é tão forte. Hoje, hobbies também podem se tornar uma fonte de renda, e a tecnologia permite criar maneiras inovadoras de realizar ações que já conhecemos e fazemos. Por isso, cada vez mais pessoas caminham para o empreendedorismo.
Ela representa, de modo geral, uma maior autonomia e maior capacidade de autogestão dos indivíduos. E se baseia, também, em rotinas de trabalho mais flexíveis e que se adequem aos interesses de cada profissional.
3. A capacidade de adaptação
A trabalhabilidade já exige dos profissionais uma grande capacidade de se adaptar a novos cenários e enfrentar desafios. No entanto, esse pilar aparece sobretudo quando tratamos da educação e da especialização desses indivíduos no novo mercado de trabalho.
Afinal, com as frequentes e cada vez mais rápidas mudanças que observamos em diversas áreas, em geral causadas pela criação de novas tecnologias, não é incomum que as grades curriculares se tornem obsoletas em um piscar de olhos.
Por isso, os profissionais devem encontrar maneiras de se adaptar e se manter atualizados.
Isso se traduz, portanto, em novas técnicas de educação continuada e também na busca frequente por aprimoramento. Nesse cenário, o lifelong learning ganha mais espaço e pode ser uma aposta das instituições de educação superior que desejam atender a esse novo público de alunos.
Qual a relação entre trabalhabilidade e educação?
O sistema educacional tradicional foi pensado para possibilitar a construção de uma carreira profissional linear. Desse modo, ele oferece aos alunos uma formação focada na sua atuação, oferecendo o aprendizado de competências que possam ser aplicadas tecnicamente e que se baseiam em um padrão já estabelecido.
No entanto, como destacamos ao longo deste texto, a trabalhabilidade e empregabilidade mais se relacionam com aquilo que o profissional tem de diferente e inovador, e com as maneiras que ele encontra de se destacar no mercado de trabalho — hoje em dia, mais interessado em adaptação e em desafios.
O papel da educação passa a ser, nesse cenário, mais amplo. Em vez de construir uma carreira linear, ela deve se preocupar em oferecer aos estudantes uma maior capacidade de se adaptar a diferentes contextos, resolver problemas e usar a imaginação para criar soluções diferentes, originais.
Além disso, passa a ser fundamental que a educação ocupe um lugar mais contínuo na vida dos estudantes. A graduação não é suficiente para manter os estudantes em dia com as transformações de trabalhabilidade; eles devem, portanto, ter a possibilidade de continuar se especializando.
Nesse novo contexto, os alunos devem construir uma jornada de aprendizagem mais crítica, que se baseie em metodologias inovadoras. Falaremos mais sobre isso adiante, mas já podemos adiantar que a posição central dos estudantes no seu processo de aprendizado passa a ser fundamental.
Podemos dizer, desse modo, que a relação entre a trabalhabilidade e educação se dá a partir dos seguintes pontos:
- A educação promove uma formação mais completa, focando também nas competências socioemocionais dos estudantes;
- a educação possibilita a construção de carreiras multidisciplinares e faz com que os alunos se adequem às necessidades do mercado de trabalho; e
- a educação promove o autoconhecimento, o que faz com que estudantes busquem oportunidades alinhadas aos seu perfil, aumentando a felicidade e a motivação laboral.
Como as IES devem preparar seus estudantes para o mercado do futuro?
Sabendo que o mercado vive constantes mudanças, conforme a previsão da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), surge o questionamento de como as IES devem preparar o estudante para ser um profissional com alta trabalhabilidade e empregabilidade.
Com a consolidação da trabalhabilidade se tornando a nova ordem do mercado de trabalho, as IES precisam redirecionar seus esforços.
Isso exige a necessidade de adaptação e combinação de conhecimentos, propondo mudanças nas grades curriculares tradicionais, aplicando conteúdos de negócios que proporcionam conhecimentos multidisciplinares aos discentes, inovando em técnicas, métodos e didática de ensino. Enfim, visando acompanhar a geração que está em busca do seu diferencial.
Logo, trabalhando com um método mais autônomo, colaborativo e prático, como também propõem as metologias ativas, as IES podem preparar melhor o estudante na atuação da sua carreira.
Algumas Instituições de Ensino Superior já saíram na frente e incorporaram essa nova dinâmica de formação de habilidades e desafios de mercado na sala de aula. Para isso, é necessário ensinar teoria e prática de forma simultânea, seguindo o cotidiano dinâmico de cada profissão.
Além disso, é de extrema importância que as IES tenham um modelo de ensino que desafie e estimule o aluno a avaliar problemas reais e a buscar soluções, mesmo que elas ainda não existam, desenvolvendo novas habilidades, o pensamento crítico, a pesquisa constante e a criatividade.
A proposta de uma metodologia que colabore tanto com a trabalhabilidade e empregabilidade do aluno faz com que ele seja o protagonista de sua própria experiência. Então, quando ele recebe o seu diploma pela IES, estará melhor preparado para atuar no mercado de trabalho.
As IES também devem se preparar para as novas oportunidades de negócios que surgem. A criação de cursos com carga horária reduzida e conteúdos mais rápidos e diretos pode ser uma ótima estratégia para acompanhar essa mudança.
Veja, a seguir, algumas metodologias que podem auxiliar nesse processo:
1. Método PBL
Também chamado de “Aprendizagem Baseada em Problemas”, o método PBL é conhecido por oferecer aos estudantes o contexto de situações reais, estimulando a resolução de desafios.
No contexto de trabalhabilidade que apresentamos ao longo deste conteúdo, essa habilidade é fundamental para que os alunos se adaptem às novas exigências do mercado de trabalho.
2. Ensino híbrido
O ensino híbrido é uma maneira de incluir na IES maior flexibilidade e oferecer aos alunos a oportunidade de desenvolver a sua autonomia e a autogestão de horas.
Ele pode, portanto, auxiliar na construção de um ensino que valoriza a dinamicidade do processo de ensino-aprendizagem, promovendo uma educação voltada para as necessidades de cada estudante.
3. Rotação por estações
A rotação por estação é uma metodologia focada em dividir a turma e trabalhar, em cada grupo, diferentes categorias do aprendizado. Além de promover um ensino mais multidisciplinar, ela estimula o trabalho em equipe e a comunicação entre os estudantes.
Como a trabalhabilidade se relaciona com os pilares da Nova Educação?
Também podemos relacionar aos conceitos de trabalhabilidade e empregabilidade os 4 pilares da Nova Educação, propostos pela Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, que incorpora o ensino ao paradigma do desenvolvimento humano. São eles:
1. Aprender a fazer
Os educadores devem estimular que os estudantes apliquem suas habilidades ligadas à resolução de problemas complexos. Para isso, os jovens devem usar a inteligência emocional e todo o conhecimento adquirido para, por meio do trabalho em equipe, enfrentar situações e negociar diferentes pontos de vista.
Neste cenário, todas as áreas da educação são atingidas. Seja em cursos presenciais, a distância, técnicos, entre outros, em que o aprendizado e a formação devem ser constantes.
2. Aprender a ser
As ações dos estudantes devem sempre ser pautadas pela capacidade de autonomia, discernimento e responsabilidade.
Para isso, é preciso que eles desenvolvam uma postura mais cooperativa e, ao mesmo tempo, que possam fortalecer suas potencialidades individuais, como o raciocínio, a capacidade física, a aptidão para a comunicação e, acima de tudo, o autoconhecimento.
3. Aprender a conviver
Neste pilar, os estudantes devem desenvolver capacidades relacionadas à inteligência emocional, como a compreensão do outro e a percepção das interdependências, assim como praticar a tolerância e superar antigos paradigmas.
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4. Aprender a aprender
As novas tecnologias e novos modelos de negócio, que englobam os conceitos de trabalhabilidade e empregabilidade, criaram um ambiente profissional bastante diferente com relação ao passado.
Porém, muitas instituições ainda insistem em manter o ensino pautado em um modelo que prepara o aluno a seguir uma carreira linear, focada em uma única área do conhecimento, em que as habilidades técnicas ganham mais destaque do que as habilidades socioemocionais, assim como a capacidade de criar e inovar.
Dessa forma, seguindo esse novo conceito de mercado, o conhecimento terá diferentes aplicações, já que as informações também precisam estar alinhadas à prática de forma a agregar para o universo individual e coletivo do estudante.
Esperamos que você tenha compreendido e se interessado ainda mais pela importância de entender os conceitos de trabalhabilidade e empregabilidade. Para formar profissionais cada vez mais preparados, confira também o nosso artigo sobre ferramentas de metodologias ativas e saiba como aplicá-las em sua IES.