O trancamento de curso, que se enquadra no contexto da evasão de alunos, não só gera vagas ociosas, como também pode trazer perdas financeiras para a sua instituição de educação superior (IES).
Contudo, é importante compreender que trancar a faculdade geralmente é também uma situação indesejada para os estudantes. Muitos o fazem por razões como falta de recursos para seguir custeando as mensalidades.
O cenário econômico incerto do pós-pandemia, por exemplo, pode contribuir para a diminuição de matrículas, abandono e aumento da evasão no ensino superior no país. A redução de salários e a perda de empregos são os fatores decisivos para este quadro.
De acordo com o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), as áreas que tiveram maior evasão e mantiveram a tendência na pandemia são:
- Sociais aplicadas (administração, publicidade e propaganda e contabilidade);
- Engenharias (civil, mecânica e produção);
- Técnico em informática (TI).
O economista Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, indicou que os cursos de administração e contabilidade costumam atrair pessoas de renda menor. Esta é exatamente a faixa da população mais afetada pela pandemia em termos de renda.
Por sua vez, os cursos de engenharia são bastante buscados por sua atratividade para o mercado de trabalho. No entanto, tratam-se de cursos mais caros, e os estudantes encontram dificuldades em manter a recorrência dos pagamentos.
Já a área de TI atrai profissionais que têm certificações intermediárias, mas eles acabam abrindo mão da faculdade para priorizar o trabalho. Saiba mais nesta reportagem do G1.
Segundo um levantamento do Semesp, no primeiro semestre de 2020, a taxa de evasão no ensino superior privado foi de 10,1%. O valor é 14,7% maior do que o observado no mesmo período de 2019, em que o percentual era de 8,8%.
Isso significa, em números absolutos, que 608 mil alunos desistiram ou solicitaram o trancamento de curso só no primeiro semestre de 2020, 83 mil a mais em relação ao mesmo período do ano anterior.
Além disso, a taxa de inadimplência nos primeiros seis meses de 2020 foi de 11%, representando um aumento de 29,9% em relação ao mesmo período de 2019. Estes dados foram obtidos a partir de uma pesquisa realizada com 53 instituições particulares de educação superior.
Preparamos, então, este artigo para explicar detalhadamente como funciona o trancamento de curso, o que diz a legislação sobre o tema e como evitá-lo em sua IES.
Continue a leitura!
Qual a diferença entre trancamento de curso, cancelamento e abandono de matrícula?
Lidar com a decisão de alunos que escolheram estudar na sua IES, mas não conseguiram seguir com a formação, certamente é difícil.
Mais para frente, apresentaremos algumas dicas para a sua instituição de educação contornar este quadro. Mas, antes, é importante compreendermos as diferenças entre trancamento de curso, cancelamento e abandono de matrícula.
O que é trancamento de curso?
Trancamento de curso é a suspensão oficial das atividades acadêmicas devido à requisição pelo próprio estudante. Neste caso, é realizado o cancelamento momentâneo do estudante em todos os componentes curriculares em que esteja matriculado.
Ou seja, o aluno mantém a sua vaga reservada quando escolhe trancar o curso. Contudo, durante o afastamento, o seu vínculo com a IES estará suspenso temporariamente, sem cobrança de mensalidades.
O trancamento pode ser realizado durante um período determinado em regimento pela instituição de educação.
Geralmente, este tipo de solicitação é semestral e deve ser renovada a cada semestre, sendo que o estudante possui um tempo limite para permanecer afastado da IES.
As regras relacionadas ao trancamento de curso variam de uma instituição para outra. Ainda assim, é possível que o discente volte a estudar antes do prazo máximo estipulado. Basta procurar a IES para fazer a matrícula.
O que é cancelamento de matrícula?
Em caso de cancelamento de matrícula, o aluno perde totalmente o vínculo com a instituição de educação. Deste modo, a sua vaga poderá ser preenchida por outro estudante. Para retornar à mesma IES após o cancelamento, será necessário participar novamente de um processo seletivo.
Quando desiste do curso antes do início das aulas, o estudante tem direito à devolução integral do valor pago.
Isso porque o artigo 39, inciso V do Código de Defesa do Consumidor (CDC) proíbe o fornecedor de exigir vantagem excessiva do consumidor. E, como o serviço ainda não foi prestado antes do início das aulas, cabe à instituição reembolsar o valor.
Por outro lado, há a possibilidade de a IES reter parte deste valor, caso comprove que teve despesas administrativas com a contratação e o respectivo cancelamento, ainda que tenha sido realizado antes do início das aulas.
Neste caso, esta indicação precisa ser expressa de forma clara no contrato ou documento equivalente assinado pelo consumidor.
E o que é o abandono de curso?
O abandono de curso é a interrupção do vínculo do aluno com a instituição, diante da não renovação de sua matrícula. Caso o aluno deixe de frequentar as aulas antes do fim do semestre, a instituição entende que houve abandono de curso.
Neste caso, as mensalidades continuam sendo cobradas até o fim do período letivo. Por isso, é importante que a desistência ou cancelamento seja realizada por escrito, como previsto em contrato.
O que diz a legislação sobre trancamento de curso?
O aluno tem o direito de trancar a matrícula sem que seja cobrado por qualquer taxa adicional pela instituição de educação.
De acordo com o Conselho Nacional de Educação (CNE), a mensalidade do curso precisa abranger serviços como matrícula, boletins, cronogramas, certificados, entre outros. Por isso, taxas relacionadas ao trancamento de matrícula ou outras taxas de serviços cobradas de forma adicional à mensalidade são consideradas abusivas e, logo, ilegais.
Trancamento na educação a distância (EaD)
Assim como acontece com a modalidade de ensino presencial, os cursos no ensino superior a distância devem cumprir a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, estabelecida pelo Ministério da Educação.
Portanto, os alunos da modalidade EaD possuem também o direito de realizar o trancamento de matrícula. De modo geral, o procedimento é similar ao requerido para cursos presenciais.
O que fazer diante da inadimplência?
Segundo a Lei nº 9.870, de 23 de dezembro de 1999, que dispõe sobre as mensalidades escolares, a instituição de educação não pode impedir que o aluno tenha acesso a todos os seus direitos acadêmicos, seja no semestre ou ano letivo, diante da alegação de inadimplência.
No entanto, o estudante inadimplente não poderá renovar a sua matrícula e poderá perder o vínculo com a instituição.
Esta garantia é conferida ao estabelecimento de ensino para que possa recorrer judicialmente a fim de executar o contrato firmado com o aluno e exigir o pagamento das mensalidades, o adimplemento das cláusulas estabelecidas e a inclusão nos serviços de proteção de crédito do devedor.
A instituição também não é obrigada a oferecer novas condições de pagamento aos alunos inadimplentes.
O atraso no pagamento da mensalidade é caracterizado como descumprimento do contrato de prestação de serviços educacionais, regido pela Lei nº 8.078/90 — Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Trata-se do acordo firmado entre o aluno e a sua IES, no ato da matrícula e por ocasião de sua renovação, realizada em cada período letivo.
Vale lembrar que a Lei nº 9.870/99, em seu artigo 6º, dispõe a proibição da suspensão de provas escolares, retenção de documentos escolares, assim como diploma de conclusão, ou a aplicação de quaisquer outras penalidades pedagógicas por razões relacionadas à inadimplência.
Em quanto tempo o aluno pode voltar após trancar o curso?
Como explicamos antes, depois de concluir um trancamento de curso, o prazo máximo para que o aluno permaneça afastado é definido pela própria instituição de ensino.
Contudo, a média geral é de dois anos. Ou seja, após o trancamento, o estudante tem a possibilidade de ficar até dois anos distante do curso. Durante este período, não precisará pagar mensalidades.
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Como mensurar a evasão de alunos durante o ano?
Um método técnico que pode ajudar a sua IES a mensurar a evasão de alunos ao longo do ano é a métrica cohort.
Trata-se de um avaliador que divide as pessoas em grupos — de acordo com o seu perfil ou o que elas têm em comum —, a fim de realizar uma análise.
Estes grupos são divididos conforme o acontecimento de um evento e o período em que ele ocorreu. No caso da sua instituição de educação, a ideia seria considerar a data da matrícula ou o semestre em que uma determinada turma se encontra.
Ou seja, um grupo é analisado de forma apartada em relação ao total de estudantes da IES. Sendo assim, torna-se mais prático o acompanhamento da evasão de alunos dentro de um recorte de tempo.
Com esta análise, a instituição consegue identificar se a evasão tem aumentado de um semestre para outro ou entre diferentes turmas.
Mais do isso, tem a possibilidade de determinar um padrão para os diferentes tipos de cursos e/ou áreas do conhecimento.
Para tanto, basta calcular — para cada turma — o número total de alunos matriculados e quantos estudantes entre eles abandonaram ou trancaram a matrícula. Assim, chega-se facilmente ao percentual de evasão.
Este é um método eficiente para que os gestores das instituições de ensino não acabem deixando de lado aspectos que influenciam apenas uma ou outra turma, ao acompanharem os dados gerais da IES.
Tais aspectos podem ser diversos, indo desde a não identificação de uma turma com determinada disciplina ou docente até acréscimos no valor da matrícula.
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Quais são os fatores determinantes para evasão e trancamento de curso?
Além dos fatores econômicos, de que falamos no início deste artigo, o absenteísmo universitário possui outros gatilhos. Muitas vezes, eles não aparecem de forma isolada, mas operam simultaneamente.
Entre estes fatores, podemos citar:
- Insatisfação;
- Indisponibilidade de tempo;
- Deficiências de aprendizagem;
- Não identificação com o método de ensino;
- Oportunidades no mercado de trabalho.
Vamos falar, em detalhes, sobre cada um deles.
1. Insatisfação
O trancamento de matrícula devido a algum tipo de insatisfação em relação ao curso é bastante comum. Pode acontecer de o estudante identificar uma lacuna entre a proposta de valor oferecida no momento da captação de alunos e o valor efetivamente entregue.
Aqui, vale a pena a instituição estar aberta a ouvir com atenção as queixas dos discentes e atuar de forma a buscar tornar o curso mais atraente.
Outro cenário possível é o estudante não se identificar com a formação escolhida. Neste caso, a IES pode oferecer a possibilidade de “reopção”, permitindo que o aluno migre de curso dentro da própria instituição de ensino.
2. Indisponibilidade de tempo
A renda domiciliar per capita do brasileiro caiu, no ano de 2020, para R$1.380,00, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O valor é 4,1% menor do que o rendimento médio nacional nominal registrado em 2019, sem considerar os efeitos da inflação. Estes dados se referem à população economicamente ativa, aquela que realiza alguma atividade profissional.
Portanto, podemos inferir que muitos estudantes precisam conciliar os estudos com o trabalho. E, como alguns modelos de ensino (sobretudo o presencial) exigem uma grande dedicação aos cursos em termos de carga horária, eles desistem das aulas.
Neste caso, vale fomentar a praticidade do ensino a distância ou mesmo oferecer maior flexibilidade de grade e/ou horários de aula.
O caminho aqui é aumentar a acessibilidade, por meio também de programas de financiamento estudantil privado.
3. Deficiências de aprendizagem
É comum que educação anterior do aluno não o prepare de forma adequada para o ingresso no ensino superior. Deste modo, ao começar um curso, muitos alunos apresentam dificuldades nas disciplinas que exigem um aprofundamento maior.
Identificar este tipo de defasagem a partir da avaliação diagnóstica pode ser uma boa opção. É uma maneira interessante de reunir informações para a realização de atividades e aulas de reforço antes do início de uma determinada disciplina, caso seja necessário.
A partir da identificação de eventuais dificuldades, o professor pode realizar uma intervenção pedagógica.
4. Não identificação com o método de ensino
O uso de métodos de ensino obsoletos, que não incorporam a transformação digital na educação, pode tornar o ambiente universitário pouco atrativo para os estudantes.
Considere que muitos alunos são nativos digitais, ou seja, já cresceram em um mundo ultraconectado, em que novas tecnologias e ambientes virtuais — como redes sociais — são imperativos.
Logo, aulas apenas expositivas e avaliações engessadas não atendem às expectativas destes jovens.
As instituições de educação precisam estar atentas às tecnologias educacionais e às metodologias ativas, como:
O uso destas metodologias ajuda os estudantes a assumirem o protagonismo no próprio processo de aprendizado.
Deste modo, a satisfação do corpo discente aumenta e, consequentemente, a retenção de alunos também.
Outros benefícios do emprego das metodologias ativa em sala de aula são:
- Melhor percepção geral dos estudantes em relação à IES;
- Maior reconhecimento da instituição no mercado educacional;
- Além do apoio na captação de alunos.
5. Oportunidades no mercado de trabalho
Os alunos que ingressam no ensino superior o fazem, principalmente, a fim de progredirem na carreira ou darem início a uma jornada profissional de sucesso. Em outras palavras, eles estão investindo em sua trabalhabilidade e empregabilidade.
Sendo assim, se eles não conseguem enxergar perspectivas positivas neste sentido ao longo da formação, é possível que a sua inclinação ao trancamento de curso seja maior.
Por isso, é importante que a instituição de educação estabeleça parcerias com empresas e iniciativas que possam viabilizar bons programas de estágio para apoiar os estudantes em sua colocação no mercado.
Leia também: Saiba como garantir a empregabilidade dos alunos na IES
Como evitar o trancamento de curso na sua IES? Confira 7 dicas valiosas!
Agora que já apresentamos as causas principais para que os estudantes tranquem as suas matrículas no ensino superior, chegou a hora de trazer dicas para evitar este cenário.
A retenção de alunos é, naturalmente, uma prioridade para as instituições de educação. Com o quadro de pandemia e todas as suas implicações para os diferentes setores da economia, inclusive para o mercado educacional, trabalhar para aumentar esta taxa se tornou ainda mais necessário para as IES.
Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) no ano passado indicou que 47% dos alunos da modalidade presencial estavam considerando desistir de suas matrículas, diante do cenário pandêmico.
Contudo, como você viu neste artigo, a pandemia de Covid-19 e as suas implicações não são as únicas razões para a baixa na retenção de alunos e para o trancamento de curso no ensino superior.
Por isso, estamos aqui para apresentar alguns passos que podem ajudar as IES a oferecerem uma experiência melhor para os estudantes e facilitarem a sua jornada na educação superior. A contrapartida para as instituições, claro, é a potencialização na retenção de estudantes.
Confira as dicas a seguir!
1. Revisão do planejamento pedagógico
O mercado de trabalho se transforma o tempo todo, com o surgimento de novas possibilidades de carreira que momentos antes sequer existiam. E, como já falamos por aqui, as diretrizes do Ministério da Educação para os cursos superiores também passam por mudanças frequentes.
Sendo assim, ainda que possuam um planejamento educacional bem estruturado e implementado, as IES devem reavaliá-lo periodicamente. Nas revisões, devem considerar todos os aspectos que influenciam tanto na adequação das aulas aos tempos atuais e no desempenho dos docentes quanto na adaptação dos alunos.
2. Auxílio na adaptação dos estudantes
Falando em adaptação, ajudar os estudantes na integração ao ambiente acadêmico é outro ponto fundamental para retê-los na instituição, evitando o trancamento de curso.
Criar uma espécie de onboarding pode ser uma ótima ideia para ajudar os novos entrantes a conhecerem os recursos e ferramentas disponíveis na IES, os materiais com que terão contato e toda a infraestrutura educacional, de forma geral.
3. Personalização do ensino
Já falamos, em nosso blog, sobre a importância da personalização do ensino e de colocar o aluno no centro de seu próprio processo de aprendizagem.
Isso é possível com o ensino interativo, que utiliza recursos tecnológicos para ampliar o interesse dos estudantes. Seu objetivo é promover um processo educativo mais individualizado e que atenda às necessidades de cada aluno.
Os docentes, por seu lado, deixam de atuar como detentores do conhecimento e de transmiti-lo de forma unilateral. Passam a ser mediadores em sala de aula.
Para a aplicação eficiente desta metodologia, mais uma vez reforçamos a importância da realização do diagnóstico de aprendizagem. Esse recurso identifica os pontos fortes e de melhoria em cada aluno e turma, de modo a contribuir com a personalização do ensino.
4. Oferta de direcionamento profissional
Incentivar o aluno a adquirir vivências profissionais é outro ponto fundamental para o combate ao trancamento de curso e o foco na retenção de alunos. Nesse sentido, é essencial investir em estratégias de orientação profissional.
Programas de estágio, como apontamos, são uma forma muito efetiva de ajudar os discentes a validarem a sua escolha profissional, uma vez que eles vivenciarão na prática os desafios do mercado de trabalho.
Além de estágios, a possibilidade de os estudantes fazerem intercâmbios — por meio de parcerias da própria IES com instituições no exterior —, além de trabalhos voluntários ou temporários, são outras formas de ajudá-los a validar a sua escolha de carreira.
As empresas júnior também enchem os olhos dos alunos mais engajados, ajudando-os a experimentar plenamente as experiências universitárias. Elas favorecem o seu desenvolvimento nos âmbitos pessoal, acadêmico e profissional.
Eventos e mentoria
Não podemos esquecer também dos eventos — como feiras de carreira, visitas a empresas e oficinas —, que podem promover um contato-chave do aluno com o mercado de trabalho.
A oferta de mentorias de carreira também pode ser uma maneira interessante de aproximar os alunos de profissionais experientes do mercado e ajudá-los em seu processo de formação de contatos profissionais, o famoso networking.
5. Financiamento estudantil
Arcar com custos de mensalidade pode ser um desafio para muitos estudantes. Aqueles que estão inseridos na modalidade presencial ainda precisam investir em transporte, alimentação, materiais didáticos etc.
No início deste artigo, você viu que as dificuldades financeiras, que culminam em inadimplência, estão entre as principais causas para o trancamento de cursos no ensino superior.
Por isso, as instituições de ensino devem compreender o contexto de cada estudante, a fim de viabilizar algum programa de financiamento estudantil, baseado em empréstimos, descontos ou bolsas de estudo.
6. Realizar pesquisas de satisfação
Para se manterem relevantes no mercado e evitar o trancamento de curso, as IES precisam mensurar a satisfação dos alunos.
Entender a percepção do corpo discente sobre a instituição de educação é uma forma de estabelecer um diálogo construtivo com a comunidade acadêmica, que pode ajudar a IES a evoluir a partir da consideração de seus pontos de vista.
Avaliar o olhar de quem usufrui de seus serviços é fundamental para qualquer negócio, e o segmento educacional não foge disso. Por isso, nada de ignorar a opinião dos alunos e manter uma perspectiva unilateral.
Existe uma série de pesquisas qualitativas e quantitativas que podem ser adotadas para este propósito. O Net Promoter Score (NPS), por exemplo, é uma métrica de lealdade bastante utilizada para avaliar a satisfação e fidelidade de um cliente. Mais do que isso, este método analisa a probabilidade de um consumidor recomendar um serviço para outras pessoas.
O teste foi criado por Fred Heichheld em 2003, por meio da publicação de um artigo na revista da Universidade Harvard, com o título O número que você precisa para crescer.
A pontuação surge a partir da pergunta do NPS, que é a seguinte: “Em uma escala de 0 a 10, qual é a probabilidade de você recomendar nossa empresa a um amigo ou colega?”
Com base na nota que atribuem, os clientes são classificados em uma das seguintes categorias: “detratores”, “passivos” e “promotores”.
As pontuações funcionam da seguinte maneira:
- 0 a 6: detratores
- 7 a 8: passivos
- 9 a 10: promotores
No caso de uma IES, a ideia é questionar o contentamento do estudante com um curso específico ou mesmo com a instituição como um todo.
Alunos promotores
Os alunos promotores são aqueles que estão muito satisfeitos com a IES e avaliam os serviços e a infraestrutura oferecidos como excelentes.
Eles são fiéis à instituição e a recomendariam para outras pessoas. Inclusive, esses estudantes são mais propensos a ingressarem em outros cursos na IES, caso recebam este tipo de oferta.
Alunos neutros
Já os alunos neutros veem a instituição de ensino como satisfatória, mas não excelente. Enxergam pontos de melhoria que poderiam ser solucionados, mas alguns benefícios capazes de compensá-los. É possível que indiquem a instituição a terceiros, mas não são engajados o suficiente para promovê-la como referência.
Alunos detratores
Por fim, os alunos detratores estão insatisfeitos com o curso escolhido ou com a instituição de modo geral. São mais prováveis a solicitarem o trancamento de curso, já que possivelmente tiveram uma experiência negativa.
Posição da IES na escala de satisfação
Bem, para compreender a posição da sua IES na escala de satisfação, basta subtrair o percentual de alunos detratores do de promotores.
Por exemplo, caso a instituição tenha 50% de alunos promotores, 20% de alunos neutros e 30% de alunos detratores, é só ignorar os neutros e realizar o cálculo: 50 (promotores) – 30 (detratores) = 20.
A pontuação pode variar entre -100 e +100.
As notas médias podem apresentar diferenças de acordo com a área de atuação das empresas. Porém, de modo geral, considera-se a seguinte classificação:
- Excelente: NPS entre 75 e 100
- Muito bom: NPS entre 50 e 74
- Razoável: NPS entre 0 e 49
- Ruim: NPS entre -100 e -1
Além do NPS, é importante também pedir que o estudante avalie cada disciplina cursada. Para isso, peça que ele responda um questionário com questões como:
- Qualidade e relevância dos conteúdos apresentados;
- Habilidade didática do docente;
- Adequação ou não da metodologia empregada;
- Exigência ou não de conhecimentos prévios que ele não possuía;
- Adequação do ritmo de introdução de novos conceitos ao seu ritmo de aprendizado.
Ao utilizar o resultado destas avaliações para aprimorar continuamente os cursos e métodos de aprendizagem empregados, as IES conseguem assegurar maior satisfação por parte dos alunos e, consequentemente, aumentar a taxa de retenção.
7. Investir em canais de comunicação
Os canais de comunicação são essenciais para manter um ambiente acadêmico que atenda às necessidades de todos.
Por isso, as IES devem estabelecer mecanismos para monitorar em tempo real as demandas estudantis. É importante fazer com que os alunos se sintam seguros para reportar dúvidas e/ou reclamações.
Esta é uma maneira de solucionar gargalos antes que eles tomem uma proporção maior.
Além disso, ao estabelecer uma comunicação transparente entre a instituição de ensino e os estudantes, estes desenvolvem um sentimento de lealdade em relação à IES. Saberão que as suas questões serão ouvidas e analisadas e que encontrarão auxílio para a resolução de potenciais problemas.
Portanto, desde o ingresso dos alunos, é preciso deixar claro quais são os canais de comunicação disponibilizados pela instituição e como acioná-los.
8. Investir em uma boa infraestrutura
Apostar em uma infraestrutura de qualidade é um passo chave para atrair mais alunos e evitar a evasão no ensino superior.
É fundamental oferecer ambientes adequados para salas de aula, laboratórios, bibliotecas e áreas de convivência, de modo a tornar mais agradável o dia a dia dos alunos.
Esperamos que este conteúdo sobre trancamento de curso tenha sido útil para você. Que tal aproveitar e conferir outro artigo sobre gestão de permanência?