Embora seja mais aplicada na educação básica, a psicologia positiva também pode ser vista como uma grande aliada no processo de ensino de cursos de graduação e pós-graduação do Brasil.
Em um contexto em que 76% dos universitários do país afirmam que tiveram sua saúde mental afetada pela pandemia, como apontou a pesquisa Global Student Survey, torna-se cada vez mais necessário que as instituições passem a promover a psicologia positiva em suas disciplinas.
Quando bem aplicada, essa abordagem auxilia os alunos a viverem uma vida pessoal, acadêmica e profissional mais plena, assim como ajuda a melhorar o desempenho dos professores. Para saber mais sobre como esse movimento da psicologia pode impactar positivamente o processo de ensino, continue lendo este artigo.
Qual é o conceito de psicologia positiva?
A psicologia positiva é a área que se dedica ao estudo empírico do sucesso e bem-estar e dos elementos que podem levar a felicidade para as pessoas. Seus objetivos principais são identificar e potencializar os pontos fortes e virtudes dos seres humanos para que tenham uma vida plena e, assim, permitir que elas prosperem junto a sua comunidade.
Embora o termo tenha sido utilizado pela primeira vez por Abraham Maslow em seu livro Motivação e Personalidade, de 1954, a psicologia positiva se tornou um movimento relevante apenas no final dos anos 90, por meio das pesquisas do psicólogo Martin Seligman.
Por acreditar que a psicologia clínica estava muito voltada para doenças mentais e tratamentos medicamentosos, Seligman passou a realizar pesquisas focadas em fatores positivos e na construção de uma vida plena. Ele também incentivou os profissionais da área a focar no estudo científico do otimismo e da prosperidade.
Em seus estudos, Seligman desenvolveu a teoria do bem-estar, que hoje é conhecida pelos cinco princípios fundamentais da psicologia positiva e considerados a base para uma vida feliz. São eles:
- Emoção positiva
- Engajamento
- Relacionamentos
- Sentido
- Realização
Quando esses princípios são aplicados nas instituições de ensino, os educadores podem utilizar a psicologia positiva para potencializar o crescimento dos alunos e ajudá-los a prosperar em suas carreiras. Entenda melhor a seguir.
Por que a psicologia positiva é importante para o processo de ensino?
A pesquisadora Barbara Fredrickson afirmou em seu livro “Positividade” – obra que é referência na área de psicologia positiva – que “emoções positivas como alegria, otimismo e esperança fortalecem os recursos intelectuais, físicos e sociais.”.
Pensando assim, a psicologia positiva pode ser aplicada nas instituições de ensino com o objetivo de ajudar os alunos a se engajarem de forma cognitiva, emocional e social durante a experiência de ensino.
Mas não são apenas os alunos que podem se beneficiar dela. Como vimos, a psicologia positiva também visa a prosperidade da comunidade como um todo. Isso significa que, se aplicada no ambiente universitário, ela também se estende ao corpo docente e ao ambiente acadêmico.
Veja alguns fatores que tornam a aplicação da psicologia positiva importante para o processo de ensino.
Colabora para o aumento do aproveitamento
Quando as pessoas compreendem suas emoções e aprendem a lidar com elas, conseguem ter muito mais foco em suas atividades, e isso se aplica muito à vida acadêmica. Ao conviverem de forma mais positiva com seus sentimentos, suas relações e adversidades, os alunos podem se engajar mais e se dedicar de forma muito mais saudável aos estudos.
Ajuda a formar profissionais mais preparados
Já vimos que alunos que estão emocionalmente bem são capazes de aprender mais, porém, sabemos que o mercado espera mais do que habilidades técnicas. A psicologia positiva, quando aplicada na sala de aula, também colabora para o desenvolvimento de habilidades comportamentais (soft skills).
Logo, competências como gerenciamento de tempo, otimismo e a capacidade de lidar com desafios contribuem muito para que os alunos saiam do ensino superior preparados para se destacarem em suas áreas de atuação.
Melhora o ambiente acadêmico
Pesquisas realizadas pelas especialistas em psicologia do bem-estar, Toni Noble e Helen McGrath, mostram que relações positivas, respeitosas e de apoio entre professores e estudantes colaboram muito para um ambiente positivo. Essas relações resultam no aumento da frequência, engajamento e resiliência dos alunos.
Por meio da psicologia positiva, os professores são capazes de ter um relacionamento de confiança com os estudantes, auxiliá-los no desenvolvimento de seus pontos positivos, identificar seus pontos fracos e trabalhar para melhorá-los.
Além disso, quando os estudantes vivenciam boas experiências de aprendizagem, ficam mais inclinados a compartilhá-las com outras pessoas. Portanto, além de ajudar os alunos a terem resultados melhores, professores que trabalham com a psicologia positiva dentro da sala de aula também estão ajudando a instituição de ensino a ter uma melhor reputação na comunidade.
Concluindo, por meio da psicologia positiva, o processo de ensino nas instituições de ensino pode proporcionar um balanço entre o bem-estar dos alunos e seu sucesso profissional e acadêmico. Essa é uma conversa importante para garantir que a passagem pelo ensino superior não seja apenas sobre a certificação, mas também seja uma experiência transformadora para suas carreiras.
Este artigo foi produzido pela equipe do Blog Portal Pós.