Também denominadas de atividades complementares, ou não obrigatórias, as atividades extracurriculares auxiliam no desenvolvimento de um aspecto importante da personalidade do estudante, qual seja, a autonomia.
Na transição do ensino médio para o ensino superior, que habitualmente coincide com a transição da adolescência para a vida adulta, uma das características mais benéficas ao estudante é a autonomia.
Além de permitir que o aluno busque caminhos que sejam mais satisfatórios para o seu crescimento pessoal e profissional, a atividade extracurricular é um requisito para a obtenção do diploma de graduação.
Conforme dita a Resolução n.º 2, de 18 de junho de 2007, do Conselho Nacional de Educação (CNE), os estágios e atividades complementares dos cursos de graduação e bacharelados, na modalidade presencial, não deverão exceder a vinte por cento da carga horária total do curso, salvo nos casos de determinações legais em contrário.
Ao longo deste texto, vamos abordar o que são as atividades extracurriculares e qual a sua importância. Também vamos trazer alguns exemplos dessas atividades, além de dar algumas dicas para a sua melhor utilização nas instituições de educação superior (IES), Confira!
O que são as atividades extracurriculares?
As atividades extracurriculares são aquelas desempenhadas fora de sala de aula. Elas são de extrema importância para o pleno desenvolvimento acadêmico dos estudantes. Além disso, em um mercado de trabalho competitivo, estas atividades são relevantes como um diferencial de destaque no histórico do profissional.
Para uma formação completa do estudante é essencial que as faculdades disponibilizem boas atividades extracurriculares. Os benefícios são vários, passando por despertar o interesse dos alunos no aprendizado e desenvolver o pensamento interdisciplinar para a solução de problemas.
As vantagens das atividades extracurriculares
Além dos que já foram expostos, estudos acadêmicos apontam para diversos benefícios das atividades extracurriculares, vivenciados tanto pelas instituições de ensino, quanto pelos estudantes. Conheça alguns deles:
- reduzir a probabilidade de evasão do aluno;
- aumentar a satisfação com as experiências na universidade;
- contribuir com a criação de uma identidade profissional e acadêmica;
- permitir uma maior integração entre o estudante e a instituição de ensino;
- viabilizar que o estudante veja a aplicação prática do conteúdo teórico aprendido;
- alimentar a rede de contatos dos estudantes;
- desenvolver a autoeficácia profissional;
Oliveira et. al (2016), a partir de uma pesquisa de delineamento qualitativo exploratório, apontou que:
“A busca por atividades extracurriculares, ou seja, para além do que é proposto pelo currículo dos cursos, parece iniciar a partir do reconhecimento da necessidade de assumir maior responsabilidade pelo próprio percurso profissional. Os estudantes que percebem que nem todos os conteúdos necessários à sua formação profissional adequada podem ser trabalhados em sala de aula tendem a buscar conhecimentos de outras formas. Essa busca frequentemente ocorre por meio da participação em atividades extracurriculares e pode contribuir para maior identificação dos estudantes com o curso de graduação e, portanto, favorecer a adaptação acadêmica dos mesmos. De maneira geral, os estudantes consideram as oportunidades de enriquecer a formação como algo positivo, embora possam encontrar alguns obstáculos para conciliar a graduação e as atividades extracurriculares nas quais se envolvem.” (OLIVEIRA, SANTOS e DIAS, 2016 – p. 868)
Ademais, as atividades complementares podem dar os elementos necessários aos estudantes para a escolha de estágios e identificar as áreas de maior interesse. Ajudam a desenvolver, ainda, o senso de responsabilidade e comprometimento no futuro profissional.
O que é considerado como uma atividade extracurricular para uma faculdade?
As atividades extracurriculares mais comuns no ensino superior são:
1. Monitorias
2. Iniciação científica
3. Projetos de extensão
4. Grupos de estudos e pesquisa
5. Representação estudantil
6. Congressos e eventos científicos
7. Estágios
Continue a leitura para conhecer, de forma aprofundada, cada uma dessas atividades.
1. Monitorias
A monitoria é uma atividade de auxílio para o professor que ministra determinada disciplina. A função do monitor é contribuir com os colegas, normalmente mais novos no curso.
É uma excelente oportunidade para o aprofundamento em uma disciplina de interesse e além disso uma contribuição aos alunos e ao docente.
A fim de desenvolver a autonomia dos alunos, as instituições de ensino superior devem estabelecer vias de apresentação de questionamentos por parte dos estudantes, para que, em um momento posterior, eles possuam a confiança necessária para aprender o conhecimento sozinhos.
A monitoria é uma forma simples de fazer isso e ainda desenvolve a cooperação entre os colegas.
2. Iniciação científica
A iniciação científica é direcionada para os estudantes que possuem interesse na área acadêmica. Esta permite a eles que tenham um primeiro contato com a área de seu interesse, para conhecer as regras do método científico e como é a vivência dos profissionais que se dedicam à ciência.
É uma oportunidade para começar a produção de artigos e publicações na área escolhida, visualizar a prática científica dos pesquisadores da instituição de ensino e preparar um possível caminho para um curso de pós-graduação.
3. Projetos de extensão
Os projetos de extensão, por sua vez, são contribuições diretas da faculdade com a sociedade. O conhecimento científico das áreas de ensino e pesquisa são utilizados para contribuir com as necessidades da comunidade em que a instituição de ensino esteja inserida.
4. Grupos de estudo e de pesquisa
Grupos de estudo são espaços em que se reúnem pessoas que possuem um interesse comum em determinada matéria.
Os grupos são de grande importância para o desenvolvimento da capacidade reflexiva dos estudantes e habilidades de auto aprendizado. Por serem de realização muito simples, eles são muito vantajosos para todas as instituições de ensino.
Já os grupos de pesquisa são conjuntos de pessoas organizados de forma hierárquica, que buscam se debruçar sobre determinada temática com a finalidade de produzir conhecimento científico.
Normalmente, esses grupos têm professores na liderança e são certificados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
5. Representação estudantil
Denominada genericamente como movimento estudantil, a representação estudantil é feita em diversas camadas, como nos Centros Acadêmicos (CA’s) Diretório Central dos Estudantes (DCE’s), entre outros. Normalmente, as nomenclaturas variam de acordo com a instituição.
A participação no movimento estudantil é uma oportunidade de que os estudantes integrem mais ativamente a vida da instituição de ensino. Bem como, pode desenvolver importantes características em suas personalidades.
6. Congressos e eventos científicos
Os congressos científicos têm por objetivo debater e extrair conclusões sobre um tema central. Neles se reúnem especialistas da área, com o objetivo de apresentar estudos e novas descobertas.
Basicamente, compartilhar os mais recentes ou mais intrigantes conhecimentos científicos. É um evento formal e realizado com certa periodicidade.
Os outros eventos científicos podem conter diversas outras classificações, utilizadas para ressaltar determinadas características do evento. Dentre eles, destacamos o encontro, o seminário, a mesa-redonda, o simpósio, o painel, o fórum, a conferência, a jornada, os cursos, os colóquios e os workshops.
7. Estágio
O estágio é um primeiro contato do estudante com o mundo profissional de sua área de graduação. Podemos dizer que é um ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho profissional de estudantes que estejam cursando o ensino superior.
Os estágios podem ser remunerados ou não. Os estágios remunerados possuem essa recompensa financeira para os estudantes, que pode também ajudá-los a se manter durante o período da graduação e conquistar alguma autonomia.
Além dessas, podemos mencionar outras atividades extracurriculares como o trabalho voluntário, as práticas esportivas, a empresa júnior, o intercâmbio e as experiências artísticas.
O que é uma formação extracurricular?
A formação extracurricular refere-se à realização de cursos extracurriculares. Geralmente, esses cursos de formação são de curta duração, pois são focados em ensinar a um grupo de pessoas um assunto que não está incluído na base curricular de seu curso de graduação.
Muitas universidades oferecem cursos extracurriculares a fim de complementar a formação de seus estudantes. O exemplo mais comum, atualmente, são os cursos de idioma. O que é condizente com o mundo globalizado em que vivemos.
Como colocar as atividades extracurriculares no currículo?
Como vimos, as atividades complementares podem ser um importante diferencial em um mercado de trabalho competitivo. Por isso, uma dúvida apresentada por muitos estudantes ou recém-formados é como inserir essa informação em seu currículo.
Essas atividades devem ser apresentadas após as informações relativas à formação acadêmica. O estudante deve criar uma seção dedicada às atividades extracurriculares.
Deve ser incluído o nome da empresa ou da equipe, a função exercida pelo aluno e o tempo em que permaneceu no projeto. É importante que se destaque os eventuais prêmios ou metas atingidas.
É necessário que se faça uma sucinta descrição da atividade realizada e dos atributos desenvolvidos nessas atividades. Para os estudantes que desempenharam muitas atividades complementares, é necessária uma escolha criteriosa daquelas que mais contribuíram para seu crescimento pessoal e profissional.
Para essa escolha, é essencial a análise a partir do ponto de vista do recrutador. Ou seja, deve-se refletir sobre o diferencial dado pela atividade desempenhada e se ele é de fato desejado no mercado de trabalho.
O estudante ou recém-formado deve demonstrar como o desempenho daquelas atividades podem ser uma vantagem no exercício da vaga pretendida.
Leia também: como desenvolver o ensino por competências na educação profissional
5 Dicas para a implementação de atividade extracurriculares
Para o bom desenvolvimento das atividades extracurriculares é importante que as instituições de ensino estimulem alguns aspectos da personalidade dos alunos.
Para isso, é necessário que os professores sejam instruídos a indicar bons materiais para que os alunos estudem fora da sala de aula. Ainda:
1. Valorize a comunicação com os alunos
2. Discuta estratégias de gestão de tempo
3. Faça uma ampla divulgação das oportunidades ofertadas
4. Pesquise sobre os objetos de aprendizagem trabalhados
5. Implemente grupos de estudo
1. Valorize a comunicação com os alunos
Os estudantes devem desenvolver habilidades autodidatas. Desse modo, é positivo que as instituições de ensino facilitem os caminhos de comunicação para que eles possam solucionar eventuais questões, por meio dos professores ou monitores.
2. Discuta estratégias de gestão de tempo
Uma das grandes dificuldades que os estudantes apresentam para a realização de atividades extracurriculares é a gestão do tempo.
Sendo assim, as faculdades devem instruir seus alunos com bons métodos para que essa gestão seja feita de maneira positiva, de modo a desempenhar o máximo atividades que contribuam para o desenvolvimento pessoal do estudante durante a graduação.
3. Faça uma ampla divulgação das oportunidades ofertadas
É muito importante que as instituições de ensino realizem ampla divulgação das oportunidades de atividades complementares oferecidas. Nesse sentido, é importante que os estudantes no início do curso de graduação sejam familiarizados com essas oportunidades desde o início de sua trilha de aprendizagem.
Para isso, as instituições de ensino podem se utilizar das mídias sociais. A comunicação vem passando por profundas alterações nas últimas décadas, as instituições devem se utilizar disso para alcançar uma boa comunicação com seus alunos.
4. Pesquise sobre os objetos de aprendizagem trabalhados
Para o oferecimento de atividades complementares na sua faculdade é importante a realização de pesquisas sobre os objetos de aprendizagem que serão trabalhados nessas atividades.
Estes devem trazer conhecimento aos alunos e serem úteis, nos diversos aspectos de sua vida.
Como demonstramos acima, os eventos científicos podem ser realizados em diversos formatos, por isso, a definição sobre o formato a ser realizado deve levar em conta o perfil dos discentes, de modo a ser mais atrativo e enriquecedor para estes.
Levando em conta a pouca disponibilidade de tempo que os estudantes possuem, a organização dos eventos deve sopesar o cronograma e a carga horária. Os eventos, ou pelo menos as datas devem ser pensadas antes do início do semestre letivo, para facilitar a divulgação e organização dos alunos.
O mesmo deve ser feito quanto à carga horária, tendo em vista que a todos os discentes é exigida determinada carga horária de atividades complementares para conclusão de seu curso.
5. Implemente grupos de estudo
Uma última dica se refere à implementação de grupos de estudo. Como abordamos acima, os grupos de estudo são de muito fácil organização, basicamente, só necessita de pessoas interessadas em um mesmo tempo.
Por isso, uma faculdade que estimule a criação e expansão dos grupos de estudos realiza um importante passo. Uma vez que ela torna mais atrativo o aprendizado de questões de nível mais complexo, bem como estimula o desenvolvimento de potenciais essenciais para a formação dos estudantes.
Para oferecer boas opções de atividades extracurriculares para seus alunos no ambiente virtual, você pode se utilizar de plataformas especializadas. Isso é válido tanto para atividades complementares quanto para cursos em sua totalidade.
Esperamos que este artigo tenha te ajudado a entender melhor o que são e como oferecer atividades extracurriculares. Agora, confira o que é a educação 5.0 e como desenvolver em sua instituição!