Leia este artigo e descubra o que é senso de comunidade, sua importância e como desenvolvê-lo em sua instituição de educação superior!
“(…) cultivar uma comunidade é um desafio complexo em uma cultura acadêmica marcada pelo individualismo, juízo de classe e competição. A inexistência do senso de comunidade nas universidades tem contribuído para a formação de pessoas com elevado nível de conhecimento formal, mas pouca ou nenhuma conexão pessoal com o mundo ao qual pertence (BOYER, 1990).”
Esse trecho pertence ao artigo Compreendendo o senso de comunidade em grupo de pesquisa: um estudo de caso, escrito por Jasmin Lemke, Mestranda em Sistemas de Gestão (UFF/RJ); Emmanuel Andrade, Doutor em Engenharia de Produção (UFRJ/RJ); e Maria Augusta de Castro Seixas, Celia Cristina Pecini von Kriiger e Ricardo Soares, Mestres em Sistemas de Gestão (UFF/RJ). Ele evidencia o cenário desafiante que é a promoção do senso de comunidade no ensino superior.
De fato, integrar grupos é um processo quase que natural dos indivíduos. É nesse sentido que, a partir da identificação, conexão e outros elementos determinantes, são criadas as comunidades.
Por isso, desenvolver o senso de comunidade no ensino superior é essencial para promover o bem-estar no ambiente acadêmico, desenvolver a colaboração mútua, o pensamento nos interesses coletivos e, claro, fortalecer a cidadania.
Com isso em mente, preparamos este artigo. Iremos abordar o que é o senso de comunidade, a sua importância para o ensino superior e trazer dicas estratégicas de como desenvolvê-lo na sua instituição de educação superior (IES).
Afinal, o que é senso de comunidade?
Naturalmente, o ser humano se divide em grupos a partir do sentimento de conexão e pertencimento despertado entre as pessoas. É nesse sentido que o senso de comunidade consiste na ideia de colaboração mútua, ou seja, de sair da individualidade para pensar e agir para o coletivo social.
Qual a importância da comunidade na educação?
Inicialmente, é importante trazer o conceito de comunidade, que consiste em um grupo de pessoas conectadas por intenções, propósitos, espaços e identificações em comum. Nesse sentido, os indivíduos se unem com objetivos de fortalecer e crescer juntos.
Na educação não poderia ser diferente. A comunidade acadêmica é essencial para o desenvolvimento do senso coletivo e a cooperação mútua de toda a IES, na medida em que a competitividade dá lugar à empatia e fortalece não somente o processo de ensino-aprendizagem, mas também o exercício da cidadania e o senso de responsabilidade social.
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Quem faz parte da comunidade acadêmica?
Certamente, a abrangência da comunidade acadêmica vai muito além do conceito de “um grupo de alunos”. A esse respeito, fazem parte da comunidade acadêmica os seguintes grupos:
- Estudantes;
- Ex-alunos;
- Corpo docente;
- Funcionários e colaboradores administrativos e operacionais;
- Gestores da IES;
- Comunidade do entorno da IES, que envolve o comércio e moradores.
Dessa forma, é importante ressaltar que cada grupo pode conter uma pauta, um objetivo que os une na formação de novas comunidades, como exemplos as congregações de professores ou de alunos.
Quais são os elementos do senso de comunidade?
O senso de comunidade é composto por 4 elementos, sendo eles:
- Pertencimento
- Conexão emocional
- Influência
- Integração
Confira em seguida as características de cada elemento:
1. Pertencimento
O pertencimento é o primeiro dos quatro elementos que compõem o senso de comunidade. Nesse sentido, a noção de pertencimento vem a partir da identificação dos indivíduos, que é justamente o que define a criação dos grupos e comunidades.
A esse respeito, a identificação pode se dar por diversas questões, desde sociais como a identificação étnico-racial até o gosto musical, são exemplos. O pertencimento trabalha a capacidade de entender o outro e desejar ajudá-lo.
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2. Conexão emocional
Esse elemento diz respeito às vivências da coletividade, que criam a experiência de sentimentos compartilhados e acabam por uni-las.
Independente de serem experiências boas ou ruins, é a história em comum que gera a sensação de pertencimento e conexão, e, portanto, ligam as pessoas através dessa vivência compartilhada.
3. Influência
O elemento da influência consiste na capacidade de diálogo e troca de experiência entre as pessoas. É justamente a partir dessa troca de experiências, que é o diálogo, que se torna possível a influência entre os membros de um determinado grupo, o que somente é admitido em grupos que são abertos e suscetíveis à mudanças.
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4. Integração
A integração consiste na união entre os indivíduos com base nas identificações e para preencher as necessidades de cada um.
Como exemplo de integração temos a reunião para jogar futebol. São indivíduos com necessidades individuais, que se juntam em grupos com a finalidade de supri-las.
Qual a importância do senso de comunidade no ensino superior?
No artigo científico citado ao início deste post, Lemke 1, E. P. Andrade , M. A. C. Seixas, C. C. P. Kriiger e R. J. B. Soares apontam que
Segundo Schreiner (2013) estimular o senso de comunidade no campus pode contribuir para ampliar a proteção social das franjas mais fragilizadas da comunidade estudantil, com reflexos sobre o nível geral de socialização no campus, cumprindo a perspectiva da integridade comunitária, na medida em que, agindo dessa maneira, os estudantes em tendo suas necessidades atendidas, ao mesmo tempo em que contribuem para atender às necessidades dos outros. (destaques nossos)
É justamente nesse sentido que se torna essencial desenvolver o senso de comunidade na sua IES. Não somente para despertar o sentimento de pertencimento do corpo discente com a instituição, mas também para estimular a empatia e conexão entre toda a comunidade acadêmica.
A esse respeito, ao estimular o senso de comunidade na sua IES, vencer grandes desafios como a desmotivação dos alunos e a taxa de abandono de curso pode se tornar uma tarefa mais fácil para os gestores. Afinal, a criação de vínculos entre os próprios estudantes e destes com o corpo docente e com a instituição como um todo são determinantes para os seguintes aspectos da instituição:
- Escolha de ingresso na IES;
- Grau de satisfação entre os alunos e com a instituição, professores e cursos;
- Alimenta a motivação do aluno durante o percurso dentro da IES;
- Escolha de permanência na IES e consequente combate à evasão de alunos.
Até aqui, desenvolvemos o conceito de senso de comunidade e a importância de abordá-lo no ensino superior. Em seguida, vamos apresentar os benefícios ao desenvolver o senso de comunidade na sua IES.
Acompanhe a leitura!
Benefícios ao desenvolver o senso de comunidade
Com efeito, desenvolver o ensino para a colaboração mútua no ensino superior trará inúmeros benefícios e resultados para a sua IES.
Dito isso, para melhor ilustrar, preparamos uma tabela com os principais benefícios ao se trabalhar o senso de comunidade no ensino superior. São eles:
- Desenvolve a empatia na comunidade acadêmica;
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- Promove o diálogo entre os alunos, estudantes e coordenadores;
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- Melhora a habilidade de trabalho em equipe;
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- Desenvolve o senso de responsabilidade social;
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- Melhora o engajamento do corpo discente;
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- Melhora a fidelização dos estudantes;
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- Aumenta o sentimento de pertencimento a IES;
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- Estimula a criação e cultivo de vínculos;
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- Desenvolve a capacidade de resolução de problemas;
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- Aumenta a possibilidade de embaixadores da marca;
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- Aumenta a satisfação dos estudantes com a IES;
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- Aumenta o comprometimento dos estudantes;
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- Alimenta o bem-estar acadêmico.
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Como desenvolver o senso de comunidade no ensino a distância e no ensino híbrido?
Apesar de possuir inúmeros benefícios e vantagens, assim como a modalidade presencial, o ensino online possui desafios para a gestão acadêmica como: lidar com a distância física entre a comunidade acadêmica e manter a motivação dos estudantes durante o curso.
Nesse sentido, para vencer esses desafios é essencial desenvolver o senso de comunidade no ensino superior a distância e no ensino híbrido.
Para tanto é essencial a adoção de duas estratégias principais:
- Estimular a presença nas redes;
- Explorar as ferramentas digitais.
1. Estimule a presença nas redes
Com efeito, estimular a presença dos estudantes nas redes irá fomentar a participação junto à comunidade acadêmica, o que certamente vai gerar uma maior conexão entre os grupos e dirimir os impactos da distância física.
Na prática, a conexão pode ser estimulada através de ações de comunicação. Isso pode ser feito de inúmeras formas, como exemplos:
- Campanhas para estimular o diálogo nas redes;
- Criação de hashtags para incentivar a interação;
- Criar gincanas com recompensas por participação; e mais.
Com essas estratégias será possível desenvolver diversas ações para promoção do senso de comunidade no ensino online, o que, certamente, irá manter a IES ativa e promover a conexão e criação de vínculos entre a comunidade.
2. Explore as ferramentas digitais
Para gerar o senso de comunidade no ensino online, utilize e explore o potencial das ferramentas digitais. Através delas, promova encontros entre os alunos e professores e crie espaços colaborativos para os grupos.
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Dicas para desenvolver senso de comunidade no ensino superior
Partindo para um viés prático, preparamos três dicas estratégicas para desenvolver senso de comunidade na sua IES. São elas:
- Envolva toda a comunidade acadêmica;
- Promova o sentimento de valor e pertencimento nos alunos;
- Incentive o corpo docente a participar das atividades;
1. Envolva toda a comunidade acadêmica
Inicialmente, é importante ressaltar que, para que o seu projeto estratégico de desenvolvimento e manutenção do senso de comunidade seja eficaz, é fundamental que toda a comunidade acadêmica seja abrangida. Isso inclui os alunos, egressos, professores, colaboradores, alta administração e até mesmo a comunidade ao redor da IES.
Portanto, ao desenvolver o projeto de ensino para a colaboração mútua, não se limite apenas ao corpo estudantil.
2. Promova o sentimento de valor e pertencimento nos alunos
Afinal, como gerar o sentimento de pertencimento dos alunos entre eles e com a IES?
Com efeito, a noção de pertencimento vem através da identificação. Para que isso de fato ocorra no ensino superior é primordial que a instituição promova o sentimento de que os estudantes possuem um imenso valor para ela.
A esse respeito, J. Lemke 1, E. P. Andrade , M. A. C. Seixas, C. C. P. Kriiger e R. J. B. Soares elucidam que
A instituição universitária, por sua vez, pode desempenhar um papel relevante na construção do ambiente propício ao surgimento e manutenção do senso de comunidade. Faz-se necessária alguma sinalização que seja capturada pela comunidade estudantil no sentido de perceber que a instituição se importa com ela, que ela é valorizada e não está sozinha (CHENG, 2004; SCHREINER, 2013).
Dessa forma, ao se sentirem importantes para a IES e uns para os outros dentro da comunidade acadêmica, os alunos entenderão que as suas necessidades podem ser atendidas pela IES. Mais do que isso, sentirão-se prioridade da gestão da instituição.
3. Incentive a interação e integração da comunidade acadêmica
Para a construção de um ambiente propício ao surgimento e manutenção do senso de comunidade é importante incentivar a participação e interação entre os diferentes grupos que compõem a comunidade acadêmica.
Sobre o assunto, J. Lemke 1, E. P. Andrade , M. A. C. Seixas, C. C. P. Kriiger e R. J. B. Soares pontuam o seguinte
Uma das atividades comumente utilizadas para se alcançar esse estágio é a participação de estudantes e professores em projetos e/ou em grupos de pesquisa. Encontros regulares e estudos conjuntos fomentam a conexão e integração de seus membros (MENDOZA; SUAREZ; BUSTAMANTE, 2016).
Dessa forma, para que a interação alcance outros grupos, desenvolva encontros para interação e atividades para estimular a conexão dos membros da comunidade acadêmica.
E lembre-se: essas dicas para desenvolvimento do senso de comunidade podem, e devem, ser trabalhadas em qualquer modalidade de ensino, o que inclui o ensino presencial, a distância e o híbrido.
Agora que você já sabe a importância do senso de comunidade no ensino superior e como desenvolvê-lo na sua instituição de educação superior, que tal conferir o que são e como escolher ferramentas de metodologias ativas?