Se você é gestor em uma instituição de educação superior (IES), é imprescindível que entenda a importância da prática de pesquisas científicas para a valorização da faculdade.
Trata-se não só de uma forma de produzir conhecimento, como também de inovar conceitos e dar ao aluno a chance de se desenvolver enquanto trabalha na resolução de questões socialmente relevantes.
Um relatório especial da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) sobre investimentos em pesquisa e desenvolvimento no mundo, no período de 2014 a 2018, mostrou que, mesmo com uma redução drástica dos orçamentos destinados à ciência e tecnologia no Brasil, a produção científica do país continuou crescendo.
Tal produção é mensurada, principalmente, pelo número de trabalhos científicos publicados em revistas internacionais, que vem aumentando linearmente no Brasil — e no mundo — ao longo dos anos.
Para que se tenha uma ideia, o país se manteve como o 13º maior produtor de conhecimento científico no mundo, com participação de 372 mil trabalhos publicados internacionalmente entre 2015 e 2020. É o que mostra um relatório do Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE). Isso equivale a 3% da produção científica mundial acumulada no período.
O fato é que a prática da pesquisa nas universidades, além de gerar conhecimento e buscar por novas respostas, produzidas por meio de raciocínio crítico, ajuda ainda na valorização da faculdade.
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Qual é o principal objetivo da pesquisa científica?
A pesquisa científica no ensino superior é fundamental não só para a promoção do conhecimento, mas também para o desenvolvimento de futuros profissionais que trarão progresso para a sociedade.
No livro Praticar Ciência – Metodologias do Conhecimento Científico, o autor Pedro Demo explica que o conhecimento científico se tornou o gerador maior de oportunidades, porque é também o motor maior da economia.
Ele pontua que em nossa era, que está totalmente envolvida por ciência e tecnologia, com destaque para a tecnologia educacional, falamos de conhecimento “intensivo”. Também indica que conhecimento vem associado à educação, por vezes, confundindo-se.
“Passamos pela universidade não só para aprendermos a construir conhecimento metodologicamente adequado, mas também para, neste mesmo processo, nos formarmos melhor. Alguns denominam esse processo ‘educar pela pesquisa’, ou seja, educar produzindo conhecimento, produzir conhecimento educando”, explana.
O autor se desdobra ainda na diferença entre conhecimento e aprendizagem, pensando no processo de formação de um aluno.
“(…) Enquanto conhecimento é dinâmica mental analítica (dedicada a decompor a realidade para poder explicá-la), aprendizagem é dinâmica desconstrutiva/reconstrutiva marcada por autoria e autonomia.
O que queremos acentuar é que produzir conhecimento pode ser iniciativa intensamente pedagógica, educativa, formativa, por exemplo, quando, abandonando o argumento de autoridade, cultivamos a autoridade do argumento, incentivando a cidadania que sabe pensar. Hoje em dia, educar pela pesquisa é um dos maiores desafios“, defende o autor. (destaques nossos)
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Qual a importância da pesquisa para a valorização da faculdade?
A pesquisa científica não só difunde conhecimento dentro e fora da sua instituição de educação superior, como também impulsiona o desenvolvimento cognitivo dos estudantes e oferece vantagens nas seleções para programas de pós-graduação.
Indo além, contribui também para a valorização da facilidade no mercado educacional.
Por meio da pesquisa, o estudante tem a possibilidade de compreender a sua futura área de atuação em um contexto mais amplo, entrando em contato com pontos que não podem ser abordados em uma sala de aula convencional.
Além disso, para uma universidade se posicionar como uma instituição de excelência, ela precisa incentivar a pesquisa científica. Neste sentido, deve investir em laboratórios modernos e bem equipados, que viabilizem o aprofundamento dos alunos em seus campos de interesse.
Independentemente da natureza da sua IES (pública ou privada), é possível incrementar o desenvolvimento de pesquisa científica durante a carreira acadêmica.
Para tanto, foque em projetos e programas que estejam alinhados aos propósitos da instituição, no que diz respeito à formação de seus estudantes.
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Como funcionam os programas de pesquisa científica?
O funcionamento dos programas de pesquisa científica depende da modalidade de ensino em que o estudante se enquadra (graduação ou pós-graduação).
Ao longo da graduação, a iniciação científica é um programa de formação do ensino superior cujo objetivo é fomentar a produção e o pensamento científico entre os alunos desta modalidade. Esta é uma das atividades extracurriculares que podem ser fomentadas pela IES.
Os alunos desenvolvem pesquisas que geram revisões sobre temas relacionados a seus cursos, apresentam novas teorias e, até mesmo, aplicam pesquisas de campo.
O trabalho realizado durante uma iniciação científica conta com a supervisão de um docente, que acompanhará o aluno ao longo do desenvolvimento da pesquisa. Para iniciá-la, contudo, este último deve propor uma questão-chave, a ser respondida na conclusão do estudo.
Ao participar deste tipo de pesquisa, o discente consegue vivenciar a rotina de um cientista e desenvolver hard e soft skills importantes para a sua formação.
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Quais as principais etapas da pesquisa científica?
A pesquisa científica demanda:
- Seleção de publicações sobre o tema estudado para leitura. Ou seja, levantamento bibliográfico;
- Coleta de dados, que pode ser em campo — a partir da observação de fenômenos —, por meio da aplicação de questionários, dentre outros métodos;
- Aplicação de procedimentos de análise dos dados coletados.
Ao final, o aluno geralmente escreve um artigo científico para apresentar os resultados levantados por meio da pesquisa, ou mesmo os apresenta em eventos científicos.
Aqui, vale referenciarmos novamente o livro Praticar Ciência, em que o autor Pedro Demo explica:
“(…) O método científico não tem como meta liquidar controvérsias ou garantir discursos inquestionáveis, mas preservar sua abertura infinita, assumindo que argumentar, além de ter como parceiro inseparável contra-argumentar, é dinâmica que não se completa jamais”. (destaques nossos)
Esperamos que este artigo sobre a importância da pesquisa científica para a valorização da faculdade tenha sido útil para você. Continue em nosso blog! Aproveite para conferir também o guia que produzimos sobre metodologias ativas com uso de tecnologias digitais.