O uso de recursos tecnológicos para apoiar o processo de ensino e aprendizagem é responsável por criar novos caminhos para o conhecimento, favorecendo pessoas que precisam de métodos alternativos e tornando os métodos tradicionais cada vez mais interativos e atraentes.
As novas tecnologias incorporadas ao campo da educação geralmente são vistas com estranhamento inicial, pela dificuldade de algumas pessoas em compreender como elas podem se encaixar nesse contexto sem roubar o protagonismo das pessoas e sem desvalorizar a importância das relações.
Se inicialmente a incorporação do uso da internet foi um grande tema a ser discutido pelos educadores, posteriormente pudemos notar as grandes mudanças e contribuições desses novos modelos para a educação. Esqueça a ideia de certo e errado quando se trata de tecnologia, a conversa deve ser muito mais profunda do que isso.
A possibilidade de incorporação da tecnologia na educação faz com que isso tenha se tornado parte do processo de pensar as aulas e os cursos. Os recursos disponíveis não ocupam, necessariamente, um local servil em relação aos métodos tradicionais, mas de constituição de novos métodos.
A tecnologia não alterou apenas os métodos, mas também as relações e a velocidade em que as coisas acontecem. Foi uma total reconfiguração social, ao longo dos anos, que afeta diretamente os processos educacionais.
A Ciência da Computação e Tecnologia da Informação passaram a figurar no cenário da educação, desenvolvendo sites, jogos, aplicativos, plataformas e demais materiais que se tornaram parte das salas de aula.
Apesar de muitos entenderem todo o conteúdo da internet como produtor de um processo de obsolescência da figura do educador e do material didático tradicional, o que acontece é um processo muito distinto.
A gama de informações disponíveis faz com que a curadoria, contextualização e entendimento sobre o uso desses recursos seja essencial, para criar uma trajetória de aprendizado significativo, que faça sentido para o processo formativo do estudante. É preciso fragmentar grandes blocos pré-existentes para formar um material adequado.
Para que os recursos tecnológicos pudessem ser incorporados no cenário educacional, que demanda métodos mais atuais e atrativos, um conceito foi criado para auxiliar a pensar a tecnologia com um olhar treinado para esse contexto: os Objetos de Aprendizagem (OAs). Confira neste post o que são esses objetos e sua importância para a educação.
O que são Objetos de Aprendizagem?
Podemos definir os Objetos de Aprendizagem como recursos digitais, reproduzidos de forma online ou offline, que são destinados ao aprendizado, seja ele realizado de forma presencial ou a distância. Eles podem fazer parte de uma unidade específica ou podem ser utilizados como um módulo completo.
Os Objetos de Aprendizagem são desenvolvidos de maneira fragmentada, para que possam ser utilizados de forma independente e contextualizada. Mas nada impede que sejam organizados em blocos, desde que façam sentido no cenário em questão.
Podem ser utilizados em diferentes contextos e devem ser pensados para promover uma relação sólida com o conteúdo a ser trabalhado. São exemplos de Objetos de Aprendizagem muito utilizados no dia a dia: vídeos, textos, imagens, aplicativos, páginas da internet, entre outros.
Para que os Objetos de Aprendizagem sejam aliados no processo de formação, é preciso que sua utilização esteja alinhada ao projeto pedagógico da IES e de cada curso e aula a ser desenvolvida. A estruturação e a clareza da utilização desses recursos é o que garante seu sucesso como uma ferramenta educacional.
Existem algumas definições formais sobre os Objetos de Aprendizagem, duas delas são mais utilizadas. A primeira é do Instituto de Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE), que por meio do seu Comitê de Padrões para a Tecnologia (LTSC) definiu que os OAs são “qualquer entidade, digital ou não, que pode ser usada, reutilizada ou referenciada durante o aprendizado apoiado pela tecnologia.”
Uma segunda definição muito utilizada é a de David Wiley, que em 2000 propôs que os Objetos de Aprendizagem podem ser definidos como “qualquer recurso digital que possa ser reutilizado para apoiar a aprendizagem.”
Como se estruturam os objetos de aprendizagem?
De acordo com as pesquisas pedagógicas, os objetos de aprendizagem, para que sejam eficazes, devem ser desenvolvidos em 3 partes. São elas:
- Os objetivos, cuja finalidade é mostrar ao aluno o que ele vai aprender com o uso daquele objeto;
- O conteúdo, que diz respeito ao material didático que será utilizado durante a aprendizagem; e
- O feedback, que deve ser feito ao final da aplicação e indicar se o aluno atingiu os objetivos ou se, por outro lado, será necessário aplicar o objeto de aprendizagem outra vez.
Vale pontuar que os objetos de aprendizagem podem ser reutilizados quantas vezes forem necessárias, inclusive por diferentes profissionais. Por isso, é papel de quem constrói um novo objeto indicar o máximo de informações possíveis. Algumas das mais importantes são:
- Os objetivos de aprendizagem com o uso daquele objeto. Por que usá-lo? Como ele impacta positivamente na aprendizagem dos alunos?
- Os recursos necessários para a utilização dos objetos de aprendizagem, tanto dentro de sala de aula quanto pelo aluno de maneira autônoma;
- O perfil de alunos ou turma para o qual aquele objeto de aprendizagem foi pensado ou pode ser indicado.
Dessa maneira, poderemos garantir uma boa aplicação dos OAs, além de fazer com que os alunos interajam melhor com eles. Isso facilita a absorção de conhecimento e gera resultados melhores.
Quais as características dos Objetos de Aprendizagem?
Os Objetos de Aprendizagem possuem algumas características que os tornam muito interessantes para os processos de ensino e aprendizagem, em vários níveis. Podemos elencar 14 pontos essenciais:
- Autonomia: Para que cumpram seus objetivos, os OAs precisam incentivar os estudantes a tomarem decisões, e terem iniciativa. Isso garante que não haverá uma utilização passiva desses recursos.
- Acessibilidade: Se engana quem pensa que a acessibilidade diz respeito apenas às pessoas com deficiência. Os objetos de aprendizagem precisam ser acessíveis para que também possam ser utilizados por pessoas com níveis de habilidade diferentes e com acesso a recursos distintos. Um exemplo disso são pessoas idosas. A acessibilidade também diz respeito à possibilidade de usar os OAs em dispositivos diferentes, como computadores, celulares, tablets, além de lugares sem acesso à internet etc.
- Cooperação: O estímulo à cooperação é parte dos objetivos da implementação de Objetos de Aprendizagem. O trabalho coletivo deve ser estimulado, para que os conceitos possam ser trabalhados à luz de várias perspectivas contextuais, oferecidas por diferentes alunos.
- Interatividade: É preciso que haja possibilidade de interação com os objetos, evitando, dessa forma, uma posição passiva diante da ferramenta apresentada. É interessante estimular as discussões em torno disso.
- Interoperabilidade: A possibilidade de integrar diferentes objetos a diferentes sistemas auxilia os educadores a utilizarem os OAs de forma modular, ou seja, criar blocos que façam sentido para os conteúdos e unidades a serem trabalhadas.
- Usabilidade: Pode até parecer idêntica à acessibilidade, e apesar de terem objetivos parecidos, a usabilidade visa uma boa interação do usuário com o Objeto, independente do seu grau de instrução e habilidade. Também é preciso que seja de fácil instalação, caso seja necessário realizar esse procedimento.
- Afetividade: A afetividade diz respeito à capacidade de se afetar durante a interação com o OA. Ou seja, quais as relações criadas, qual o nível de qualidade da interação, e os sentimentos desencadeados.
- Disponibilidade: O objeto precisa estar disponível, em seu meio ou plataforma, para ser encontrado e utilizado.
- Confiabilidade: Em um mundo de tanta desinformação, é preciso ter certeza que o OA tem compromisso com a qualidade e a veracidade do conteúdo pedagógico trabalhado.
- Portabilidade: Lidamos com uma série de sistemas operacionais, e para garantir o bom uso em todos esses ambientes, a portabilidade garante a possibilidade de um OA ser transferido ou instalado em diversos locais.
- Granularidade e Agregação: Os OAs são como grãos, pequenas partes de um sistema maior. Isso garante a possibilidade de reutilização desses objetos, já que os componentes menores podem ser reagrupados de acordo com o interesse do educador, e do conteúdo a ser trabalhado.
- Manutenibilidade: É a capacidade de manter e fazer ajustes necessários aos OAs para que eles sirvam aos seus propósitos.
- Durabilidade: Se tratando de um produto digital, a durabilidade diz respeito à manutenção desses objetos diante de erros de sistema e alterações em seus repositórios.
- Reusabilidade: Como uma característica central dos OAs, a reusabilidade garante que eles possam cumprir seu papel de adaptabilidade a vários contextos. A criação de Objetos de Aprendizagem deve prever características que possibilitem a reutilização.
Quais são os tipos de Objetos de Aprendizagem?
Agora que você já sabe o que são e quais as principais características dos Objetos de Aprendizagem, iremos conhecer alguns que são amplamente utilizados no processo de ensino. Muitos deles já estão incorporados na rotina de alunos e professores.
- Imagem: uma imagem é a representação de algo, que pode ser realizada através de um desenho, foto, pintura, etc. Uma imagem disposta em ambiente digital pode ser utilizada para compor o processo de apresentação de um conteúdo, e consequentemente, auxiliar no aprendizado.
- Áudio: o áudio é composto por ondas sonoras, e pode ser utilizado como objeto de aprendizagem através de música ou demais sons. Para ser considerado um OA é preciso estar em um ambiente digital e ser utilizado com fins educacionais.
- Vídeo: a combinação de imagens em sequência e, em alguns casos, áudio, formam um vídeo. Assim como o áudio, é preciso que tenha fins educativos para se tornar um Objeto de Aprendizagem.
- Animações: as animações são tipos de vídeo, em que objetos estáticos recebem “vida”. Em uma animação é possível utilizar imagens, textos e áudios. Muito incorporada na infância, a animação auxilia na fixação de conteúdos, e como Objeto de Aprendizagem pode oferecer muitas possibilidades de interação.Poder construir um contexto de forma lúdica auxilia nos processos perceptivos e de memória. Podemos citar três principais tipos de animações:
- Tradicional: muito conhecida, esse tipo de animação é feita com desenhos à mão dispostos em sequência, que cria a sensação de movimento dos esboços. Muitos desenhos animados eram feitos dessa forma, e digitalizados para serem distribuídos.
- Stop-motion: consiste na prática de fotografar objetos em sequência, realizando movimentos leves (de forma manual) a cada grupo de fotos realizada, para que haja sensação de movimento. Ao serem unidas, as imagens formam um vídeo.
- Animação digital: com desenhos criados virtualmente, as animações digitais reúnem várias técnicas, inclusive de desenho e colorização digital, por meio de softwares de imagem.
- Simulação: as simulações auxiliam os estudantes a vivenciarem parte de seus aprendizados, em uma prática simulada, em ambiente controlado. Dessa forma, é possível transpor para aplicativos, softwares e sistemas operacionais, situações e experiências que possuam aproximação com a realidade, por meio de modelos de aprendizagem.Com as simulações, os alunos podem fazer reflexões sobre as reações e desdobramentos de suas ações, promovendo um conhecimento ainda mais amplo da área de formação pretendida.
- Hipertexto: chamamos hipertexto um conjunto de links que auxiliam o leitor a buscar outras páginas, dentro de um mesmo texto. Dessa forma, é oferecida a possibilidade de o usuário construir um caminho de leitura que faça sentido para si mesmo, fugindo de uma linearidade proposta pelo autor.Os links são facilitadores e trazem novas oportunidades de compreensão, informações complementares, significados, etc. Há, inclusive, uma série de ferramentas que promovem hiperlinks em textos, conectando palavras aos verbetes de dicionários.
- Softwares e Aplicativos: sejam programas de computador, ou aplicativos para sistemas operacionais de celulares, os softwares e apps são ferramentas criadas para a execução de tarefas, de maneiras permeadas pela automatização de processos e programação de ações.São amplamente utilizados nos processos de aprendizagem como facilitadores, já que reúnem informações e ferramentas de interesse para alunos e educadores. Com a chegada dos smartphones, essas possibilidades ficam a um toque de distância de grande parte dos alunos que possuem acesso aos aparelhos.
Quais as possibilidades de interação dos OAs no ensino superior?
A educação remota e a educação a distância escancararam a importância dos Objetos de Aprendizagem nos últimos anos. Essas experiências também nos mostraram que ter várias ferramentas e recursos não é suficiente, é preciso sistematizá-los e utilizá-los de acordo com as especificidades de cada turma e do projeto pedagógico existente.
É preciso ter atenção às características dos OAs para que eles se tornem facilitadores no processo de ensino e aprendizagem, e não peças desconexas e de difícil acesso dentro do planejamento pedagógico proposto. Sua acessibilidade aos diferentes perfis de alunos é um ponto central a ser trabalhado nas IES.
Os professores devem estar atentos às necessidades das turmas, disposto a adequar e até mesmo a vetar o uso de OAs que não estão alinhados à proposta de ensino, fazendo com que haja adequação do curso e da atividade aos objetivos gerais propostos.
Uma possibilidade é desenvolver esses recursos dentro da própria instituição, com ajuda de profissionais e até mesmo alunos, na proposição de projetos de melhoria contínua, que podem emergir de conversas e avaliações sobre as práticas docentes.
É essencial que as IES não se fechem a esses modelos educativos, mais contextualizados e conectados às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na Educação. Essa tem sido uma demanda crescente nos processos de formação de alunos e já está incorporada na formação de professores da educação básica.
A autonomia e interação de um Objeto de Aprendizagem é, ainda, um convite aos educadores e instituições para que possam adotar esses conceitos em suas práticas docentes, oferecendo um ensino de qualidade, significativo, contextualizado e que permita a participação ativa dos estudantes.
Isso promove reflexões mais profundas sobre o conteúdo e desenvolve a capacidade crítica de lidar com uso de tecnologia, OAs, e a informação, como um todo.
Não existe fórmula mágica para o aprendizado, mas o protagonismo do estudante é, sem dúvida, o componente da fórmula a ser desenvolvida de forma conjunta, entre alunos, IES, e professores.
Como criar objetos de aprendizagem?
Pesquisadores da área da pedagogia indicam que os objetos de aprendizagem devem ser pensados nos mesmos moldes do paradigma da orientação a objetos, da Ciência da Computação. Nesse sentido, valoriza-se a criação de objetos que podem ser reutilizados, e que devem ser construídos de forma instrucional.
Os requisitos para a criação de um OA podem ser técnicos ou pedagógicos. Por isso, um diferencial é envolver uma equipe multidisciplinar na criação desses objetos, que conte com profissionais da área para o qual ele será desenvolvido, além de desenvolvedores e designers.
Para a criação de um objeto de aprendizagem, podem ser usadas diferentes ferramentas. A adoção de um ambiente de desenvolvimento integrado facilita a comunicação e a participação de diferentes profissionais no processo, o que acarreta um objeto mais completo. Além disso, pode-se manipular diferentes mídias digitais.
Vale lembrar que, no caso dos OAs que se desenvolvem como softwares, e cujo principal objetivo é ser um programa voltado para o contexto de ensino-aprendizagem, deve haver preocupação em criar uma proposta pedagógica desde as primeiras etapas de elaboração. Ainda assim, alguns jogos, que não foram criados com o objetivo educacional, podem, em alguns momentos, servir ao propósito educativo.
São, ainda, pontos que devem ser levados em consideração ao criar um objeto de aprendizagem:
1. As características dos objetos de aprendizagem
Os objetos de aprendizagem, para que tenham uma aplicação efetiva, devem seguir algumas diretrizes fundamentais. Falaremos, mais adiante, sobre todas essas características, mas vale a pena destacar as 5 essenciais:
- A granularidade e modularidade, que definem quantas vezes um objeto poderá ser reusado;
- A capacidade de agregação deste objeto a outros;
- A identificação por metadados, que faz com que um OA possa ser arquivado e encontrado em repositórios online dedicados a esse propósito;
- A interatividade, que garante que os alunos usarão o objeto com facilidade e motivação.
2. Os objetivos de aprendizagem
A possibilidade de reusar um objeto de aprendizagem não elimina a necessidade de construí-lo a partir de um objetivo pedagógico claro. É, afinal, a criação desse primeiro objetivo que permitirá a documentação e reaplicação correta do OA e, sem ele, o objeto pode ser arquivado de maneira incorreta.
Para além de definir os objetivos do objeto de aprendizagem, porém, também é essencial que eles sejam testados na prática. Caso os alunos não consigam alcançá-lo, mesmo depois de alguns usos do objeto, então pode ser necessário revê-lo. Soma-se a isso o fato de que alunos e professores podem ter dificuldades na execução e aceitação do objeto de aprendizagem.
Caso os objetivos sejam alcançados, porém, torna-se fundamental o registro detalhado de quais habilidades os estudantes devem desenvolver com o uso do objeto de aprendizagem.
Um dos instrumentos pedagógicos que pode auxiliar no processo de criar e testar os objetivos de aprendizagem é a Taxonomia de Bloom. Os objetos de aprendizagem podem ser pensados de modo a alcançar os objetivos nela especificados, estruturando-se de modo hierárquico e bem definido.
3. O design instrucional dos objetos de aprendizagem
O design instrucional faz referência ao planejamento do processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, engloba atividades, estratégias, sistemas de avaliação, materiais etc.
Ao projetar um objeto de aprendizagem, portanto, é preciso ter em mente qual é o design instrucional. Sem essa relação entre o OA e uma visão macro do processo de aprendizagem, a aplicação pode não ser efetiva.
O design instrucional é guiado pelo uso de teorias da aprendizagem, que determinam como os estudantes aprendem em determinados momentos do seu processo. Desse modo, para aplicar um objeto de aprendizagem, é preciso que esse design seja claro.
Também é preciso levar o uso de OAs em consideração durante a criação das “etapas” do design instrucional. Nesse sentido, o uso de OAs deve ser previsto na criação do plano de aula e na decisão de quais estratégias de ensino serão aplicadas.
Quais as vantagens de usar objetos de aprendizagem?
Você já conhece os objetos de aprendizagem e já sabe como eles podem ser elaborados. Ainda assim, pode estar se perguntando: quais são as vantagens de aplicar os OAs na sala de aula do Ensino Superior? Para te explicara melhor por que essa ferramenta pode ser sua aliada, separamos 3 motivos centrais. Confira:
1. Aumento da motivação estudantil
A motivação para alunos é um tema delicado, sobretudo no Ensino Superior. Afinal, ela afeta o desempenho de toda a IES e pode contribuir para a piora da saúde mental de alunos e professores. Manter os alunos motivados e interessados naquilo que aprendem é, portanto, fundamental para a manutenção da IES.
Para isso, os objetos de aprendizagem podem ser bons aliados. Primeiro, graças ao seu caráter personalizável, que permite aplicá-los de maneiras diferentes a depender da turma e do perfil dos alunos. Depois, graças à sua relação com o plano de ensino elaborado na IES, o que faz com que ele seja uma ferramenta dinâmica para o ensino e a absorção do conteúdo.
Assim como acontece com as metodologias ativas de modo geral, os objetos de aprendizagem colocam os estudantes no centro do seu processo de aprendizagem. Por isso, e diante do seu caráter tecnológico, sua aceitação tende a ser cada vez melhor. Se construído da maneira adequada, portanto, ele pode ser um importante aliado dos docentes.
2. Desenvolvimento das competências socioemocionais
As competências socioemocionais vem sendo cada vez mais valorizadas, tanto em contextos de aprendizagem quanto no ambiente de trabalho.
Embora seja ideal que elas sejam desenvolvidas desde a educação básica, sabemos que essa preocupação tende a se tornar maior durante o Ensino Superior, e, portanto, passa a ser função das IES investir nesse desenvolvimento dos alunos.
Os objetos de aprendizagem contribuem nesse processo, uma vez que estimulam o raciocínio lógico, o pensamento crítico, o trabalho em equipe e a criatividade dos estudantes.
A depender dos objetivos de aprendizagem a partir dos quais são elaborados, eles podem ter resultados visíveis em mais competências, como a liderança e a comunicação.
Soma-se a isso o fato de que os OAs possibilitam um desenvolvimento de competências que acontece de maneira lúdica e divertida, o que faz com que os alunos se sintam motivados a aprender.
3. Aplicabilidade em diferentes contextos
Os objetos de aprendizagem, porque são, em geral, criados e armazenados em ambientes online, podem ser usados em diversos momentos do processo de ensino.
Isso se aplica tanto às fases que os alunos atravessam durante o seu período na IES, podendo os OAs serem usados em diferentes disciplinas e módulos, quanto às modalidades de ensino.
A versatilidade dos objetos de aprendizagem, portanto, faz com que eles possam ser aplicados em sala de aula, no ensino presencial, ou fazer parte de uma modalidade híbrida ou a distância, ficando a cargo dos estudantes cumprir os objetos de aprendizagem a partir da orientação dos professores.
Assim, para as IES que buscam ampliar o acesso de estudantes aos conteúdos e às ferramentas que auxiliam no seu desenvolvimento, os OAs se tornam importantes aliados.
Quando usar objetos de aprendizagem no Ensino Superior?
Como são desenvolvidos de forma bem estruturada, os objetos de aprendizagem também se tornam flexíveis e podem ser reutilizados em diferentes cenários de aprendizagem.
Além disso, o seu conteúdo pode ser atualizado sempre que necessário, o que também permite que uma mesma estrutura seja aplicada várias vezes.
Alguns cenários comuns em que os objetos de aprendizagem podem ser usados no Ensino Superior são:
- Para tornar o conteúdo mais interessante para os estudantes, dando a ele um caráter mais lúdico e, portanto, mais divertido;
- Para criar cenários mais realistas, o que aproxima os alunos do conteúdo abordado e aumenta o seu interesse e motivação;
- Para fixar um conteúdo, trazendo-o para uma realidade mais acessível e que pode ser consultada diversas vezes pelos estudantes.
Como avaliar um objeto de aprendizagem?
Apesar dos benefícios de usar os objetos de aprendizagem já estarem claros, também é importante manter em mente que a escolha dos OAs requer atenção. Isso porque ela dependerá dos objetivos que os educadores desejam atingir em sala de aula, podendo os OAs funcionarem como complementos, como novas experiências etc.
A avaliação também é importante para quem deseja criar um objeto de aprendizagem. Afinal, ela permite a comparação com outros OAs, e o desenvolvimento de uma visão crítica sobre aqueles que se relacionam ao que será desenvolvido. Isso faz com que o novo OA considere todos os aspectos relevantes para a sua criação e aplicação.
Para avaliar o seu objeto de aprendizagem, o fundamental é levar em consideração dois elementos principais: a capacidade de adaptação e a perspectiva epistemológica.
Capacidade de adaptação do OA
A capacidade de adaptação do objeto de aprendizagem diz respeito à maneira como ele se comporta quando alunos com diferentes necessidades e graus de conhecimento tentam utilizá-lo. De modo ideal, o OA deve ser capaz de interagir com esses diferentes públicos, explorando o conteúdo de maneiras diversas.
Diante de uma necessidade cada vez maior de uma aprendizagem personalizada, essa característica ganha importância porque reforça que cada estudante aprende de uma maneira, estimulando diferentes sentidos.
Perspectiva epistemológica do OA
Nesta etapa, o educador deve observar como o objeto de aprendizagem pensa e insere o aluno no seu processo de aprendizagem.
Nesse sentido, por exemplo, se o OA segue uma abordagem comportamentalista, o conhecimento explícito será mais valorizado, e as informações apresentadas exigirão do aluno uma maior capacidade de memorização; se, por outro lado, segue uma abordagem construtivista, essa relação se dá de uma maneira diferente.
Por isso, é fundamental que o educador avalie se o OA está de acordo com os princípios epistemológicos seguidos por ele, ou pela IES, em sua sala de aula.
Conheça 3 repositórios de objetos de aprendizagem!
Agora que você já sabe tudo o que precisa sobre os objetos de aprendizagem, chegou a hora de conhecer alguns repositórios online. Eles são uma maneira de professores encontrarem novos OAs, mas também é fundamental que seja feita uma avaliação de cada objeto encontrado, para garantir a boa aplicação em sala de aula.
Vale lembrar que os objetos de aprendizagem são categorizados de acordo com os seus metadados. Por isso, ao criar um, preencher as informações de forma correta é importante e faz com que eles possam ser encontrados com maior facilidade.
1. Portal do Professor (MEC)
Os objetos de aprendizagem disponibilizados no Portal do Professor ficam na seção Recursos Educacionais. Na opção multimídia e usando a busca avançada, é possível encontrar OAs com base em critérios como nível de ensino e modalidade de educação.
O repositório disponibiliza, ainda, planos de aulas e materiais de cursos de formação para professores.
2. NOAS (Sistema CNEC)
O repositório NOAS disponibiliza objetos de aprendizagem gratuitos e licenciados, mas é necessário um cadastro para acessá-lo. Os OAs são classificados por disciplinas curriculares e usam como referência os objetos de aprendizagem de outros repositórios.
3. OBAMA (UFRN)
A OBAMA disponibiliza cerca de 500 objetos de aprendizagem para trabalhar conceitos matemáticos. O sistema de buscas conta com um filtro por título, nível de ensino, tema curricular e habilidades da BNCC.
Há, ainda, um ambiente para a produção e compartilhamento de planos de aula com os objetos de aprendizagem catalogados no repositório.
Se interessou pelos Objetos de Aprendizagem e quer continuar lendo sobre como incorporar tecnologia nos processos de aprendizado da sua IES? Confira neste post tudo o que você precisa saber sobre a aprendizagem conectada!