O uso de inteligências artificiais (IA) generativas tem gerado um grande debate na esfera pública. No centro dessa discussão, está o ChatGPT, uma IA capaz de obter informações e produzir textos de maneira muito rápida, bastando um simples comando. Se já entrou em contato com a ferramenta, você provavelmente tem se perguntado sobre os reflexos do ChatGPT no ensino superior.
Para muitos especialistas em informática, esta novidade está proporcionando uma verdadeira revolução tecnológica. Inclusive, seus impactos se estendem a diversas esferas da sociedade.
Entre elas, está a educação. Profissionais deste setor estão debatendo o uso dessa ferramenta dentro da sala de aula. Em fevereiro, aconteceu um evento da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior) a fim de discutir o assunto.
Afinal, o ChatGPT já é uma realidade. Diversos docentes relatam que alunos do ensino superior têm usado esta inteligência artificial para produzir trabalhos acadêmicos.
Enquanto, para alguns, a resposta imediata é proibir o ChatGPT – como fizeram, por exemplo, as escolas públicas de Nova York; para outros, o melhor caminho é adaptar-se a um mundo com essa tecnologia, revendo os métodos de ensino e pensando formas de utilizá-la dentro da sala de aula.
Neste artigo, você vai entender melhor os impactos do ChatGPT no ensino superior. Explicaremos o que é esta IA, quais são os desdobramentos dela nas IES (Instituições de Educação Superior) e como os educadores podem utilizá-la a seu favor. Boa leitura!
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O que é ChatGPT?
O ChatGPT é uma inteligência artificial generativa, isto é, ele é capaz de fazer pesquisas e gerar textos, a partir de um determinado comando do usuário.
Esta IA funciona de uma maneira muito simples, como se você estivesse conversando com ela via texto. Assim, você pode fazer perguntas, e ela vai trazer respostas elaboradas. Os textos, muitas vezes, se assemelham àqueles redigidos por pessoas.
Você pode também dar comandos específicos. Por exemplo, pedir que ela escreva uma redação, com um número limitado de linhas, entre outros.
O ChatGPT funciona com um algoritmo de machine learning, de modo que ele vai se aprimorando ao longo do tempo. Ou seja, os próprios usuários podem dar feedback à IA, fazendo com que ela aprenda.
Ele foi criado pela empresa OpenAI, e seu uso é gratuito, bastando apenas que o internauta gere uma conta no site.
Quais são os impactos do ChatGPT no ensino superior?
O principal ponto de discussão sobre o ChatGPT no ensino superior é o comprometimento da aprendizagem dos graduandos.
Como a IA consegue produzir textos bem embasados, os alunos poderiam delegar trabalhos acadêmicos, como pesquisas, ensaios e redações, para ela. De fato, diversos professores universitários já relatam que isso está acontecendo.
Assim, como é comum acontecer quando uma inovação tecnológica “invade” a sala de aula, o debate tem se centrado a respeito da autorização ou não desta IA. Algumas instituições estrangeiras optaram pela proibição da ferramenta no contexto universitário.
Já outras começam a rever seus modos de avaliação, e mais: buscam maneiras de se aliar a esta tecnologia, utilizando-a no contexto educacional. Afinal, as inteligências artificiais vieram para ficar.
Gigantes do setor da tecnologia estão investindo e desenvolvendo suas próprias IA generativas. O Google anunciou uma concorrente do ChatGPT. Já a Microsoft investiu bilhões de dólares na OpenAI, a criadora do ChatGPT.
Mudanças nas rotinas da IES
Especialistas no setor da educação afirmam que as universidades e escolas já passaram por processos semelhantes ao que está acontecendo com o ChatGPT.
Ou seja, anteriormente, ferramentas que “ameaçavam” o processo educacional acabaram sendo incorporadas, com pequenas mudanças por parte das IES e escolas.
É o caso da calculadora de bolso, que muitos previam que acabaria com a matemática no ensino básico. Ou a própria Wikipédia, que faria com que estudantes copiassem conteúdos para trabalhos e pesquisas escolares. E até mesmo o celular na sala de aula.
Nestes casos, houve uma adaptação. A proibição não só não resolve o problema, como também não aproveita as potencialidades que estas tecnologias podem ter dentro das universidades.
Dessa forma, o ChatGPT traz desafios, mas também é uma oportunidade para repensar a forma de ensino, produzindo mudanças e adaptando-se às transformações tecnológicas.
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Como as IES podem se adaptar ao ChatGPT?
Neste contexto, o que as universidades podem fazer para se adaptar ao ChatGPT? Na lista abaixo, separamos algumas dicas que são úteis neste processo:
- Faça debates;
- Seja criativo;
- Repense avaliações.
1. Faça debates
As IES devem promover debates sobre o ChatGPT, ouvindo os estudantes. Isto é, as instituições não devem ignorar a questão, e sim trazê-la para dentro da sala de aula.
Como os graduandos se sentem a respeito dessa tecnologia? Eles já utilizam o ChatGPT? Se sim, para fazer quais tipos de tarefas?
Os alunos devem ser conscientizados dos desdobramentos éticos do uso do ChatGPT para a feitura de trabalhos acadêmicos, por exemplo. Dessa forma, devem entender as questões do plágio e dos impactos na sua própria educação e vida profissional, se delegarem suas tarefas para a IA.
2. Seja criativo
Como vimos, o ChatGPT é uma oportunidade para as universidades repensarem sua forma de ensinar. Neste processo, novas ideias e criatividade são essenciais.
Por isso, um bom caminho é fazer brainstormings entre os docentes, sobre como utilizar essa inteligência artificial a seu favor.
Os graduandos podem, por exemplo, ser estimulados a avaliar criticamente as informações presentes no texto fornecido pela IA. Podem checar as informações nele presentes. Também pensar em formas de melhorá-lo.
Ademais, o ChatGPT pode ser mais um jeito de pesquisar sobre um assunto, e, desse modo, ser utilizado como material complementar de estudos.
Enfim, as possibilidades são várias, e devem ser debatidas entre os especialistas em educação.
3. Repense avaliações
A forma de avaliar os graduandos é algo que está continuamente em debate. Com o ChatGPT, mais uma vez, esta discussão vem à tona.
Se a IA fornece um texto pronto e com informações, por vezes, precisas, os professores devem repensar formas de avaliação como trabalhos e provas finais.
Eles podem recorrer a avaliações que levem em consideração o processo de aprendizado do aluno, e não só o resultado final, como é o caso de uma prova semestral. Devem adotar a personalização do ensino, pensando no processo de cada estudante especificamente.
Também utilizar metodologias ativas, que valorizam a autonomia do aluno e o papel dele como um agente na construção de seu conhecimento.
Além disso, trazer questões que envolvam a subjetividade dos graduandos. Por exemplo, como eles agiriam diante de um determinado problema, por meio de perguntas abertas, que privilegiem a construção do raciocínio.
O ChatGPT produz textos de acordo com informações disponíveis em um banco de dados, de modo que este raciocínio mais subjetivo, focado na realidade de um indivíduo, é algo mais difícil para a IA.
Por fim, os docentes podem fazer avaliações orais periódicas, debates, seminários, entre outros.
Inovações tecnológicas já inseridas nas IES
O ChatGPT é só mais uma tecnologia que está em processo de inserção dentro do setor educacional. Todo o debate que ele vem causando é, portanto, produtivo, pois resulta em novas formas de ensinar.
Todavia, as IES hoje já estão adaptadas a uma série de outras tecnologias. Por exemplo, os ambientes virtuais de aprendizagem, que proporcionam o ensino superior a distância. Por meio deles, os graduandos têm acesso às aulas, materiais complementares digitais e a todas as disciplinas online.
Outro debate recente foi em relação aos livros digitais, e o possível desaparecimento de obras físicas. Hoje, os dois formatos convivem, cada um com seus benefícios.
Muitas IES oferecem bibliotecas digitais, com um grande acervo de obras, aos estudantes. Dessa forma, eles fazem pesquisas em livros confiáveis, com facilidade.
Enfim, cada vez mais é uma realidade a presença de tecnologias de informação e comunicação na educação. Elas mostram que podem ser excelentes aliadas das universidades, proporcionando novas formas de aprender.
Esperamos que você tenha gostado deste artigo sobre o ChatGPT no ensino superior. Que tal também conhecer participar de um evento exclusivo para o gestor universitário sobre as inovações no mercado de ensino superior? Inscreva-se na Jornada do Gestor Universitário.