A quantidade de pessoas com mais de 40 anos em busca de vagas no ensino superior tem aumentado no Brasil. De acordo com o Censo da Educação Superior, o número de calouros com 40 anos ou mais nas universidades brasileiras quase triplicou entre 2012 e 2021.
Isso traz uma série de desafios às instituições de educação superior (IES), em especial, para combater o etarismo dentro das salas de aula.
Afinal, a população brasileira está passando por um processo de envelhecimento. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a porcentagem de pessoas com mais de 60 anos passou de 11,3% em 2012, para 14,7% em 2021. Em números absolutos, são 31,23 milhões de pessoas.
Se avaliarmos as pessoas com mais de 40 anos, elas representam 40,1% do total de brasileiros em 2021. Portanto, é natural que cada vez mais esses grupos busquem por maior qualificação profissional, recorrendo às universidades.
Muitas vezes, esta trajetória esbarra em preconceitos, como o etarismo, que traz efeitos psicológicos, impedindo que estas pessoas desfrutem de uma série de experiências. Elas se sentem rejeitadas, e não pertencentes aos espaços.
Assim, as IES devem estar atentas a essa questão, tomando medidas efetivas para combatê-la. E, claro, demonstrar que a universidade é um espaço de todos, não importando a idade.
Neste artigo, explicaremos o que é etarismo e como ele afeta o ensino superior. Também traremos dicas de como combatê-lo, tornando a IES um ambiente melhor para as pessoas mais velhas. Boa leitura!
O que é etarismo?
O etarismo se refere a um conjunto de estereótipos, preconceitos e práticas discriminatórias que têm como base a idade. Ele acontece, com maior frequência, com pessoas mais velhas. Isto é, elas são segregadas, ridicularizadas e hostilizadas por conta de sua idade avançada.
Por exemplo, quando uma empresa nega uma oportunidade de emprego a um candidato por ele ser mais velho, é o etarismo que está operando. Ou quando uma pessoa com mais de 40 anos se matricula na universidade e é alvo de deboche por conta da sua idade, é este tipo de preconceito que se manifesta.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que uma em cada duas pessoas no mundo tenha atitudes discriminatórias que pioram a saúde física e mental de pessoas idosas e reduzem sua qualidade de vida.
Portanto, o etarismo tem como consequências a violação de direitos fundamentais das pessoas mais velhas, além, é claro, de impactos psicológicos. Quem sofre este tipo de preconceito, com frequência, sente-se excluído, o que também traz sérios efeitos para saúde mental dos estudantes.
Como o etarismo atinge as IES?
Como vimos, o etarismo promove sofrimento significativo para as vítimas. No contexto educacional, elas podem, por exemplo, ter o desejo de se matricular em uma universidade, mas não concretizá-lo, por medo de como serão recebidas.
Por outro lado, caso sejam discriminadas durante o curso, podem abandoná-lo, sendo este um grave fator de evasão no ensino superior. Sendo assim, tanto a captação de alunos da IES, como a permanência dos estudantes é afetada pelo etarismo.
Neste contexto, as universidades devem tomar medidas para combater este preconceito, garantindo o bem-estar das pessoas mais velhas dentro das salas de aula. Quando a IES abre cada vez mais as portas, e proporciona aos alunos mais velhos o sentimento de pertencimento, ela permite que eles se apropriem do espaço universitário.
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Como combater o etarismo dentro da IES? Confira 4 dicas
Na lista abaixo, confira algumas dicas para combater o etarismo no ensino superior:
- Conscientize as pessoas sobre o assunto;
- Promova debates;
- Comunique-se diretamente com este público;
- Crie canais de denúncia.
Entenda cada item a fundo:
1. Conscientize as pessoas sobre o assunto
A Organização Mundial da Saúde (OMS), no seu Relatório Global sobre o Etarismo, propõe que uma das estratégias de intervenção seja a educação.
Ela afirma que as intervenções educacionais incluem a transmissão de informações e conhecimentos, e também atividades que aumentem a empatia. As pesquisas mostram que estas propostas estão entre as mais efetivas para reduzir o etarismo contra pessoas mais velhas.
Por isso, é fundamental que a IES assuma o protagonismo na conscientização da comunidade acadêmica sobre a questão. Os funcionários e professores devem estar conscientes de como o etarismo opera, de modo a combatê-lo. Em seguida, a instituição deve levar essas informações também aos alunos.
2. Promova debates
Com a participação dos alunos, a universidade pode promover debates, atividades e workshops que apontem a questão do etarismo. Nestas discussões, é muito importante que estudantes mais velhos estejam presentes e sejam ouvidos. Eles devem contar com espaços de fala para apresentar as questões, que serão ouvidas e acolhidoas.
Ou seja, deve existir um contato entre pessoas de diferentes idades durante os debates. Dessa forma, os alunos mais jovens conseguem ouvir o ponto de vista daqueles mais velhos, aprendendo a se colocar no lugar deles.
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3. Comunique-se diretamente com este público
Como dissemos anteriormente, o etarismo traz também problemas para a captação de alunos da IES, pois faz com que as pessoas acreditem que a universidade é um espaço exclusivo dos jovens. Além disso, os gestores devem também ficar atentos à questão da evasão devido a não identificação com o grupo.
Neste quadro, é de fundamental importância que a IES se comunique diretamente com este público — estudantes de faixa etária avançada. Isto é, que ela se mostre preparada para recebê-los, garantindo que aquele espaço seja confortável para eles.
O etarismo, por vezes, acaba ocorrendo de forma implícita. Ele é naturalizado, de modo que é importante retirá-lo do silêncio, apontando e enfrentando este preconceito.
Ao comunicar que está atenta a isso ao seu público, a IES contribui para que estas pessoas se sintam acolhidas. Em suma, aumenta o pertencimento, colaborando para uma educação humanizada.
4. Crie canais de denúncia
Além de conscientização e comunicação, é necessário que a universidade esteja aberta para ouvir os casos de etarismo, se eles ocorrerem. Uma forma de viabilizar isso é por meio de canais de denúncia.
Lembre-se de que é importante que exista um acolhimento dos alunos que denunciam, com profissionais preparados. Qualquer prática discriminatória deve ser expressamente proibida. Caso elas ocorram, devem ser punidas pela instituição.
Estes canais para ouvir as pessoas, para acolhê-las, contribuem para a construção de um espaço seguro para os alunos mais velhos. Pois assim, eles verão que podem contar com a IES, e que não estão sozinhos nesta situação.Esperamos que você tenha gostado deste artigo sobre etarismo no ensino superior. Agora, se deseja saber mais sobre como manter os estudantes satisfeitos, diminuir a evasão dos alunos e aumentar a captação de matrículas, confira 12 dicas de melhoria da experiência do aluno!