Imaginar o perfil do egresso é parte do plano pedagógico do curso de graduação. É esse perfil de aluno que a instituição de educação superior (IES) visa a criar para o mundo profissional ou para dar continuidade aos estudos e, por isso, as diretrizes educacionais ao longo dos anos devem contribuir para essa formação.
O egresso de um curso de graduação vive o impacto de suas escolhas acadêmicas. Informações sobre carreira, educação permanente e continuada, mudanças profissionais, métricas de sucesso, impacto do repertório da IES no dia a dia, entre outras, trazem grande valor para o planejamento dos gestores educacionais.
Entender o egresso, suas vitórias e suas dificuldades ajuda a traçar o perfil de futuros alunos.
Quem é o egresso da sua instituição de ensino?
Não existe uma resposta certa para essa pergunta. O aluno egresso é aquele que concluiu a formação naquela instituição, mas suas qualificações específicas dependem de múltiplos fatores durante o curso.
O perfil do egresso surge mesmo antes do curso começar a existir: é uma parte do projeto pedagógico de curso.
Esse PPC inclui algumas diretrizes básicas para a criação e a manutenção de um curso de graduação. São informações como:
- Matriz curricular;
- Atividades de extensão;
- Grade das aulas;
- Docentes coordenadores;
- Linhas de pesquisa e ensino, entre outros.
Para determinar a identidade do curso, a IES também planeja o aluno que deseja formar. A partir de um perfil de ingressantes, das demandas socioculturais de uma profissão e das inovações contemporâneas, os coordenadores de curso desenham o perfil do aluno que desejam ter como egresso.
O aluno modelo
Esse aluno ideal será um molde para as metas de aprendizagem. Por exemplo, se a ideia for inserir mais disciplinas com foco prático, vamos desenvolver melhor a autonomia do aluno.
Se o curso abrir mais oportunidades de pesquisa, o egresso terá um perfil mais voltado ao mundo acadêmico.
Se a multidisciplinaridade fizer parte do currículo, o aluno egresso terá mais capacidade de abstrair e relacionar conceitos, dentro e fora da sala de aula.
Adaptações necessárias durante o curso
Uma questão importante do perfil do egresso é que ele não deve estar alinhado a moldes rígidos, mas sim ser uma representação do aluno de acordo com as expectativas relevantes.
Sendo assim, além de traçar o perfil, é importante atualizá-lo de acordo com novas ideias educacionais e propostas pedagógicas que contribuam para a totalidade da formação do aluno. Incluir novos moldes de aprendizagem é uma forma de auxiliar ainda mais egressos a aproveitar o ensino e a comunidade acadêmica.
Como acompanhar os egressos?
A relação entre aluno e instituição de educação superior não termina com a colação de grau. Apesar do momento importante, os egressos continuarão sendo dos representantes da proposta pedagógica do curso em sua atuação futura.
Seja no mercado de trabalho ou na pós-graduação, aquilo com que tiveram contato durante a formação superior terá impacto em suas decisões. A partir daí, eles continuarão se envolvendo indiretamente com a IES.
Porém ambas as partes se beneficiam de uma relação mais direta. Para os ex-alunos, há espaço de engajamento com a comunidade acadêmica prévia e futura, aumentando a possibilidade de networking e diálogo sobre a área de interesse. Já para os educadores, a visão do egresso é de grande valor para repensar e afirmar as estratégias pedagógicas e de gestão da IES.
É possível manter o contato por meios digitais e offline. Atividades como palestras, oficinas e aulas abertas podem ser estendidas também a esses membros da comunidade.
Pela internet, mais caminhos se tornam possíveis: uma ideia é criar um portal de ex-alunos da IES, onde eles possam ter um espaço para dialogar entre si e encontrar ex-colegas. Além disso, é importante manter os canais de comunicação com a IES abertos para alunos e ex-alunos. Grupos em redes sociais, newsletters, listas de contato e outras ferramentas podem ser usadas para manter os egressos a par do que acontece na IES.
Ao mesmo tempo, essas ferramentas servem para que a IES se mantenha a par do que acontece com os alunos formados. Atividades profissionais, perfil socioeconômico, interesses, entre outros, podem ser parte do diálogo.
Da mesma forma, quando a IES se comunica diretamente com os egressos, ela pode realizar pesquisas que coletam dados sobre a satisfação e o impacto do curso na vida dos alunos.
Esses dados são muito valiosos para novas estratégias de gestão e propostas pedagógicas que serão implementadas na instituição de ensino.
Por exemplo: se um curso está necessitado de uma reformulação da grade curricular, os docentes e coordenadores precisam de informações sobre o impacto de cada disciplina na formação profissional e pessoal do aluno. O melhor lugar para conseguir essas informações é justamente dialogando com as pessoas que passaram por essas disciplinas, esse cronograma de curso, e podem atestar sobre sua importância após a formatura.
Como elaborar um projeto de acompanhamento de egressos?
Antes de pensar em como atingir os egressos, é importante que os gestores educacionais saibam quais informações são as mais importantes no projeto.
Ou seja, para elaborar um plano que abrirá o diálogo com os alunos formados, o diretor da instituição de ensino deve ter em mente quais são as principais lacunas de informação a respeito da atividade dos alunos após a colação de grau.
Se a informação necessária, por exemplo, for a respeito das carreiras escolhidas pelos alunos após a formatura, é importante colocar essa informação como prioritária na pesquisa.
Caso a IES busque compreender o impacto de cada disciplina na totalidade do curso, ela deve iniciar a interação com alunos recém-formados, para entender qual o valor atribuído a cada área de sua formação em comparação com as expectativas.
Quando os diretores, coordenadores e gestores da instituição de ensino já souberem as principais perguntas que gostariam de fazer aos egressos, eles podem começar a elaborar um programa de acompanhamento.
Formato do projeto
O programa pode ocorrer na forma de pesquisas, de discussões em grupo ou até mesmo de conversas mais diretas com cada um dos alunos. Esse diálogo funciona como uma porta de entrada para os questionamentos que a IES tem para esses membros muito importantes da comunidade acadêmica.
Paralelamente, também serve para os que os alunos egressos tenham voz e possam relatar a potenciais lacunas em sua formação, evitando que o mesmo problema ocorra em futuras turmas.
Além disso, é importante pensar em como as perguntas serão feitas. Os alunos receberão uma pesquisa que devem responder com base em alternativas? Ou será uma pesquisa qualitativa?
Vale lembrar que o projeto deve contemplar diferentes anos e turmas para ter um maior impacto dentro da IES. Se as pesquisas forem realizadas anualmente, ou semestralmente, elas criarão uma base de dados fundamental para referência nas decisões administrativas e pedagógicas.
Perguntas importantes para a base de dados dos egressos
Ainda que cada IES e cada curso de ensino superior tenha suas peculiaridades, alguns fatores em comum devem ser levados em consideração para análise dos egressos. Responder a essas perguntas pode ajudar os gestores a traçar os perfis dos alunos e entender melhor o impacto da IES sobre eles:
Datas de início e conclusão
Além de segmentar as respostas por período, essa informação é útil para analisar o tempo de conclusão de curso. Isso auxilia os gestores a entender os desafios dos alunos, como por exemplo de trabalhar em tempo integral concomitante com os estudos;
Graduações e pós graduações
É importante saber qual porcentagem dos alunos já realizou outra graduação, quais desistiram e em que IESs. Também vale questionar quantos egressos fazem ou planejam fazer mestrados, doutorados ou especializações. Isso ajuda a entender quais facetas dos cursos mais atraem os alunos na atuação futura, o que, por sua vez contribui para a otimização de grades curriculares;
Disciplinas
Principalmente logo após a conclusão do curso, é interessante realizar pesquisas sobre as disciplinas oferecidas. Aqui, os alunos responderão sobre carga horária, adequação ao tema, proposta pedagógica, metodologias de ensino, relação com a atuação profissional, etc;
Equipe
Também é importante inserir perguntas sobre docentes, coordenadores e diretores. Aqui o aluno poderá analisar o nível de conhecimento e didática dos responsáveis de cada disciplina, além da dedicação da equipe pedagógica do curso como um todo;
Atuação profissional
Depois que o aluno sai da IES, para onde ele vai? Perguntas sobre a atuação profissional, satisfação e permanência no emprego, setor, tamanho da empresa, oportunidade de estágios profissionais durante o curso, relação do curso com a rotina, etc;
Infraestrutura
Além do espaço físico de um campus, os alunos egressos devem avaliar a adequação da infraestrutura educacional para garantir o aproveitamento das aulas. Setores de apoio como laboratórios e equipamentos, mas também recursos de acervo de bibliotecas e plataformas de aprendizagem.
Depois de formar as perguntas e escolher a modalidade de pesquisa, a IES pode colocar o projeto em ação. No início, pode ser uma tarefa complexa, já que grande parte dos egressos não terá contato frequente com a equipe.
Por isso, é importante assegurar um bom engajamento acadêmico que permita aos alunos encontrar seu espaço mesmo após a formatura. Investir em espaços alumni, sejam eles físicos, digitais ou ambos, é investir na linearidade do curso.
Relatório de acompanhamento de egressos
Com as pesquisas realizadas, a instituição de educação superior pode reunir os dados e criar uma base que servirá de direcionamento e referência para decisões futuras — em outras palavras, poderá confeccionar um relatório de acompanhamento de egressos.
As estatísticas sobre empregabilidade dos alunos, por exemplo, são fundamentais para entender quais lacunas a IES ainda precisa preencher para que seus alunos se destaquem no mercado de trabalho.
Além disso, dados sobre a mudança de área de atuação e especializações complementares pode ser norteadora na hora de escolher quais disciplinas entrarão em reformulações na matriz curricular de uma graduação.
Em relação aos cursos em si, os relatórios das pesquisas são muito valiosos para avaliação. Assim como nas avaliações diagnósticas realizadas durante o curso, o aluno terá a oportunidade de responder sobre a adequação das matérias, a didática dos docentes e a aplicação dos conhecimentos vistos em aula nas atividades profissionais.
Essa pesquisa de satisfação e avaliação pode (e deve) ser usada pela instituição de ensino como uma ferramenta para solução de problemas. Os resultados podem ser compartilhados com a equipe educacional, que levará em conta na hora de estabelecer novas metodologias de ensino, estabelecer as bibliografias e planejar métodos de avaliação, entre outros fatores determinantes de um curso.
Planejamento pedagógico diagnóstico
Dentro do planejamento pedagógico do curso (PPC) está prevista a reformulação necessária de um curso de graduação. Isso significa que, de acordo com alguns critérios preestabelecidos, o comitê de coordenação do curso terá a oportunidade de repensar partes do currículo e da matriz do curso.
Essa premissa tem como objetivo modernizar as estratégias de ensino de acordo com as demandas contemporâneas, sem perder a identidade do curso.
Um dos fatores determinantes da identidade de um curso é a linearidade dele em relação às mudanças externas e internas. Na prática: como ele mantém sua proposta frente a novos desafios?
Quando o comitê consulta o PPC para reestruturar um curso, ele precisa ter em mãos resultados mensuráveis da ação dessa graduação.
É aqui que os relatórios e estáticas advindas do programa de acompanhamento de egressos se destacam: com a vivência desses alunos, a IES pode reafirmar ou repensar suas estratégias, visando o perfil do egresso planejado.
Esperamos que tenha gostado deste texto sobre acompanhamento de egressos! Que tal aproveitar e conferir também: Saiba como desenvolver o ensino por competências na educação profissional!